quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cabo Verde precisa: Mais Liberdade Económica.

Se queremos criar empregos e se queremos melhorar a vida de muitos jovens desempregados, então temos de investir em sectores produtivos. Não há maneira de reduzir o desemprego, de melhorar as condições de vida e também de reduzir a dívida, sem produzir mais. O Estado já não pode endividar-se mais. Têm que ser empresas e elas têm que ter condições. E são também os “empreendedores nascentes” com a suas novas empresas. Não basta criar incentivos fiscais para aumentar o número de novos empresas; há que acabar com todas as restrições regulamentares que limitam administrativamente a  entrada de novos players no mercado. Um exemplo: as câmaras municipais têm de autorizar ou conceder licenças a todos que queiram abrir uma mercearia, um bar ou ter um táxi mesmo quando já existem mercearias e bares em excesso numa zona ou mais táxis que cliente numa praça. Controlar quem e quantos novos operadores entram num mercado apenas serve para proteger aqueles que já estão estabelecidos nesse mercado, independentemente de terem ou não qualidade na prestação do serviço. Nada justifica que seja o Estado a dizer quem e quantos devem entrar num dado mercado. Não cabe ao Estado regulador controlar a quantidade de operadores num mercado mas sim, e é esta a sua principal função, controlar e regular que os operadores “jogam” conforme as regras do jogo. Regular o jogo não é regular a quantidade de números de jogadores: é controlar a “qualidade do jogo”, é garantir que o jogo é jogado "dentro do campo" das leis. Mais liberdade económica para que qualquer pessoa, em qualquer momento e ilha, abra a sua empresa em qualquer sector económico. Com a “empresa na hora”, só falta baixar ou eliminar legalmente a exigência da quantia mínima do capital social para abrir uma empresa (não sei se isto já foi feito ou se ainda está para ser implementado). Este seria um bom começo para a resolução dos principais problemas do país.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Listas Partidárias

Parece que o dois maiores partidos descobriram a pólvora para a tão exigida renovação partidária.Não é a renovação através da aderência aos partidos de novos militantes e quadros mas sim através da "oferta" de lugares de deputados aos independentes/simpatizantes. Estamos a assistir a um simples troca de militantes por independentes/simpatizantes nas listas para as eleições legislativas. E simpatizantes que têm de preencher certas condições: quadro superior e ter até 35 anos.Convidar simpatizantes não é abertura partidária à sociedade civil.No máximo,esses independentes vão "refrescar" a bancada parlamentar dos respectivos partidos mas não vão renovar os partidos só pela sua presença na bancada (a não ser que este seja uma estratégia de recrutamento de quadros por parte dos partidos).Já agora,algum desses independentes nas listas dos dois partidos foi indicado por uma instituição da sociedade civil?Porque não foi solicitado à Pró-Praia ou ao Movimento Corda Monte Cara para indicarem nomes para fazerem parte das listas e ter,deste modo,representantes no parlamento?Isto sim seria abertura à sociedade civil!Mais do que eventuais mudanças no sistema político ou no sistema eleitoral,são os partidos que precisam de mudanças a nível organizacional e de gestão. Pessoalmente, enquanto não puder escolher o "meu deputado", as  listas e os nomes dos candidatos a deputados não me dizem nada.

ADEI Capital

A ADEI não deve se limitar a apoiar as empresas nos seus problemas de gestão ou a dar formação ao pequenos empresários. Também pode e deve ter um braço financeiro dentro da instituição para apoiar a criação e o arranque de pequenas e médias empresas e a inovação nas empresas já existentes, através do capital do risco. O “Novo Banco” vem, de certa forma, cumprir esse papel mas provavelmente só para alguns tipos de iniciativas empresariais. A ADEI deve preencher a “lacuna”, apoiar outros tipos de empresas porque a inovação também carece e necessita de investimentos. Não é nem de perto nem de longe uma questão de apoiar apenas os “winners” mas sim de segmentar o apoio financeiro às empresas. Uma ADEI Investimentos ou ADEI Capital, precisa-se…

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Norberto Tavares



Concerto na Feira Popular em 1991...ainda não tinha idade para ir sozinho mas assisti  a tudo através dos videoclipes antiga tvec...



Não sei qual é o maior ou o melhor "hino nacional",se este "nos kabu verdi di speransa" de Norberto Tavares ou se "porton di nos ilha" cantado pelos Tubarões...se calhar,são os dois "hinos nacionais"...de qualquer maneira,o autor de "nos kabu verdi di speransa" mereceu que eu e mais milhares de cabo-verdianos esperassem por ele durante 4 horas sentados na areia da gambôa da ultima vez que ele deu um grande concerto no pais (se não me engano foi em 95 ou 96...o último grupo no palco antes do Norberto Tavares terminou de cantar por volta das 3 horas da manhã;o Norberto começou perto das 7 horas com milhares de pessoas ainda a espera dele...). Se calhar,essa foi a melhor homenagem que se poderia fazer ao Norberto Tavares..

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ken Robinson- Revolucionar a Educaçao



* colocar legenda em português no "view subtitles"
Sir Ken Robinson: "A escola mata a criatividade porque está obcecada em colocar alunos na universidade.Faz tudo de forma padronizada,não tem um ambiente propício ao florescimento de talentos.Valoriza algumas disciplinas em detrimento de outras,como se ser o melhor a Matemática significasse ser mais inteligente do que o melhor a Dança"..."Porque é que as artes ficam sempre para último plano?A música,a representação,a dança,a pintura?Quem gosta de Música em vez de Matemática não tem as mesmas oportunidades.O sistema está obsoleto".

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Conversas em Dia- Os partidos políticos e as campanhas

Tenho de começar por dizer que,no essencial,o Redy tem alguma razão nas críticas que faz às intervenções dos convidados (e o Underdlôgas também,no comentário ao post do Redy).É que viu-se claramente que os convidados não eram especialistas e que,mais do que esclarecer alguma coisa,ficaram por lugares-comum.O Nardi, ao tentar fazer uma análise baseado no conceito de campo de Bourdieu,trazendo para o debate a relação entre campo cultural e o campo político,para além de "trocar" o campo artístico pelo campo cultural,deveria antes estabelecer a relação entre o campo mediático e o campo político (fenómeno mundial com impacto muito mais forte lá fora do que em CV).Analisar o comportamento dos partidos durante as campanhas eleitorais passa obrigatoriamente pela relação entre os partidos e os media (tv, jornais, publicidade, rádios, internet, redes sociais) e, isto, não foi feito nesse debate. A nossa televisão deveria começar a convidar especialistas ou profissionais da área,conforme o assunto,para os programas de debates e entrevistas: assim,para este último debate,deveriam participar,pelo menos, um politólogo (cientista política/sociologia política) e um especialista em marketing político/comunicação política ou em sondagem político.Ou mesmo uma prata da casa: a Margarida Fontes tem feito análises interessantes sobre a relação entre os partidos e a comunicação social em CV no seu blog.Por outro lado,alguns "intelectuais" deveriam ter alguma humildade para recusar "aparecer". Não deixa de ser paradoxal o Nardi ter defendido nesse debate que os "intelectuais em CV deveriam perder o medo de aparecer nos debates". É que «ser visto»,por si só,não é garantia de legitimidade cientifica;pelo contrário,aparecer em tudo o que seja debate leva a que se sejam confundidos  com os "fast thinkers",como Bourdieu os chamou.No fundo,o que temos assistido nesses debates e entrevistas na nossa TV é o que já aconteceu há mais tempos lá fora (como sempre,o fenómenos dos países desenvolvidos chegam a CV com algum atraso): o triunfo dos fast thinkers! 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Deslocalizar a Burocracia

Essa ideia,que de quando em vez alguns políticos apresentam,de deslocalizar os ministérios para algumas ilhas conforme a vocação de cada um (Turismo para ilha do Sal,Mar para São Vicente ou Agricultura para Santo Antão) por si só não resolve nada e não altera em nada a situação das ilhas. Não se resolve a demora na aprovação de um projecto turístico na ilha do Sal levando o ministério para essa ilha. Não se dinamiza uma economia do mar levando o ministério deste sector para a ilha de São Vicente. O que é necessário e preciso é um grande programa de reforma administrativa do funcionamento do Estado: não é só suprimir institutos e departamentos para criar outros novos;o que é urgente é reformar o processo de tomada de decisão na função pública,descentralizar os centros de decisão. Se é verdade que a deslocalização de um ministério não muda nada,também é verdade que as pessoas,as empresas ou os empresários de outras ilhas não podem ficar uma eternidade a espera de decisões que são tomadas na cidade da Praia. Sem isso,não fazemos mais do que deslocalizar a burocracia.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resposta à provocação do Paulino Dias sobre o empreendedorismo

Através do Redy,cheguei ao post do Paulino sobre a necessidade de debatermos o empreendedorismo em CV.Ora bem,cá vai a minha reacção:
 1- é preciso salientar a imprecisão do que o Paulino chamou “empreendedorismo por vocação”. A vocação é um termo demasiado vaga e cientificamente complexo para ser utilizada aqui: uma pessoa pode abrir uma pequena loja de costura porque o mundo da moda é a sua vocação e outra pessoa também pode abrir um empresa de programação e software porque esse é a sua vocação. Assim temos 2 empresas, que o Paulino poderia considerar com perspectivas futuras diferentes em termos do seu impacto económico, mas as duas foram abertas por vocação dos seus fundadores. O mais correcto e acertado, como faz a GEM nos seus estudos comparativos a nível mundial que faz anualmente, é a separação entre o “empreendedorismo por necessidade” e “empreendedorismo por oportunidade”. Está divisão é tão só apenas um indicador analítico e serve para caracterizar a taxa de empreendedorismo de um país conforme a motivação na criação de empresa. Aliás, vários autores dividem e classificam o empreendedorismo consoante o objectivo dos respectivos estudos e conforme a sua disciplina: por motivação (necessidade vs. oportunidade), pelo tipo da organização (empreendedorismo e criação de empresas, empreendedorismo social e intra-empreendedorismo) e ainda pelo tipo de empresa criada (empreendedorismo de base tecnológica/revolucionário, empreendedorismo de proximidade/rotineiro). É preciso também dizer, para terminarmos a parte sobre terminologias, que não podemos confundir o “empreendedorismo por necessidade” com o auto-emprego: um cria vários empregos (que pode até ser 2 empregos) e o outro, como o próprio nome diz, cria apenas 1 emprego;


2- Dizer que as politicas de incentivo ao empreendedorismo deve ser distinta conforme seja “empreendedorismo por vocação” (que vou passar a assumir como sendo empreendedorismo por oportunidade) ou "empreendedorismo por necessidade" parece-me um erro. É verdade que a maior parte das empresas que são criadas por necessidade não têm grande impacto na economia ou crescem pouco, mas isso não é devido a motivação inicial da criação da empresa em si e nem pelas características ou tipo de empresa criada. A ambição para fazer crescer a empresas depende da motivação e do papel do fundador/dirigente da empresa. Se aquela pessoa que abriu a pequena loja de costura tiver ambição para fazer crescer a sua loja, qualquer dia desses podemos vir a encontra-la com 5 lojas de costura, cada uma numa zona ou até lojas de roupa com marca própria em cada ilha. Com um bom serviço de consultadoria e apoio de gestão,é claro. Aliás temos um exemplo paradigmático disto: a rede dos supermercados “Calú & Ângela” começou por ser uma pequena loja de esquina, como muitos que existem por todo CV, até chegar ao que é hoje. E parece que tem planos de expandir para as outras ilhas. Portanto, dar mais “atenção” ao empreendedorismo por oportunidade em detrimento do empreendedorismo por necessidade é um erro; são precisamente estes últimos que merecem maior atenção por parte da ADEI no apoio na elaboração do plano de negócios e na implementação de práticas de gestão (geralmente, no empreendedorismo por oportunidade, que de facto tem maior impacto económico , os fundadores costumam ter mais experiência, maior e melhor acesso à redes sociais de relacionamento e maior capacidade de gestão e, por isso, na gestão corrente da empresa necessitam de menos apoio do que aqueles que abrem a empresa por necessidade). Por outro lado, muitas das empresas que nasceram por oportunidade acabam por não crescer muito por manifesta falta de ambição dos fundadores/gestores: nem sequer saem fora da Praia quanto mais pensar na sua  internacionalização. Enfim, com um bom apoio por parte de ADEI,com incentivos por parte do Estado,qualquer pequeno empreendedor pode ter ambição de "ir mais longe" do que inicialmente sonhou. Entendo a intenção do Paulino quando defende uma politica de empreendedorismo diferenciada para fomentar o empreendedorismo por necessidade ou oportunidade;mas acho que aqui já estamos fora de "políticas de empreendedorismo" e dentro de "politicas de crescimento" ou, se quisermos, "politicas de apoio às PME" (que não é bem a mesma coisa que políticas de empreendedorismo);


3- falando sobre as políticas de empreendedorismo, temos de decidir se queremos limitar-nos a apoiar àqueles que abrem a sua empresa ou se queremos ambicionar criar uma cultura empreendedora em CV, se queremos ou não que os miúdos e jovens de hoje vejam no empreendedorismo um percurso profissional como um outro qualquer e optem por esse caminho quando iniciarem a sua vida profissional. A meu ver, por enquanto, temos vindo a apostar apenas no apoio aos empreendedores: na gestão da empresa, na formação em gestão, na elaboração do plano de negócios, nos incentivos fiscais, etc. Presume-se que há um empreendedor interior em todos nós e que basta uma isenção fiscal para que alguns decidam abrir a sua empresa; ou seja,estamos sentando a espera que os empreendedores “nasçam” por obra e milagre da natureza. Isto é o que chamo de “politicas passivas de empreendedorismo”. Elas são úteis e necessárias e ainda bem que tem sido uma aposta do actual governo. Mas isso é insuficiente para criarmos uma sociedade empreendedora. É a diferença entre apoiar e incentivar. Temos também de olhar para aquilo que podemos chamar de “politicas activas do empreendedorismo”, incentivar a criação de uma cultura empreendedora na sociedade e incutir nos miúdos e nos jovens o espírito empreendedor. De resto, os responsáveis políticos não precisam se preocupar “nadica de nada” com a tolerância ao risco ou qualquer outro atributo psicológico  dos jovens para que estes sejam empreendedores. Nem precisamos de "formatar" a personalidade dos jovens. Precisamos é de ter incutir o espírito empreendedor nos jovens e isso consegue-se através da socialização. Espírito empreendedor nas pessoas e cultura empreendedora na sociedade!Daí a importância das políticas activas de empreendedorismo…

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sociedade Civil

São movimentos e acções como a proposto pelo antigo futebolista Eric Cantona é que fazem “mossa”. Muito mais do que manifestações ou passeatas. A minha convicção é que manifestações ou passeatas muito raramente conseguem efeitos consistentes no tempo e de quase nada servem. Como as marchas do “Corda Monte Cara”, de quase nada vai servir porque não são marchas e manifestações que vão trazer maior “atenção” para com a ilha. Temos de procurar ser mais consequentes. Fazer marcha na Praia por causa da situação da Electra? Qual nada!!! Quantos manifestações já se fez por causa da Electra e continua tudo na mesma? Vamos mais é criar um grande grupo, coeso e sério, e tentar com que a maioria dos clientes da cidade da Praia não paguem a factura 2 ou 3 meses seguidos. Sim, corremos o risco de ter a electricidade cortada. Mas se a Electra se deparar com um tal movimento, que tem potencial para causar forte impacto na tesouraria da empresa, haverá sempre uma probabilidade da empresa passar a respeitar o cliente. No fundo, é isto que todos queremos, que nos respeitam enquanto clientes. É preciso coragem, vontade, sentido prático e não protagonismo. Mais do que,de visibilidade das manifestações ou das bocas nos media! A mesma coisa vai para o movimento “Corda Monte Cara”: a quem é que vão “exigir” mais investimento e dinamismo económico, ao governo, à CMM ou aos empresários mindelenses? Seria muito mais prático, por ex, se esse movimento, em vez de marchas, criasse um grupo de trabalho para angariar recursos para adquirir e explorar o Éden Park com a ajuda e participação na gestão desses emigrantes que, atrás do seu computador, escrevem artigos e comentários reclamando a intervenção do governo. O país, as nossas cidades e localidades, precisa que de uma sociedade civil que actua sobre os problemas que vão surgindo e não de uma sociedade que se limita a manifestar e reclamar a intervenção do Estado por tudo mais algum coisa!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Conversas em Dia- Empreendedorismo em CV

O empresário Marcos Rodrigues, apesar de ter criticado a retórica política sobre o assunto, apresentou o típico discurso dos políticos: "que o empreendedorismo é apenas aquele inovador; que abrir uma loja ou engraxar sapatos não faz de ninguém um empreendedor". Logo a seguir entra em contradição quando diz que os emigrantes cabo-verdianos são empreendedores, incluindo, digo eu, aqueles que são apenas sub-empreiteiros, aqueles que vendem comida nas obras ou aqueles que têm pequenos restaurantes, lojas, bares ou firmas de limpezas. E apresentou a ideia completamente atrasado de que o empreendedor é "o homem solitário e extraordinário que corre atrás da realização pessoal". Para que conste: tudo isto é empreendedorismo. Apenas são empreendedorismo de diferentes tipo (uma leitura diversificada e actual serve para desfazer muitas ideias ultrapassadas).
O Nilson falou o que deve ser falado quando se discute o empreendedorismo em CV,quando se referiu ao papel das instituições (sociais) formais e informais. Mas, acto desculpável por não ser sociólogo,ao tentar salientar o papel das instituições informais no empreendedorismo, confunde tudo quando diz que o "caboverdiano tem "cariz empreendedor porque desde pequeno queremos ser médicos; aviadores". Ora é exactamente o contrário disso: não se vê os pais a incutir nos filhos o espírito empreendedor. Simplesmente, querem que os filhos estudem para poderem vir a ter um bom cargo no Estado.
De tudo o que foi dito, não disseram o mais óbvio: em Cabo-Verde ainda não temos uma política de empreendedorismo. Existem, por enquanto, apenas discursos e programas pouco ou nada integradas entre si. E, ao menos isso, políticas de apoio às PME´s.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

soberbo

Competitividade

Quando os dirigentes públicos e privados ou os políticos dizem que “cabo verde precisa de desenvolver e melhorar a sua competitividade", como disse o governador do bcv, isto é um reconhecimento público que o país é pouco competitivo. Mas, é mais do que isso ainda. Quando se diz, a nível corrente, que um país é pouco competitivo, basicamente significa que o país precisa baixar os impostos, flexibilizar a lei laboral e aumentar as exportações. Estes são apenas algumas variáveis que determinam a competitividade de um país. Muito raramente falam da competitividade empresarial, da qualidade de gestão das nossas empresas e da qualidade dos nossos recursos humanos. Um país não pode ser competitivo se não tiver um conjunto de empresas competitivas e gestores, no mínimo, ousados. Por isso, quando os políticos e dirigentes afirmam que o país precisa ser mais competitivo, no fundo, querem dizer que as nossas empresas não são nada competitivas. E preferem não chamar os nossos gestores e empresários "para a tropa". E a questão que fica é a seguinte:o que pode e deve fazer um governo para "melhorar" a competitividade das nossas empresas para além de mexer nos impostos e na lei de trabalho?

sábado, 27 de novembro de 2010

Experiência de 1931*

Um professor de economia da universidade Texas Tech disse que raramente chumbava um aluno, mas tinha, uma vez, chumbado uma turma inteira.
Esta turma em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e "justo".O professor então disse, "Ok, vamos fazer uma experiência socialista
nesta classe.Ao invés de dinheiro, usaremos as vossas notas dos exames."
Todas as notas seriam concedidas com base na média da turma e,portanto seriam "justas". Isto quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém chumbaria.Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia 20 valores...
Logo que a média dos primeiros exames foi calculada, todos receberam 12 valores.Quem estudou com dedicação ficou indignado, pois achou que merecia mais, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o
resultado!
Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que também eles se deviam aproveitar da media das notas. Portanto, agindo contra os seus principios, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. O resultado, a segunda média dos testes foi 10.Ninguém gostou.
Depois do terceiro teste, a média geral foi um 5.As notas nunca mais voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, procura de culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela turma.
A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma.No fim de contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar os outros.
Portanto, todos os alunos chumbaram...Para sua total surpresa.
O professor explicou que a experiência socialista tinha falhado porque ela era baseada no menor esforço possível da parte de seus participantes.Preguiça e mágoas foi o seu resultado.Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual a experiência tinha começado.
"Quando a recompensa é grande", disse, o professor, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós.Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem o seu consentimento para dar a outros que não lutaram por elas, então o fracasso é inevitável."

O pensamento abaixo foi escrito em 1931.

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de leis que punem os ricos pela sua prosperidade.
Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa tem de trabalhar recebendo menos.
O governo só pode dar a alguém aquilo que tira de outro alguém.Quando metade da população descobre de que não precisa de trabalhar,pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, 1931

*recebido via mail.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Neves considera ganha “batalha” da formação profissional

Depois de terminar o curso, este é o momento de perguntar: e agora? Tem muita razão o 1º ministro quando diz que temos de apostar na formação e exportar serviços. Mas formação profissional por si só não cria emprego, é preciso criar postos de trabalho para esses recém formados. Ou, em alternativa, ajudar esses formados a criarem o seu próprio posto de trabalho através de incentivo ao empreendedorismo. Todas as formações profissionais no país, independemente da área ou especialização, deveriam ser complementadas com mais 2 componentes: a do empreendedorismo e criação de empresas (como alternativa à insuficiência de postos de trabalho); e a do estágio logo no fim do 1º ano da formação, continuando no 2º ano, e não apenas no último ano da formação (isto vai permitir ao formando ganhar experiência prático enquanto aprende na teoria, conhecer a vida de trabalho e empresarial e ser conhecido pelos empregadores). Em conjunto, este dois componentes, fazem com que os formados tenham mais confiança em criar a sua própria empresa uma vez que já tem alguma rede social no sector que adquiriram desde o primeiro estágio efectuado. Isto tem um efeito enorme: é mais fácil um empreendedor conseguir negócios quando tem uma rede social sólida no sector em que a empresa labora.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Praiense de gema

Há décadas que muitos ilhéus reclamam da suposta privilégio da cidade da Praia/Santiago em relação às outras ilhas. Estamos carecas de ouvir políticos,jovens pretendentes a governantes e dirigentes partidários a proclamar o abandono das outras ilhas em detrimento da cidade da Praia. Nada a dizer; independentemente da razão de cada um, todos fazem bem em "representar" a sua ilha. Contudo, existe uma evidência histórica: fora da vida partidária, não se vê nenhum "praiense de gema" a representar a Praia, a lutar pela nossa cidade, a dar voz pela melhoria de condições de vida na Praia. Hoje, a Praia tornou-se numa cidade de ninguém, onde só se vive por causa do trabalho, onde apenas se está, como quem está temporariamente a viver num país estrangeiro. Maltratada, mal vista e mal amada, ninguém fala, ninguém luta e ninguém pede pela Praia. Praia precisa de ser amada! Não em poesias e músicas, mas de facto!  Praia precisa de praienses de gema.

sábado, 6 de novembro de 2010

Os partidos e as estatísticas

Os partidos políticos em CV ainda têm uma relação dúbia com as estatísticas, independentemente de serem públicas ou privadas. Contudo, essa relação é bastante influenciada pela situação política dos partidos, conforme se é oposição ou governo. Quando se é governo, a estatística é o instrumento principal para demonstrar a boa governação; quando se é oposição, elas perdem importância porque “as pessoas não são números”. O INE padece assim de uma espécie de bipolaridade – um dia os números negativos dos seus estudos servem para provar a má governação e no dia a seguir os números positivos da mesma instituição servem para demonstrar a partidarização e instrumentalização dessa instituição por parte do governo - e a reputação das empresas privadas de sondagens e estudos de opinião depende da posição dos partidos nos resultado das sondagens que vão fazendo – para o partido que estiver à frente numa sondagem, o resultado é satisfatório; para aquele que estiver atrás nas sondagens, o estudo é cientificamente mal elaborado e talvez até politicamente manipulado. Cada empresa de sondagens vale o que vale os estudos que apresentam. Uns fazem as estatísticas falar mais do que é suposto, outros querem “amordaçar” as estatísticas. As estatísticas do INE são para o consumo das instituições internacionais e as sondagens políticas são para as lutas interna pelo poder nos partidos. Poucos entendem mas todos comentam as sondagens e as estatísticas. A razão principal disto tudo não é política: ainda temos uma péssima relação com a ciência. Simplesmente preferimos os nossos respectivos “manual de achismos” e a improvisação.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Parque fotovoltaico vai permitir poupar milhões de euros em importações

O governo deveria aproveitar essa folga financeira e a experiência adquirida com programas do mesmo tipo, como a "casa para todos", para criar um programa do tipo "Luz para Todos"...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Política como profissão

Sejamos claro: hoje em dia a política é cada vez mais uma profissão e os políticos são,cada vez mais,profissionais da política. Há muitos que fizeram e outros estão a fazer carreira profissional na política e, como em todas as profissões, também existem estratégias próprias de consolidação da política como campo profissional e de desenvolvimento da carreira profissional. Embora não seja juridicamente reconhecida como uma profissão e nem esteja regulamentada como tal, na prática, em termos da lógica do funcionamento interno do campo, ela vem se tornando cada vez mais uma profissão com lógica própria de recrutamento, evolução na carreira e reforma. Não muito diferente das outras profissões "normais". Pelo que, já não se justificando alguns dos “privilégios” exclusivos dessa “profissão”, já é altura de se reconhecer a política como uma profissão e, consequentemente, criar condições para um maior paralelismo entre a carreira política com carreiras em outras profissões.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Aposta na inovação?

Estará mesmo o governo a apostar na construção de uma economia inovadora? Qual é a quantia do orçamento do Estado destinada a área de ciência e investigação aplicada? Alguém sabe se o Ministério de Ciência, Cultura e Ensino Superior tem ou está a trabalhar em algum programa de incentivo à investigação e inovação dentro da empresas? Existe algum incentivo fiscal neste sentido? É bem provável que, para a maioria das empresas cabo-verdianas, a inovação, aquela que conta, seja um “sonho” de políticos porque, como todos sabem, as empresas cabo-verdianos tem pavor a gastos – e a inovação exige gastos enormes, muitas vezes sem retorno. Há algum programa ou intenção de estimular o relacionamento universidades/empresas? Ao contrário do que diz o Rony, o Novo Banco vai ter maior impacto no empreendedorismo de necessidade do que no empreendedorismo de base tecnológico e na inovação. O instrumento financeiro propício para incrementar a inovação é o Capital de Risco e, por isso mesmo, o governo devia legislar para facilitar o surgimento de mais empresas de capital de risco e de business angels. Parece que a aposta na inovação como factor de competitividade da nossa economia não passa, pelo menos por enquanto, de um plano de intenção para o futuro. Existe uma política de inovação no país? O que anda a fazer o Ministério da Ciência?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Debates da TCV

Acabei de assistir 3 ou 4 programas de debates e entrevistas na TCV em que, de um modo geral, os assuntos centravam-se sobre os principais problemas da sociedade cabo-verdiana (problemas da juventude, alcoolismo, “perda de valores”, consumismo, etc). De um modo geral, esse tipo de debate tem sido feita mais em termos filosóficos do que práticos; talvez por isso tem-se repetido temas não só em mesmo programas como também em programas diferentes. Desses programas todos, ficou em mim algumas inquietações:

   - precisamos urgentemente de estudos sociológicos sobre a sociedade cabo-verdiana no geral e, mais concretamente, sobre o modo de funcionamento dos mecanismos de socialização na sociedade cabo-verdiana;
  - é elucidativo ver a classe média-alta a criticar a nossa sociedade consumista (um velho e conhecido estratégia de defesa de classe);
- os protagonistas nesse debate são os adultos bem formados, os mais velhos e os jovens quadros, os “detentores” dos velhos bons valores e não os supostos jovens “sem valores”;
 - precisamos de parar de falar em “perda de valores”, desde logo porque não há uma “perda de valores” mas sim “mudança de valores”. O facto de estarmos a discutir os valores antigos demonstra que elas continuam “por aí”, interiorizado, quiçá, nos “cidadãos da primeira”;
 - não se ouviu uma única palavra sobre a perda de influência da igreja na sociedade e do seu papel na transmissão de valores; os "culpados" preferidos parecem ser os media, a família e a escola:
 - o mais preocupante para a sociedade cabo-verdiana não é a "mudança de valores" mas sim a inexistência do comportamento cívico. Isto sim perdemos: a educação cívica! E é sobre o comportamento cívico dos cidadãos que os governos, autarquias e outras autoridades podem agir e controlar.

domingo, 17 de outubro de 2010

Publico e Privado

O que é que explica que os presidentes ou directores-gerais de alguns institutos e organismos públicos tenham um vencimento que muitos consideram "principesco"?Quando foi é que se começou a pensar e a acreditar que determinadas funções justificam vencimentos superiores a do presidente da república,a do 1º ministros e ministros?O quê justifica, por exemplo, que o presidente da Bolsa de Valores ganhe mais do que a ministra das finanças? Criou-se uma certa ideia de ter-se de aproximar o salário na função pública àquela praticada no sector privado como estratégia de reter talentos no sector público. Quando menos diferença salarial,menos fuga de quadros para sector privado haverá.Ora,se assim é,para quê os políticos continuam com o discurso moralista sobre o idealismo da função pública?Ao mesmo tempo que apelam ao espírito de abnegação e ao trabalho para o bem comum,reclamam por um salário do sector privado.Será que,comparativamente à média salarial no país, os juízes ganham tão pouco como reclamam?Nada justifica que presidentes de institutos públicos tenham vencimentos comparáveis ou,em muitos casos,superiores a um gestor de um grande empresa privada, mas o facto da oposição não falar sobre isso é sintomático.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Entre poesia e fantasmas


A estratégia política e eleitoral que o MPD vem implementado, independentemente de vir ou não a ter sucesso, é uma estratégia perigosa para o próprio partido. O foco é claro: por um lado, apostar no desgaste do governo, no “cansaço” e na suposta falta de ideias do 1º ministro e na estratégia de desenvolvimento errada preconizada pelo actual governo – daí o slogan “Cabo Verde mesti muda”; por outro lado, é a tentativa de colorir os anos dos governos MPD – daí, o mote “regresso aos bons anos 90”. Fica-se com a sensação de que o MPD ainda não fez o trabalho de casa, não estudou ainda o “mercado eleitoral” e nem o comportamento eleitoral dos novos eleitores pós-anos 90. Parece óbvio que ainda não compreendeu que “os tempos são outros”, as aspirações são outras e, como tal, este novo tempo requer novos métodos, novas ideias e novas esperanças. Certamente, não uma volta aos anos 90 e às mesmas políticas, mesmo reconhecendo que esses anos foram no geral positivo. Contudo, escamotear os aspectos menos positivos do último governo MPD não faz sentido. Ao contrario do que se diz, os eleitores têm memória e ainda se lembram de muitas coisas. E é isto que torna este post do João Dono num erro de principiante com pressa de chegar ao poder: pretender que durante os anos dos governos MPD não havia fome, não havia desemprego, todos os jovens tinham acesso a bolsa de estudos é uma tontice que só prejudica quem o diz!
O perigo dessa estratégia do MPD reside nestes dois aspectos: desvalorizar os aspectos positivos da governação do PAICV e branquear os aspectos menos positivos do governo MPD de fins dos anos 90.
Fosse eu dirigente do MPD, a minha aposta seria certamente não no passado mas sim no futuro: dizer qual é o futuro que preconizamos para o país e quais os caminhos para lá chegar. As pessoas não querem mudança só pela mudança, querem mudar para melhor. E para isso, precisam saber o que é esse melhor! Não me basta ouvir que vão fazer crescer a economia, diminuir o desemprego ou fazer desaparecer a insegurança e a pobreza porque o PAICV também quer a mesma coisa.O que me basta é saber como pensam conseguir tudo isso, quais as medidas e as políticas que vão implementar. Só assim estarei em condições de tomar uma decisão racional sobre o meu voto. Nem as poesias do 1º ministro, nem os fantasmas do MPD!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Economistas!

O debate económico hoje em dia, e nos próximos tempos, resume-se à discussão sobre a gestão contabilística das finanças públicas. Não é preciso os conselhos do mestre Paulo Monteiro Júnior, nem é necessário ser formado em economia: um bom contabilista ou mesmo uma cabo-verdiana de meia-idade experiente na gestão da economia doméstica e do rendimento familiar, faria um bom lugar a frente do ministério das finanças.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Treinadores

A análise da vida política tem imensas semelhanças com a análise desportiva, mais concretamente com a do mundo do futebol. Assim como somos todos adeptos de um ou outro clube, também somos “adeptos” de um ou outro partido e de um ou outra política e programa. Discutimos as políticas, os políticos e os partidos na mesma medida em que discutimos os jogos, os jogadores e as tácticas dos treinadores. Sabemos todos qual deve ser a equipa principal a jogar, quem deve ser substituído e quem deve entrar, qual a melhor táctica a utilizar em cada jogo, onde falhou o treinador, etc. De fora vemos sempre melhor do que aqueles que estão dentro. Somos todos, treinadores da bancada. Igualmente, sabemos todos qual é a melhor política que devia ser implementada em cada área, como deve ser gerida a coisa pública, quais os ministros remodeláveis e quem é ou não ministeriável, porque o 1º ministro está a fazer mal o seu trabalho, porque o governo dever perder as próximas eleições, etç. De fora vemos melhor o que está a correr mal. Somos todos, treinadores dos governos. Tudo isso é legítimo e até desejável. O problema é que quando entramos num campo para jogar ou quando passamos a ter alguma responsabilidade governativa, parece que “desaprendemos” todos os ensinamentos que transmitíamos da bancada. Por isso, muitos treinadores não se aventuram a deixar a bancada.

domingo, 10 de outubro de 2010

Governo vai perdoar dívidas das bolsas de estudo

A política de bolsa de estudos dos anos 90 era boa,a sua implementação não foi má e,mesmo não existindo um estudo de avaliação,parece-me que os resultados foram globalmente positiva.É claro que existiu erros, como os critérios bastante flexíveis e a existência do denominado "bolsa carenciado" que na prática funcionava como um "saco azul".Concordo com a medida anunciada pelo actual 1º ministro de perdoar as dívidas das bolsas de estudos uma vez que não só seria injusto como não existem condições para o pagamento das bolsa de estudo.Afinal com o seu trabalho,impostos e contribuição para a previdência social,esses antigos bolseiros já estão a retribuir a aposta do país nos seus estudos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A poesia não contribui para o PIB, logo, não deve ser subsidiada?

«"Neste período de recessão, muitas instituições culturais estão preocupadas com as suas fontes de financiamento e utilizam o argumento que devem ser apoiadas porque as indústrias culturais e criativas desempenham um papel relevante na economia, mas essa posição coloca-nos perante uma série de questões", diz Angus Kennedy. Entre elas, o facto de haver sectores da esfera da cultura que nunca farão dinheiro.
"A poesia, por exemplo, nunca poderá contribuir para o PIB de Portugal. Justificar o valor das artes apenas em termos de contribuição económica é estreitar, inclusive, as opções de financiamento." Com a investigação científica, por exemplo, acontece qualquer coisa de semelhante. "Os cientistas não podem dizer "se nos derem tantos euros estaremos em condições de retribuir com o triplo", muito simplesmente, porque ninguém sabe quais serão os resultados das pesquisas a que se propõem."
Para justificar atenção e financiamentos, as narrativas que validam as artes e a cultura assentam, cada vez mais, em factores que lhe são exteriores: têm que ser fonte de sociabilização; ajudar os jovens a serem bons cidadãos; favorecer a participação cívica; alimentar o sentimento de pertença colectiva ou de orgulho social; ou contribuir para a regeneração urbana das cidades, ressuscitando zonas industriais. Mas também há quem rejeite este tipo de justificação instrumental, argumentando que as artes é o que os artistas fazem. Ou seja, que é inteiramente subjectiva».

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Privatização e Liberalização em Cabo Verde

Como a razão principal para a privatização das empresas estatais era obrigá-las a competir no mercado privado,aumentando,por conseguinte,a eficácia das mesmas,qualquer tentativa séria de incentivar a concorrência compreenderia a desintegração dos monopólios estatais antes que fossem vendidos e,contudo,isto não se fez (Electra e CV Telecom). Em vez de encorajar a concorrência,o governo optou por privatizar grandes monopólios na íntegra com intenção de criar novas agências reguladoras para controlar as políticas de determinação de preços de modo a garantir que não abusariam da sua posição.Uma empresa que tem a garantia da posição de monopólio do mercado vale,claramente,mais do que várias empresas separadas que,em certa medida,têm de competir mutuamente pelo negócio.Ou seja,privatizou-se empresas como a Electra e a CV Telecom mas,nos respectivos sectores,não houve liberalização.A ideia era de que a «privatização aumenta a eficácia produtiva quer com a existência do monopólio ou não» uma vez que a privatização,ao alterar a estrutura de incentivos para os gestores e,simultâneamente,libertar os gestores da pressão política,pode por si só melhorar a actuação da empresa.Em contrapartida,nos sectores onde houve a liberalização do mercado,com entrada de vários concorrentes,não há muitas razões de queixa: basta vermos o sector de importação de produtos alimentícios onde actuava a antiga EMPA.Fazendo o balanço,os argumentos e a evidência parecem indicar que é a concorrência,mais do que a propriedade,que tem maior impacto sobre a eficiência da empresa.Ou seja,a liberalização é muito mais significativa do que a privatização como factor provável de melhorar a eficiência da empresa.

sábado, 21 de agosto de 2010

Nacionalização ou Privatização (II)

Para além das razões económicas,também a ideologia e o dogma estão presentes nos programas de privatizações: o compromisso com os princípios de propriedade privada e da livre iniciativa.
É possível detectar 5 objectivos principais subjacentes ao programa de privatizações: 
  1º- é a preocupação de reduzir os empréstimos do sector público e aumentar as receitas do governo (a privatização proporciona duas alternativas para a redução de empréstimos do sector público- significava que os empréstimos das empresas privatizadas já não faziam parte das necessidades de empréstimos do sector público que os défices das empresas com perdas já não tinham de ser cobertas por empréstimos do governo;por outro lado,o governo obtém receitas da venda dos bens que contam no seu próprio sistema contabilístico como despesa negativa e,por conseguinte,ajuda a reduzir os empréstimos do sector público);
2º- melhor a eficácia e incentivar a concorrência (obrigar as empresas a competir no mercado privado,aumentando,por conseguinte,a eficácia das mesmas);
3º- reduzir o poder dos sindicatos (espera-se que a privatização vai impedir os gestores destas empresas de cederem à pressão exercida pelos sindicatos visto que já não podiam recorrer ao tesouro para liquidar a factura e o aparecimento da concorrência vai proporcionar fontes de abastecimento alternativas a que se pode recorrer em caso de greves);
4º- melhorar a autonomia e o incentivo da gestão enquanto se elimina a interferência política nos assuntos internos destas empresas (uma vez no sector privado,os ministros não teriam a possibilidade de pressionar as empresas a adoptarem políticas que não fossem do interesse comercial das mesmas e isto,por sua vez,reduziria a intensidade das exigências dos grupos de interesse aos políticos);
5º- criar o capitalismo popular (as privatizações também tem um objectivo sociológico:a criação do capitalismo popular no país;a ideia é que as pessoas só compreenderiam e apreciariam os benefícios do capitalismo se sentirem que fazem parte dele;a privatização poderia assim contribuiria para a mudança de valores e do comportamento das pessoas,permitindo-lhes a aquisição de pequenas participações nas empresas).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nacionalização ou Privatização (I)

Existem diversas razões para a nacionalização de empresas.Algumas vezes estavam a titubear à beira de um colapso, e a propriedade pública foi vista como a solução para os problemas de rentabilidade diminuta e falta de investimento há muito existentes. Por vezes, a decisão de nacionalização era impulsionada pela convicção de que uma estratégia de coordenação nacional seria mais eficaz do que um modelo de prestação de serviços não planeado. Outras vezes, a nacionalização ocorreu por razões de segurança nacional e, em alguns casos, foi vista como a única solução para os problemas do chamado «insucesso do mercado» nas indústrias que usufruíam daquilo que é conhecido por «monopólio natural». Muito frequentemente,todavia,a nacionalização é prosseguida como uma questão de princípio ideológico e político (o desejo de assegurar a propriedade e o controlo de,pelo menos,os sectores dominantes da economia).
Contudo,a eliminação da necessidade de obter lucros e da ameaça da possível falência no caso de insucesso resulta numa ausência de incentivos eficazes para aqueles que gerem as empresas nacionalizadas,e o princípio de controlo estatal significa,na prática,que os ministros são ambíguos a estabelecer e fazer cumprir objectivos.
Os defensores da nacionalização muitas vezes argumentam que estas empresas não devem ser avaliadas apenas pelos critérios da actuação financeira,visto que se espera que cumpram obrigações sociais não exigidas às empresas do sector privado. Contudo,são os consumidores os que mais sofrem em consequência da ineficácia das mesmas.É difícil fugir à ideia de que estas empresas não estejam a ser geridas nem «no interesse do público» nem para o benefício dos consumidores, mas sim no interesse dos que trabalham neles.

Risco e Medo de Falhar

A pouca propensão para o risco como argumento para o baixo índice de empreendedorismo entre os jovens é apenas um argumento desculpabilizante.A ideia é que "os jovens norte-americanos são mais empreendedores porque possuem maior propensão para o risco do que os jovens cabo-verdianos".Então,questiono eu,porque é que,imigrante nos Estados Unidos,os cabo-verdiano,jovens e menos jovens,tornam-se empreendedores e "assumem o risco"?Um jovem nos EUA decide abrir uma empresa no exacto momento que um jovem em CV mergulha no mar no meio de tubarões; qual deles é que assumiu maior risco?O que impede os jovens cabo-verdianos de empreender não é tanto o medo de perder o dinheiro investido na criação da empresa mas sim o medo de falhar.É o medo de ser rotulado de fracassado.O que diferencia os jovens norte-americanos dos cabo-verdianos não é a capacidade de assumir o risco,é o modo como lidamos com o fracasso.Enquanto para eles o fracasso ou a falência é apenas uma etapa para a aprendizagem,para nós o fracasso é quase uma "morte social".A sociedade norte-americana tolera e incentiva o fracasso;a nossa sociedade condena o fracasso.É por isso que eles não receiam tentar e falhar e nós,para não fracassarmos,nem sequer tentamos.

sábado, 14 de agosto de 2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A exclusão social em Cabo Verde: uma abordagem preliminar (Carlos Sangreman Proença)

«Nesta década e meia, de 1989/90 a 2003/4, Cabo Verde foi claramente capaz de organizar as suas instituições estatais centrais e locais e estabelecer ligações com organizações da sociedade civil laicas ou religiosas para combater a pobreza. Em teoria não pensamos que haja a apontar criticas de maior à organização e às actividades desenvolvidas. Quanto muito a ambição de centralizar num PNLP os fundos para tal luta parece-nos menos correcta, face à capacidade das instituições do país e aos efeitos multiplicadores que esses processos têm quando a sua aplicação é descentralizada. Mas precisaríamos de muito mais tempo e informação para uma análise fiável dessa suspeita. Mas toda a questão e as análises tem de ser repensadas quando verificamos que a desigualdade cresceu significativamente. Ou seja, se em teoria as medidas tomadas estavam correctas então,um dos efeitos perversos tem sido de que o fosso entre os que acedem a mais recursos e os que acedem a menos, se aprofundou, cavando uma maior distância entre uns e outros. Aliás a diferença na qualidade de construção de habitação e arruamentos de algumas zonas na capital marca bem a estratificação social implícita nesse crescimento da desigualdade.Note-se que estamos a considerar que o modo de medir a pobreza pode incluir um erro que vai induzir em conclusões erradas. Ou seja, se a medida da pobreza é relativa, então pode toda a população estar melhor mas, pelo facto de se medir a pobreza sempre em relação a uma média que evolui no tempo, teremos mais pobres quando na realidade aquilo que temos é mais desigualdade. Dito de outro modo, as pessoas estão com condições de vida melhores que à dez anos, mas há é uma parte dessas pessoas que estão muito melhor. Logo a distancia entre uns e outros aumenta e no momento actual a diferença é maior do que era à dez anos. Se medirmos deste modo então a pobreza aumentou. Se medirmos em termos absolutos, ou seja, se as condições de acesso a alimentação, vestuário,habitação, educação, saúde e participação social, melhoraram ou não, então a pobreza diminuiu com as políticas públicas e privadas praticadas.»

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Empreendedorismo e Riscos

«José Maria Neves quer mais empreendedorismo em Cabo Verde. O Primeiro-Ministro considera que é necessário que os jovens tenham "mais ousadia" e apostem na criação de novas empresas, como solução para o desemprego e desenvolvimento do país. "Queremos que os jovens cabo-verdianos assumam mais os riscos da realização de investimentos.»


Tenho para mim que o ênfase no risco ou o apelo constante à assumpção do risco no incentivo ao empreendedorismo tem o efeito contrário ao pretendido: em vez de incentivar,desincentiva a atitude empreendedora.Empreender não tem nada a ver com propensão para o risco.Quem gosta de risco investe na bolsa de valores,aposta em cavalos ou anda de moto sem capacete.Para além do risco ser sempre um risco controlado através do plano de negócios,o risco não reside na fase da criação da empresa mas sim na sua sobrevivência e no seu crescimento.Mais do que assumir risco,ser empreendedor exige capacidade para reconhecer oportunidades mas também para definir um conceito de negócio,planear,implementar e avaliar a acção.Mais do que apelar aos jovens para que assumam o risco,ao governo cabe criar condições para minimizar os riscos da actividade empresarial,principalmente para as empresas recém-criadas ou start-up.O que tem feito o governo,ou a ADEI,para baixar ou suster o índice da mortalidade empresarial?

Nova gestão da rede fixa

Excelente noticia e excelente iniciativa esta do governo de Cabo Verde negociar com a CV Telecom uma nova gestão da rede fixa.É,aliás,a correcção de um erro da política de privatizações dos anos 90. E é simultâneamente uma tentativa correcção de uma falha do mercado.O facto da CV Telecom controlar tanto a produção como a distribuição dos serviços impede ou,no mínimo,dificulta a entrada de outros concorrentes no mercado: se a T+ resolver entrar no mercado do serviço de telefonia fixo teria que,para sermos prático,"sub-alugar" ou sub-contratar à CV Telecom a rede fixa.Acredito que esse é um dos principais motivos para não haver ainda um concorrente da CV Telecom no mercado cabo-verdiano.O paradoxal nisto é que quem está a corrigir um erro da política económica,promovendo o mercado e criando condições para surgir mais concorrência,é o partido que é acusado de ser pouco "amigo" do mercado.
Está situação,aliás,deveria servir como exemplo para a reestruturação ou uma futura privatização da Electra: a produção e a distribuição da electricidade e da água não devem ficar sob a alçada de uma mesma empresa.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PILOTO DE TESTES

«O proselitismo liberal é a versão actual da vulgata marxista, que esteve muito em voga na passagem dos anos 60 para os 70. Como acontecia com quem então padecia da doença infantil do comunismo, também os nossos liberais tendem a moldar a realidade à sua construção teórica, ao mesmo tempo simples e com resposta para tudo. Ao fazerem-no esquecem, por um lado, a complexidade dos ajustamentos nas políticas públicas e, por outro, o país que realmente existe, feito de portugueses bem diferentes daqueles que conhecem ou projectam. O mantra "menos Estado" tornou-se, aliás, um novo "amanhã que canta", combinando as mesmas doses de optimismo e de normatividade com uma subjugação da realidade aos arquétipos de partida. Mas a realidade tem sempre razão.[...]» [i]
Pedro Adão e Silva.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fim do Recenseamento

Todos os partidos estão a reclamar do processo de recenseamento: o PAICV reclama dos entraves do MPD e este, por sua vez, reclama da incompetência do governo pelo atraso no processo enquanto tanto a comissão política do MPD nos EUA como a UCID alertam para possibilidades de fraude. Existe um bom "remédio" para acabar com essas "desconfianças" no futuro: fazemos como a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia, a Noruega ou a Eslovénia e a Grã-Bretanha,que vai efectuar o último censo no ano 2011. Nestes países, os especialistas em estatística cruzam base de dados oficiais para contar os cidadãos de outra forma - desde os registos de impostos aos cadernos eleitorais ou às matriculas escolares. Não há censos.Vantagens? Permite uma actualização mais rápida e frequente da população. E o que se poupa em impressos!

A história de Zany, a baronesa cabo-verdiana da droga

"Coordenava a saída da cocaína de Cabo Verde para diversos países europeus, Portugal incluído. Por causa dela, outros membros de topo da organização estão presos e um irmão do primeiro-ministro chegou a ser detido. A história de Zany é um percurso pelo tráfico internacional de cocaína, droga em expansão na Europa.


Era um entre tantos. Vestia umas calças de ganga de um azul acinzentado e uma camisola azul-celeste com o número 29 estampado nas costas. Calçava umas sapatilhas pretas como a maleta que trazia na mão. Gelou ao ouvir um polícia, na sala de trânsito do Amílcar Cabral, então o único aeroporto internacional de Cabo Verde, pedir-lhe para a abrir.


Excelente narrativa da jornalista do público! Continuem a ler aqui.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Os construtores de desastre continuam confundindo os objetivos desejados com os meios técnicos que noutros países tiveram de fato um papel modernizador. Com a incompetência característica do subdesenvolvimento cultural e o oportunismo dos interesses particulares, continuam a importar os objectivos e os instrumentos que foram utilizados para modernizar países diferentes. [...] o Brasil manteve seu padrão de avanço cumprindo apenas um dos lados do que os países ricos realizavam, modernizou sua infra-estrutura produtiva,mantendo a sociedade com as características primitivas". (Cristovam Buarque)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

RSA Animate - Crises of Capitalism

Classe Tagarela

Em 1943,Joseph Schumpeter afirmou que a cultura burguesa estava em declínio terminal no Ocidente e identificou duas causas principais.Em primeiro lugar,a extensão da educação e o empenhamento num espírito de racionalidade crítica tinham produzido uma nova classe intelectual (aquela a que em Inglaterra se chama muitas vezes a «classe tagarela») sem responsabilidade directa pelas questões práticas e sem uma comparticipação material directa na sobrevivência do capitalismo.Esta nova classe desenvolvera um «direito adquirido» na crítica e na «inquietação social»,com o resultado de que os líderes de opinião da sociedade e os formadores de opinião deixaram de acreditar ou de aprovar os valores do capitalismo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Televisão Cabo Verde

O comunicado que da Câmara Municipal da Praia protestando da TCV por causa da fraca cobertura televisiva à visita de Cavaco Silva  ao Paços do Concelho só vem reforçar a necessidade de se pensar em formas de despolitizar à TCV,um alvo fácil de todos os partidos políticos.Chegou-se ao ridículo de se contabilizar os minutos e os segundos que são dedicados às noticias referentes a cada partido.Ninguém defende a empresa,nem a tutela e nem a direcção e,pelo que parece,os funcionários levaram vacina de imunidade à situações do tipo.A privatização é o caminho mais fácil,mas ao menos a empresa deixa de ser um objecto de luta política.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Insucesso do Mercado

O caso da falta de transportes para a ilha de Brava, e também para a ilha do Maio, ilustra simultaneamente que o mercado não resolve todos os problemas e que o Estado é necessário onde o mercado falha. Perante as várias tentativas falhadas de resolução do problema, tanto pela via estatal como pela via privada, resta a parceria entre o Estado, a Câmara Munipal e os privados como solução. Como os cidadãos da ilha da Brava, e do Maio, não podem ficar por muito mais tempo isolados e o Estado não pode ficar de mãos amarradas, é aceitável até uma parceria apenas entre o Estado e o município local. É quando o mercado falha que se torna imperativo a intervenção do Estado.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Golden Share

Depois do Tribunal de Justiça Europeu considerar ilegal a golden share do Estado português na Portugal Telecom,estou curioso para saber qual será o desenvolvimento futuro da golden share que o Estado de Cabo Verde detém na Cabo Verde Telecom [Portugal Telecom (40%), Instituto Nacional de Previdência Social (37.9%), Sonangol (5%), Particulares (8.7%), Trabalhadores (5%) e Estado (3.4%)].

IEFP ou IFP?

Definitivamente o IEFP deveria mudar de nome de Instituto de Emprego e Formação Profissional para Instituto Formação Profissional (IFP). Palavras da directora-geral do IEFP ao
jornal A Nação da semana passada.

«A NAÇÃO - Hoje, qual a grande vocação do IEFP?
Fátima Timas - Estamos a passar por um processo de reestruturação de todo sector da formação profissional e emprego. Quando o IEFP foi criado, há 15 anos, as circunstâncias
eram outras. Na altura, o IEFP geria alguns projectos internacionais e dois centros de emprego. Hoje a sua vocação é mais ampla. A reestruturação em curso vai no sentido de adequar a instituição às necessidades e aos desafios da formação profissional na nova era. Assim, o IEFP passa a assumir,de forma clara, a função de execução na formação profissional, deixando a avaliação do sistema para outros organismos que também estão a ser criados no âmbito desse processo,como, por exemplo, a unidade de coordenação do sistema nacional de qualificações profissionais. O IEFP continuará a ter um papel importante na concepção dos instrumentos pedagógicos e na planificação de toda a formação profissional».

Não é que não deve apostar na reestruturação do sistema da formação profissional do país e muito menos que esta reestruturação esteja a correr mal;pelo contrário,segundo noticias que me chegam através dos medias e amigos,tudo indica que a formação profissional tem sido uma aposta ganha.
A questão aqui é a total "ausência" do IEFP no que diz respeito aos problemas do desemprego e no incentivo ao emprego.Afinal,à qual instituição cabe implementar as políticas de emprego do governo?O IEFP certamente tem capacidades para coordenar a implementação de algumas dessas políticas mas,infelizmente,"não está por aí virada". Só não sei se por estratégia da direcção do instituto ou se por ordens da tutela.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Opções

Compreende-se a preocupação do PAICV em "conquistar" os funcionários públicos e a classe média com a ideia da criação do 13º mês (subsídio de natal) mas esta é uma ideia,a meu ver,pouco exequível, pelo menos num futuro próximo. É que, a partir do próximo ano, seja qual for o partido que estiver no governo, vai começar o aperto do cinto à seria de modo a controlarmos as finanças públicas e o défice orçamental. Como baixar o défice orçamental e, ao mesmo tempo, criar o 13ª mês para os funcionários públicos? Como um partido da esquerda moderna, como gosta de dizer o seu presidente,faz mais sentido o PAICV apostar na criação de um seguro de desemprego,que não implica custos para o cofre público uma vez que são os próprios trabalhadores a fazerem os descontos para esse seguro. Cabo Verde tem ainda um “Estado Providência” em “construção” e, por isso, deveríamos aproveitar para evitar os excessos e os erros do Estado Providência dos países mais avançados. O que é mais importante para a sociedade cabo-verdiana no estágio actual do seu desenvolvimento: estipular o subsídio de natal para quem está empregado, como imagina a direcção do PAICV, ou criar um seguro de desemprego para quem, após anos de descontos, teve a infelicidade de ir para o desemprego? Qual destas duas opções implica mais custos para o cofre do Estado e, consequentemente, para o bolso dos contribuintes?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Democracia e Mediatismo

Mais uma vez o primeiro ministro,José Maria Neves,recusou um debate com o líder da oposição, Carlos Veiga,e mais uma vez muita gente acha essa atitude pouco abonatória para a nossa democracia.É certo que as justificações que JMN apresentou acabaram por provocar ainda mais “espanto” mas acho perfeitamente normal que o primeiro ministro não queira participar num debate público com o líder da oposição nesta altura.Um primeiro ministro,ainda no exercício da sua função,tem de debater com a oposição no parlamento;não estando no parlamento,como é o caso do actual líder da oposição,quem o representa é o líder da bancada parlamentar..Alguém vê o actual líder do PSD,que também não está no parlamento,a exigir um debate com o primeiro ministro José Sócrates?O debate entre a situação e a oposição,através dos respectivos líderes,faz-se no parlamento e o debate entre dois candidatos à chefe do governo faz-se durante as campanhas eleitorais.Para quê serviria um debate agora entre os dois líderes?Apenas para dar mais espaço e visibilidade mediática ao líder da oposição.E é perfeitamente normal que JMN não queira proporcionar essa oportunidade ao CV!Estranho e escandaloso será o líder do PAICV recusar debater com o líder do MPD durante a campanha eleitoral para as próximas legislativas.Isto sim seria um atentado à democracia.O resto,é apenas uma guerra simbólica para as audiências mediáticas!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Marca Cabo Verde



A nível estético o logótipo que vai ser a imagem de marca do país é um primor. Uma marca-país é muito mais do que um simples "jogo publicitário" com o qual se tenta criar artificialmente uma "imagem imaginada" do país para posteriormente ser divulgada no país e além fronteira.A essência de uma marca é a sua identidade e é exactamente por isso que uma marca-país não deve ser gerida como se fosse um produto comercial.Mesmo porque a identidade de um povo não muda ao sabor das estratégias publicitárias: porque essa identidade veiculada pela marca Cabo Verde tem de ser percepcionada internamente e externamente como algo genuíno pelos próprios cabo-verdianos e pelos estrangeiros.A marca-país deve transmitir o que é o país e como são os cabo-verdianos.Qual será a identidade ou o posicionamento da marca Cabo-Verde?A imagem será utilizada em todos os sectores da nossa economia (turismo,agricultura,produtos exportáveis,cultura,etc.) ou será exclusivo para o sector turístico?Faz sentido que a imagem seja única para todos os sectores e que,sector á sector e mercado alvo à mercado alvo,seja veiculada uma identidade de povo ou posicionamento da marca.