domingo, 11 de outubro de 2009

A ´má` sociedade civil

"Uma das grandes certezas liberais é que a vitalidade da sociedade civil é um dos sustentáculos mais importantes de um sociedade livre e democrática,mas o problema é que esta nem sempre expressa os valores e as motivações que alguns apóstolos gostariam.A França,apontada justamente como um exemplo do modelo ´estatista` e mais distante do contraponto norte-americano,pode ilustrar esta contradição: tem um Estado forte,mas quando a sociedade civil se manifesta em movimentos sociais,os liberais de direita começam a torcer o nariz.
Sociedade civil,sim,mas sobretudo se a sua concretização de manifestar no associativismo para escutar os pássaros no alto das montanhas do Arizona,e não em manifestações estudantis no centro de Paris. [(...)].
É natural que o patronato se queixe dos sindicatos,aliás cada vez mais débeis,ou que os governos se queixem dos interesses organizados,quando estes desafiam os seus planos,mas é mais difícil interiorizar que o conflito legítimo é um dimensão de vitalidade,a correlacionar com o dinamismo empresarial ou a mobilidade de mão-de-obra.
Trata-se no fundo da face diferente da mesma moeda nas sociedades europeias,mesmo que não sejamos simpatizantes de muitas das causas em disputa.Nesta perspectiva,a baixa taxa de sindicalização,ou do associativismo de causas,para não falar da fraca conflituosidade social,aparentemente uma excelente característica da sociedade portuguesa,sobretudo para quem está no poder,tem como reverso uma fraca e dependente cidadania.Nem a fogosidade dos meios de comunicação,que fazem de cada grupo de três moradores zangados um grande acontecimento nacional,consegue suprir este défice".

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