Em África, todas as manhãs, uma gazela acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que o leão, ou será morta. Em África, todas as manhãs, um leão acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que a gazela, ou morrerá de fome. Não interessa se és leão ou gazela. Quando o Sol nascer, tens de correr mais depressa...se queres continuar vivo.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Aristides Lima
Ao contrário do que se diz,Aristides Lima não ganhou mas apenas confirmou o grande capital político que já tinha há já alguns anos.São poucos os políticos que conseguem manter consolidado o capital político durante tanto tempo.É precisamente por esse capital político que já detinha que ARL era uma candidato forte,mesmo sem o apoio do PAICV.Foi esse capital político que fez ARL atingir o número de votos que conseguiu na 1ª volta das presidenciais e não o que se diz por aí,que ele ganhou capital político com os resultados da 1ª volta.Por isso,o que faz sentido é perguntar o quê AL vai fazer com o capital político que confirmou ter.O que eu espero de ARL,é que ele comece já a fazer o caminho para uma nova candidatura em 2016.Mas,na política nada é certo...
Gestores da Marca Cabo Verde
Hoje passei umas horas a ouvir uma amiga a "reclamar" sobre Cabo Verde.Ou melhor,sobre a imagem que se tem sobre Cabo Verde cá fora.Disse me ela que,nós os cabo-verdianos que vivemos cá fora,somos um exímio "vendedores" do nosso país.Justificou dizendo que a imagem que passamos do nosso país cá fora,através dos estudantes,imigrantes e revistas de turismo,pura e simplesmente não corresponde à realidade do país.A imagem destoa da realidade.O imaginário narrado nas revistas e imagens publicitárias não passam de narrativas construídas com intuito propagandista.Enfim,voltou de CV decepcionada e sentindo ter ido para lá «iludida».O problema não é a qualidade dos serviços mas sim o desencontro entre a imagem e a realidade do país.Defendeu até que,os cabo-verdianos em Portugal «são mais autênticos» que os cabo-verdianos que estão em Cabo-Verde no sentido em que vivem e sentem mais o Cabo-Verde.Os emigrantes cabo-verdianos são não apenas os embaixadores do país cá fora mas principalmente os marketeers e gestores da marca Cabo-Verde.
domingo, 28 de agosto de 2011
Entrevista José Maria Neves
As respostas de José Maria Neves ao jornal A Semana demonstram,de início ao fim,uma preocupação em "apaziguar os ânimos". Enquanto presidente do PAICV vai fazer de tudo para resolver as contendas internas e evitar uma divisão do grupo parlamentar do partido;enquanto 1º ministro,vai também fazer tudo para ter uma coabitação pacífica com o novo Presidente da República.Contudo,parece-me que a 1ª tarefa vai ser mais complicada que a 2ª.Estando o partido na situação em que está,com a oposição interna praticamente a preparar-se para uma luta pelo poder,parece-me arriscado reafirmar mais uma vez que JMN não será candidato à 1º ministro em 2016.Isso vai atiçar ainda mais os pretendentes ao cargo de presidente do partido.Se,por um lado,JMN pretende cumprir o mandato como 1º ministro até ao fim,por outro lado o partido vai precisar de ter um presidente com algum tempo no cargo para preparar-se como provável candidato à 1º ministro.Ou seja,o presidente do partido que vai suceder a JMN não deve ser eleito com apenas alguns meses antes das eleições de 2016.A não ser,é claro,que JMN já tenha em mente,e no governo, o seu sucessor/a que vai "propor" ou apoiar quando sair do governo.Até lá,pouco a pouco,o presidente do partido e 1º ministro "vai treinando" o seu delfim para o "substituir" no partido e no governo.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Steve Jobs
“O teu tempo é limitado, por isso não o gastes a viver a vida de outra pessoa. Não caias na armadilha do dogma, que é viver de acordo com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não deixes que o barulho criado pela opinião dos outros silencie a tua voz interior. E, acima de tudo, tem a coragem de seguir o teu coração, a tua intuição. Por uma razão qualquer, eles já sabem o que tu queres ser. Tudo o resto é secundário.”
Electra
O problema da Electra não é apenas da tesouraria. A empresa também tem um problema tecnológico (nomeadamente a baixa capacidade tecnológica) e, principalmente, um problema de gestão (nomeadamente a ausência total da preocupação com a qualidade dos serviços nas práticas de gestão da empresa). As avarias não acontecem apenas pela sobrecarga provocada pelas ligações ilegais mas também pelas tecnologias obsoletas que ainda é utilizada para a distribuição da energia. O Estado, como o principal accionista, não deve injectar dinheiro na empresa apenas para saldar as dívidas mas também para a necessária modernização tecnológica da empresa. Mas não se trata apenas da modernização tecnológica, a empresa também precisa incrementar a sua capacidade tecnológica sendo esta um factor fundamental para se resolver de vez as constantes avarias. Por outro lado, a empresa não dá importância nenhuma a qualidade dos serviços que vendem e isso deve-se não só à falta de concorrência no mercado mas também pela própria cultura organizacional da empresa, cujo valores não estão virados para serviço ao cliente.Por isso,a culpa da actual situação da empresa não cabe exclusivamente ao governo mas também aos gestores que por lá passaram ao longo de anos.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Muita calma nessa hora!
Há por aí uma ideia a circular,como que para «plantar» confusão,cujo conteúdo gira em torno da caída do governo num futuro não muito distante.O fundamento da ideia é de que,com um presidente de outro cor política e,principalmente,devido aos excessos das campanhas,há pouca condições objectivas para uma longa convivência entre o governo e o novo presidente.Muita boa gente está a esfregar as mãos aguardando a queda do governo.E boa parte dessa gente espera que o novo presidente seja um agente activo nesta queda.Ora,essa queda depende mais do PAICV de que do novo presidente; depende mais da relação entre o governos e o grupo parlamentar que o suporta do que dá relação entre o governo e a presidência.Com a maioria no parlamento e pelo perfil do novo presidente,só em casos muito excepcionais o presidente pode vir a ter a iniciativa de precipitar a queda dum governo eleito em Fevereiro passado.O próprio presidente estaria a correr um grande risco para a sua carreira política.Por isso,essa ideia de uma futura queda do governo parece-me mais desejo de revange do que qualquer luta em prol da democracia.
Entrevista do novo presidente
Cabo Verde. O novo presidente que sonha com a livre circulação no espaço da CPLP
Jorge Carlos Fonseca diz que tem muitos amigos em Portugal, nos diversos quadrantes políticos, no mundo académico e empresarial. "Estudei em Portugal, fui professor na Faculdade de Direito de Lisboa durante muitos anos e na universidade em Macau. Tenho muitos amigos na área social-democrata e na área socialista, e portanto sempre que possível potenciarei esses conhecimentos e amizades em prol do desenvolvimento de Cabo Verde". Ao i, por telefone, dá a sua primeira grande entrevista depois da vitória na segunda volta das presidenciais cabo-verdianas de domingo, onde derrotou Manuel Inocêncio Sousa, do PAICV, o partido que vai na terceira maioria absoluta no parlamento.
Durante a campanha chegaram a dizer que se fosse eleito ia fazer oposição ao governo desde a presidência.
Isso são acusações de campanha. Toda a gente sabe que as relações entre o governo e o presidente da República estão traçadas e balizadas pela Constituição e, num sistema como o de Cabo Verde, desde que o governo tenha um suporte maioritário no parlamento, as hipóteses de demissão do governo ou de dissolução do parlamento são praticamente inexistentes. Isto quer dizer que a estabilidade do governo depende mais de uma maioria parlamentar que do presidente da República. Agora naturalmente que a estabilidade governativa não quer dizer que o presidente não tenha voz própria e, se for necessário, deve exercitar os poderes que a Constituição lhe confere.
Mas a verdade é que a sua candidatura foi apoiada pelo Movimento para a Democracia (MpD), o maior partido da oposição. Ou seja, a sua visão é diferente da do governo de José Maria Neves, do PAICV. Não poderá isso criar conflitos institucionais?
Apresentei a minha candidatura irreversível em Novembro de 2010, muito antes das legislativas - portanto, não sabia quem ia ganhar as eleições - e muito antes de ter o apoio político formal do MpD. Depois, não sou membro de nenhum partido desde 1998 e o meu percurso político sempre foi marcado pela independência de pensamento e pela autonomia. Isso mesmo foi sublinhado pelo presidente do MpD várias vezes junto dos seus militantes. Além disso, tive o apoio do Grupo Independente para a Mudança do Sal (GIMS) - que lidera a Câmara Municipal do Sal -, do presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), e ainda de várias personalidades independentes. E a minha candidatura é geneticamente independente e de cidadania.
Manuel Faustino, o seu mandatário nacional, diz que irá exercer como presidente uma magistratura de influência. Quais são as virtudes e as limitações dessa magistratura?
Respeitando as competências do governo e cooperando lealmente com ele, serei um presidente atento aos problemas do país - que tem grandes problemas e desafios por vencer, como o desemprego, o crescimento acelerado da economia, a contenção da insegurança a níveis suportáveis comunitariamente, a credibilização da justiça, o aprofundamento do poder local democrático, o debate sobre a regionalização. Se o presidente é eleito directamente pelos cidadãos - e tem uma legitimidade democrática directa -, deve estar atento aos problemas e tentar ajudar a resolvê-los. Em cooperação com o governo, mas sempre em diálogo com a sociedade cabo-verdiana. Quero com isso dizer que serei um presidente com voz própria, que intervirá na medida do necessário para dar uma contribuição positiva e construtiva para a resolução dos grandes problemas nacionais. Mas serei sobretudo um lutador intransigente pela afirmação da democracia pluralista, do Estado de direito moderno e um grande defensor da Constituição.
Acha que a democracia cabo-verdiana está preparada para a coexistência de um presidente e de um governo de partidos diferentes?
Seguramente. Se o povo cabo-verdiano elegeu pela primeira vez um presidente que não é apoiado pelo partido do governo, se antes disso havia estudos de opinião - e até os resultados da primeira volta mostravam isso - que diziam que uma boa maioria preferia um presidente de cor diferente do governo, isso mostra uma enorme maturidade democrática dos cabo-verdianos, que, perante a terceira maioria absoluta seguida do partido do governo, pensou ser bom ter na presidência um factor de equilíbrio no sistema de poderes.
Quando se lançou nesta candidatura pensava chegar à vitória?
É a segunda vez que me candidato e desta vez, naturalmente, procurei reunir todas as condições políticas para ter sucesso. Por isso é que uma das primeiras fases da candidatura foi, além de reunir os apoios na sociedade civil, procurar o apoio político de um dos grandes partidos políticos nacionais, no caso, o MpD, o que tornava as coisas mais credíveis em termos de hipóteses de vitória. Evidentemente, com a dinâmica da candidatura, sobretudo quando vi antes da primeira volta a onda de apoio a crescer - com o apoio do MpD, com o apoio do GIMS, com o apoio da Internacional Democrata do Centro (IDC), com o apoio de personalidades ligadas ao PAICV -, percebi que tinha um arco de apoiantes vasto e diversificado. E quando, na primeira volta, fiquei em primeiro lugar, com 37,3% dos votos, senti que tinha todas as condições para ganhar.
Qual foi a grande diferença em relação às campanhas de 2001 e de 2011?
Em 2001, eu não tinha o apoio de nenhum dos partidos de Cabo Verde. Em segundo lugar, disputava as eleições com as duas figuras de referência histórica do país: Pedro Pires pelo PAICV e Carlos Veiga pelo MpD. Vínhamos de um contexto de duas maiorias qualificadas do MpD. O contexto político era completamente diferente em 2001, em que as hipóteses de ganhar eram diminutas.
O facto de o PAICV se ter apresentado dividido nestas eleições - com as candidaturas de Manuel Inocêncio Sousa (que perdeu na segunda volta) e de Aristides Lima - também ajudou à sua vitória?
Muitos comentadores políticos fazem essa leitura. Mas também se pode fazer uma leitura diferente. Eu tive 60 e poucos mil votos na primeira volta e agora creio que estou perto dos 98 mil; os meus votos na segunda volta ultrapassam os votos somados dos dois candidatos do PAICV na primeira, querendo isto dizer que ganharia as eleições na segunda volta, mesmo que - por hipótese académica - todos os votos de Aristides Lima tivessem sido transferidos para o meu adversário na segunda volta. Creio que conquistei muitos votos da abstenção, já que o entusiasmo e a dinâmica da candidatura foram muito fortes, sobretudo depois de ter ganho a primeira volta por uma margem de 9 mil votos. Mas posso dizer-lhe uma coisa: preferia ter ido a votos apenas com um candidato do PAICV.
Falou nos limites constitucionais que não permitem ao presidente, em condições normais, demitir um governo com maioria. Em que condições pensaria nessa possibilidade?
A Constituição permite que o presidente dissolva o parlamento em casos de grave crise institucional, que ponha em causa o funcionamento normal das instituições democráticas, mas isso são situações excepcionais. Nenhum presidente que tenha o mínimo de ponderação e experiência vai dissolver um parlamento se o governo tem maioria. Portanto as pessoas podem ficar tranquilas: se o partido do governo tem uma maioria absoluta, governa tranquilamente.
Quando um governo não consegue garantir os serviços básicos à população - como a água e a electricidade -, não será caso para pensar na demissão do governo?
Já disse claramente que o meu estilo de actuação como presidente da República não será ausente. Darei sempre a minha opinião, a sociedade ouvir-me-á sempre que necessário. Falarei com o governo para encontrar soluções para resolver esses problemas, já que não é normal que a capital do país viva na situação em que vive neste momento, com cortes quase permanentes de energia e água. Aí o presidente não pode ficar de braços cruzados. Mas uma coisa é interagir, pelo diálogo, pela opinião, por influência política e moral, outra coisa é desencadear mecanismos que a Constituição prevê que só sejam usados em situações bem determinadas.
Já escolheu os nomes que o vão acompanhar na presidência?
Não, não. Estou ainda na fase de pós-vitória, com as comemorações populares. Vou pensando nisso. Ainda não está marcada a data da tomada de posse, vou aguardar a data para ir acertando algumas coisas.
Quando se calcula que venha a tomar posse?
Espero que entre a data das eleições e da posse haja pelo menos um mês. Eu tinha uma vida profissional, sou professor universitário; como presidente de uma instituição universitária, tenho de arrumar as coisas. Também tenho um escritório de advogados. A seguir tenho de arranjar um grupo de colaboradores e para que a tomada de posse tenha o mínimo de dignidade é preciso tempo.
Já convidou o Presidente Cavaco Silva para estar presente na cerimónia?
Recebi dele uma mensagem de felicitações; também recebi do primeiro-ministro Passos Coelho e de vários políticos portugueses, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e, naturalmente, gostaria de ter aqui a presença na tomada de posse das mais altas individualidades da política portuguesa.
Vai aproveitar a sua experiência como ministro dos Negócios Estrangeiros e os seus poderes como presidente para ter uma política externa paralela à do governo?
Não. O presidente tem algumas competências na área das relações internacionais, já que é o mais alto representante da nação e do Estado. Procurarei concertar com o primeiro-ministro as áreas privilegiadas de intervenção do presidente no plano externo. Por exemplo, na representação do Estado nas relações que temos com a América, com a Europa, com África, talvez possa haver um acordo para uma espécie de divisão de relações privilegiadas nessa área. Posso, em cooperação com o governo, ter ideias que ajudem o país a desenvolver uma política externa mais eficaz, mais audaz e que potencie as parcerias que tem neste momento. Uma outra visão sobre as relações com o continente africano - uma relação forte, mas também aberta, franca, em que trabalharemos para que a África do futuro seja uma África que respeite os direitos humanos, uma África de desenvolvimento, uma África democrática e uma África onde predominem os estados de direito.
Quais seriam as áreas que gostaria de chamar para si?
Ainda é cedo. Não tomei posse ainda, não falei com o primeiro-ministro. Bom, uma possibilidade é o presidente representar Cabo Verde nas relações com os países de língua portuguesa. Mas isso são questões que serão acertadas com o chefe do governo, numa relação cordial.
Qual é a sua perspectiva em relação à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)?
É uma instituição muito importante para os nossos países. Creio que muito tem sido feito nos últimos anos, mas estou em crer que ainda há muito por fazer. A minha ideia pode ser utópica, mas é trabalhar com os chefes de Estado e de governo que têm o português como língua oficial para transformar cada vez mais a CPLP numa verdadeira comunidade de povos, mais do que numa comunidade de estados. Só nos poderemos sentir pertencentes a uma comunidade se, por exemplo, pudermos circular livremente por esse espaço. Claro que a livre circulação não é fácil, mas deve-se trabalhar com vontade política e imaginação para que isso venha a ser possível no futuro. Muito pode ser feito para transformar a CPLP em algo mais consistente, mais prestigiado e mais influente no plano internacional.
No Jornal português Ionline.
Jorge Carlos Fonseca diz que tem muitos amigos em Portugal, nos diversos quadrantes políticos, no mundo académico e empresarial. "Estudei em Portugal, fui professor na Faculdade de Direito de Lisboa durante muitos anos e na universidade em Macau. Tenho muitos amigos na área social-democrata e na área socialista, e portanto sempre que possível potenciarei esses conhecimentos e amizades em prol do desenvolvimento de Cabo Verde". Ao i, por telefone, dá a sua primeira grande entrevista depois da vitória na segunda volta das presidenciais cabo-verdianas de domingo, onde derrotou Manuel Inocêncio Sousa, do PAICV, o partido que vai na terceira maioria absoluta no parlamento.
Durante a campanha chegaram a dizer que se fosse eleito ia fazer oposição ao governo desde a presidência.
Isso são acusações de campanha. Toda a gente sabe que as relações entre o governo e o presidente da República estão traçadas e balizadas pela Constituição e, num sistema como o de Cabo Verde, desde que o governo tenha um suporte maioritário no parlamento, as hipóteses de demissão do governo ou de dissolução do parlamento são praticamente inexistentes. Isto quer dizer que a estabilidade do governo depende mais de uma maioria parlamentar que do presidente da República. Agora naturalmente que a estabilidade governativa não quer dizer que o presidente não tenha voz própria e, se for necessário, deve exercitar os poderes que a Constituição lhe confere.
Mas a verdade é que a sua candidatura foi apoiada pelo Movimento para a Democracia (MpD), o maior partido da oposição. Ou seja, a sua visão é diferente da do governo de José Maria Neves, do PAICV. Não poderá isso criar conflitos institucionais?
Apresentei a minha candidatura irreversível em Novembro de 2010, muito antes das legislativas - portanto, não sabia quem ia ganhar as eleições - e muito antes de ter o apoio político formal do MpD. Depois, não sou membro de nenhum partido desde 1998 e o meu percurso político sempre foi marcado pela independência de pensamento e pela autonomia. Isso mesmo foi sublinhado pelo presidente do MpD várias vezes junto dos seus militantes. Além disso, tive o apoio do Grupo Independente para a Mudança do Sal (GIMS) - que lidera a Câmara Municipal do Sal -, do presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), e ainda de várias personalidades independentes. E a minha candidatura é geneticamente independente e de cidadania.
Manuel Faustino, o seu mandatário nacional, diz que irá exercer como presidente uma magistratura de influência. Quais são as virtudes e as limitações dessa magistratura?
Respeitando as competências do governo e cooperando lealmente com ele, serei um presidente atento aos problemas do país - que tem grandes problemas e desafios por vencer, como o desemprego, o crescimento acelerado da economia, a contenção da insegurança a níveis suportáveis comunitariamente, a credibilização da justiça, o aprofundamento do poder local democrático, o debate sobre a regionalização. Se o presidente é eleito directamente pelos cidadãos - e tem uma legitimidade democrática directa -, deve estar atento aos problemas e tentar ajudar a resolvê-los. Em cooperação com o governo, mas sempre em diálogo com a sociedade cabo-verdiana. Quero com isso dizer que serei um presidente com voz própria, que intervirá na medida do necessário para dar uma contribuição positiva e construtiva para a resolução dos grandes problemas nacionais. Mas serei sobretudo um lutador intransigente pela afirmação da democracia pluralista, do Estado de direito moderno e um grande defensor da Constituição.
Acha que a democracia cabo-verdiana está preparada para a coexistência de um presidente e de um governo de partidos diferentes?
Seguramente. Se o povo cabo-verdiano elegeu pela primeira vez um presidente que não é apoiado pelo partido do governo, se antes disso havia estudos de opinião - e até os resultados da primeira volta mostravam isso - que diziam que uma boa maioria preferia um presidente de cor diferente do governo, isso mostra uma enorme maturidade democrática dos cabo-verdianos, que, perante a terceira maioria absoluta seguida do partido do governo, pensou ser bom ter na presidência um factor de equilíbrio no sistema de poderes.
Quando se lançou nesta candidatura pensava chegar à vitória?
É a segunda vez que me candidato e desta vez, naturalmente, procurei reunir todas as condições políticas para ter sucesso. Por isso é que uma das primeiras fases da candidatura foi, além de reunir os apoios na sociedade civil, procurar o apoio político de um dos grandes partidos políticos nacionais, no caso, o MpD, o que tornava as coisas mais credíveis em termos de hipóteses de vitória. Evidentemente, com a dinâmica da candidatura, sobretudo quando vi antes da primeira volta a onda de apoio a crescer - com o apoio do MpD, com o apoio do GIMS, com o apoio da Internacional Democrata do Centro (IDC), com o apoio de personalidades ligadas ao PAICV -, percebi que tinha um arco de apoiantes vasto e diversificado. E quando, na primeira volta, fiquei em primeiro lugar, com 37,3% dos votos, senti que tinha todas as condições para ganhar.
Qual foi a grande diferença em relação às campanhas de 2001 e de 2011?
Em 2001, eu não tinha o apoio de nenhum dos partidos de Cabo Verde. Em segundo lugar, disputava as eleições com as duas figuras de referência histórica do país: Pedro Pires pelo PAICV e Carlos Veiga pelo MpD. Vínhamos de um contexto de duas maiorias qualificadas do MpD. O contexto político era completamente diferente em 2001, em que as hipóteses de ganhar eram diminutas.
O facto de o PAICV se ter apresentado dividido nestas eleições - com as candidaturas de Manuel Inocêncio Sousa (que perdeu na segunda volta) e de Aristides Lima - também ajudou à sua vitória?
Muitos comentadores políticos fazem essa leitura. Mas também se pode fazer uma leitura diferente. Eu tive 60 e poucos mil votos na primeira volta e agora creio que estou perto dos 98 mil; os meus votos na segunda volta ultrapassam os votos somados dos dois candidatos do PAICV na primeira, querendo isto dizer que ganharia as eleições na segunda volta, mesmo que - por hipótese académica - todos os votos de Aristides Lima tivessem sido transferidos para o meu adversário na segunda volta. Creio que conquistei muitos votos da abstenção, já que o entusiasmo e a dinâmica da candidatura foram muito fortes, sobretudo depois de ter ganho a primeira volta por uma margem de 9 mil votos. Mas posso dizer-lhe uma coisa: preferia ter ido a votos apenas com um candidato do PAICV.
Falou nos limites constitucionais que não permitem ao presidente, em condições normais, demitir um governo com maioria. Em que condições pensaria nessa possibilidade?
A Constituição permite que o presidente dissolva o parlamento em casos de grave crise institucional, que ponha em causa o funcionamento normal das instituições democráticas, mas isso são situações excepcionais. Nenhum presidente que tenha o mínimo de ponderação e experiência vai dissolver um parlamento se o governo tem maioria. Portanto as pessoas podem ficar tranquilas: se o partido do governo tem uma maioria absoluta, governa tranquilamente.
Quando um governo não consegue garantir os serviços básicos à população - como a água e a electricidade -, não será caso para pensar na demissão do governo?
Já disse claramente que o meu estilo de actuação como presidente da República não será ausente. Darei sempre a minha opinião, a sociedade ouvir-me-á sempre que necessário. Falarei com o governo para encontrar soluções para resolver esses problemas, já que não é normal que a capital do país viva na situação em que vive neste momento, com cortes quase permanentes de energia e água. Aí o presidente não pode ficar de braços cruzados. Mas uma coisa é interagir, pelo diálogo, pela opinião, por influência política e moral, outra coisa é desencadear mecanismos que a Constituição prevê que só sejam usados em situações bem determinadas.
Já escolheu os nomes que o vão acompanhar na presidência?
Não, não. Estou ainda na fase de pós-vitória, com as comemorações populares. Vou pensando nisso. Ainda não está marcada a data da tomada de posse, vou aguardar a data para ir acertando algumas coisas.
Quando se calcula que venha a tomar posse?
Espero que entre a data das eleições e da posse haja pelo menos um mês. Eu tinha uma vida profissional, sou professor universitário; como presidente de uma instituição universitária, tenho de arrumar as coisas. Também tenho um escritório de advogados. A seguir tenho de arranjar um grupo de colaboradores e para que a tomada de posse tenha o mínimo de dignidade é preciso tempo.
Já convidou o Presidente Cavaco Silva para estar presente na cerimónia?
Recebi dele uma mensagem de felicitações; também recebi do primeiro-ministro Passos Coelho e de vários políticos portugueses, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e, naturalmente, gostaria de ter aqui a presença na tomada de posse das mais altas individualidades da política portuguesa.
Vai aproveitar a sua experiência como ministro dos Negócios Estrangeiros e os seus poderes como presidente para ter uma política externa paralela à do governo?
Não. O presidente tem algumas competências na área das relações internacionais, já que é o mais alto representante da nação e do Estado. Procurarei concertar com o primeiro-ministro as áreas privilegiadas de intervenção do presidente no plano externo. Por exemplo, na representação do Estado nas relações que temos com a América, com a Europa, com África, talvez possa haver um acordo para uma espécie de divisão de relações privilegiadas nessa área. Posso, em cooperação com o governo, ter ideias que ajudem o país a desenvolver uma política externa mais eficaz, mais audaz e que potencie as parcerias que tem neste momento. Uma outra visão sobre as relações com o continente africano - uma relação forte, mas também aberta, franca, em que trabalharemos para que a África do futuro seja uma África que respeite os direitos humanos, uma África de desenvolvimento, uma África democrática e uma África onde predominem os estados de direito.
Quais seriam as áreas que gostaria de chamar para si?
Ainda é cedo. Não tomei posse ainda, não falei com o primeiro-ministro. Bom, uma possibilidade é o presidente representar Cabo Verde nas relações com os países de língua portuguesa. Mas isso são questões que serão acertadas com o chefe do governo, numa relação cordial.
Qual é a sua perspectiva em relação à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)?
É uma instituição muito importante para os nossos países. Creio que muito tem sido feito nos últimos anos, mas estou em crer que ainda há muito por fazer. A minha ideia pode ser utópica, mas é trabalhar com os chefes de Estado e de governo que têm o português como língua oficial para transformar cada vez mais a CPLP numa verdadeira comunidade de povos, mais do que numa comunidade de estados. Só nos poderemos sentir pertencentes a uma comunidade se, por exemplo, pudermos circular livremente por esse espaço. Claro que a livre circulação não é fácil, mas deve-se trabalhar com vontade política e imaginação para que isso venha a ser possível no futuro. Muito pode ser feito para transformar a CPLP em algo mais consistente, mais prestigiado e mais influente no plano internacional.
No Jornal português Ionline.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Parabéns ao IEFP
O nosso IEFP completou 17 anos e,como principais "realizações",é apresentado a formação profissional,programas de inserção e infraestrutura e reforço do quadro legal e institucional.Isto tudo é muito positivo mas sabe a pouco coisa em 17 anos de vida de uma instituição.Sobre o emprego,nada!Quais tem sido os programas de criação de posto de trabalhado levado a cabo pelo instituto nestes anos todos?Qual foi o impacto desses programas na criação de emprego e combate ao desemprego?Ninguém sabe!E,parece-me,que o IEFP não está interessado nisso porque,efectivamente,está exclusivamente concentrado na formação profissional.Era de aproveitar a ocasião para alterar o nome da instituição para IFP- Instituto de Formação Profissional.
Sinais dos tempos
Há dias foi George Soros,um dos homens mais rico do mundo,a "suplicar" a criação de mais impostos para os norte-americanos mais ricos;agora é um grupo de milionários franceses que apresentaram o mesmo pedido ao presidente da França.Os ricos,tradicionalmente da direita liberal que sempre combateram para pagar menos impostos possível,querem agora pagar mais impostos;parece que está tudo doido!Será que querem mesmo ajudar a combater a actual ou crise ou será que tudo não passa de uma tentativa de limpar a imagem que piorou com esta crise?
1 Million Dollar Question
Quem será o candidato presidencial apoiado pelo PAICV para concorrer à eleições presidências contra JCF daqui a 5 anos:
1- Aristides Raimundo Lima?
2- David H. Almada?
3- Cristina Fontes?
4- José Maria Neves?
1- Aristides Raimundo Lima?
2- David H. Almada?
3- Cristina Fontes?
4- José Maria Neves?
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Precisa-se de estudos
O que aconteceu aos votos depositado em Aristides Lima na 1º volta?
As hipóteses são várias mas as mais plausíveis são de que os anteriores votantes em ARL resolveram na 2ª volta:
- abster-se ou,
- votar em JCF (o que pode ter acontecido porque grande parte daqueles que votaram ARL na 1º volta,eram pessoas do MPD que,com ARL fora da corrida,resolveram votar em JCF e/ou porque uma boa parte de pessoas do PAICV preferiu ver JCF na presidência do país).
Os nossos politólogos deveriam perder mais tempo a estudar o comportamento eleitoral em CV,em vez de "réplicas" atrás de "réplicas" sobre a transição para a democracia.Mais do que "palpites" e "achismo",que é o que eu faço aqui por não ser politólogo,os cientistas político têm aqui uma oportunidade para fazer estudos pós-eleitoral,ou seja,comparar os dados das sondagens com os votos ou comparar os votos da 1ª volta com os da 2ª volta.Que factores influenciam a mudança entre as sondagens pré-eleitoral ao voto?O que faz com que o comportamento corresponda ou não à anterior intenção de voto?O quê aconteceu entre a 1ª e a 2ª volta?
As hipóteses são várias mas as mais plausíveis são de que os anteriores votantes em ARL resolveram na 2ª volta:
- abster-se ou,
- votar em JCF (o que pode ter acontecido porque grande parte daqueles que votaram ARL na 1º volta,eram pessoas do MPD que,com ARL fora da corrida,resolveram votar em JCF e/ou porque uma boa parte de pessoas do PAICV preferiu ver JCF na presidência do país).
Os nossos politólogos deveriam perder mais tempo a estudar o comportamento eleitoral em CV,em vez de "réplicas" atrás de "réplicas" sobre a transição para a democracia.Mais do que "palpites" e "achismo",que é o que eu faço aqui por não ser politólogo,os cientistas político têm aqui uma oportunidade para fazer estudos pós-eleitoral,ou seja,comparar os dados das sondagens com os votos ou comparar os votos da 1ª volta com os da 2ª volta.Que factores influenciam a mudança entre as sondagens pré-eleitoral ao voto?O que faz com que o comportamento corresponda ou não à anterior intenção de voto?O quê aconteceu entre a 1ª e a 2ª volta?
E pronto!
De repente não houve compra de votos e as eleições correram as mil maravilhas.O ensaio prévio das justificações para a fraude eleitoral ficou na gaveta.O vencedor não foi o JCF mas sim o MPD;o derrotado não foi o MIS mas sim o PAICV.Nem era preciso estar na mesa de voto para fazer essa constatação.Jorge Carlos Fonseca será o próximo presidente mas o vencedor destas eleições foi o MPD.Pelo menos aqui,as sondagens traduziram o comportamento do eleitor: numa eventual 2ª volta entre Manuel Inocêncio Sousa e Jorge Carlos Fonseca, este seria o vencedor.Muita gente do PAICV deve ter passado a noite a pensar no Aristides Lima.O quê esta derrota significará para o PAICV e o seu presidente? Qual vai ser o impacto nas próximas eleições autárquicas?Não creio que governo vá ter a vida mais complicada por coabitar com um presidente que não é da sua cor política,pela simples razão de ter a maioria no parlamento.Mas governo não deve esperar ter um amigo na presidência.Doravante,é aqui,no parlamento,que o governo vai passar a ter o seu principal "braço direito". Mas,durante uns tempos José Maria Neves vai ter a vida mais complicada no seio do PAICV.A direcção e a CN do partido erram politicamente ao confiar em demasia na força eleitoral do partido no terreno e no factor José Maria Neves;acreditaram que estando no terreno e com JMN nas campanhas ao lado do candidato seria suficiente para mudar as intenções de voto detectada pelas sondagens.Por duas vezes,Jorge Carlos Fonseca ficou a frente;talvez isso sirva como uma lição de humildade!O que vai fazer a ala que apoiou Aristides Lima?Vão "culpar" o presidente do partido e avançar com um candidato à presidência do partido no próximo congresso?
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Imaturidade
Em todas as eleições temos assistido os partidos a se acusarem mutuamente de «compra de votos»;nas autárquicas,nas legislativas e nas presidenciais,parece que só se consegue vencer com «compra de consciência».Isto já se tornou cansativo!E é por ser tão repetida que dá a sensação de ser "desculpa de mau pagador".Mais: até o vencedor acusa o derrotado de recorrer a esquemas de condicionamento do voto.Ou seja,venha o diabo e escolha o mais prevaricador.Se nem os partidos e nem os políticos conseguem ter «espírito democrático»,como é que podem esperar que o eleitorado cabo-verdiano seja maturo?Aliás,os políticos não são são tão maturos quanto o eleitorado.Existe a CNE,a Procuradoria Geral da República e,uma boa ideia do 1º ministro,a possibilidade de criar uma Comissão Parlamentar para investigar essas acusações.Há que acabar com essas acusações e suspeições de uma vez por todas,há que acabar com a impunidade de quem viola a constituição e de quem acusa levianamente.Estas acusações é nada mais nada menos do que um indicador da falta de maturidade da nossa democracia.
Para discutir no futuro próximo
Hoje é claro para todos que as pessoas vão votar nos partidos e não nos candidatos presidenciais;em termos formais temos uma coisa que a prática faz questão "de não cumprir".Porque não proibir os partidos políticos de apoiarem os candidatos presidenciais? Para além de acabar com a “confusão de papeis” entre os partidos e os candidatos, isso permitiria eliminar a injusta competição entre os candidatos,entre aqueles que tem e aqueles que não tem apoio partidário.Um candidato sem apoio partidário não consegue disputar com um candidato apoiado pelo MPD ou pelo PAICV.Qual seria os resultados das eleições do passado dia 7 de Agosto se Aristides Lima não tivesse o apoio da UCID e da PTS, se Jorge Carlos Fonseca não tivesse o apoio do MPD ou se Manuel I. Sousa não tivesse o apoio do PAICV. Quais dos candidatos iniciais estariam agora na 2ª volta e quem teria melhores condições para ser o próximo Presidente da República?
Curiosidade
Após o "regresso" dos "traidores" as fileiras do partido,como se esperava,o partido vai se unir em torno do candidato que apoia.Os apoiantes do Manuel Inocêncio Sousa regozijaram e salientaram o facto de contar agora com o apoio da ala que apoiava outra candidatura.Até o 1º ministro fala agora na necessidade de se perdoarem uns aos outros.Isto tudo é positivo para o partido.Contudo,não custa nada perguntar: será que a ala que apoia Manuel Inocêncio estaria agora a apoiar Aristides Lima caso este tivesse passado para a 2ª volta?Será que o partido estaria tão unido se a 2ª volta fosse entre Aristides Lima e Jorge Carlos Fonseca?
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Porque não?
Como Portugal serve de referência para quase tudo o que fazemos em Cabo Verde,nomeadamente,na maioria das políticas públicas,esta é uma medida que,a ser aplicada,em teoria podia melhorar a nossa administração pública: "Novos dirigentes do Estado têm de ser licenciados há 12 anos".
Importa-se de repetir??
"Falando de sondagens, as empresas decepcionaram em toda a linha com os números prognosticados. Pior é que ninguém veio a público nem para pedir e muito menos para dar explicações aos cidadãos dos por quês de tantos desencontros de números se todas as empresas são supostamente independentes e usam metodologias científicas credíveis. Enfim, não apareceram nem as empresas e nem as candidaturas - que estranho!!! Bota estranhamento nisso!!! A imprensa escrita – jornal “A nação”- levantou essa questão: parabéns!"
João Alvarenga
É um facto: todas as sondagens pré-eleitoral falharam!Todos davam Aristides Lima a passar para a 2ª volta."Se as eleições fossem hoje o candidato X passaria para a 2ª volta".Se fossem hoje,e não amanhã ou depois de amanhã.É assim que uma sondagem deve ser lido.Não se pode dizer e muito menos esperar que uma sondagem de duas semanas antes das eleições seja traduzida em resultados eleitorais porque as sondagens medem intenções num dado momento.As sondagens não medem o voto e nem tentam prognosticar ou prever os resultados eleitorais. Logo, só com má intenção ou pressa de criticar é que se pode acusar as empresas de sondagens de terem falhado. Muitas vezes dá-se o facto dos resultados eleitorais corresponderem aos resultados das sondagens.Mas isso não é porque as sondagens foram muito bem realizadas ou que "acertaram";simplesmente,o partido ou o candidato "não dormiu na forma",ou seja,fez tudo para que as intenções não se alterassem.A preocupação de um politólogo deveria ser sim tentar explicar o que de facto provocou esse desencontro entre as intenções e o comportamento.Mas explicar cientificamente e não com suposições ou «achismos». As empresas de sondagens não tem nenhuma explicação a dar porque elas não recebem para fazer previsão.Quem,como João Alvarenga,pensa o contrário não entende como funciona ou para quê serve as sondagens.
João Alvarenga
É um facto: todas as sondagens pré-eleitoral falharam!Todos davam Aristides Lima a passar para a 2ª volta."Se as eleições fossem hoje o candidato X passaria para a 2ª volta".Se fossem hoje,e não amanhã ou depois de amanhã.É assim que uma sondagem deve ser lido.Não se pode dizer e muito menos esperar que uma sondagem de duas semanas antes das eleições seja traduzida em resultados eleitorais porque as sondagens medem intenções num dado momento.As sondagens não medem o voto e nem tentam prognosticar ou prever os resultados eleitorais. Logo, só com má intenção ou pressa de criticar é que se pode acusar as empresas de sondagens de terem falhado. Muitas vezes dá-se o facto dos resultados eleitorais corresponderem aos resultados das sondagens.Mas isso não é porque as sondagens foram muito bem realizadas ou que "acertaram";simplesmente,o partido ou o candidato "não dormiu na forma",ou seja,fez tudo para que as intenções não se alterassem.A preocupação de um politólogo deveria ser sim tentar explicar o que de facto provocou esse desencontro entre as intenções e o comportamento.Mas explicar cientificamente e não com suposições ou «achismos». As empresas de sondagens não tem nenhuma explicação a dar porque elas não recebem para fazer previsão.Quem,como João Alvarenga,pensa o contrário não entende como funciona ou para quê serve as sondagens.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Marx Tem Razão
Em Funky Business:how to enjoy capitalism os economistas Kjell Anders Nordström e Jonas Ridderstråle defendiam que Marx tinham razão quando escreveu que «os trabalhadores serão os principais detentores dos meios de produção» argumentando que os trabalhadores são os detentores do principal meio de produção na economia moderna- o conhecimento.
Agora é o economista que ficou famoso ao prever actual crise,Nouriel Roubini, defender que Marx tinha razão:"nos últimos dois ou três anos estivemos ainda pior, porque tivemos uma redistribuição de rendimentos do trabalho para o capital, dos salários para os lucros e os desequilíbrios entre rendimentos e riqueza aumentaram. Karl Marx estava certo, em algum ponto, o capitalismo pode destruir-se a si próprio, porque não se pode continuar a transferir rendimentos dos salários para os lucros sem ter menor capacidade de trabalho e uma menor procura".
Agora é o economista que ficou famoso ao prever actual crise,Nouriel Roubini, defender que Marx tinha razão:"nos últimos dois ou três anos estivemos ainda pior, porque tivemos uma redistribuição de rendimentos do trabalho para o capital, dos salários para os lucros e os desequilíbrios entre rendimentos e riqueza aumentaram. Karl Marx estava certo, em algum ponto, o capitalismo pode destruir-se a si próprio, porque não se pode continuar a transferir rendimentos dos salários para os lucros sem ter menor capacidade de trabalho e uma menor procura".
A 2ª volta das presidenciais
Há por aí uma crença de que o eleitorado "crioulo" mudou e que está mais maduro.Até certo ponto,isso corresponde a nossa realidade mas não se iludam: o perfil do eleitor cabo-verdiano é muito menos "sofisticado" do que todos desejaríamos.E os partidos fazem tudo para que tudo se mantenha desta forma.Nas eleições legislativas de Fevereiro as pessoas foram votar,naturalmente, nos partidos políticos;nas presidenciais do passado dia 7 de Agosto,os eleitores foram votar nos partidos políticos e,no próximo dia 21,os eleitores também vão votar nos partidos políticos.Vai ser assim: os eleitores,principalmente aqueles com escolaridade mais baixa,vão ter como preocupação saber quem é do MPD e quem é do PAICV e,por outro lado,a preocupação dos cabos eleitorais vai ser esclarecer a esses eleitores qual é o candidato apoiado pelo MPD e qual é apoiado pelo PAICV.Não vai ser o Jorge Carlos Fonseca e nem o Manuel Inocêncio Sousa a perder ou a ganhar as eleições;o dia 21 de Agosto vai ser uma "luta" entre o PAICV e o MPD,os candidatos pouco importam.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Até quando?
Ainda a Espanha e a Itália nem tiveram tempo de esfregar os olhos e,de repente,é a vez da França fazer parte desta crise mundial.Especulação,especulação,especulação!Já não há como desmentir isso.E,ninguém consegue fazer nada,ninguém tem poder para controlar os mercados financeiros desregulados.Não há planos de austeridade que convença os investidores porque estes querem "esticar a corda" até ao máximo possível:quanto mais alto os juros mais tem a ganhar com os investimentos.Alguém sabe como combater a especulação financeira?
A Ala F
É a ala F de Filú.O que vão fazer agora com o piscar de olhos e o súbito acto de humildade do presidente do partido?Esquecer,mesmo que conveniente e temporariamente,os "excessos" de que foram alvos recentemente?Ou,é a hora de "cobranças" e de pôr as cartas em cima da mesa? Uma coisa é certa:na política tem de se engolir em seco muitas coisas e saber sofrer «atrás das esquinas»,principalmente por parte daqueles que são políticos profissionais.Por isso,não admira nada que o «combate» que muitos desejam seja adiada até uma melhor oportunidade.Até depois da 2ª volta das eleições presidenciais,até o próximo congresso ou até as próximas eleições autárquicas.Todos sabem que o mundo da política é mais calculismo do que moralismos;mas há momentos em que o «brio» tem de estar acima da táctica.É nesse dilema que está a ala F: ir para a "guerra" ou aguardar entre as trincheiras?A estratégia de um político profissional não é muito difícil de "adivinhar"...
Revolução?
A revolta,ou melhor,o vandalismo dos últimos dias nas cidades britânica não tem nada de revolucionário.Na sua base não existe nenhum reivindicação sólida: é o anti-capitalismo?Como é que se pode lutar contra o capitalismo e,ao mesmo tempo,fazer de tudo para roubar produtos capitalista?neoliberalismo?Então,"este" não está actualmente em crise?É a desigualdade social?É o desemprego?No actual estado da economia mundial,vai-se reclamar para que emprego?É o racismo por parte da polícia?Talvez haja razões para reclamar do comportamento da polícia mas,essa justificação,de nada serve aos proprietários das lojas,restaurantes e supermercados que foram saqueadas.Na verdade o que temos assistido na tv é um grupo de jovens onde uma parte está desenraizada,sem perspectivas e cheio de revolta,pela falta de oportunidades e pela estigma social,e uma outra parte é constituída por puros oportunistas.Está revolta está a aparecer mais uma revolta contra o consumismo-exclusão levado a cabo por um grupo de consumismo-excluídos.
A existir alguma causa legitima,não é com actos de vandalismo e roubalheira geral que se vai conseguir alguma justiça social ou combater a desigualdade.Não podemos confundir vandalismo com revolução.A desigualdade social combate-se com medidas políticas e não nas ruas!
A existir alguma causa legitima,não é com actos de vandalismo e roubalheira geral que se vai conseguir alguma justiça social ou combater a desigualdade.Não podemos confundir vandalismo com revolução.A desigualdade social combate-se com medidas políticas e não nas ruas!
Gerir a Administração Publica I
Há muita reclamação por aí por causa do director-geral da energia que está à cerca de 20 anos no cargo. Mais do que a preocupação de saber os resultados dos seus mandatos, é pouco recomendável que uma instituição tenha a mesma direcção durante duas décadas pela simples razão de que qualquer organização social precisa de renovação: na sua dinâmica,nos seus objectivos,no pessoal que traz sempre "sangue novo". Quer queiramos quer não, a motivação e a garra duma pessoa com 2 a 5 anos a frente de uma instituição não é a mesma duma pessoa com 15 a 20 anos a frente de outra ou da mesma instituição. Por outro lado, ao mesmo tempo que, a nível político, se fala muito no mérito e profissionalismo na função pública, na prática, as nomeações para cargos directivos tem se pautado, em grande parte, por critérios partidários. É preciso vontade política para impor e fazer cumprir algumas regras e procedimentos para as nomeações na administração pública,como por exemplo:
. limitar as nomeações por confiança política
. impor um limite de 2 mandatos nas direcções-gerais e institutos públicos
. criar uma comissão interministerial, nomeada pela Assembleia da República, para o recrutamento e selecção na função pública.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Eleições Presidenciais
E pronto,ARL não conseguiu passar para a 2ª volta e não se desfez o mito:ninguém consegue ganhar sem apoio de um dos dois grandes partidos - basta ver o caso do JCF. Talvez isso seja porque,quer queiramos quer não,não existe ainda em Cabo Verde um politico com força e dimensão maior do que os partidos;os mais conhecidos políticos em CV não são nada e não conseguem ganhar nada fora dos respectivos partidos.E talvez porque simplesmente as pessoas,mesmo nas presidenciais,votam nos partidos e não nos candidatos.Após os resultados finais, objectivamente resta três alternativas ao ARL e aos militantes do PAICV que o apoiaram:
1) dar liberdade de voto aos seus apoiantes,ou seja,não apoiar nem um nem outro candidato;
2) apoiar MIS contra JCF, e
3) apoiar JCF contra MIS.
A primeira opção é a mais fácil e é aquela que terá menos consequências a curto prazo;a 2ª opção,vai levar ao relacionamento entre o «menino de recado» e os «ratos», o que é,no mínimo,uma situação delicada;a 3ª opção vai levar o PAICV a um estado que nenhum dos militantes deseja.De qualquer forma,as coisas não vão ser fáceis no PAICV depois do lavar da roupa suja em público.As questões que se colocam são as seguintes: os militantes do PAICV que apoiaram ARL,e o próprio ARL,preferem ver na Presidência da República o MIS ou o JCF?Como é que o presidente do partido vai conseguir unir o partido com aqueles a quem chamou de traidores?
domingo, 7 de agosto de 2011
Em Portugal...
as eleições presidenciais vão ter uma abstenção na ordem dos 70% (mais coisa menos coisa).Independemente da data pouca propícia para afluência às urnas,devemos aprofundar o debate da introdução da obrigatoriedade do voto.De um lado temos aqueles que defendem o direito à abstenção,que é considerado como sendo em si mesmo uma resposta;por outro lado,temos aqueles que argumentam que a democracia tem "custos" e uma delas é o dever de participar quando somos chamados a eleger os nossos representantes nem que,para isso,fosse instituída a obrigatoriedade do voto como forma de combater a abstenção.Eu sempre defendi o livre arbítrio e a responsabilidade individual de cada um, mas confesso que,depois de hoje,depois de viver in loco a "indiferença" dos eleitores,vou passar a pensar melhor nos argumentos dos que defendem a obrigatoriedade do voto...ou,no mínimo,começar a pensar nessa questão:será que a abstenção é realmente a melhor forma de "transmitir um sinal" aos partidos e aos políticos?
sábado, 6 de agosto de 2011
Livro
Música e Poder - Para uma Sociologia da Ausência da Música Portuguesa no Contexto Europeu
António Pinho Vargas
O segundo factor resulta da incapacidade de instalar uma política ou uma prática de trocas culturais em condições de igualdade por parte dos agentes e responsáveis culturais portugueses que, no essencial, aceitam os mesmos valores, vistos como universais, e actuam em função dos mecanismos de poder que declaram a subalternidade, contribuindo desse modo para a própria inexistência simbólica no interior do país".
Nos anos 80, os músicos que viviam em Portugal viam Emmanuel Nunes como um exemplo de reconhecimento internacional. Mas, ao sair do país, reparei que fora de Paris ninguém conhecia Nunes. Há um artigo do José-Augusto França que fala da "mais-valia geo-artística" e que diz: "Se eu, como crítico de um país periférico, disser que tenho um pintor lá em Portugal tão bom como aqueles que eles estão a mostrar em Paris ou em Londres, por princípio ninguém me acreditará". Um dos conceitos principais da minha tese é a localização, ou seja, o lugar de enunciação. Cada país tem uma agenda específica. O que se toca em Londres não é Philippe Manoury e em Paris não se ouve música dos ingleses, a não ser talvez Thomas Adès ou dos que passaram pelo IRCAM. O centro nem sequer é monolítico. A Europa só é una para o olhar do periférico. Quando se diz "a cultura portuguesa não é reconhecida lá fora", pressupõe-se que o lá fora é tudo. Não é tudo, é Paris e alguns arredores".
A tese que deu origem ao livro pode ser encontrado aqui.
Nos anos 80, os músicos que viviam em Portugal viam Emmanuel Nunes como um exemplo de reconhecimento internacional. Mas, ao sair do país, reparei que fora de Paris ninguém conhecia Nunes. Há um artigo do José-Augusto França que fala da "mais-valia geo-artística" e que diz: "Se eu, como crítico de um país periférico, disser que tenho um pintor lá em Portugal tão bom como aqueles que eles estão a mostrar em Paris ou em Londres, por princípio ninguém me acreditará". Um dos conceitos principais da minha tese é a localização, ou seja, o lugar de enunciação. Cada país tem uma agenda específica. O que se toca em Londres não é Philippe Manoury e em Paris não se ouve música dos ingleses, a não ser talvez Thomas Adès ou dos que passaram pelo IRCAM. O centro nem sequer é monolítico. A Europa só é una para o olhar do periférico. Quando se diz "a cultura portuguesa não é reconhecida lá fora", pressupõe-se que o lá fora é tudo. Não é tudo, é Paris e alguns arredores".
A tese que deu origem ao livro pode ser encontrado aqui.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Campanhas e eleições presidenciais
Esta ultima campanha para as eleições presidenciais tem sido das mais competitivas da democracia cabo-verdiana na medida em que temos 3 candidatos com possibilidades de vir a ser o próximo presidente da república. Temos 3 candidatos que são percepcionados como tendo perfil adequado para vir a ser um bom presidente mas as campanhas não permitiram a confirmação dessa percepção;pelos menos para mim,estas campanhas não me ajudaram a decidir ou a mudar de opinião ou preferência preconcebida.Acredito que os candidatos não souberam elucidar ou “conquistar” os indecisos, pelo que cada um vai votar no candidato apoiado pelo seu partido ou naquele de quem gosta mais. Não necessariamente naquele que é o melhor para o país.Em parte porque os partidos açambarcaram as eleições presidenciais e,da outra parte,os 3 candidatos aceitaram a boleia.As campanhas foram,em termos de conteúdo e de debate,muito pobre e,este facto,vai afastar,ou já afastou,muita gente das urnas no próximo domingo.Intervenções ditadas por cariz partidária dominaram a campanha dos 3 principais candidatos.Passou-se o tempo todo numa discussão pueril sobre qual é a candidatura de cidadania como se "ser da cidadania" fosse a condição primordial para vencer as eleições sem se ver,ou fingindo não ver,que,a ser esse o critério,a candidatura de Joaquim Monteiro seria a única com condições para vencer.Por causa dos inúmeros casos,muitos já disseram que não vão votar ou mesmo que,estas campanhas foram inúteis.Só um pormenor:há um erro de avaliação por parte daqueles que esperam alguma racionalidade ou algum teor intelectual nas campanhas eleitorais.Isto é simplesmente improvável.Nas eleições,o que conta são as emoções;raramente podemos ter momentos como aquela de Aristides Lima na tertúlia quando ele foi falar da dignidade humana.Defendo que vale a pena cumprirmos o nosso dever,portanto,devemos ir votar mesmo que votando em branco.Abster é que não!Abstenção não tem nenhum significado a não ser a indiferença:«qualquer que seja o presidente é me indiferente».Contudo,face a tudo o que se passou,ou o que não se passou,nestas campanhas,precisamos começar a pensar em juntar as campanhas no futuro: presidenciais/legislativas ou presidenciais/autárquicas. Na mesma data!Da minha parte,não vou deixar de ir votar por causa da má qualidade das campanhas.O mínimo que posso dizer,é que vou votar em consciência e sem nenhum condicionalismo político-partidário.É isso que cada um de nós devemos fazer.Free as a bird!
terça-feira, 2 de agosto de 2011
DNA CIDADE DA PRAIA
Pode-se encontrar aqui o anúncio de concurso documental para recrutamento do director executivo da DNA CIDADE da PRAIA,concurso esse que está aberto até o dia 31 de Agosto.Em termos formais,essa prática de recrutamento difere completamente da nomeação directa da nova direcção da ADEI - instituição "concorrente" da DNA.Esta é a primeira boa indicação da nova instituição.Aliás,o recrutamento de dirigentes de institutos e empresas públicas deveria ser efectuado via concurso público e,de preferência,por uma empresa privada de recrutamento&selecção. A DNA CIDADE DA PRAIA é uma instituição sem fins lucrativas,inspirada na DNA Cascais da câmara municipal de cascais,e tem como objectivo "contribuir para a promoção, incentivo e desenvolvimento do empreendedorismo em geral, com especial incidência na promoção do empreendedorismo jovem e social no Concelho da Praia".Espero que junto com a ADEI e com a AJEC,consigam fazer da Praia um capital amigo de empreendedores e uma cidade geradora de empreendedores.Que venha para ficar!
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Mais papista que o papa
"Considerando o disposto no Código que proíbe qualquer opinião a favor ou contra órgãos de soberania e candidatos; sabendo que teremos mais três semanas de campanha eleitoral; sendo totalmente impossível não abordar as eleições presidenciais nos próximos programas; tendo em conta o objectivo maior da TCV de cumprir rigorosamente a legislação existente e informar com total imparcialidade (...), a Direcção decidiu suspender o programa Visão Global até ao dia 21 de Agosto".
Não faço ideia se houve ou não qualquer tipo de pressão para pôr fim ao programa e,sinceramente,isso nem me importa muito.Todos,de uma maneira ou outra fazem algum tipo de pressão.O que importa é a constatação de que a TCV,ou a sua direcção,é ou foi um «cobardolas».E,no mínimo,influenciável.Então muda-se ou manda-se suspender um programa que funcionou durante anos no mesmo formato só porque estamos numa eleição?Porquê não se fez isso durante as eleições legislativas?Se calhar devem estar a pensar que foi porque,supostamente,os comentadores residentes representavam os dois principais partidos e,portanto,nem ao PAICV e nem ao MPD interessava o fim ou a suspensão do programa.Neste caso,porque a direcção da TCV não pensou no interesse da UCID,PTS e PSD na altura das legislativas?Com esta decisão,a TCV,ao contrário do que parece,só prejudicou a candidatura de Manuel Inocêncio Sousa: é esta candidatura,quer queira quer não,injusta ou injustamente,quem vai ficar com a fama de ter feito pressão.O programa era de qualidade e vinha conquistando audiência e,por isso mesmo,esta decisão não seria a mesma se a TCV fosse uma empresa privada.Não havia necessidade,mesmo porque só ia passar mais 1 edição antes das eleições.É menos um programa de e sobre o país que poderei ver na televisão nacional aqui do estrangeiro.
Não faço ideia se houve ou não qualquer tipo de pressão para pôr fim ao programa e,sinceramente,isso nem me importa muito.Todos,de uma maneira ou outra fazem algum tipo de pressão.O que importa é a constatação de que a TCV,ou a sua direcção,é ou foi um «cobardolas».E,no mínimo,influenciável.Então muda-se ou manda-se suspender um programa que funcionou durante anos no mesmo formato só porque estamos numa eleição?Porquê não se fez isso durante as eleições legislativas?Se calhar devem estar a pensar que foi porque,supostamente,os comentadores residentes representavam os dois principais partidos e,portanto,nem ao PAICV e nem ao MPD interessava o fim ou a suspensão do programa.Neste caso,porque a direcção da TCV não pensou no interesse da UCID,PTS e PSD na altura das legislativas?Com esta decisão,a TCV,ao contrário do que parece,só prejudicou a candidatura de Manuel Inocêncio Sousa: é esta candidatura,quer queira quer não,injusta ou injustamente,quem vai ficar com a fama de ter feito pressão.O programa era de qualidade e vinha conquistando audiência e,por isso mesmo,esta decisão não seria a mesma se a TCV fosse uma empresa privada.Não havia necessidade,mesmo porque só ia passar mais 1 edição antes das eleições.É menos um programa de e sobre o país que poderei ver na televisão nacional aqui do estrangeiro.
Cabo Verde
Presidenciais 2011
A morte anunciada de Visão Global
Nota para a imprensa
Visão Global era um programa dominical de análise política nacional, regional e internacional, da televisão pública de Cabo Verde, repetido às segundas-feiras.
A morte desse programa foi provocada pela candidatura presidencial de Manuel Inocêncio Sousa (MIS), que, para isso, se serviu de todos os mecanismos de pressão ao seu dispor. Com o director ausente, os restantes membros da direcção da TCV (Televisão de Cabo Verde) não aguentaram e o resultado foi a morte repentina do programa, o que mais uma vez revela a vulnerabilidade da componente comunicação no sistema de defesa da Liberdade e da Democracia em Cabo Verde.
Há algum tempo que a imprensa local havia alertado para o facto de Visão Global estar sob pressão, mas existia uma espécie de consenso baseado nos bons indicadores de desempenho do Governo na matéria e segundo o qual o programa resistiria, aperfeiçoando-se. A decepção dos optimistas instala-se quando a senhora mandatária nacional mostra os dentes e a direcção da TCV cede.
No dia 26 de Julho de 2011, a Dra. Cristina Fontes Lima, Ministra-adjunta e da Saúde, apresentou queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) contra alegada parcialidade da edição de domingo, dia 24 de Julho. A CNE terá dado início à análise do caso, que ainda não concluiu.
Paralelamente ao procedimento legal e justo de recorrer à CNE, a senhora ministra exerceu forte pressão sobre a direcção interina da TCV e o apresentador de Visão Global. O resultado foi a cedência da direcção, o elo mais fraco, que apresentou uma proposta que os analistas consideram insensata: suspender imediatamente Visão Global até depois da eleição presidencial.
Corsino Tolentino e Luís Filipe Tavares rejeitaram a proposta de suspensão por a julgarem uma grave cedência à pressão ilegítima de uma das candidaturas e um precedente inadmissível no processo de consolidação e desenvolvimento da comunicação e da cultura democrática em Cabo Verde.
Por não concordarem com o jeito que a direcção interina da TCV decidiu dar a essa candidatura, em prejuízo das outras e da Ética, os analistas concluem que a morte provocada de Visão Global é um sinal preocupante do que poderá acontecer à comunicação social em Cabo Verde se a estratégia do silenciamento vencer.
Os analistas e o apresentador Nélio dos Santos lamentam ter de deixar a companhia dos telespectadores por motivos tão vis e lembrarão com saudades o pessoal e os especialistas, dos guardas ao director da estação de televisão pública, que sempre trataram Visão Global com carinho e respeito. Por outro lado, manifestam disponibilidade para voltar a colaborar com a televisão pública num quadro de salvaguarda das regras e princípios da comunicação livre e democrática.
Praia, 31 de Julho de 2011
Corsino Tolentino, 995 5121, tolentino.corsino@gmail.com
Luís Filipe Tavares, 991 2498, lft@live.com.pt
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