"Tendemos a pensar que se deve ensinar a pescar em vez de oferecer o peixe. O importante é que cada um tenha oportunidade de pescar, embora uns possam obter melhores pescarias do que outros. Mas será que esta disjunção é conceptualmente satisfatória? (...) uma igualdade de oportunidades ao mesmo tempo formal e substantiva é uma forma de "ensinar a pescar" e não de "oferecer o peixe".Mas será que pode existir uma verdadeira igualdade de oportunidades numa sociedade que seja profundamente desigual em termos de rendimento e riqueza?Claro que não. Os mais favorecidos estarão sempre numa posição privilegiada para aceder a mais oportunidades - educativas e outras - para si mesmos e para os seus filhos. Portanto, o aprofundamento da igualdade de oportunidades implica sempre a diminuição da desigualdade social medida pelo índice de Gini. Não basta ensinar a pescar. Para que as oportunidades sejam verdadeiramente iguais é também necessário que não haja uma grande disparidade entre os recursos de que dispõem os diversos pescadores - o peixe que cada um tem à partida e serve de isco, por assim dizer."
João Cardoso Rosas,in Ionline
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