sábado, 28 de fevereiro de 2009

Incompatibilidades e Impedimentos

Foi muito comentada,e criticado por alguns,a noticia da saída do ex-director geral da Direcção Geral da Aviação (Jeremias Furtado) para uma empresa privada de transporte público (Moura Company) e da saída do ex-presidente da Cabo Verde Investimento (Victor Fidalgo) para uma empresa privada ligado ao turismo (Cape Verde Development).Será,por exemplo,normal o presidente dda ANAC (Agência Nacional de Comunicações) logo após o fim do seu mandato ir trabalhar para a CVMóvel ou para T+?
Não é normal nem "saudável" para a economia porque torna a concorrência imperfeita e "desleal" uma vez que uma das empresas concorrentes,por via do novo quadro contratado (ex-director da ANAC),ficará na posse de informações estratégicas de outras empresas podendo,por isso,antecipar os movimentos estratégicos da empresa concorrente.Ou seja,obtém por essa via uma vantagem competetitiva em relação a concorrência.Como é que evitamos está concorrência imperfeita?Aqui vai algumas ideias,práticadas em Portugal:
 1) não pode ser nomeado para o conselho de administração duma
entidade reguladora quem seja ou tenha sido membro dos corpos
gerentes das empresas dos sectores que regulam nos últimos dois
anos ou tenha sido trabalhador ou colaborador permanente das
mesmas com funções de direcção ou chefia no mesmo período de
tempo
 2) os membros do conselho de administração não podem ter
interesses de natureza financeira ou participações nas empresas
reguladas 
 3) os membros do conselho de administração exercem as suas
funções em regime de exclusividade
 4) após o termo das suas funções, os membros do conselho de
administração ficam impedidos, por um período de tempo,de 
desempenhar qualquer função ou prestar qualquer serviço às
empresas dos sectores regulados
 5) durante esse período de impedimento,a entidade reguladora
continuará a abonar aos ex-membros do conselho de administração
em dois terços da remuneração correspondente ao cargo,cessando
esse abono a partir do momento em que estes sejam contratados
ou nomeados para o desempenho,remunerado,de qualquer função
no serviço público ou privado.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Oportunidades Empresariais,Buraco Institucional e o caso Cabo Verde Investimento

Mais uma vez vou recorrer ao Ronald Burt e ao seu buraco/vazio estrutural,que determina a existência de oportunidades empresariais para determinadas pessoas e não para outras,tornando a concorrência imperfeita.Uma situação muito semelhante à que resulta da estrutura institucional numa economia,onde a desigualdade da distribuição das relações entre indivíduos ou organizações-que proporciona o acesso à utilização de regras (existentes,emergentes ou auentes)- é muito mais marcante.Quem tiver melhor acesso a informação sobre como e quando as regras irão mudar ou como poderão ser manipuladas,terá menos regras a cumprir,será mais autónomo na combinação ou recombinação dos recursos e terá portanto maior probabilidade de alcançar taxas mais elevadas para a rendibilidade do seu investimento.Por natureza,os vazios institucionais estão relacionadas com questões sociópoliticas e regulamentações governamentais: para tirar partido deles os empresários têm de legitimar as suas acções e práticas procurando protecção política e administrativa.Se,como diz Burt,os vazios estruturais dizem respeito à não equivalência entre terceiros numa relação então os vazios institucionais dizem respeito a não equivalência entre regras duma instituição.Se,como diz Douglas North,as instituições são as regras do jogo,Burt chama a atenção para a clareza institucional porque «as regras do negócio são ambíguas no geral e sempre negociáveis no particular»,para o âmbito institucional que diz respeito à aplicabilidade das regras,a quem,onde e quando se aplicam (os vazios institucionais surgem quando,a partir de um conjunto genérico de regras para uma determinada acção,diferentes versões e várias excepções são sistemáticamente aplicadas a diferentes grupos de pessoas ou sectores) e para o envolvimento de quem faz as regras (vazios institucionais emergem quando as ligações aos produtores de regras estão desigualmente distribuidas:um extremo posicionam-se os empresários poderosos,com o maior número de ligações não redundantes ao mai alto nível;no outro situam-se empresários fracos e isolados sem qualquer oportunidade de desfrutar dessas alianças).Certos empresários têm a possibilidade e a capacidade de aproveitar a plataforma proporcionada pelos vazios institucionais,outros não.Estamos perante casos de vazios institucionais,por ex.,no caso da Cabo Verde Investimentos (na sua relação com regras de negócios na áerea do turismo,habitação e venda de terrenos).Por isso,têm surgido muitos e prósperos empresários com fortes ligações àquela instituição sempre na mesma área de negócio...

Manual de Instruções para Campanhas Negras

"Há um equívoco muito generalizado: é mais fácil desenvolver uma campanha negra envolvendo um vizinho, um colega de trabalho ou mesmo um familiar. Nada de mais errado. Não hesite, pense em grande. A evidência empírica revela que uma campanha bem orquestrada pode ser eficaz se dirigida a um artista de televisão com particular notoriedade ou até mesmo, pasme-se, a um político.Após criteriosa selecção do alvo, há que passar à fase a que os especialistas chamam de contextualização. Esta, isoladamente, não produz qualquer efeito - razão porque foi, durante tanto tempo, menosprezada. Contudo, como revelam diversos casos de sucesso, é decisiva. Deve agora proceder à escolha da natureza da campanha. As acusações mais seguras continuam a ser o enriquecimento ilícito e tudo o que remeta para comportamentos sexuais. Se optar pela segunda hipótese, tenha presente que relações extra-conjugais têm taxas de sucesso marginais. Pelo contrário, há evidência empírica que demonstra a robustez de campanhas assentes em alegações de relações homossexuais ou até comportamentos sexuais desviantes. No passado, havia dois instrumentos preferenciais para a contextualização: as cartas anónimas e o "ouvi dizer". Se bem que estes mecanismos ainda revelem assinalável eficácia, as novas tecnologias abriram novas possibilidades. Escreva um ‘email' e ponha a circulá-lo. As caixas de comentários dos jornais ‘online', fóruns e ‘blogs' têm-se revelado particularmente úteis.Seja paciente e aguarde dois, três anos. Não suspenda a sua actividade, aproveite este período para estabelecer alguns contactos (junto de "amplificadores selectivos) e, não menos importante, pesquise informação sobre o seu alvo, bem como os seus familiares. Recorra a um motor de busca na ‘net' e, se tiver recursos, utilize um serviço de ‘clipping'. A informação disponível vai surpreendê-lo. Nesta altura tem de insinuar-se junto dos "amplificadores selectivos". Há tipos preferenciais de amplificadores com quem convém desenvolver uma boa relação: um jornalista e alguém, no mínimo, com acesso à fotocopiadora no Ministério Público e/ou na Polícia Judiciária.Chegou agora a fase decisiva. É o momento para a campanha se tornar visível. Se a contextualização tiver decorrido bem, até você se vai surpreender com os níveis de credulidade. Mesmo um facto com escassa solidez revelar-se-á verosímil. Não se preocupe muito com o modo como esse facto vai ser posto à prova. O mais provável é que não o seja e, caso isso aconteça, se ele tiver sido devidamente amplificado, pouco importa que venha a ser desconsiderado. O resultado pretendido já foi alcançado. Assim que tiver feito chegar a denúncia às autoridades, coloque rapidamente o "seu" jornalista ao corrente.Tem agora uma semana para mobilizar toda a informação que entretanto recolheu e plantá-la criteriosamente junto dos media. Não se preocupe em estabelecer relações de causa e efeito, basta associar factos. Vai ver que funciona. Há também um princípio elementar: ainda que continue a privilegiar o jornalista que primeiro deu voz à campanha, é agora importante diversificar. Há um mecanismo que se tem revelado muito conseguido: dar uma notícia parcialmente a um jornal e completá-la com informação à noite numa televisão. Por esta altura, deverá existir um caldo cultural propício a envolver familiares. Avance.O essencial do seu trabalho está feito. Tirando algumas intervenções cirúrgicas, a competição pelas audiências entre os media encarregar-se-á de fazer o resto. Assistirá a um fenómeno curioso: as notícias serão dadas várias vezes, como se se tratasse de novidade, mesmo que tenham sido desmentidas, e os órgãos de comunicação amplificarão as notícias uns dos outros, sem qualquer critério. Neste momento, o nome do seu alvo deve surgir invariavelmente associado a expressões como "suspeito", "arguido", "implicado", "envolvido". Ainda que na verdade não haja nenhum indício, é o momento em que os comentadores estarão a falar da fragilidade em que se encontra, da necessidade de se explicar ou, até, de colocar o lugar à disposição. Pode, em casa, assistir confortavelmente ao desenrolar da campanha.Apesar da natureza simples deste tipo de campanha, os mais temerosos têm procurado saber quais são os riscos para os autores morais. A literatura refere alguns casos que se revelaram problemáticos. Contudo, são excepções e só foram deslindados muito tempo depois. O "protocolos dos Sábios de Sião", o caso Dreyfus e o de George Edalji em Inglaterra são disto exemplo. Mais recentemente, na Bélgica, as autoridades revelaram particular celeridade em desmontar a campanha movida contra o ex-ministro Elio di Rupo. Mas, para quem opera a partir da Europa do Sul, não há motivos para preocupação. A coligação entre aqueles que defendem o primado do Estado de direito é de tal modo frágil que, facilmente, serão derrotados pela sólida união entre péssimo jornalismo e investigação negligente".
Pedro Adão e Silva,publicado no Diário Económico.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Perguntar Não Ofende

Começo por salientar que a nossa diferença não está no diagnóstico mas sim na cura,ou melhor,no remédio para a cura.Por isso gostaria de perguntar ao Redy (e ao Rony) isto: no dia a seguir as manifestações,o que virá,o que vai mudar e o que vai acontecer?Que sistema politico e que sistéma económico vão querer implementar?Uma sociedade civil activa,consciente e atenta só se manifesta na e pelas manifestações e passeatas?

Anónimato,Rumor e a Internet

Será "tramoia" político?Será uma tentativa de alguns interessados tentarem criar um escándalo à semelhança do caso "Freeport" em Portugal para assim atingir o 1º Ministro?Ou será uma jogada para criar um caso semelhante ao famoso «2 milhões» da Enacol?Ou será antes um caso exemplar de se fazer politica e,simultâneamente,um ideal-tipo do comportamento do empresário criolo?Leia aqui e tira a sua conclusão.
Apesar de ser da ideia de que estamos a tranformar o país numa espécie de «Cabo Verde S.A.» (empresa de venda e especulação imobiliária/financeira e lavagem de dinheiro) há-que saber dar o valor que merece o anónimato numa acusação dessa gravidade.A história contemporânea,nacional e internacional,ensina-nos que o anónimato nem sempre é a melhor forma de acusar alguêm,mesmo os politicos.Põe-se em causa o bom nome de inúmeras pessoas,alguns com alguma responsabilidade,mas não-se dá a essas pessoas a possibilidade de se defenderem,públicamente e nos tribunais.Mesmo sem essa intenção,mesmo que a motivação é a mais sincera possível,essa forma de actuar demonstra sempre a intencionalidade do documento saído ao público: não é fazer a justiça actuar face aos actos vindo ao público ou perante os sujeitos visados mas é simplesmente achincalhar pública e políticamente essas pessoas e o actual governo no poder.Ficava sim assustadissímo se,pelo contrário,esse documento tivesse um rosto corajoso e pronto a dar a cara apresentando as provas de tudo o que diz nos tribunais.Por enquanto,o que me interessou foi a constatação prática do funcionamento do "rumor político" na era da informação.È claro que,tendo lido o documento,podes tirar uma conclusão completamente oposta à minha.

Mais 1 no Debate Não Faz Mal

Tendo lido ontem o "debate" ou troca de ideias entre o Redy,o Nhu Naxu (deste blogue),o famoso Al Binda e o Filinto (?) sobre uma suposta necesidade de um «movimento social,desobidiente e politicamente incorrecto»,fiquei com uma(s) dúvida (s):é suficiente sair a rua com greves e protestos para conseguir mais "justiça social"?Vais sevir para mudar de políticas ou para mudar de politicos?O que nos garante que as mudanças resultantes desse «movimento social-anarquista» sejam mudanças consistentes no tempo e consequentes nos resultados?O país funciona mal,os politicos e os partidos não dão garantia,há muita desigualdade e injustiça e a sociedade continua apática e indiferente?Certamente que sim e ninguêm consegue "mascarar" essa evidência.E o que se deve fazer para alterar a apatia da sociedade no sentido de fazer alguma coisa para mudar esse quadro?Compreendo perfeitamente a intenção do Redy e concordo quando diz que é preciso manifestações e greves.Mas,mais um vez,e o depois?Manifestações,greves e protesto são uteis e desejáveis mas tem um senão:só provoca resultados concretos quando estamos perante casos pontuais.Não resulta para provocar mudanças estruturais,que é o que precisamos.Para mudarmos estruturalmente o país,o que precisamos é de governos competentes,politicos sérios,politicas consequentes e uma sociedade civil forte e activa.Concordo que,de quando em quando,as manifestações fazem bem a "saúde" duma sociedade.Mas,para influênciar consequentemente o seu rumo colectivo prefiro,entre outras possibilidades,criar,manter,participar nas actividades de um "think tank" e,a partir dos estudos deste organismo,avaliar políticas públicas tentando assim influênciar os decisores políticos e a sociedade civil.

Voyeur Project View

No Voyeur Project View podem ver-se,durante 24 horas,exposições através de um olho colocado na porta em voyeurprojectview.org.Inciam-se programas Web Cam (exposições em 3 espaços,observados através de um circuito de vigilância interno) e Top Voyeur (mostra videos do voyeur project view desde o início,através de uma TV).Patente até 25 de Março.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sobre a Confiança

Em boa medida,a conceptualização do problema hobbesiano da ordem,a discussão dos factores que garantem o cimento social,a problematização dos dilemas da acção colectiva,a tomada de decisão em torno das melhores formas de organizar as transacções mercantis,mais não são do que variações do tema da confiança.Autores há que identificam a confiança como a causa maior que permite explicar o sucesso de determinados Estados-Nação e o falhanço mais completo de outros (Fukuyama).Se a civilização é um produto emergente de níveis alargados de confiança,por que é que as sociedades contemporâneas parecem mergulhadas em níveis maiores de desconfiança e se sente uma necessidade crescente de instilar níveis elevados de confiança na sociedade?Embora se acredite que a confiança gera igualdade e democratização (reforço da ideia de sociedade civil) e que estas,por sua vez,reforçam o sentido da confiança nos outros (trust) e ampliam a confiança (confidence) que depositamos nas instituições,devemos ter alguns cuidados,de modo a escapar a uma interpretação naif.Provocatoriamente poderemos afirmar que não é a confiança que se constitui em elemento civilizacional,mas a desconfiança.È por haver uma crise de confiança que surgem as instituições e os contratos,é porque se concebe a hipótese de um "outro" como alteridade radicalmente inconciliável com o "nós" que se pensa na categoria fundacional do contrato e das cláusulas de protecção (o excesso de leis e o proliferar de regras e de normas têm como efeito perverso a promoção dos próprios comportamentos que pretendem penalizar ou reprimir;a sociedade mais normalizada pode ser  aquela em que as normas vigentes são menores.Falar em sociedades de confiança talvez possa equivaler a falar em sociedades de base minimalista,onde o terreno constitucional refere as normas básicas de entendimento e o tudo o resto fica sujeito a uma arbitragem consuetudinária moldada pelas relações recíprocas).Aqui temos como a confiança surge como elemento de civilização (com a sua articulação de interesses divergentes),à maneira liberal;e como a desconfiança e o medo podem ser entendidos como os grandes fautores das instituições,dos contratos,dos árbritos e das terceiras forças.Se a confiança produz civilidade e convívio é porque a desconfiança campeia.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Enfim um Empresário

«Ocomunismo (também eufemisticamente conhecido por socialismo) está morto: paz à sua alma. E a sua morte, por implosão, foi de tal forma redentora que nem o nosso Partido Comunista ousa sugeri-lo como alternativa, quando o capitalismo, entregue a si próprio e cumprindo a profecia de Marx, tudo fez também para se autodestruir. A diferença é genética e substancial: o comunismo pressupõe, como inevitabilidade, a ditadura, a corrupção e a ineficácia; o capitalismo tanto pode significar liberdade individual, capacidade de risco, iniciativa e inovação, como pode degenerar na lei da selva, onde o único objectivo é o lucro e a única regra a ganância..
Miguel Sousa Tavares,in Expresso via Jumento.

Questões para Debate

Li com atenção o post do Redy (Ku frontalidade) intitulado "Manifesto Alternativa Social Libertário",entre outros motivos,porque é tipicamente ideológico.Concordo com a generalidade das críticas ao estado do país mas discordo da forma que o Redy propõe para combater os nossos «males»:greves e manifestações contra o actual «estado das coisas».Certamente que todos concordamos que é preciso acabar com a passividade do cidadão e,só por isso,é também útil de quando em vez uma "manifestação de descontentamento" mas nunca de forma constante como forma de derrubar um partido democrático ou um sistema económico e político.Porque acredito que "revoluções" não é caminho nem o meio para combater o capitalismo,tenho de levantar estas questões ao Redy: ao invés de sair sempre à rua para protestar contra os "abusos do poder político e comercial" não será mais eficiente e mais eficaz,porque com maior impacto,lançar mão à liberdade individual,política e económica que o capitalismo nos proporciona para criamos movimentos ou partidos politicos concorrente dos actuais que estão "abusando" e para criarmos empresas concorrentes ou até organizações de defesa do consumidor?Não será mais eficaz se o Redy,em vez de organizar manifestações,candidatar-se a um cargo politico e,estando na política,mostrar que é possível práticas politicas e politicos diferentes?O que é melhor do ponto de vista do cliente: boicotar a Electra ou incentivar a criação duma empresa concorrente na mesma área?Qual é a mlhor forma de ajudar os cliente perante as empreas:é com manifestações ou inserido numa organização de defesa do consumidor?E que tal um movimento popular,porque da sociedade civil,para se candidatarem como independentes para as próximas autárquicas?
Ou seja,o capitalismo possibilita em si mesmo a liberdade de buscarmos e encontrarmos as soluções para as suas próprias fraquezas.Isto constitui uma das virtudes e vantagem do sistema capitalista!Se há coisa que alguns revolucionários deveriam ter aprendido com a história é de que o capitalismo vive constantemente em revolução interna através do processo que Joseph Schumpeter denominou «destruição criativa».Portanto,não é preciso uma revolução social quando o próprio sistema capitalista já permite uma «mudança»,a evolução e melhorias,a inovação.Ao contrário dos sistemas alternativos,que só nos têm a oferecer modelos totalitários porque dirigista de cima para baixo...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

BlogJoint: (In)Segurança Nacional


Já foi suficientemente estudado as causas da delinquência e,por enquanto,as soluções avançadas têm tido pouca impacto.Ou seja,a taxa de criminalidade e a insegurança vem aumentando mostrando que as politicas de inserção social têm sido pouco eficazes.Na altura em que o jornal «A Nação» avança que Serviço de Informação da República (SIR) deve começar a funcionar ainda na primeira metade deste ano, medida necessária para segurança externa e para o combate à criminalidade organizada,achamos que a estrutura organizacional da POP não "acompanhou" a complexificação da sociedade e a "modernização" e "internacionalização" do crime.Por isso,somos apologista da ideia de que é necessário uma visão sistémica da segurança e que,por isso,são mais eficazes "politicas micro-direccionados" para um «população/problema-alvo» em detrimento de politicas generalistas.Por isso,apontamos como uma das soluções possíveis a ideia,já avançada aqui há tempos,de uma justiça comunitária: a ideia é envolver as comunidades locais nas decisões sobre que castigo aplicar a pequenos delitos cometidos nessas mesmas comunidades.Ou seja,o "thug" que assalta alguém num bairro ou um delinquente que vandaliza um espaço público numa zona,podem ser julgados TAMBÉM pelas pessoas da comunidade directamente afectada por esses actos no intuito de as penas aplicadas serem de alguma forma benéficas para a comunidade.Seria uma proposta útil para,no mínimo,descongestionar os tribunais de processos que,muitas vezes,podem ser resolvidos sem chegar às barras dostribunais.

Podem seguir o desenvolvimentos sobre este mesmo tema nos blogues:  Bianda,KuFrontalidade,Teatrakacia,CaféMargoso,Geração20j73,TempodeLobos,Passageiro em Trânsito,PedraBika,Jornal de Hiena,NosBlogue.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A Estrutura Social da Concorrência

Numa sociedade completamente estruturada,as relações determinam o patamar acima daquilo que,em termos médios,se entende ser o sucesso.Ao descrever a estrutura social da concorrência,Ronald Burt (Structural Holes:The Social Structure of Competition) explicava convincentemente que a concorrência -omnipresente e sempre imperfeita- é uma questão de relações e não de atributos individuais.Cada indivíduo traz consigo 3 tipos de capitais:financeiro (dinheiro,crédito...), humano (saúde,beleza,inteligência...) e social (relações com outros indivíduos).
Para cada tarefa,existem indivíduos ou organizações que a podem desempenhar tão bem como quaisquer outros mas,ainda que com idêntico capital humano e financeiro,só alguns vão poder beneficiar da oportunidade em apreço:o critério é o capital social.De entre todos os indivíduos igualmente qualificados,apenas alguns conseguem as oportunidades mais compensadoras.De entre todos os produtos de idêntica qualidade,apenas alguns conseguem dominar o mercado.De entre os trabalhos académicos de elevada qualidade,apenas alguns conseguem ser conhecidos.
O êxito é determinado menos pelo que se sabe do que por quem se conhece.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Relações Públicas

Apesar de concordar com aqueles que dizem que o nosso 1º ministro,José Maria Neves,é um excelente comunicador e que o actual governo tem beneficiado,no geral,de «ombro amigo» da comunicação social acho que,paradoxalmente,a comunicação,ou a falta dele,é o principal "calcanhar de aquiles" do governo PAICV (já agora,também do partido que o sustenta).Não obstante a proliferação de assessores de imprensa e de relações públicas nos gabinetes ministeriais,o governo tem demonstrado alguma displicência em comunicar mesmos as boas medidas governamentais...parece que existe um mercado virgem a ser explorado em Cabo Verde:porquê ainda não temos uma empresa de relações públicas em CV ?
Por enquanto,o que existe no país são profissionais e especialistas que,na maior parte dos casos,"confundem" relações públicas com produção de eventos....

Sobre a Objectividade Jornalística

Ao contrário do que frequentemente parece pensar-se,a doutrina da objectividade não nasce de uma negação da subjectividade do jornalista,mas precisamente do oposto,da sua 'descoberta' e assunção- ou seja,da constatação de que a comunicação dos factos é plausivamente afectada pelo ponto de vista subjectivo da pessoa que os selecciona,elabora e comunica.Ora,se isso sucede assim relativamente à generalidade das pessoas,então um profissional da comunicação tem obrigação de se rodear de especiais cautelas,de redrobar a atenção,de desenvolver métodos próprios de trabalho,enfim,de se formar e de se treinar,para que aquilo que comunica,e o modo como o comunica,seja o menos possível distorcido ou enviesado pela sua subjectividade.Enfim,a objectividade é mais um quadro de referência,uma atitude de abordagem da realidade,um esforço constante de distanciação,traduzido também num conjunto de práticas,tudo no sentido de minorar e balizar as hipotéticas influências da subjectividade do autor.Daí a importância da defesa de um maior profissionalização dos jornalistas,que passaria pela sua formação inicial e contínua,de modo a prepará-los para o exercício de um ofício que é mais complexo do que se imagina e de modo a poderem resitir melhor aos constrangimentos que lhe são exteriores (os de instrumentalização política,os da pressão económica e os decorrente da sua prória inserção laboral),mas também,por assim dizer,aos contrangimentos interiores (os decorrente da subjectividade própria,da inserção sociocultural,das marcas de origem,das idiossincrasias particulares).Contudo,a defesa cega e mecánica da objectividade acabou por gerar novos motivos de controvérsia acabando por ser utilizada ofensivamente contra os próprios jornalistas:em nome da objectividade assim (mal) entendida,exigia-se-lhes que fossem escrupolosos na reprodução da menagem que lhes era passada para publicar e que se ficassem por aí,pois era esse,e não mais que esse,o seu trabalho.A pertinência desta questão é tanto maior quanto as actividades ligadas à chamada "comunicação persuasiva" (relações pública e marketin) e ao inerente desejo (tanto por parte de instituições oficiais como de entidades privadas) de gerir a informação que sobre elas chega ao espaço público faz com que cada vez menos os jornalistas tenham a possibilidade de contactar directamente a "fontes primárias" e cada vez mais a informação lhes chega "em segunda mão",pela acção dos intermediários que filtram os dados em função dos interesses próprios dos patrões para quem trabalham.Afinal,a multiplicação de profissionais de relações públicas,de gabinetes de assessoria de imprensa e de empresas encarregadas de gerir a comunicação e a imagem das mais diversas instituições é a tradução mais visível da "revolução das fontes".

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Liberdade para Governar

Já tinha escrito aqui porque defendo a eliminação da alínea "Q" do artigo 175ª da nossa constituição (que prevê a necessidade de uma maioria de 2/3 dos deputados para alterar as taxas ou impostos).Essa problemática/discusão não é técnica mas genuínamente política:
 - em 1º lugar essa alinea impede qualquer governo de governar com a sua própria politica fiscal;
 - não caberá aos deputados da oposição impedir o governo de,por exemplo,subir um imposto qualquer pensando que assim estaria a defender o povo;prejudicado ou beneficiado (caso subir ou baixar os impostos) pela medida do governo,o próprio povo saberá julgar essa medida na altura certa-nas eleições;
 - por outro lado,a oposição também poderá impedir o governo de baixar os impostos porque vêm nisso uma forma do partido do governo ganhar mais simpatia popular e,consequentemente,maior possibilidade de ganhar as próximas eleições;
 - no mundo globalizado em que vivemos,com pouca diferenciação política entre partidos de esquerda e da direita quando estão no governo,a politica fiscal constitui o principal instrumento de diferenciação politica;é por qui que poderemos ver quem está mais à esquerda ou mais à direita no plano económico e social...

Realmente é necessário mais democracia na casa da democracia!

Juventude Partidárias

As juventudes partidárias em Cabo Verde não debatem verdadeiramente ideias sobre qualquer assunto de interesse da juventude,não são "tido nem achados" na principais decisões políticas sectoriais (família,emprego,habitação,agricultura,economia,assuntos fiscais,etc) ou sobre às politicas da juventude e não têm qualquer influência na definição dessas politicas.Alguma vez uma juventude partidária,em Cabo Verde,conseguiu impôr na agenda pública uma ideia ou um debate?Será que existe benificios para os jovens na compra e arrendamento da habitação,na criação de empresas,na criação cultural e artistíca ou para incentivar as empresas a contratar jovens?Em caso afirmativo,porque será que a maioria dos jovens não têm conhecimento dessas ajuda?De um modo geral,todos os governos têm "resumido" a política de juventude à programas de ocupação do tempo livre (desporto,organizações juvenis,cartão jovem).Por outro lado,todos os partidos tratam os jovens como o «menino de recado» que serve principalmente para colar cartaz,angariar eleitores para multiplicar os presentes nos comícios.As juventudes partidárias não conseguem pautar à sua acção por combate de ideias,por uma ideia de uma certa juventude,porque não tem autonomia em relação ao partido e porque alguns jovens dirigentes têm utilizado essas estruturas em exclusivo como «trampolim profisional».Nas últimas eleições para a direcção das juventudes partidárias do MPD e do PAICV ficamos a saber muito pouco a opinião deles sobre assuntos (muito menos ainda no caso da JPAI).Por isso,vejo com agrado e simpatia a inciativa do presidente da JPD em "convidar" o presidente da JPAI para um debate sobre o que importa: a juventude!Porque há cada vez mais jovens que querem fazer escolhas por ideias e não pela amizade.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Para Além da Esquerda e da Direita

Eis,muito resumidamente,porque sou adepto do «Liberalismo Social» que defende:o papel e a importância do Estado no combate às desigualdades sociais em busca duma sociedade mais igualitária;o liberalismo democrático;o liberalismo nos costumes e politicas sociais laicas e progressivas (as pessoas têm a capacidade de decidir por si sobre a sua própria vida,não precisando por isso da indicação do estado ou da religião);defesa do capitalismo e da economia do mercado mas onde há e deve haver lugar para alguma intervenção do estado onde é preciso (programas sectorias elaborado ou subsidiado pelo estado;instituições reguladoras dos vários mercados).Porque "combina" o que há de melhor na direita com o que há de melhor na esquerda.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Boa Marley

"Quase 30 anos após a morte de Bob Marley, os herdeiros do cantor reggae estão prestes a estampar o nome deste ícone numa série de produtos oficiais, graças a um negócio de merchandising que visa travar a pirataria e outros artefactos «sem sentido»".Pela quantidade de projectos,a marca Bob Marley vai passar a fazer concorrência à empresas em quase todos os sectores da actividade económica.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Por Um Salário Mínimo Nacional

Certamente por falta de informação oficial,custa-me entender a posição «medida necessária mas não para agora» do PAICV e do governo face à proposta do MPD no sentido de implementar um salário mínimo nacional.Pelo que li nos jornais,o PAICV defende que a introdução de um salário mínimo seria prejudicial à produtividade,competitividade e,consequentemente,ao crescimento económica do país.Ou seja,em detrimento de empregos com um salário mínimo condigno o PAICV dá primazia a criação de empregos mesmo que com salários pouco dignos em nome da competitividade da economia.Por um lado,este argumento representa uma visão estática da comptetitividade da economia:a competitividade da economia é um processo dinámico que depende de inúmeros factores e,o seu nível,está sujeito à oscilações (por isso é que vemos países,em cada ano,ficando mais ou menos competitivos,subindo e descendo no ranking da competitividade).Portanto,a introdução de um salário mínimo não serápor si só a causa da perda de competitividade da nossa economia.Por outro lado,receiam,com razão,o impacto desse salário mínimo na inflação e na consequente subida de preços.Sendo um risco que temos de assumir,a história económico ensina-nos que os outros países que passaram por isso conseguiram,em pouco tempo,controlar a inflação causada pela subida dos salários.Não há razão para ser diferente connosco e,se ficarmos com medo do aumento dos preços,nunca haverá condições para a introdução desse salário mínimo porque,uma vez mais,essa subida dos preços será inevitável.E temos de ver o lado positivo dessa medida:mesmo que com pouco impacto,vai permitir melhorar a condição de vida de muitas famílias e o seu impacto no consumo,no fisco e na previdência social.Sendo de extrema importância as condições sociais,politicas e institucionais de um país porque afectam o comportamento empresarial,e contrariando alguma ideia feita e enraizada nos pressupostos de algumas correntes de análise do comércio internacional,não são os países que se constituem como factores de competitividade mas antes,e cada vez mais,as empresas e os indivíduos.Portanto,não é a subida do salário mínimo que a empresas pagam aos seus colaboradores que determina a sua competitividade mas sim a qualidade de gestão.O salário mínimo será uma base a partir do qual as empresas definem a respectiva política salarial interna.Seria legítimo se qualquer pessoa interpretasse essa preocupação com o impacto do salário mínimo na competividade como uma estratégia do governo para atrair investimentos privados,nacionais ou estrangeiro,pela competitividade salarial e nãocomo deveria fazer:pela competitividade de recursos humanos.

Economistas vs. Sociólogos

No nosblogue,o autor afirma: "Como economista sei que estudos científicos mostram que as variáveis determinantes do salário são o nível de escolaridade, a habilidade do trabalhador e a experiência".
Acrescento:quanto ao nível de escolaridade é importante ter em conta que quando estamos a analisar o sector da actividade pode se verificar diferenças significativas no salário de,por ex,2 licenciados da mesma área que trabalham em diferentes sectores e,nas empresas,a habilidade e a experiência tem pouco peso na determinação do salário do trabalhador.Por fim temos,é claro,o mercado (há que considerar a velha lei de procura e da oferta quando estamos a analisar,por ex.,as diferenças salariais entre diferentes profissões).
Eu,como sociólogo,afirmo: os estudos sociológico mostram que as variáveis género,a rede social (social network),a negociação colectiva (via acçao sindical) também são determinantes no estabelicimento do salário. 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Direitos de Autor

A mais famosa imagem de Obama está em tribunal.O artista que desenhou o poster,Shepard Fairey,e a agência noticiosa Associated Press (AP) reclamam,entre eles,os direitos desta imagem que exigem ser reconhecida como sua propriedade e ser compensado pela sua utilização.A justiça decidirá.

Che e a critica à Faceta Humanista dos Comunistas

À propósito do filme "Che" (subtítulo da 1ª parte:O Argentino;subtítulo da 2ª parte:O Guerilheiro) - com Benicio Del Toro e realizado por Steven Soderbergh (Ocean´s 11,12,13;Traffic;Full Frontal;Erin Brockovich,etc) e que fala sobre a vida de Ernesto Guevara de La Serna"Che", desde o encontro com Fidel Castro em 1956 até a sua morte na Bolívia em 1967 (o filme mostra não só a sua faceta de «revolucionário romántico» como também o do assassino que ajudou a substituir um regime totalitário por outro) - o economista francês Guy Sorman,escreve no Jornal de Noticias de hoje que o Che,enquanto «revolucionário romántico»,nunca existiu e que a sua imagem é um mito criado pelos propangadistas do Fidel Castro.Mais;diz o cronista que o verdadeiro Che "foi a encarnação daquilo que a revolução e o Marxismo realmente significavam no século XX.Che não era um humanista. Na verdade, nunca um líder comunista apresentou valores humanistas. Karl Marx não foi certamente um humanista. Fiéis ao profeta fundador do seu movimento, nem Estaline, nem Mao, nem Castro, nem Che tinham qualquer respeito pela vida humana".
Será legitimo considerar que os revolucionários comunistas como não sendo humanistas?È curioso que a maioria dos neoliberais reconhecem a propaganda ideológica como um exclusivo da extrema-esquerda mas poucos aceitam que também o neoliberalismo usa e abusa da propaganda ideológica...ou melhor,como estamos num sistema de mercado,eles utilzam o marketing.O cronista tem razão no que se refere aos crimes cometido pelos comunistas (negar isso é fanatismo) mas importantíssimo sería reflectir se esses crimes eram/são falhas ou deficiência da ideologia ou falhas,deficiência e ganância do ser humano.Tem razão também o cronista quando afirma que "igualdade,liberdade e progresso económico caminharam de mãos dadas".Mas deve ter-se esquecido de afirmar que,nessa caminhada,pelo menos até "aqui",uns foram e são sempre mais iguais que outros,uns tiveram e têm sempre mais liberdades que outros e que,infelizmente,só esses é que se beneficiaram do progresso económico.Entretanto,recomendo vivamente o filme que,pondo as leituras ideológicas de lado,está muito bom como produto cinematográfico.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nova Gerações de Politicas Urbanas: "empreendedorismo regional"

O empreendedorismo (criação de empresas) pode e deve ser incentivado pelas politicas camarárias de apoio a criação de empresas em cada região/cidade contribuindo assim para o desenvolvimento regional.Assim,cada câmara municipal cria um gabinete ou até uma  empresa para desenvolver e gerir politicas e programs de incentivo ao empreendedorismo na respectiva região.È o caso,por exemplo,do programa Amadora Empreende,da Câmara Municipal da Amadora,e a empresa DNA Cascais,da Câmara Municipal de Cascais (são 2 exemplos que,se ainda não é,deveria ser seguida e implementadas pelas nossas câmaras).Se não se enveredar pela moda de apoiar apenas o empreendedorismo tecnológico/inovador,apoiando projectos de jovens de todos os estratos sociais,é uma medida que poderá ter algum impacto no combate ao desemprego e deliquência juvenil nas zonas urbanas.Espero,sinceramente,que o programa político do actual presidente da câmara da Praia contemple uma medida parecida...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Blog Joint:Turismo em CV

È consensual a ideia que o actual estado do desenvolvimento turístico em CV não é o ideal nem o desejável sendo apontado,por um lado,o pouco impacto que o turismo teve ainda no desenvolvimento regional (os turistas não fazem compras e não usufruem da oferta cultural fora do hoteis) e,por outro lado,os maléficios inevitáveis do turismo de massa (prostituição,deliquência juvenil,drogas,etc).Paradoxalmente,essa massificação não se vê pelas ruas,montanhas,restaurantes ou bares do país porque permitiu-se a oferta abusiva,por parte das empresas turisticas,de pacotes em que os turistas não tem de sair dos hoteis;inclusive empresários estrangeiros que "compraram" parte "pedacinhos do mar criolo" (tarrafal de santiago) e hotéis onde não pode entrar caboverdianos (boavista).Ou seja,desde cedo,pelo menos nesses 2 casos,o desenvolvimento turistico foi sinónimo de privatização do espaço público.Por outro lado,a nível institucional,existe uma completa sobreposição de funções entre a Cabo Verde Investimentos e a Direcçao Geral de Turismo (este,funcionando apenas com 2 funcionários) sendo que,muitas vezes,a 1ª faz o trabalho que deveria ser feita por esta última.Essa sobreposição ou,se quisermos,a indefinição de quem deve fazer o quê,verifica-se também na promoção do país enquanto destino turístico.Caberá à CaboVerde Investimentos a promoção do país para atrair investimento estrangeiro em qualquer sector económico e caberá à Direcção Geral de Turismo as campanhas publicitárias internas e externas do país para atrair turistas estrangeiros e nacionais.Sendo que essas campanhas têm custos elevados,acho que seria razoável fazer um acordo entre o estado e as empresas/agentes do sector para se criar um fundo aútonomo destinado a gastos com promoção do país enquanto destino turístico.Talvez a partir daqui poderemos criar e elaborar campanhas publicitárias e um roteiro turístico mais profissional.È importante uma redifinição de papeis para estas duas 2 instituições estatal e é preciso urgentemente uma separação entre o turismo e as questões dos terrenos,que tem minado não só a economia mas também a sociedade.Também é consensual entre todos a aposta que o país deveria fazer:turismo cultural,turismo rural,turismo de montanhas/desporto radical,etc.Ao fim e ao cabo,isso tudo,a meu ver,significa isto:turismo de qualidade em detrimento do turismo de massa.Turismo de qualidade suportado por profissionais da área também de qualidade (daí a importância da escola profissional do turismo que deverá abrir brevemente).Felizmente que,aqui e ali,temos tido alguns casos de turismo de qualidade:veja-se o caso do hotel do empresário conhecido por "Tatone",em Santo Antão,um exemplo a seguir e que merece maior atenção.Porque devemos começar a valorizar o que é bem feito pelos caboverdianos e para Cabo Verde.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Mais Viaturas de Luxo para C.M. da Praia?

"Que se cuide Sr. Ulisses porque continuamos de olhos abertos para denunciar as suas “falcatruas”. No meio dessa salada conflituosa, os munícipes da Praia não compreendem a tamanha proeza do Sr. Presidente de comprar mais três “Jeeps Prados VX” para os vereadores Óscar Santos, António (Tober) e uma para as vereadoras, no valor de 5. 900.000.00 (cinco milhões e novecentos mil escudos) cada, totalizando o montante de 17.700.000.00 (dezassete milhões e setecentos mil escudos), acrescido ao montante de mais 8.800.000.00 da compra do Jeep V8, o que perfaz o total de cerca de 26.500.000.00 (vinte e seis milhões e quinhentos mil escudos) para quatro viaturas de luxo." Joel Abraão L. R Semedo,in A Nação,29-01-2009.

A ser verdade esta passagem do artigo citado,não há razões para se estar contente com o edil da minha cidade.Tirar comerciantes e rabidantes das ruas do Platô,conseguir germinações com camáras estrangeiras e apresentar planos para concretização futura,entre outras medidas pontuais,não é suficiente para glorificar este presidente.Pessoalmente,acho que ele só conseguiu ganhar a camára da Praia porque os praienses acreditaram que com ele a frente da edilidade seríamos confrontados com práticas de gestão mais transparente e,principalmente,maior rigor,eficácia e parcimónia na gestão do bem público.Bem sei que,estando fora do país,não poderei fazer um juízo categórico da acção do senhor presidente mas,convenhamos,pelas noticias que tem vindo ao público,mesmo descontando algum exagero da politiquice-obligé por parte da oposição,não abona nada de positivo para uma boa carreira a frente da camára.Pelo menos,e por ora,aparentemente.A aparência conta e,mais ainda,os discursos que fez enquanto era oposição têm de corresponder à prática.E o homen tem todo o tempo do mundo para arrepiar caminho....quer dizer,se realmente resolver ficar e candidatar a um novo mandato camarário em detrimento duma candidatura à 1º ministro pelo MPD. Até lá,gostaria muito que ele realmente fosse e trouxesse algo novo ou,pelo menos,algo de diferente para a minha cidade. 

Slumdog Millionaire


«O maltrapilho e o "jackpot"»

Jovens delinquentes julgam jovens delinquentes

Pelo Time Dollar Youth Court, em Washington, passam perto de mil casos por ano. A taxa de reincidência é quase metade da nacional..O objectivo é evitar que os jovens delinquentes entrem no sistema judicial geral dos Estados Unidos - após o que, provam vários estudos, têm uma forte probabilidade de se tornarem reincidentes. O TDYC é um tribunal à margem do sistema, mas que é por este reconhecido e financiado - a Governo federal assegura actualmente um terço das verbas do tribunal.
Para quem quer continuar a leitura,é só cliclar em cima do texto.Entretanto,acham que é ou não uma boa ideia?Parcendo-me também uma forma de responsabilizar os jovens,acham que seria exequível aplicar essa ideia em Cabo Verde?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Google is Watching You



A Google,uma das empresas mas inovadoras do mundo,acabou de lançar a Google Latitudes que é uma funcionalidade da Google Maps.A ideia é "mapear" a localização duma pessoa através do número de telemóvel: se quiseres saber onde "ele" ou "ela" está num dado momento do dia é só clicar na "google latitudes" no seu telemóvel,colocar o numero de telemovel dele ou dela e...voilá,ele ou ela está na rua x,porta y.Alguns dirão que isso é,nada mais nada menos,tornar realidade a novela "1984" de Orson Wells. Ah,importa dizer:este instrumento,infelizmente para alguns,não está ainda disponível para CV!

A Crise Económica Mundial em CV

Ao contrário do que o João Branco questiona aqui,o fecho de lojas chinesas não é nenhum facto digno de constituir um sinal de que a crise económica mundial "sabe do nosso paradeiro".Mesmo sem a crise,essas e outras lojas chinesas e até empresas de outras sectores poderiam fechar as portas e,isto,nada mais é do que «a dinâmica da economia».Essa crise económica já chegou sim a Cabo Verde e o seu efeito tem se sentido num dos sectores económicos mais exposto às oscilações da economia internacional: o sector turístico.Esses sinais já tinham sido noticiados aqui desde Novembro de 2008 e,esta semana,os despedimentos em hóteis da ilha do Sal foram por 2 vezes noticiada na RDP África (é estranho esses despedimentos não serem noticias,pelo menos,nos jornais online).O mais preocupante ainda é que,num país de desenvolvimento médio,alguêm que tenha a infelicidade de perder o emprego não possa contar com um subsídio de desemprego ou qualquer tipo de ajuda na procura de novo emprego ou na reconversão da carreira.Um trabalhador que vai para o desemprego fica completamente desemparado e entregue à família e à "cunha" para arranjar novo emprego.È por isso que acho que o IEFP não está a cumprir na totalidade o seu papel uma vez que demonstra muito mais dinâmica e interesse na área de formacão profissional do que com o emprego/desemprego.É compreensível que a nível estatal não exista ainda a possibilidade de criar o subsídio de desemprego por causa da nossa histórica falta de dinheiro.Mas,se se desconta para a segurança social/previdência social unicamente para a reforma e para apoio na saúde,porquê um trabalhador não pode fazer esses mesmos descontos no sector privado?Sim,estou a pensar na liberalização da segurança social: cada qual remete o seu desconto para onde acha que lhe é mais vantajoso (no privado ou no público).Repito,estou a falar em liberalização e não em privatização da segurança social.Ou seja,mantém-se os 2 sistemas porque o sector público tem a sua importância,principalmente na altura de crises económicas.Provávelmente essa é uma possibilidade já existente em CV-confesso que não o sei dizer;por outro lado,será que as empresas privadas de seguros já comercializam um produto tipo "seguro de desemprego"?
Desculpem-me a pergunta: não será justo uma pessoa desempregada ter direito a um subsídio temporário de desemprego após anos a descontar para a previdência?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Buy American

A União Europeia e o Canáda advirtiram os Estados Unidos que poderão apresentar uma queixa na Organização Mundial do Comércio por causa do programa "Buy American" incluído no plano de relançamento da economia do presidente Obama.O programa,com a boa intenção de estimular a economia interna,consiste em fazer com que as empresas que estão a beneficiar da ajuda financeira do estado comprem e utizem produtos americanos produzidos por empresas norte-americanos, ficando assim de fora empresas de outros países.Ou seja,a leitura que se fez foi a seguinte:"as empresas estrangeiras que desenrasquem porque nós estamos a tratar da nossa economia;nessa crise,é cada país por si".Ficou eminente uma "guerra comercial" contra o proteccionismo do governo norte-americano.Eis em exemplo de como,cada vez mais,uma política interna têm de ser pensada e planeada levando em consideração o plano internacional.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Contrariando Ideias Feita

Na edição de 22-01-2009 do jornal "A Nação" somos convidados a ler o artigo "Empreendedorismo numa perspectiva histórica" (na versão online não aparece o nome do autor,mas suponho,pela linguagem,que se trata de um economista/gestor),dizia,artigo esse com algumas imprecisões históricas e conceptuais e,por isso mesmo,que não ajuda no fomento de uma sociedade empreendedora.Começamos pela imprecisão histórica: ao contrário do que diz o articulista,o termo empreendedorismo não foi utilizado pela 1ª vez pelo economista Joseph Schumpter e muito menos em 1950;o economista francês do séc xviii, Richard Cantillon terá sido o 1º responsável pelo aparecimento do conçeito empreendedorismo no seu livro Essai sur la nature du commerce en général (1755).Ainda temos,entre outros,o Adam Smith (1776),o John Stuart Mill (1848),o Jean Baptiste Say (1803),Alfred Marshall (1842) e só depois o Joseph Schumpter (1934).A novidade que Schumpter imprimiu ao conçeito foi ligar o empreendedorismo com a inovação.Ainda de acordo com o articulista,o empreendedorismo "designa os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seus valores, seu sistema de actividades e seu universo de actuação" e o empreendedor sera "qualquer indivíduo que tenha características que o leve a desenvolver actividades de criatividade e inovação seja no seu local de trabalho, no bairro onde mora, com objectivo de, por exemplo, melhorar a qualidade de vida dos moradores, ou da sua vida pessoal buscando maior estabilidade ou um crescimento cultural é um empreendedor".
Ora cá está uma definição tipicamente economicista:o empreendedor como aquele que assume o risco.O empreendedorismo é visto como sinónimo de pró-actividade e dinamismo numa organização,empresa ou numa comunidade.Ou sejá,quem não for dinámico e activo e não gostar de assumir riscos não é um empreendedor.Indo aos extermos,a ideia é que "nasce-se com o genes do empreendedorismo no dna" e,portanto,nem todos podem ser empreendedores.Definição essa,contudo,errada e contrária,por ex,a ideia duma formação profissional em empreendedorismo (afinal de contas,ainda não se sabe como ensinar àqueles que não nasceram com o tal gene a serem mais propensos a assumpçao de riscos).O risco é uma característica dos negócios em si e não uma caracteristica da personalidade dos empreendedores.O empreendedorismo,o seu estudo,bastante complexo porque necessáriamente multidisciplinar (sociologia,economia,antropologia e psicologia),é visto como um processo sujeito a diversas influências e não como  algo estático e repetitivo;está dependente das variações individuais bem como do contexto social que influência o empreendedor e é por ele influênciado.O empreendedorismo começa com a sua essência: reconhecimento de oportunidades!