segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Utilidade da Taxa Rodoviária

A taxa de serviço de manutenção rodoviária (TSMR),para além de ser uma medida justa (porque,com essa taxa,apenas os detentores de automóveis pagarão a manutenção das estradas em vez de ser pago por todos os cabo-verdianos,através dos impostos,independentemente de ter ou não automóvel),é necessária (devido a imposição do Banco Mundial) e agora,com os estragos que as chuvas causaram recentemente,a medida mostra-se útil: como disse o ministro de Infraestrutura,vai ser do fundo autónomo de manutenção rodoviária é que se vai buscar verbas para requalificação das estradas entretanto destruídas pelas chuvas.O tempo e a correcção das consequências não previstas da medida vão acabar por provar que a medida tinha razão de ser.

Linguagem e Desenvolvimento

"Poderá a língua moldar a forma de pensar de um povo?Lara Boroditsky,investigadora e professora de psicologia e neurociência da Universidade de Stanford,acredita que sim.No seu ensaio ´How Does Our Language Shape the Way We Think´,aquela académica demonstrou que as pessoas que falam línguas diferentes pensam diferentemente,afectando a forma como olham o mundo.Desde logo,porque,falando diferentes línguas,são obrigadas a atender a diferentes aspectos do mundo.Um exemplo: ao referirem-se à palavra e ao objecto `chave´,alemães e espanhóis utilizam adjectivos diferentes,isto porque,em alemão,a palavra `chave´ é masculina (dura,pesada,metal) e,em castelhano,é feminina (dourada,pequena,brilhante).Ou seja,o próprio género gramatical implica diferentes noções sobre,neste caso,objectos.Mas igualmente paradigmas como espaço,tempo,cores,noções de causalidade,percepção de substâncias,emoções,todos são formatados pela língua de cada povo".(António Lúcio Baptista,in expresso.pt)
Que interesse poderá este tema ter para Cabo-Verde?O que podemos ganhar com isso na questão do `criolo´?

domingo, 27 de setembro de 2009

Reacções ao Resultado Eleitoral em Portugal

Não deixa de ser engraçado as reacções às projecções do resultado eleitoral;se,durante a campanha,o principal objectivo de todos os partidos da oposição era a derrota do partido do governo-o PS-agora,após a saída das projecções,para esses mesmo partidos da oposição,o principal objectivo foi conseguido uma vez que o PS perdeu a maioria absoluta.Ou seja,após os resultados,o objectivo passou de «perder a eleição» para «perder a maioria absoluta».Enfim,jogos da política...como militante socialista (diga-se de passagem,o único cartão partidário que possuo),estou agradado com o resultado e acredito que a maioria dos imigrantes em portugal,incluindo os cabo-verdianos,devem estar satisfeito e com razão para estarem "aliviados" neste momento.Ganhou o espírito optimista em detrimento do pessimismo;ganhou o espírito humanista em detrimento do espírito instrumental.A vitória é,sem dúvida,do engenheiro José Sócrates.

adenda: parece-me que não haverá muita motivação para alguns escribas e jornais cabo-verdianos dissertaram sobre as consequências do apoio do 1º ministro cabo-verdiano ao partido socialista.

O Regresso dos Colonizadores?

Governos e investidores estão a comprar terra em África e na Ásia para produção agrícola, um investimento cujo retorno é assegurado devido ao aumento população mundial e o consequente aumento da procura de alimento. A pobreza de muitos países, agravada pela crise financeira, faz com que a terra seja barata e os salários pagos aos que a irão trabalhar baixos.Países ricos compram ou arrendam terras dos países pobres para expandir a área agrícola;é um negócio tão polémico que já provocou a queda do presidente de Madagáscar.Cerca de 20 milhões de hectares foram vendidos ou arrendados desde 2006,a maioria em países pobres de África.Os principais compradores estão na Ásia.Não sei é se Cabo Verde também pode ser considerado um novo colonizador uma vez que à pouco tempo atrás o "governo de Cabo Verde criou uma sociedade anónima de capitais públicos para explorar e gerir um terreno agrícola posto à sua disposição pelas autoridades angolanas no âmbito da cooperação entre os dois países.Segundo Horand Knaup e Juliane von Mittelstaedt, na Der Spiegel, esta situação está a conduzir a um novo colonialismo a que muitas nações pobres têm que se submeter:

Isto porque a terra, que é extremamente fértil em algumas regiões, é barata no continente empobrecido. O fundo de terras de Payne paga de US$ 350 a US$ 500 (R$ 650 a R$ 930) por hectare na Zâmbia, cerca de um décimo do preço das terras na Argentina ou nos Estados Unidos. Para um pequeno fazendeiro na África, a produção média por hectare permanece inalterada há 40 anos. Com um pouco de fertilizantes e uma irrigação melhor, a produção poderia quadruplicar - assim como os lucros. [...]

Os alimentos são o novo petróleo. As reservas mundiais de grãos caíram para uma baixa histórica no começo de 2008, e a subsequente alta nos preços marcaram um ponto de virada, da mesma forma que a crise do petróleo fez nos anos 70. A falta de pão provocou motins em todo o mundo, e 25 países, incluindo alguns dos maiores exportadores de grãos, impuseram restrições à exportação de alimentos.Então veio a segunda crise de 2008, a crise econômica. Dois medos - o medo da fome e do medo da incerteza - convergiram, desencadeando o que alguns já chamam de segunda geração do colonialismo.

A diferença em relação a esse novo colonialismo é que os países estão permitindo prontamente serem conquistados. O primeiro-ministro da Etiópia disse que seu governo está "ansioso" para oferecer acesso a centenas de milhares de hectares de terras agrícolas. O ministro da agricultura da Turquia anunciou: "Escolham e peguem o que quiserem". Em meio à guerra contra o Taleban, o governo paquistanês investiu em sua autopromoção em Dubai, buscando seduzir os xeiques com redução de impostos e isenção de leis trabalhistas.

Todos esses esforços têm duas esperanças em comum. Uma é a esperança de os países pobres atingirem o desenvolvimento e a modernização em seus precários setores agrícolas. A outra é a esperança do mundo de que os investidores estrangeiros na África e na Ásia sejam capazes de produzir alimentos suficientes para um planeja que logo será povoado por 9,1 bilhões de pessoas; que eles tragam consigo todas as coisas que faltam aos países pobres, incluindo tecnologia, capital e conhecimento, sementes modernas e fertilizantes; e que esses investidores sejam capazes não só de dobrar as safras mas, em muitas partes da África, multiplicá-las por dez.[...]

Se os investidores tiverem sucesso, eles poderiam alcançar o que as agências de desenvolvimento não foram capazes de fazer nas últimas décadas: reduzir a fome que hoje aflige mais pessoas do que nunca, mais precisamente um bilhão em todo o mundo. Na melhor das hipóteses, esta poderia ser uma situação em que todos ganham, com lucro para os investidores e desenvolvimento para os pobres.Não são apenas os banqueiros e especuladores, mas também os governos que estão adquirindo terras em outros países, buscando reduzir sua dependência do mercado mundial e das importações.

Mas o que acontecerá num mundo globalizado quando as colônias surgirem novamente? O que acontecerá, por exemplo, se a Arábia Saudita adquirir partes da região de Punjab no Paquistão ou se os investidores russos comprarem metade da Ucrânia? E o que acontecerá quando a fome atingir esses países? Será que os estrangeiros ricos instalarão cercas elétricas em volta de suas terras e guardas armados escoltarão os carregamentos das safras para fora do país? O Paquistão já anunciou planos para enviar 100 mil membros de suas forças de segurança para proteger as terras pertencentes a estrangeiros. [....]"

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ainda sobre o Mundo Novo

"Realmente é uma boa ideia, mas cheira a cópia do Magalhães português, as máquinas são as mesmas: Intel Classmate PC.

Aí é que a porca torce o rabo: todo o software nos pcs é de código fechado, pelo que as crianças dificilmente terão oportunidades de explorar o brinquedo, perceber como ele funciona...o que é a base para formar bons programadores.

É melhor que nada, mas um projecto destes deveria ter em conta a plataforma de software que vem instalada, mais do que a máquina em si. Hoje em dia há N ultraportáteis ao preço de um Magalhães, não faz sentido embarcar na primeira opção que aparece à frente.

Para a Microsoft (que também está metida ao barulho) estes programas são um maná dos céus, afinal não é todos os dias que se têm oportunidades de fidelizar desde o "berço" milhares de consumidores aos seus produtos (Windows, Office, etc) - que custam bom dinheiro, incomportável para o estudante médio em CV.

Na minha opinião fazia mais sentido um projecto na linha do OLPC (http://laptop.org/), em que os objectivos pedagógicos são mais tidos em conta. Não basta colocar um pc nas mãos dos miúdos e rezar para que eles um dia se tornem crânios da computação, convém ir pensando nas competências que se pretende que eles adquiram.

Também gostava de perceber o que têm os técnicos do NOSI a dizer sobre isto. Bom, bom, era que eles desencantassem uma distribuição Linux adaptada a CV e que corresse nestes pcs. A ver vamos..."

autor: JP

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Importância do Programa Mundo Novo

Já aqui disse uma vez que o programa Mundo Novo vai permitir combater a info-exclusão uma vez que vai massificar o acesso aos computadores e à internet.Este é,claramente,daqueles programas que merecem o "consenso nacional",o apoio e a aprovação de todos os partidos e,inclusive,todos os cabo-verdianos.Infelizmente,o fanatismo partidário não permite alguns enxergar um pouco para lá do óbvio.
A utilização dos computadores não se resume ao facto das crianças aprenderem a informática e a "navegar" na internet.A utilização dos computadores desde a tenra idade também intervem no desenvolvimento da capacidade de raciocínio mental das crianças,desenvolve o software dos alunos;o computador é assim uma ferramenta interactiva da educação (basta pensarmos na diversidade de jogos matemáticos e aprendizagem de línguas que se pode utilizar nas salas de aula).A criança de hoje que aprende a utilizar a internet e o computador vai estar muitíssimo melhor preparado quando,por exemplo,escolher estudar engenharia informática (perguntem aos engenheiros informáticos em Cabo Verde porque existe,entre eles,tão poucos cránios em desenvolvimento de software...).O computador que muitos vão "receber" através do programa Mundo Novo,vai ajudar as nossas crianças de hoje a alcançar o sucesso profissional amanhã.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cabo Verde que nos chega cá fora

Será que temos 2 nação,uma que se dá a conhecer ao exterior e outra para o "consumo" e apreciação interna?No geral,para os emigrantes cabo-verdianos o país está bem e recomenda-se:o crescimento do parque habitacional,a aposta nas infraestruturas rodoviárias,o reconhecimento de várias instituições internacionais (que,diga-se de passagem,confere mais confiança do que a oposição partidária no país) e o controlo das finanças pública,tudo isto,contribui para a boa imagem da governação do país no seio dos emigrantes (é claro que haverá sempre emigrantes que discordam de tudo o que acabei de escrever).No geral,os emigrantes têm uma boa imagem da governação do actual governo e do 1º ministro.Contudo,também existe o Cabo Verde "sentido" e vivido pelos que estão no país.Qual é o "sentimento" geral da população sobre o estado do país?Na verdade,ninguém saberá responder com propriedade a essa pergunta uma vez que as nossas empresas de sondagens ainda não "criaram" o hábito de fazer estudos desse tipo regularmente.Assim,resta "ouvir" a opinião da oposição político-partidária e as noticias dos jornais.Básicamente,são estas queixas em relação ao governo: em lugar de destaque,o desemprego (se concordo que o desemprego é alto,não entendo a insistência de alguns em continuar com a ideia de que o desemprego aumentou;pelo contrário,segundo o inquérito do iefp/ine,o desemprego era de 24,4% em 2005,baixou para 18,3% em 2006 e ficou nos 17,8% em 2008;contudo,repito,o desemprego diminuiu mas continua alto),a pobreza (onde também poderíamos usar o mesmo argumento usado atrás em relação ao desemprego),a Electra e os TACV (2 problemas bicudos em sectores sensíveis),a deliquência e criminalidade (onde claramente o governo não tem dado conta do recado).
Tenho para mim que a nação será sempre uma e só uma;essa divisão que existe é apenas virtual e é fruto do jogo político.Infelizmente,como nunca haverá um governo perfeito e uma governação perfeita,iremos sempre encontrar essas duas leituras da realidade do país.
O que me parece,olhando de fora,é que os cabo-verdianos estão mais exigentes,mais informados e,ao contrário do que possa parecer,estão também com uma maior consciência política.Ou seja,querem e precisam mais do que música para ouvido.Os tempos exigem novas ideias para o país de modo a resolvermos os nossos problemas.Independentemente do partido.

domingo, 20 de setembro de 2009

Mérito ou Antiguidade?

O Liberal noticia que "ex-autarca da Praia e actual Conselheiro do Primeiro Ministro, Felisberto Vieira, foi nomeado em Fevereiro do corrente ano, como quadro do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA)".Até aí nada de anormal,nada de escandaloso e nada de ilegal (afinal,ele era ou não funcionário do antigo ICM?).Embora a notícia precise de confirmação,devido a credibilidade do jornal online,para mim o que é "estranho",a ser verdade,é a "progressão, passando de Técnico Superior de Referência 13 e escalão "A" para Técnico Principal de referência 15 e escalão `D´.Digo estranho porque não conheço em profundidade os fundamentos da reforma da administração pública,mas sempre li e ouvi da parte dos responsáveis que uma das medidas cruciais para a modernização da função pública seria a introdução da progressão na carreira por mérito.Com isto não quero pôr em causa a capacidade profissional do Filú;o problema é que,estando o Filú a cerca de 10 anos fora do ICCA,só poderia conseguir progressão na carreira por antiguidade e não por mérito.A não ser que a progressão na carreira por mérito ainda não tenha sido implementado,essa progressão também não seria nada que não seja prática corrente na função pública e,aí,seria apenas um sensacionalismo do Liberal.

É de pequenino que se torce o pepino

O comportamento do homen na sociedade é,na maior parte das vezes,fruto do processo conhecido por socialização a que estamos todos sujeitos assim que nascemos.A escola tem vindo,ao longo do tempo,a aumentar o seu peso nesse processo de socialização devido a perca da influência da família como agente de socialização na sociedade.Isto é,hoje em dia é cada vez mais na escola que as crianças e jovens "aprendem" a ser cidadão e é à escola,mais do que a família,que cabe a tarefa de transmitir os valores da sociedade.É aqui,mais do que a possibilidade profissional e económica que a escola proporciona,que reside a importância da qualidade da educação escolar: a escola ensina-nos como ser bom cidadão.Por isso,só pode ser encarado como positivo a introdução das novas disciplinas de "Educação para a Cidadania" e "Educação Artística" no currículo do ensino básico e secundário (espera-se despertar nos alunos a suas "consciência" cívica" em termos de saúde,ambiente,direitos humanos e participação política,transmitir a história da arte e da cultura mundial e cabo-verdiana e incrementar o gosto e o nível de conhecimento cultural da nova geração).A introdução da "Tecnologia de Informação e Comunicação" é outra aposta positiva,uma vez que não basta informatizar todas as escolas para combater a info-exclusão;é também através do ensino da informática e da utilização da internet que se concretiza a democratização da utilizaçao da internet e da informática.É preciso voltar a encarar a escola como um agente de socialização e não como um "repositório" de crianças e jovens.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Al Pacino - Scent of a Woman



Uma das melhores interpretações do Al Pacino,um daqueles filmes que há sempre de constar nas listas dos melhores filmes de sempre...

Modelo de Desenvolvimento

A tempos escrevi que nos "anos 90 o MPD apostou na privatização e no turismo;o PAICV têm vindo a apostar nas obras oúblicas e no turismo.Após as eleições de 2011,qual vai ser o modelo de desenvolvimento económico que o novo governo vai implementar?Ou mehor,qual é o melhor modelo de crescimento económico que o país deve apostar?"
A maior parte das pessoas com quem já falei sobre isso tendem a dizer que a resposta está na exportação.Mas concretamente,devido a ausência de tecido produtivo no país,na exportação de serviços (turismo).É normal que um não-economista apresente essa receita;mas quando vejo um economista a dar essa receita simplista questiono logo se essa pessoa está actualizada com a novas teorias económicas e com o realidade económica actual.É que,para além do "perigo" do país se especializar no turismo,ao contrário do que se pensa,Cabo-Verde possui "recursos",em potência,para desenvolver o modelo de desenvolvimento económico que vem sendo implementado em vários países: desenvolvimento económico que assenta em sectores baseados na ciência e em empresas com grande capacidade de inovação (que para além de contribuir para a exportação também cria mercados internos).Temos quadros,investigadores e universidades.Como desenvolver esse modelo?Como incrementar a inovação num país como Cabo Verde?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eu,INCULTO,me declaro!

Ai de ti!Se não compareceres numa conferência sobre a cultura cabo-verdiana;se não apareceres numa exposição de arte (escultura,pintura,fotografia,banalidades auto-denominado arte...);se não estiveres no lançamento de um livro qualquer (mesmo daqueles que só vão servir para enfeitarem a biblioteca individual);se não "comprares" o bilhetinho para o teatro ou para o concerto acústico de uma carinha bonita qualquer,não importa o nome.Meu Deus,se fores um ministro,um quadro superior com altas responsabilidades,pior ainda se for no Estado,ou mesmo um "pseudo-intelectual",como é moda dizer agora,aí,meu amigo,ai de ti!Tornas-te num tecnocrata sem conteúdo e num inculto.Nem sequer importa o teu gosto por Samuel Beckett,Moliére ou Harold Pinter;não querem saber se gostas de ler Garcia Marquez e Herman Hesse e nem se preferes ouvir em casa um cd do Bulimundo em vez de assistir um concerto da Danae...enfim,não importa o gosto individual de cada um.O que importa é aparecere. nos concertos,lançamento de livros e exposições.Mesmo que não entendas do assunto ou não gostas da música.Queres ser considerado culto?Faça figura presente em tudo que seja actividades culturais.Aparecça,assim serás um homem da cultura.

domingo, 13 de setembro de 2009

"Cabo Verde: destino de emigração no continente" em Expresso das Ilhas


"Tudo isto para dizer que, preservar o que se tem, temendo passar por novas vicissitudes, tornou-se um meio de sobrevivência de muitos países e é então que surgem as diferenças culturais como uma forma de estigmatizar a xenofobia e outros factores que caracterizam as sociedades migratórias".



O texto "Cabo Verde: destino de emigração no continente" de um tal D.S. deveria ser aproveitado como um estudo de caso nas aulas de «introdução à antropologia» ou «sociologia geral»...um aprendiz de sociólogo ou um aprendiz de antropólogo que não saiba descontruir e apontar os erros técnicos e teóricos desse pequeno texto é porque,no mínimo,está a ser mal formado.

Neuroeconomia-Ensaio sobre a Sociobiologia do Comportamento:Os economistas falham nas crises porque não conhecem as pessoas

"Este é um livro de economia da nossa vida real em sociedade: dos nossos comportamentos e atitudes, das nossas escolhas e ambições, das nossas necessidades e futilidades e não um livro de economia, daqueles que estamos habituados a ver nas livrarias, com muitas fórmulas, gráficos, tabelas e modelos tentando explicar o passado e prever os comportamentos dos agentes económicos no futuro.A teoria económica tradicional olha para o comportamento humano como o resultado de um processo de tomada de decisão racional que avalia os custos e os benefícios das acções, visando maximizar a utilidade (felicidade, bem-estar). Porém, como a utilidade não pode ser medida objectivamente, não pode ser usada para prever o comportamento, que depende de pensamentos e sentimentos".

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dia B dos Beatles

«O catálogo completo e remasterizado de todos os discos dos "The Beatles" e o jogo de vídeo "The Beatles: Rock Band" são lançados hoje, quarta-feira».


Se me pedirem para escolher apenas 1 grupo musical,escolheria sem dúvida os Beatles.É nessas horas como o dia de hoje que me arrependo de ter uma postura intransigente em relação ao cartão de crédito...vou ter de esperar até começar a ser vendido em Portugal ou talvez esperar pelo natal...

Hitler, Estaline e Saddam podem ser comparados com a sida?


«Na cama com Hitler? Era assim que o site da revista Der Spiegel titulava a notícia sobre um polémico anúncio em defesa do sexo seguro que usa... exactamente o rosto do ditador como o homem que está a fazer sexo anal com uma mulher, com as palavras "a sida é um assassino de massas". O lacinho símbolo da campanha contra esta doença remata a mensagem. Chocante?A opinião que parece maioritária, à volta do mundo (claro que a imagem já deu várias voltas ao planeta, cavalgando bits e bytes através da Internet), é que o anúncio é um exemplo de mau gosto.A campanha foi idealizada pela agência de publicidade de Hamburgo Das Comitee, para assinalar o Dia Mundial da Sida (1 de Dezembro), e devia começar a passar nas televisões e cinemas alemães já no fim deste mês. Mas as reacções que começou a suscitar, quando foi divulgado on-line, vêm tingidas já de muitas críticas. No Reino Unido, o National Aids Trust considerou que o anúncio estigmatiza as pessoas que têm sida. Nos Estados Unidos, os comentários sobre a campanha também não têm sido contidos».

Se eu fosse Jorge Santos...

Carlos Veiga elogiou a atitude de Jorge Santos por ter sido capaz de renunciar à candidatura da presidência do MPD privilegiando, segundo ele, o bem maior em detrimento da ambição pessoal. É unânime entre os comentadores, pelo menos entre aqueles que não transpiram “partidarite aguda” nas respectivos comentários, que não é certo que tenha sido a melhor estratégia o caminho que Jorge Santos seguiu nesse processo de «entrega do trono». É legitimo e normal que Jorge Santos tenha chegado a conclusão de que não tinha condições ou mesmo que não era a pessoa certa para ser candidato à 1º ministro pelo seu partido. Talvez seria uma estratégia política mais inovadora, na cena política caboverdiana, se o Jorge Santos reconhecesse que existe no partido pessoas em melhor condição para ser candidato à 1º ministro e, por isso, candidatava-se à presidência do MPD com a intenção, caso ganhasse e enquanto presidente do partido, de nomear um outro candidato para 1º ministro. Como em Cabo Verde não se vota num candidato mas sim num partido, candidatava para a presidência do partido mas não seria o candidato à 1º ministro. Ou seja, a ganhar, seria o presidente do partido e ia para as eleições com Carlos Veiga como candidato à 1º ministro…

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Estrutura Social da Concorrência

Numa sociedade completamente estruturada,as relações determinam o patamar acima daquilo que,em termos médios,se entende ser o sucesso.Ao descrever a estrutura social da concorrência,Ronald Burt (Structural Holes:The Social Structure of Competition) explicava convincentemente que a concorrência -omnipresente e sempre imperfeita- é uma questão de relações e não de atributos individuais.Cada indivíduo traz consigo 3 tipos de capitais:financeiro (dinheiro,crédito...), humano (saúde,beleza,inteligência...) e social (relações com outros indivíduos).
Para cada tarefa,existem indivíduos ou organizações que a podem desempenhar tão bem como quaisquer outros mas,ainda que com idêntico capital humano e financeiro,só alguns vão poder beneficiar da oportunidade em apreço:o critério é o capital social.De entre todos os indivíduos igualmente qualificados,apenas alguns conseguem as oportunidades mais compensadoras.De entre todos os produtos de idêntica qualidade,apenas alguns conseguem dominar o mercado.De entre os trabalhos académicos de elevada qualidade,apenas alguns conseguem ser conhecidos.
O êxito é determinado menos pelo que se sabe do que por quem se conhece.

domingo, 6 de setembro de 2009

"Uma Gota de Sangue – História do Pensamento Racial"


"Trata-se de uma dessas obras ambiciosas, raras no Brasil, que partem de um esforço de pesquisa histórica monumental para elucidar um tema da atualidade. Magnoli estava intrigado com o avanço das cotas para negros no Brasil e resolveu investigar a raiz dessas medidas afirmativas. O resultado é uma análise meticulosa da evolução do conceito racial no mundo. Descobre-se em Uma Gota de Sangue que as atuais políticas de cotas derivam dos mesmos pressupostos clássicos sobre raça que embasaram, num passado não tão distante, a segregação oficial de negros e outros grupos. A diferença é que, agora, esse velho pensamento assume o nome de multiculturalismo – a ideia de que uma nação é uma colcha de retalhos de etnias que formam um conjunto, mas não se misturam. É o racismo com nova pele.(...) Uma Gota de Sangue alerta para o que ocorre quando um estado se mete a catalogar a população segundo critérios raciais com o objetivo de, a partir deles, elaborar políticas públicas: pouco a pouco, os próprios cidadãos passam a acreditar naquela divisão e se veem obrigados a defender interesses de gueto. Isso cria conflitos políticos e rancor, inclusive nas situações em que as leis tentam beneficiar um grupo antes segregado.No livro de Magnoli, emerge como um desvio estranho a tentativa de instituir uma classificação oficial de raças no Brasil, país cuja identidade nacional foi construída sobre a ideia da mestiçagem. Não se trata de mito: análises genéticas da população demonstram que o DNA de um brasileiro tem, em média, proporções iguais de heranças maternas de origem europeia, africana e ameríndia. Magnoli argumenta que é exatamente essa realidade mestiça que os defensores das ações afirmativas querem destruir, ao tentar somar todos os que se consideram "pardos" à categoria de "negros".

Africano é nova esperança para tratar sida

"Uma equipa de cientistas encontrou dois novos anticorpos que conseguem neutralizar o vírus da imunodeficiência humana (VIH). A descoberta foi feita graças ao sangue de um homem africano, do qual não se conhece o nome nem a história. Sabe-se apenas que foi infectado há mais de três anos e nunca desenvolveu a doença. Uma boa notícia que abre a porta ao desenvolvimento de uma vacina eficaz contra esta doença, que afecta mais de 35 mil pessoas em Portugal e cerca de 40 milhões em todo o mundo".

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

China Apoia Programa de Obras Públicas em Cabo Verde

"O plano de desenvolvimento de infra-estrutura de Cabo Verde vai contar com o apoio chinês,num envelope total de 175 milhões de euros.O acordo,assinado entre os representantes dos dois países,prevê o financiamento de 70 milhões de euros para a construção de habitação social nas ilhas,assim como uma cimenteira em Santa Cruz (45 milhões de euros),a recuperação dos estaleiros de Cabnave (42 milhões de euros) e a renovação da central eléctrica de Praia (7 milhões de euros)".
via Diário Económico, versão impressa.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Juventude Partidária

Por mais que me expliquem,não consigo vislumbrar outras utilidades para uma juventude partidária para além de "colar cartaz","encher os comícios" e,para quem lá estiver,"fazer carreira política".Do PAICV já conhecíamos o Edson Medina e,agora,o Nuías Silva;do MPD já conhecíamos o Lourenço Lopes (um paradigma do profissional da política em CV),o Elisio Freire e,agora,o Miguel Monteiro (já agora,será que existe jovens no seio da UCID?Quem são e onde estão eles?).Porque não sei a resposta,tenho de fazer a pergunta a quem entende por experiência própria: qual foi o "ganho" que as juventudes partidárias,o JPD e o JPAI,trouxe para o país e para a política nacional?Conseguiram alguma vez colocar na agenda política um tema fracturante,como é apanágio dos jovens?Conseguiram influênciar alguma política sectorial ou alguma legislação?Essas perguntas tem uma direcção concreta: gostaria que o Edson Medina tentasse me convencer da utilidade das jotas...

"Mercado" Partidário

O César "queixou-se",talvez com razão,que a geração dele não produziu líderes políticos.Esta realidade é vísivel nos dois maiores partidos: no MPD ainda "reina" a geração dos fundadores (Carlos Veiga,Catchupa,Dico,etc,etc) e os actuais líderes do PAICV têm esse estatuto há quase 20 anos.A excepção do Elisio Freire,não-se deu espaço a mais nenhum jovem "valor" em nenhum dos partidos.As juventudes partidárias são o que são,meras caixa de ressonância e organizações de aprendizagem do carreirismo político.A questão mais profunda tem a ver com o funcionamento do "mercado político" e a lógica do recrutamento partidário no país.Hoje em dia,começa-se a recrutar jovens universitários e,estes,entram no partido A ou B não apenas por convicção ideológica mas muitas vezes por relações de amizade e,algumas vezes,por razões de ordens pessoais.Quando assim é,o "seguidismo" político será cego e,portanto,não podemos esperar que alguêm com um tal background venha a se transformar em grande líder político (não que isso não possa acontecer,mas...).Será que podemos aplicar aqui a teoria da oferta e procura da economia?A oferta e a procura condiciona a qualidade dos "novos" políticos recrutados?Provávelmente sim,mas para um sociólogo seria uma justificação insuficiente.O argumento dos baixos salários que se pratica na vida politica como um factor que limita à actratividade da política no seio de quadros competentes de outras áreas é um argumento que,em Cabo Verde,não é muito "atraente";basta compararmos o que ganha um quadro superior na função pública com um deputado (que nem precisa ser licenciado para estar a sujeito a um escalão salarial).Um sociólogo,tería de analisar a lógica do funcionamento desse mercado a luz de teorias de redes para dar conta do porquê alguns ascenderem rápidamente na carreira política e outros não;por outro lado,é bem provável que nos deparemos com aquilo que poderíamos chamar de "fechamento organizacional" dentro do partido (para explicar como um determinado grupo de pessoas tende a singrar dentro da organização partidaria mais do que outros grupos). Será que a política caboverdiana não beneficiaria com o surgimento de "jovens turcos"?