Em África, todas as manhãs, uma gazela acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que o leão, ou será morta. Em África, todas as manhãs, um leão acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que a gazela, ou morrerá de fome. Não interessa se és leão ou gazela. Quando o Sol nascer, tens de correr mais depressa...se queres continuar vivo.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Sobre a Confiança
Em boa medida,a conceptualização do problema hobbesiano da ordem,a discussão dos factores que garantem o cimento social,a problematização dos dilemas da acção colectiva,a tomada de decisão em torno das melhores formas de organizar as transacções mercantis,mais não são do que variações do tema da confiança.Autores há que identificam a confiança como a causa maior que permite explicar o sucesso de determinados Estados-Nação e o falhanço mais completo de outros (Fukuyama).Se a civilização é um produto emergente de níveis alargados de confiança,por que é que as sociedades contemporâneas parecem mergulhadas em níveis maiores de desconfiança e se sente uma necessidade crescente de instilar níveis elevados de confiança na sociedade?Embora se acredite que a confiança gera igualdade e democratização (reforço da ideia de sociedade civil) e que estas,por sua vez,reforçam o sentido da confiança nos outros (trust) e ampliam a confiança (confidence) que depositamos nas instituições,devemos ter alguns cuidados,de modo a escapar a uma interpretação naif.Provocatoriamente poderemos afirmar que não é a confiança que se constitui em elemento civilizacional,mas a desconfiança.È por haver uma crise de confiança que surgem as instituições e os contratos,é porque se concebe a hipótese de um "outro" como alteridade radicalmente inconciliável com o "nós" que se pensa na categoria fundacional do contrato e das cláusulas de protecção (o excesso de leis e o proliferar de regras e de normas têm como efeito perverso a promoção dos próprios comportamentos que pretendem penalizar ou reprimir;a sociedade mais normalizada pode ser aquela em que as normas vigentes são menores.Falar em sociedades de confiança talvez possa equivaler a falar em sociedades de base minimalista,onde o terreno constitucional refere as normas básicas de entendimento e o tudo o resto fica sujeito a uma arbitragem consuetudinária moldada pelas relações recíprocas).Aqui temos como a confiança surge como elemento de civilização (com a sua articulação de interesses divergentes),à maneira liberal;e como a desconfiança e o medo podem ser entendidos como os grandes fautores das instituições,dos contratos,dos árbritos e das terceiras forças.Se a confiança produz civilidade e convívio é porque a desconfiança campeia.
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