terça-feira, 19 de maio de 2009

Para os urbanistas e politicos das cidades*

Ontem,na entrevista do presidente da Camâra da Praia na RCV,ele afirmou que vão construir 32 fogos/habitação social,com sistema de energia solar e tudo,para as pessoas de baixo rendimento.De acordo com ele,a camâra vai avançar com essa politica social para as pessoas com capacidade de custear uma renda em torno de 10-15 contos uma vez que essas pessoas não têm capacidade para suportar os custos actuais do mercado de arrendamento.Já o defendi aqui várias vezes:isto é insistir no erro,à vista de todos,que é essa politica de habitação urbana.É so vermos os resultados dessa política em Portugal,França e nos EUA.Simplesmente porque esse tipo de habitação social incrementa a deliquência juvenil e a violência urbana.,criando assim as ditas "zonas problemáticas".Se estivéssemos alinhados pela teoria da associação diferencial do sociólogo Edwin H. Sutherland,diríamos mesmo que para além do contexto físico e da sua significação, haveria que não descurar o papel da organização social diferencial e do fechamento (ao mainstream cultural da sociedade) das áreas urbanas desfavorecidas na explicação da emergência e racionalidade sociológica do subculturalismo que o comportamento anti-social comporta. Mais,Sutherland define-o como “normal”,em razão do modo de socialização (aprendizagem social) que gera essas condutas,tal qual como a “boa” socialização gera as “boas” condutas.Esta é a matriz teórica de Sutherland: os indivíduos associam-se a actividades anti-sociais porque aprendem e interiorizam padrões comportamentais dessa índole com mais  frequência,duração,prioridade e intensidade do que o fazem com outros padrões normativos que a sociedade proporciona.Ou seja,o realojamento das pessoas para novas urbanizações não conduzaria à resolução dos problemas sociais e criminais existentes,mas simplesmente à sua transferência para novos lugares,nos quais se iria reproduzir a mesma subcultura ou associação diferencial.Se a equipa camarária,como o disse o presidente da camâra,quer mesmo fazer da nossa cidade um capital que é o rosto de um país moderno e dinámico tem de arrepiar caminho nessa politica de habitação em vez de apostar em política nacional de habitação cujo único objectivo é proporcionar casas baratas para famílias sem recursos, com desconhecimento ou menosprezo pelo desenvolvimento de uma comunidade e da sua vizinhança.Apostar na edificação de Bairros Socias não provou ser eficaz na óptica da inclusão social e da não discriminação.O que falta são políticas sociais de habitação,fortemente subsidiadas por medidas de discriminação positiva que favorecessam a criação de contextos menos degradados e menos degradantes.Uma das soluções é apostar no mercado de habitação/arrendamento: a camâra deveria contratualizar com as empresas de construção e sociedades imobiliárias no sentido de,em cada fogo,se disponibilizar um número mínimo de apartamentos com uma renda social.

*espero que o meu amigo Redy,também saiba fazer chegar esse "recado" aos seus contactos na camâra da praia.

2 comentários:

Redy Wilson Lima disse...

Edy que fique bem claro: não tenho qualquer contacto no topo da CMP. Não conheço quem decide e nunca estive perto de Ulisses,a não ser quando tinha uns 18 anos.
Quanto ao conteúdo do post, concordo contigo e já o comentei ano passado aqui no teu espaço. Só seria uma política viável se acompanhado de outras infraestruturas sociais, caso contrário será uma forma de desafiliação urbana, o que leva com certeza à delinquência juvenil e outros males sociais.

Anónimo disse...

... um dos problemas sociasi actuais como bem disseste em Portuagl,França,EUA , são esses bairros sociais , que no inicio podem ter funcionado(coisa de 2 ou três anos) aquando das grandes vagas (i)migratorias dos anos 60/70 ,construidos para "albergar " os imigrantes trabalhadores , mas que com o passar do tempo também pessoas com baixo rendimento, o grande erro foi a guetização (guetos),o isolamento desses bairros,e a consequente sufocação social que originou... sempre se deu mais importância ao arquitecto do que ao urbanista (que até 2004 em portugal não era mais do um simples acompanhante da arquitectura), em frança por exemplo ja começaram a renovação urbana, a requalificação dos bairros socias mas com resultados extremamente ambiguos,nos EUA não existe politica urbana ,no que diz respeito a bairros sociais, muito pelo contrario grandes companhias imobiliarias compram esses bairros inteiros e a população ve-se obrigada a recuar mais do centro da cidade.
O afastamento das populações com menos rendimento dos grandes centros urbanos é um erro crasso, e os resultados estão a vista de todos, pode-se cometer um erro, mas o mesmo erro duas vezes é imperdoavel...
Hiena