quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Centro Tecnológico?

De acordo com o jornal A Nação desta semana vai-se criar um "Centro Tecnológico, situado algures na Achada Grande, na cidade da Praia, algo que já tem, entre outros financiadores, os chineses e os indianos. O Centro servirá não só para potenciar a missão do NOSI, que é uma referência na questão da Governação Electrónica, mas também para aglomerar as empresas vocacionadas para a indústria, o comércio, os serviços e a investigação no domínio das tecnologias. O valor acrescentado na tecnologia é hoje um dos principais factores da competitividade de uma região".
A NOSI é um elemento inibidor do mercado (ou de surgimento de um mercado de tecnologia) no país;por isso,o seu futuro deveria ser a privatização,o redimensionamento ou simplesmente a sua extinção.
Considero que é um erro centrar-se na tecnologia.Esse "centro tecnológico" não deve albergar apenas "serviços e a investigação no domínio das tecnologias".A tecnologia não é o único produto fruto da inovação.A economia do conhecimento baseia-se no conhecimento no geral e não apenas no conhecimento tecnológico;isto é,baseia-se na ciência:biotecnologia,bioquímica,indústria farmacêutica,indústria agrícola...e tecnologias.Em vez de um "centro tecnológico"deveria ser um "centro de ciência e tecnologia".Lembro-me,por exemplo,de ter lido uma entrevista de João Vário onde ele chamava a atenção pela potencialidade comercial da investigação científica de um produto que abunda no nosso país: a babosa (bem que poderíamos produzir os produtos aloe vera);pormenor: essa entrevista ocorreu a mais de 10 anos atrás.Embora seja um começo,não basta criar centros tecnológicos/ciência para começarmos a fazer esse caminho...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CARTA ABERTA AO SR. CHEFE DO ESTADO MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS*

«Excelência
Sr. C.E.M.F.A.
Sr. Tambra

Acautelando o devido respeito pelas altas funções que ora desempenha, obrigo-me, em resposta ao seu ofício - N/Ref. Nr. 2083/02.BA/09 - a não deixar de tecer algumas considerações, independentemente de circunstâncias em que me posiciono como militar e Combatente da Liberdade da Pátria. Compulsando a ofensa à minha dignidade nela contida e que suscita este agravo, devo exprimir-lhe, um forte sentimento de desagrado e preocupação em relação a uma série de acontecimentos que, com sua anuência e/ou sua conivência, mancham as Forças Armadas.
Desagrado porque entendo que o Senhor Tambra, não tem perfil para exercer aquelas funções, faltando-lhe qualidades e pergaminhos condizentes à altura do cargo para o qual foi premiado, como Chefe do Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA). Instituição importante e de enorme simbolismo para a identidade e soberania nacional.
Preocupação porque, consigo, as Forças Armadas tenderão a persistir numa instituição desvirtuada e prenhe de insídias como foram concebidas e geridas desde a sua criação. Resultante de oportunismos e promiscuidades políticas das antecedentes chefias, que pautaram a sua predominância pelo compadrio e hostilização de quadros politicamente avessos, dando ensejo à corrupção generalizada e aos desmandos nas Forças Armadas, que sob seu comando, representam o extremar de tal quadro.
De igual modo, previno-lhe que estas observações não podem ser escamoteadas, e tão-pouco deixam de ser conotados negativamente à imagem Institucional, e à dos que como o Senhor há mais de duas década à frente de estruturas de Comando desse organismo, nunca mostraram resultados atestáveis de alguma aptidão substantiva. A contrapor sequelas francamente negativas de 34 anos de gestão a pontapés, que de forma alguma justifica o peso das medalhas ostentadas ao peito. Sinceramente Sr. Tambra, não lhe enxergo qualidades cognitivas que lhe faculte raciocínios acima de uma conduta mecânica ou dirigida, que lhe concedam os apanágios das medalhas.
É a própria realidade a compelir tais leituras. O péssimo balanço de administração das F.A. nas duas últimas décadas é irrefutável. Cinge-se na sua completa inversão de valores, transformando os quartéis numa autêntica repartição ministerial, assistindo-se ao acréscimo vergonhoso e desmesurado de oficiais superiores e graduados, militares que pautaram a carreira por oportunismo, corrupção activa e passiva, e promiscuidade política.
Como corolário desses casos, destacam-se as querelas do “PCCS” (processos de promoções) como tarefa principal do quotidiano das tropas, seguido das campanhas de limpeza e serviços similares, cujos custos de ascensões amistosas e sua manutenção, o governo se vê em palpos-de-aranha por justificar aos parceiros tais desacertos. Adicionado ainda, o facto de relegarem para as calendas gregas as inquietações com os verdadeiros enigmas da Defesa e das Forças Armadas. Razão porque não pode ser ignorada a sua falta de pergaminhos para o exercício de tais funções.
A contribuir para tais aberrações, estão aqueles que lhe catapultaram a tal pedestal, recorrendo a vias ou raciocínios que a razão jamais explicaria, com a falta de critérios e ausência de transparência costumeiras. Estes jogos de bastidores, constituiram também, um insulto ao próprio Governo, que não concordavam com tal nomeação.
Com isso, os seus mentores revelaram de modo incontroverso, o desprezo absoluto que os inspiram as instituições do Estado, particularmente o Ministério da Defesa que sempre esteve sob atento olhar dos seus tutores que, entorpecidos pela presunção de experientes Comandantes, - salvo quatro excepções - jamais souberam imprimir-lhe uma Doutrina capaz de configurar um Sistema de Defesa credível, assente numa Estratégia subjacente e pragmática.
Julgo até que a sua nomeação para esse cargo foi deglutido a seco pelo governo, pois, acho pouco crível aceitar passivamente tamanho desprezo que representa a imposição de uma figura cujos méritos estão francamente aquém dos mínimos, onde despontam outros oficiais mais habilitados e com melhor trajectória ou visão da problemática das F.A. e da Defesa. Tudo porque o Sr. Tambra é, e sempre foi um exemplar vassalo dos que se intitulam virtuosos.
Todo esse esforço de manter o cordão umbilical às F.A., através dos seus satélites amanhados na primavera da Independência, sugere apenas a preocupação de uns, em consolidar o título obtido ”A testato”, aliás rubrica ainda vulnerável à contestação, que a conjuntura política os propiciou de uma fatalidade histórica. Usando-o mais para se olharem ao espelho dos seus desmedidos egos, para satisfazer vaidades de quem se julga pavão quando não passa de um simples perú engalanado. Outros, nem tanto, mas… Ora, convenhamos! Não será esta a via ajustada para se aquilatar o percurso e/ou o protagonismo daqueles que pela Liberdade se bateram…
Aliás, presume-se que entre os comandantes crioulos, todos foram virtuosos, todavia, uns apenas com uma efémera passagem pelas frentes durante a Luta na Guiné. Entretanto, existem uns mais virtuosos que outros, e no seu seio, aqueles com uma longa trajectória de relações de surdo conflito e de traições aos seus antigos companheiros de armas, tanto os de Cabo Verde como os da Guiné-Bissau, numa senda de luta maquiavélica pelo poder a nível do PAIGC e a nível do primeiro projecto da Unidade Guiné - Cabo Verde.
Para citar exemplos ainda recentes, de como continuam na rotina de traições, tal como aconteceu em 1980, com a rotura do pacto político entre a Guiné e Cabo Verde. Os ódios e medos do passado, não deixaram de se reflectir. Sendo certo que, no auge dos esforços da CPLP e CEDEAO para serenar os ânimos do conflito politico na Guiné Bissau, quando se esperava uma intervenção mais entendida dos Comandantes, dado aos laços históricos que ligam as independências dos dois países, eis que se recorre para assessoria naquele país, junto daquele organismo regional, a um obscuro pardal indicado para o efeito pelos seus tutores, sabendo-o alheio à realidade Guineense, quando por cá havia gente com melhor visão do conflito e laços de camaradagem junto dos protagonistas políticos e militares da Guiné.
Acresce ainda, que tais empenhos afiguram objectivamente e antes de tudo, diligenciar fonte de informação privada, do que exactamente prevenir o Governo caboverdeano. Tratando desde logo, extrair e/ou direccionar eventuais protagonismos para outros actores. Por outras palavras - apenas espionar - inserido nos esforços de paz encetados por aquele organismo Oeste-Africano naquele país irmão.
É caso para se perguntar, como classificar tais colaborações? Este assunto tem panos para manga… Porém, parece que nem mesmo com estes instrumentos, puderam antecipar os acontecimentos que resultaram na morte de Nino Vieira.
Posto isto, para que ajuíze a estirpe dos seus tutores, atinemos agora à gratuita injúria que o senhor ousou dirigir-me, prestando-se de serventia para me agredir, o que de facto apenas serviu para indispor atiçando-me esta indignação. Razão por que não posso deixar passar em vão tamanha afronta, sendo por isso legítimo retribuir-lhe, a si e aos que lhe instigaram tais procederes, a mesma desonra. “A carapuça a quem o serve”.
Nada disto é decerto surpreendente, tratando-se de um “Cipaio”. Mas exactamente porque o não é, torna-se incompreensível que me tenha convidado, como medalhável numa primeira instância para, num segundo momento, me retirar o convite. Aliás, invitação à que respondi afirmativamente. Felizmente o Diabo antecipou. Tal a surpresa que os aguardava publicamente… pois, acima das ferralhas estão os meus direitos usurpados por indivíduos de sua talha.
De resto, só por infinita e impensável ingenuidade – a que, perdoe-me a ousadia, apenas idiotas úteis costumam prestar-se – o Sr. Tambra toparia que eu me permitiria enfileirar nessa lista onde muitos decorados e condecorados jamais conheceram sequer um tirocínio, a honra a lealdade, ou que nunca comeram o pão que o Diabo amassou na guerra? Inclusive pessoas que eu mesmo tive a iniciativa de os fazer incorporarem nas F.A.R.P.
Fazendo uma retrospectiva, parece que a história se repete. Lembra-se, que em «89, nas vésperas da queda do regime de Partido Único, exactamente um ano antes das eleições legislativas, quando ainda era um obtuso e apagado capitão, a soldo de seus tutores, que conjecturando nomearam-no Comandante da Terceira Região Militar?
Lembra-se que logo de seguida, em jeito de atribuição de diplomas organizou-se com grande pompa, igual tipo de evento de condecorações, como que prelúdios da queda anunciada do regime? Na ocasião, quando os virtuosos comandantes organizaram-se, incluindo o senhor ainda vassalo júnior, para se converterem em heróis medalhados de primeira classe, e despudoradamente relegaram os verdadeiros protagonistas que morreram nas frentes de combate, para um segundo plano atribuindo-lhes medalhas de segunda classe? Esta a ver como nasceu o critério de condecorações? Imagine, se por acaso lhe sobra discernimento! Que valor atribuir às suas medalhas?
Assim foi, com os casos de Justino, Jaime e Zeca. O próprio Henrique Semedo, vítima de ostracização premeditada. Como foi permitida tanta hipocrisia e despudor? Isto é duma baixeza moral inqualificável. Que critério de justiça e solidariedade era esse entre camaradas? Na época apenas pesava sobre mim um suposto crime político… Por que razão me foi recusada tal privilégio? Como vê, a história parece querer repetir-se.
Como pode essa gente, inclusive você, arrogar-se o direito de pregar lições de moralidade, e evocar dignidade, prestígio e quejandos, se lhe ignoram o significado? Sabe o que faria dessa ferralha na sua presença? Nunca ouviu falar da raça dos FZEs de 69? Parte-se, mas não se verga… Portanto, não lhe admitimos a si e/ou os seus curadores, doutrina nesta matéria. Particularmente, vindos de quem não as tem para dar.
O Sr. Tambra sabe, e bem, que nunca tive ambições políticas e nem almejo o Generalato. Por natureza sempre fui um militante de causas, e nunca hesitei em aprimorar mestria e disponibilidade. Como certo, elegi a frontalidade como postura de urbanidade, não obstante os perversos efeitos inerentes. Todavia, prefiro a espada à parede, do que atolado no marnel a que fui empurrado, há cerca de quatro décadas…
Sr. General Tambra, para mim, as “Medalhas” ou condecorações, valem o que valem. Fundamentalmente pelos consensos e conteúdos que comportam, pelo contexto e transparência do simbolismo subjacente, pela sua objectividade e finalidade a que se propõe. Será o caso? Duvidamos. Senão vejamos:
O regulamento – DL, nr. 66/05 – Atabalhoado e pessimamente plagiado, talhado à medida de quem o concebeu, estatui intencionalmente condecorações, cujo grau tem por finalidade última a de se igualar aos Combatentes, numa grosseira tentativa de se erigirem em heróis, na expectativa de, por essa via afiançarem alguma probidade pós reforma, e um cantinho, mesmo que seja à porta da história. Uma vez que, recusada a pretensão de haver Generais, o topo da hierarquia militar actual parecia ser insuficiente. Neste caso, autocondecorando-se com algumas medalhinhas de primeira, não seria despiciendo…
De facto, essa sua atitude grosseira de anuir a evocação de uma Lei nova (DL nr.66/05), para sancionar um acto ocorrido há quase quatro décadas nem ao mafarrico lembrava - o delito de ter sido voluntário, um facto irreversível - e outro passado há mais de 12 anos, - punido com 4 anos de inelegibilidade - extravasa os extremos do ridículo, e constitui uma forma ordinária de encobrir os motivos subjacentes.
Pessoalmente, eu fui preterido de receber tal galardão, por alegadamente não ter perfil para tanto, contando para tamanha aleivosia um processo kafkiano a que terei sido condenado e cumprido em tempos de “caça às bruxas”, algo que não dignificaria a imagem institucional das Forças Armadas, razão porque não a esmiúço nesta Carta Aberta.
Em verdade, o que incomodou sempre os camaradas Comandantes e militantes fardados de sua talha, é a minha frontalidade, a minha convicção de rigor e praxis militar oriundos de uma escola de tradições, e a minha intransigência em relação ao respeito pela diferença, e pelos princípios democráticos que, por fim chegou a este país, e que regem esta Segunda República, ao qual, se me permite mais esta frontalidade, você, seus tutores e convivas, nunca se adaptaram muito bem.
O seu último acto de preterir-me, arrogando-se ao direito de fazer juízo de valores, sobre pessoas que nunca foram do seu círculo de amizades, procedendo a escolhas de critério duvidoso e inferências intoleráveis na atribuição das Medalhas pelo Mérito de Voluntariado, é na verdade imperdoável. Finge-se esquecer inclusive de civis e militares que mesmo sendo de outra cor política, o precederam no voluntariado. Isto mostra bem a sua raça de “Governador de Tabanka” e tarefeiro que é. Estes factos são elucidativos, e reiteram o manancial fraudulento de actos ilícitos e ilegais prevalecentes que vem exercendo nas Forças Armadas.
Além disso, a partir do momento em que alguém ocupando aquele cargo, aceita ou escamoteia – por razões ditas de engrenagem política – os atropelos e as ofensas aos fundamentos das Forças Armadas e à sua própria dignidade institucional, que mensagem passa ele não só para os quartéis onde ocorrem intoleráveis anormalidades de gestão dos recursos do Estado, mas também para a Nação inteira? Eis a questão que, a partir daqui, é legítimo colocar.
Prometo voltar a estes e outros temas relacionados e numa abordagem extensiva ao meu percurso de combatente – facto inquestionável - e militar, evocar a responsabilidade daquele(s) Camarada(s) que sempre me trataram com desapreço, de forma discriminatória, e indecorosa, havendo até procederes eivado de “racismo crioulo” e com sabor a regionalismos calculistas. Como se tivesse de pagar caro pelas minhas opções patrióticas no envolvimento na Luta de Libertação Nacional e na firme adesão à causa, desde que em 1970, renunciei a minha carreira militar, na Armada Portuguesa, para abraçar as FARP. Porém, sempre me orgulho de ter sido o único cabo-verdiano oriundo da Europa a combater na infantaria na Guiné. Verifique-o Sr. Tambra.
A par disto, devo adiantar que toda esta afronta vivida, tem raízes no passado histórico e terão a ver com os diferentes estatutos e papéis que uns e outros tivemos ao longo da luta de libertação nacional e que, por necessidade de celeridade política e de oportunismo de poder, uns foram marginalizando outros, sendo as vitimas sobretudo os da “Frente”, ou oriundos da extrema vanguarda na Guiné, como eu e alguns companheiros, durante o processo da Independência e Construção do Estado Nação.
Finalmente, Sr. Tambra, este propósito não tem por finalidade vociferar medalhas, mas sim desvendar um pouco os vossos procedimentos pérfidos em relação a quantos se viram traídos, pela opção escolhida na juventude. Tudo para lhe trazer o conforto e tranquilidade que hoje desfruta. Isto é, absorto numa “granda galhofa”…
Tão-pouco pretendo fazer disto, cavalo de batalha de quem fabulando-se padecente, utiliza burlas mediáticas, criando expectativas para dissimular pretensões irreveláveis. Tudo para se concluir finalmente que a montanha pariu um ratão aprendiz de feiticeiro.
Convido-o a considerar o episódio das medalhas uma página encerrada, elas nunca fizeram parte das minhas preocupações ou prioridades de vida. Contudo, se assim não entender terei sempre o prazer de abrir uma outra página e confronta-los com realidades cujas explicações, certamente exigirá de você alguma habilidade cognitiva em rever a matéria, a qual parece que mesmo à marretada nada aprendeu…
Ciente de que este assunto, a compulsar, provoque algum mal-estar e incite os escribas de serviço a uma “caça às bruxas”, não deixarei de, em primeiríssima pessoa, defender os meus valores, princípios e direitos. Não ignoro pois, a dimensão do risco incorrido, razão porque não excluo retaliações, nos dias que se seguirem à publicação desta carta. Mas serei sempre, um cidadão crítico e activo.
Creia-me que, apesar de algumas memórias terem sido adormecidas, por razões irreveláveis, todavia, a minha ainda felizmente preservo-a, e não ficou atordoada pela prática de canibalismo político instituído no país, por culpa da primeira República, da qual fui vítima, do perverso “Modus operandi” de alguns companheiros de percurso.
No fim de contas, mesmo que sem mandato, como VULUNTÁRIO sempre poderei dizer, como disse o mestre Amílcar Cabral: “Sou um simples Caboverdeano que quis saldar a minha dívida para com o meu povo e viver a minha época.” Na convicção de ter dedicado os melhores anos da minha juventude na promoção de tais prerrogativas para todos os cidadãos, entre os quais destaca-se o Sr. Tambra, e de Cabo Verde.
E o Senhor Tambra saldou o quê? Não considera que me deve um enorme tributo?
De V.Excia, ciente das habituais represálias, abertas ou encobertas, directas ou indirectas.

Capitão Santos
Combatente da Liberdade da Pátria»

*publicado no jornal Expresso das Ilhas

Remodelação Governamental

Alguns devem estar a regozijar com a saída do ex-ministro da cultura,Manuel Veiga e outros com a saída da Vera Duarte.Não se entende a alteração da denominação dos antigos ministérios da economia e a do trabalho se tudo vai ficar na mesma nesses mesmos ministérios...
A minha nota positiva nesta pequena remodelação: o novo ministério do ensino superior,ciência e cultura (se bem que o ministério da cultura faria mais sentido junto de outro ministério que não aquele último).A ciência,ou melhor,a capitalização do conhecimento e a inovação é o caminho que o país precisa "caminhar".Espero bem que este governo transforme em acção as palavras do 1º ministro: "esta é uma remodelação virada para o futuro, com sinais claros em relação às comunidades, bem como à ciência, inovação e competitividade".

domingo, 14 de fevereiro de 2010

www.josemarianeves.blogspot.com

José Maria Neves já está na blogsfera...esperamos que tenha tempo para interagir...entretanto,ocorre-me duas coisas:
1 -aguardamos para ver o conteúdo dos comentários do famoso Al Binda no blog do nosso 1º ministro;
2 - aguardamos pelo blog do presidente do MPD,Carlos Veiga,porque também ele tem de demonstrar que é moderno...já agora,aguardamos pelo blog de outros dirigentes do país.

Modelo Económico

Mais do que no turismo,mais do que nas grandes obras e infraestruturas públicas e mais do que na economia de fluxos financeiros,a estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde deveria assentar-se na economia do conhecimento.Mais do que na infraestrutura física,o investimento deveria ser na infraestrutura intelectual,isto é,na ciência e tecnologia ou na produção e transferência de produtos com base em conhecimento.Não se trata de produzir conhecimento pelo conhecimento;é,antes,capitalizar o conhecimento.O conhecimento tornou-se no motor da produtividade e do crescimento económico.A vantagem é que,para alcançarmos esse objectivo,não dependemos de ajuda externa nem de terceiros uma vez temos os recursos necessários para desenvolvermos uma economia de conhecimento: universidades e recursos humanos.As nossas universidades devem ser menos "tradicionais" mas sim universidades com grande capacidade de capitalizar o conhecimento e os nossos recursos humanos devem ser simultaneamente altamente qualificados e com forte espírito empreendedor.A economia do conhecimento é,aliás,o caminho para resolvermos o desemprego de licenciados que vem crescendo no país uma vez que proporciona empregos intensivos em conhecimento.Se nos cingirmos ao papel das empresas,teremos de questionar: como é que se gera conhecimento nas empresas?Como e o que podem fazer as empresas cabo-verdianas para se posicionarem nessa era do conhecimento e ganharem,dessa forma,competitividade?Por outro lado,o papel do governo também é de extrema importância devido a influência de políticas de ciência,tecnologia e inovação.Quais tem sido as políticas de ciência e tecnologia no país?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Estratégias de Desenvolvimento

A embaixadora do Brasil em Cabo Verde defendeu a dias que a "vocação de Cabo Verde é a área de serviços e tecnologias sendo que é preciso uma revolução tecnológica no país".Concordo plenamente com essa ideia,mas importa saber como chegar a esse desígnio.Pelo contrario,Ludgero Correia defende que Cabo Verde deve apostar,entre outras,na reabertura das zonas industriais e na atracção de indústria ligeira com vocação exportadora;o governo tem nos dito que a sua aposta é na construção da nossa praça financeira internacional,no turismo e nas grandes infraestruturas públicas.Também fala-se muito em empreendedorismo e inovação,dois dos principais factores de crescimento económico de países:fala-se muito do empreendedorismo e,por enquanto,temos visto apenas medidas avulsas de incentivo ao empreendedorismo;fala-se muito da inovação e,neste campo,a única coisa que se fez foi criar a ADEI (agência de desenvolvimento empresarial e inovação).Ao contrário do que o discurso corrente proclama,a inovação que interessa não é aquela que se limita "a fazer diferente ou de uma nova forma".O que nos interessa é mesmo uma revolução,como disse a embaixadora brasileira;não é apenas uma revolução tecnológica mas principalmente uma revolução com base no conhecimento.O empreendedorismo de base tecnológica/conhecimento,a criação de empresas com base em conhecimento (software,biotecnologia, farmacêuticas, química,etc) deve ou deveria ser incentivado;são estas empresas que criam valor acrescentado na economia e competitividade externa.Apostar em zonas indústrias e na indústria ligeira é,a longo prazo,uma má estratégia:para além de não criarem valor acrescentado por usufruir de isenção fiscal e por basear em mão-de-obra intensiva e pouco qualificada,são essas indústrias/empresas que têm contribuído para o aumento do desemprego um pouco por todo o mundo com as suas deslocações para países onde os custos de produção são mais baixos.Agora que mundo moderno já fez ou está a fazer a passagem da sociedade industrial para a sociedade de conhecimento,nós vamos apostar na criação da "nossa sociedade industrial"?Sinceramente,esse é um mau caminho.O conhecimento é,actualmente,o principal factor de produção e a fonte de competitividade das empresas.Por isso,as zonas industrias que estão "adormecidas" nas nossas ilhas devem ser transformadas em parques de ciência e tecnologia.O governo tem o programa "Mundo Novo",com o qual me congratulo,que vai permitir desenvolver a nossa "sociedade de informação" mas não existe ainda um plano ou um programa para a construção de uma "sociedade de conhecimento".Conjuntamente com as outras estratégias,a principal aposta para o desenvolvimento do país é,para mim,clara: a construção da sociedade e economia do conhecimento!O que tem feito o governo para incentivar a inovação com base em conhecimento?Qual tem sido e qual deve ser o papel das nossas universidades?Porquê não vemos ainda em Cabo Verde a criação de empresas tecnológicas e baseadas em conhecimento?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sindicato-Empresa

A vertente reivindicativa e negocial dos sindicatos dura,em regra,menos de seis meses;portanto,o que é que os sindicatos poderão e deverão fazer em beneficio dos seus sócios e agregados familiares no resto do ano?Para mim a resposta é óbvia: têm que assumir o papel de verdadeiras empresas prestadoras de serviços sociais para o seus sócios.A assistência jurídica e judicial aos sócios,é apenas um dos serviços possíveis,mas que só uma ou outra vez são solicitados ao longo da vida útil do sócio-trabalhador.À semelhança dos sindicatos nórdicos e alemães,os sindicatos em Cabo Verde têm que gerir planos de saúde ou planos de reforma,assegurando futuros tranquilos aos sócios reformados (na Alemanha a lei obriga as empresas com mais de 2.000 trabalhadores,a terem 2 representantes dos sindicatos nos conselhos de supervisão e vigilância da empresa e 2 representantes dos sindicatos nos conselhos de administração;na Suécia,os sindicatos têm direito a ter representantes nos conselhos de administração de empresas com mais de 200 trabalhadores;em ambos os países os sindicatos têm bancos próprios,isto é,da sua propriedade exclusiva).Os sindicatos em Cabo Verde têm de deixar de ser uma espécie de «câmara corporativa» para passar a fazer parte da solução,parte do desenvolvimento do país.Por outro lado,há que abrir a discussão sobre os modelos de governação tripartida procurando responder-se,de forma mais sustentada,à questão de qual a melhor forma de dividir as responsabilidades entre Governo,Empregadores e Sindicatos.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mostra de Vídeos - Dia 04/02

O Curso de Sociologia preparou uma mostra de vídeos, sob o tema "Da Visibilidade e da Invisibilidade do Fenómeno Social", a ser projectada no Centro Cultural Norberto Tavares da Assomada, dia 04 de Feveiro.Da autoria de Mário V. Almeida, "2 Pac & Niggaz Badio", "Ojala que puedes!" e "Arte e Território" são uma "chamada de atenção para a realidade das intervenções artísticas e de algum activismo social, por se considerar que, muitas cidades, gentes e locais são confinados aos limites impostos pela “racionalidade funcional” do poder politico-institucional-económico, que ignora, ainda, as reais implicações da territorialidade e da arte, enquanto factor de integração e modo de vida".Aproveite esta oportunidade e venha assistir, comentar e pensar sobre a realidade aqui apresentada.

Agenda do Evento

Local: Centro Cultural Norberto Tavares – CCNT - (Assomada)
Data: 04 de Fevereiro de 2010
Destinatários: Discentes de Sociologia, Serviço Social e Políticas Públicas, História, Geografia e público em Geral (Entrada Livre)


09hoo | Abertura da Mostra de Vídeo
Breves considerações e apresentação do Realizador
Lourdes Gonçalves – Directora do CCNT e Moderadora do Debate

09h15 | Apresentação dos vídeos
I Vídeo - 2 Pac & Niggaz Badio
II Vídeo - Ojala Que Puedas!
III Vídeo - Arte e Território

10h30 | Comentários de:
Mário V. Almeida (Universidade Jean Piaget)
Redy Wilson Lima (Universidade de Santiago) – I Vídeo
Nardi Sousa (Universidade de Santiago) – II Vídeo
Carlos Santos (Universidade de Santiago) – III Vídeo


11h30 | Debate


12H00 | Encerramento

O Sindicalismo em Cabo Verde

A acção sindical vem sofrendo os efeitos da diminuição do número de aderentes,do decréscimo da mobilização e da crise de militantismo.Nas organizações sindicais manifestam-se tensões entre a base e o topo e evidenciam-se dificuldades de articulação entre as reivindicações que se colocam ao nível da empresa e as políticas sindicais globais.O modo de regulação prevalecente nos países mais desenvolvidos,assente no fordismo e no keynesianismo, esgotou as suas potencialidades e a relativa rigidez é agora substituída pela procura da mobilidade do trabalho (entre outros,a precarização do emprego e flexibilidade dos custos salariais).O sindicalismo corresponde,em muitos casos,à defesa de privilégios e de interesses corporativos,mostrando-se incapaz de intervir em favor dos desempregados e dos que ocupam posições periféricas.O sindicalismo em Cabo-Verde parece ainda identificar-se com o modelo clássico,em que a acção sindical se subordina à acção política dos partidos.Por isso,coloca-se a questão de saber qual a natureza da acção do movimento sindical em Cabo Verde: actor dominado pelos partidos políticos e confinado a uma acção de resistência, ou actor empenhado num esforço de modernização económica,social e cultural,que contesta determinado tipo de orientações,que delineia projectos alternativos e contrapõe soluções.