quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desemprego/Emprego

O que pode fazer qualquer governo para combater o desemprego ou criar o emprego?Alguma coisa,talvez seja essa a resposta correcta.Mais precisamente: a criação do emprego ou a diminuição da taxa de desemprego não depende exclusivamente de um governo.Como já é do senso comum que o Estado não pode servir para combater o desemprego através da criação de emprego público,o que resta aos governos é criar condições institucionais (impostos,segurança social,lei laboral,etc) que estimulem o emprego privado e intervir nos factores que possibilite a mudança no padrão de especialização da nossa economia.E essa intervenção governamental só produz efeito a médio-longo prazo.Daí que desemprego/emprego seja particularmente "ingrato" para os partidos que o utiliza como arma de aremesso política: quando um partido vai para o governo acaba sempre por ser acusado por aquilo que antes,na oposição,acusava o anterior governo.É por isso que é,para mim,mais fácil compreender que um partido pequeno utilize o desemprego para o combate politico do que os partidos do arco do poder.Aquele que hoje acusa um governo de ser incapaz de criar emprego,amanhã será acusado pelo mesmo "crime".

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Estado da Nação I

"Quem é a favor das familias?Quem não paga os salários (como o MPD fez em 1999) ou quem,em pleno período de uma crise económica internacional,não só paga os vencimentos mas também baixa os imposto singular (IUR)?"
"Desafio o grupo parlamentar do MPD a perguntar a qualquer quadro do ministério das finanças se existe qualquer intervenção do governo nesta matéria (na manipulação de dados financeiros)?"

Ministra das Finanças,Cristina Duarte,no debate Estado da Nação.

Eis porque gosto desta ministra: contudente,directa,séria e racional.Claramente,há muito pouco profissional como ela na vida política.Infelizmente.Não me importo de repetir:Cristina Duarte seria a minha 1ª ministra!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Semanário angolano processado por referências à actuação do Presidente

«Em Abril último, o jornal publicara duas breves notas a sugerir que o Presidente José Eduardo dos Santos não deveria ser dissociado dos actos menos conseguidos do seu Governo.Numa dessas notas, "A Capital" disse mesmo que o Chefe do Estado "tem as impressões digitais em tudo o que acontece, pois nada se aprova em Angola, sem que o 'mais velho' ponha o seu bedelho, mesmo em assuntos que ultrapassem o seu domínio".Na outra, o jornal afirmou que o Presidente "pode falar o que bem lhe recomendar a pura gana, mal acorda, mas não pode tomar a todos como mentecaptos".
A procuradoria-geral entendeu que, em ambos os casos, houve abuso da liberdade de imprensa e atentado à honra do chefe do Estado, tendo levado particularmente a mal o recurso a expressões como "bedelho" e "inocentezinho"»
.

O que aconteceria a alguns jornais de Cabo Verde,imprensa e online,se tivessemos a mesma "liberdade de expressão" daquela que vigora em Angola?

Somália contratou a PriceWaterhouseCooper para gerir as suas Finanças

"Num país sem recolha de impostos, serviços públicos ou nem funcionários, o governo de transição da Somália decidiu recorrer aos serviços da consultora PriceWaterhouseCooper para recolher os fundos públicos, colocá-los numa conta no exterior e gerir as despesas públicas".
Uma iniciativa dessas,para outro sector qualquer onde temos mais dificuldades organizacionais,seria um escándalo em Cabo Verde?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Governo pondera salário mínimo ainda para 2009

De acordo com a página do governo,«O Primeiro-Ministro,José Maria Neves,afirmou,na manhã desta terça-feira,após um encontro com líderes sindicais,que o salário mínimo poderá ser instaurado em Cabo Verde, ainda este ano,após a conclusão dos estudos sobre a matéria em sede de concertação social,ou seja,envolvendo o Governo,os sindicatos e os empresários.(...)"Já estamos a trabalhar,espero que no horizonte deste ano possamos fixar o salário mínimo que está a ser discutido em sede de concertação social,com a participação activa dos empresários e dos sindicatos",avança o Chefe do Governo à imprensa."Estamos a negociar os montantes", afiança».
O salário minímo deve ser visto como um instrumento de regulação salarial e não como um factor da competitividade,quer empresarial quer nacional.Por outro lado,um salário minímo nacional é uma questão de justiça social.Quêm não se sente incomódado ao saber que uma funcionária numa loja chinesa trabalha 10 horas por dia,muitas vezes aos feriados e aos sábados,para receber,por ex.,8 mil escudos por mês?E é simultâneamente injusta quando,um outra funcionária numa loja chinesa exactamente ao lado daquela,para a mesma hora de serviço prestada,ganha 10 contos.Não se trata de nivelar por baixo o salário para todos uma vez que acredito no mérito individual e este deve ser recompensado;trata-se simplesmente de estipular um rendimento minímo que garanta a sobrivivência dos trabalhadores.Como Simmel demonstrou em relação ao dinheiro,o salário não tem apenas um valor monetário ou económico: ela tem um valor social e moral e,por isso,deve existir um mínimo abaixo do qual um salário se torna social e éticamente imoral.É lógico que esse salário minímo pode,eventualmente,dissuadir muitos "microempresários" de passar do sector informal para o sector formal e,por isso mesmo,há que criar mecanismos de incentivo específico para este sector.Faz bem o governo em avançar com essa medida que está na constituição desde 1992 (daí que seja compreensível questionar o timing do MPD) e,no resto,estarei aqui para ver quem avançará com a outra medida de âmbito social que já se torna necessário no país: o subsídio de desemprego!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Defender os Trabalhadores ou Fazer Oposição Política?

«De acordo com José Manuel Vaz, no sector agrícola, já não são as simples tarefas de ajudar os pais. “Encontramos crianças com enxadas nas mãos a trabalharem de manhã à tarde e o Governo não faz nada”, sublinhou. O mesmo se passa no sector informal, diz, “com crianças nas ruas a vender água, guloseimas, e de tudo um pouco, por todo os cantos de Cabo Verde”».

Isto é um sindicalista a defender os "seus" trabalhadores ou um político "fazendo" política? Bem sei que a actividade sindical é indissociavel da vida política-partidária (em toda a parte existe sindicatos X com ligação ao partido Y,principalmente centrais sindicais).Lemos e ouvimos um conjunto de denúncias sobre a pobreza,o desemprego,a inflação e a ineficácia do governos para resolver esses problemas.A vontade do senhor sindicalista é que estas situações sejam discutidas no debate sobre o Estado da Nação - isto é o que se pode chamar de desejo auto-realizável.Quanto às propostas da respectiva central sindical para "melhorar" a situação laboral dos trabalhadores que defende e que podia apresentar aos partidos politicos,nada!
A acção sindical sofre os efeitos da diminuição do número de aderentes,do decréscimo da mobilização e da crise do militantismo.Nas organizações sindicais manifestam-se tensões entre a base e o topo e evidenciam-se dificuldades de articulação entre as reivindicações que se colocam ao nível da empresa e das políticas sindicais globais.O sindicalismo corresponde,em muitos casos,à defesa de privilégios e de interesses corporativos,mostrando-se incapaz de intervir em favor dos desempregados e dos que ocupam posições periféricas.Ao conjunto destes problemas juntam-se,na conjuntura actual,os que se relacionam com as transformações ocorridas na divisão internacional do trabalho e com a necessidade de reforçar a competitividade da economia nacional.O sindicalismo caboverdiano identifica-se com o modelo clássico,em que a acção sindical se subordina acção política dos partidos.Um central sindical "moderno" é aquela que já não é apenas uma organização reivindicativa.Quais são as políticas sindicais seguida pela UNTC-CS e pela CCSL?Face a este processo coloca-se a questão de saber qual a natureza da acção sindical em Cabo Verde: actor dominado,confinado a uma acção de resistência e de defesa comunitárias,ou actor empenhado num esforço de modernização económica,social e cultural,que contesta determinado tipo de orientações,que delineia projectos alternativos e contrapõe soluções.

“Praianas – Revisitações do Tempo e da Cidade”

“Praianas – Revisitações do Tempo e da Cidade”, de José Luís Hopffer Almada, tem no sábado segunda apresentação em Portugal: na Associação dos Antigos Alunos do Ensino Secundário de Cabo Verde, na rua Manuela Porto, nº 12 A e B (Carnide). A apresentação do livro está a cargo de Elsa Rodrigues dos Santos, presidente da Sociedade de Língua Portuguesa e especialista em literatura cabo-verdiana, e de Ana Paula Tavares, poetisa, escritora e historiadora angolana. À apresentação do livro segue-se um recital da poesia do autor e a apresentação de um DVD sobre Manuel Lopes, da autoria do jornalista e escritor cabo-verdiano Danny Spínola.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Quero ser vice-reitor da UNI CV

Sendo um simples licenciado e funcionário de um dos muitos departamentos públicos que foram criadas apenas para dar emprego a alguém,entre os quais me incluo,e tendo um salário razoável,confesso o meu fascínio por vários cargos públicos que gostaria de ter no meu currículo profissional.Uma delas,pelo status,é a da vice-reitoria da Universidade Cabo Verde.Mesmo que tenha de fazer um esforço para fazer um dos mestrados das nossas universidades.É que,basta ter um mestrado para se ser vice-reitor da universidade pública que se quer de qualidade.Estamos a brincar: faculdades/departamentos autónomas têm como presidente,e bem,pessoas com o grau de doutoramento enquanto a universidade tem como vice-reitores (3) pessoas com apenas o grau de mestrado!Como dizem os brazucas,fala sério!Eu sei,podem dizer-me que estou sendo preconceituoso (e sei que o meu próprio colega do blogue vai me dizer isso) mas,carago,não-se pode ser mais exigente com a estrutura directiva duma instituição cuja imagem deveria ser rigor e exigência?Não é que essas pessoas sejam menos competentes ou menos profissionais para o lugar;o problema é simples: o doutoramento possibilita uma outra experiência de investigação ciêntifica e de conhecimento de meandros da vida académica que um grau de mestrado não possibilita.Por outro lado,os graus académicos servem para hierarquizar as competências e as responsabilidades dentro de uma instituição universitária.É por isso que um professor universitário só atinge "certos" cargos na carreira universitária após a obtenção do doutoramento.Comparemos a nossa equipa reitoral com,por exemplo,a da Universidade Coimbra, Universidade de Lisboa,Universidade Nova de Lisboa,Universidade de Aveiro ou Universidade Técnica de Lisboa.Verifica-se algo em comum: as equipas são todas constituidas por Professores Doutores e professores catedráticos.Será que não existem professores com grau de doutor em número suficiente na universidade de cabo verde?

domingo, 19 de julho de 2009

Principais razões para a criação de uma empresa no Municipio da Praia*


Item Factores %
1º Procurar independência profissional 33,53
2º Experiência adquirida no negócio, por conta própria 17,80
3º Outros motivos 16,62
4º Herança 8,41
5º Exemplo de família 7,30
6º Identificação de uma oportunidade 7,17
7º Por não conseguir um emprego 3,01
8º Procurar uma actividade após aposentação 3,23
9º Curso de empreendedorismo 2,93

*FERREIRA, Orlanda Maria Duarte Santos - O empreendedorismo. O perfil do empreendedor da Ilha de Santiago Cabo Verde. Lisboa: ISCTE, 2008. Tese de mestrado.

sábado, 18 de julho de 2009

Construção Social da Corrupção*

«A literatura recente é dominada por enfoques econômicos que se concentram em identificar estruturas de incentivos que facilitam a corrupção e estimar seu impacto na eficiência econômica. Estes enfoques são normalmente modelados pela teoria da agência, na qual o indivíduo corrupto é um agente traindo um outro que o investiu de obrigações fiduciárias.Nestas análises, a relação entre os agentes é definida pela maneira como os incentivos são arranjados, e os atores são indistinguíveis ou indivíduos “representativos”.Classificar um comportamento de corrupto acarreta, inevitavelmente,um julgamento sobre qual comportamento seria legítimo e apropriado; no caso, emerge um componente social irredutível ao qual se tem dado, surpreendentemente, pouca atenção. Julgamentos de legitimidade são parte de estruturas normativas mais amplas,produzidas em todas as estruturas sociais conhecidas.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Falhas de controlo das entidades públicas abrem porta à corrupção

«A Falta de verificação dos trabalhos a mais nas empreitadas. Ausência de verificação dos termos em que os contratos públicos são celebrados. Falta de controlo sobre conflitos de interesses e favoritismos. Ausência de sensibilização dos funcionários públicos para a intolerância face a casos de corrupção. São algumas das falhas detectadas pelo Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC) na actuação dos organismos públicos. E representam “riscos elevados de corrupção”.(...).Quando os contratos são de aquisição de bens ou serviços, verifica-se não existirem medidas para prevenir conflitos de interesse, pondo-se em causa a transparência e abrindo a porta a “eventuais situações de corrupção e de favoritismo injustificado”. Para mais, é frequente só se avaliar a qualidade e o preço dos bens e serviços adquiridos depois das compras e contratos feitos (...)».

Qualquer semelhança com a nossa realidade é pura coincidência...Estamos condenados,de 4 em 4 anos,ao mesmo ritual sem consequências nenhumas.Quais são as responsabilidades criminais dos políticos?Quais deveriam ser as consequências duma responsabilização política?A existir uma lei,um artigo ou um código de responsabilização política,porque nunca foi aplicado (mesmo que retroactivamente)?E ainda os políticos se queixam que as pessoas estão afastado da política...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O liberalismo é de esquerda

"Na linguagem corrente, o liberalismo é associado à direita. Quando dizemos que alguém é liberal situamo-lo, quase sempre, no lado direito do espectro político. Mas isso é um erro de três pontos de vista: histórico, doutrinal e político.
De um ponto de vista histórico, o liberalismo afirmou-se como a alternativa de esquerda a um conservadorismo mais ou menos reaccionário, mais ou menos saudoso da monarquia absoluta e do Antigo Regime. Durante o século 19, antes do triunfo do socialismo, ser de esquerda ou ser liberal era a mesma coisa. Note-se que este carácter progressista do liberalismo está ainda hoje presente em alguns países, sobretudo na América. Como aí nunca tiveram sucesso as ideias socialistas, ser de esquerda é ser liberal. Obama, por exemplo, é um liberal no sentido americano, ainda que moderado.
De um ponto de vista doutrinal, o liberalismo é de esquerda na medida em que transmite uma visão profundamente igualitária. Aquilo que separa a esquerda da direita - qualquer tipo de esquerda de qualquer tipo de direita - é precisamente a diferença das posições em relação à promoção da igualdade. O liberalismo bate-se pelas liberdades iguais para todos os cidadãos e pelo tratamento não discriminatório de grupos historicamente discriminados: as mulheres, as minorias religiosas, étnicas ou sexuais. Mas o liberalismo defende também, desde o século 19 e até aos nossos dias, uma maior igualdade em termos de oportunidades e da distribuição da riqueza. Foi assim com John Stuart Mill, no século 19, e assim continuou com John Rawls, no final do século 20.
De um ponto de vista político-partidário, em Portugal e não só, o liberalismo mantém-se à esquerda. Isto não quer dizer que pelo menos uma parte dos partidos da direita não defenda o mercado livre. Mas preconizar o mercado livre não faz de ninguém um liberal. Se assim fosse, Pinochet e as autoridades chinesas seriam liberais distintos. Na direita portuguesa, os que aderiram ao que chamam "liberalismo clássico" na economia são, em boa verdade, conservadores e não liberais. São- -no sempre em matérias de costumes e de bioética. Nunca se preocupam muito com a defesa das liberdades individuais. Desconsideram as minorias. A sua adesão ao mercado livre deriva apenas da oposição à política igualitária da esquerda. Defendem o mercado contra o Estado social e distributivo, não a favor da liberdade.
Dito isto, não nego que possa existir, em tese, também um liberalismo de direita. No entanto, para ser consequente, esse liberalismo tem de defender a liberdade de cada um de fazer o que quiser consigo mesmo e com a sua propriedade, contra um Estado igualitarista, mas também contra um Estado conservador. É o que podemos encontrar, por exemplo, num autor como Robert Nozick. Porém, os movimentos políticos que dele se reivindicam são negligenciáveis e, em Portugal, não existem de forma nenhuma. Decididamente, o liberalismo é de esquerda.
"

João Cardoso Rosas,Professor universitário de Teoria Política
fonte: Ionline

Saída de Pedro Pires da Vida Política Activa

Se há passagem que gostei na declaração do Pedro Pires de que vai abandonar a vida política activa após o fim do mandato é quando ele diz que esse acto não é "um exemplo mas sim uma normalidade"!A não ser que alguém esteja a pensar propór uma mudança da constituição no sentido de um 3º mandato presidencial,como está na moda agora,o resto não passa disso mesmo,uma normalidade numa democracia sedimentada...

Politik Kills- Manu Chao

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Carlota Pérez: a economista que tem a solução para a crise

"(...)
Depois da crise, qual será o papel do Estado?
É como ter um doente em estado crítico. A prioridade é salvá-lo. Depois de salvo, a preocupação passa por evitar que ocorra o mesmo. Há muitas formas de fazer isso. Primeiro, mudar as regras de funcionamento do sistema financeiro, dar-lhe mais transparência. O casino financeiro operava num registo de total opacidade. Madoff é só a ponta de um iceberg de comportamentos duvidosos na sombra. Segundo, uma regulação global. Não se pode controlar internamente um sistema que funciona sem fronteiras. É também preciso que o sistema financeiro se volte para a economia real, apoiando a criação de riqueza na produção. Para isso é preciso mudar os incentivos e até a fiscalidade. Os prémios e incentivos ainda passam pela tomada de risco. Esse foi o caminho do colapso. Criar emprego, investir em formação, exige esforço e não faz milionários em pouco tempo.
Esta mudança é fulcral para se chegar à nova época dourada?
Muito. A questão ambiental é outro grande espaço tecnológico possível e que tem que ser criado. Ele existe, mas o mercado não é suficientemente grande para ser incentivador. A globalização tem que ver com a possibilidade de ampliar mercados e a produção, e isto virá reduzir os problemas de terrorismo, da imigração, aproximando os continentes que ficaram atrás: África e América Latina.
Mas as tecnológicas já investiram nessas geografias
O investimento é bom, mas não pode ser feito à custa de desemprego na Europa. A solução passa pela especialização regional. Para os países desenvolvidos há várias áreas: entretenimento, educação, indústrias criativas, ambientais, biotecnologia, nanotecnologia, etc, o que supõe investimentos em massa e emprego por muitos anos. Já a produção, que requer muita mão-de-obra, pode ser oportunidade nos países densamente povoados como os asiátios, enquanto a indústria de processamento de materiais, química ou agro-industrial poderia sediar-se na América Latina e África que têm muitos recursos naturais. A globalização plena da produção pode elevar o nível de vida do terceiro mundo como o Welfare State fez com o primeiro mundo.
Esta crise terminará a curto ou longo-prazo? Uns falam que será em V, outros em W?
Dizem que vai ser um V, ou um W, porque consideram que é uma crise comum que se ataca com políticas típicas. Se apenas estivermos dedicados a curar o sistema financeiro não vamos ter um W, mas sim sete dromedários seguidos. Subida, queda, subida, queda e cada vez pior, até que se perceba que as mudanças necessárias não são só financeiras. São muito mais abrangentes: um Bretton Woods mais o Welfare State. Não podemos ter uma economia próspera sem que as decisões de investimento passem para o capital produtivo. Uma empresa que hoje queira investir a três ou quatro anos não consegue. Porquê? Porque a bolsa exige-lhe que a cada três meses tenha mais lucros.
O curto-prazo é autodestrutivo?
O carácter de curto-prazo do capital financeiro prejudica economia. É preciso pensar a longo-prazo em projectos, infra-estruturas, mudanças relacionadas com ambiente e sociedade, e que não serão feitas pelas finanças onde tudo é lucro fácil.
fonte: Ionline (entrevista a Carlota Perez)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Obama Deception


este vídeo é o documentário completo,sem legenda,que também pode ser visto aqui.

Era previsível um documentário deste tipo,de autoria de Alex Jones,onde se tenta expor supostas mentiras,falsidades,a farsa cientificamente preparada e planeada pelo poderoso sistema financeiro americano (banqueiros).O que me espanta é a pressa já que o homem ainda nem teve para se "coçar"!Eu,que não sou muito dado à teorias de conspiração,apetece-me dizer que,com o Bush e os republicanos fora do poder,tinha de aparecer um contraponto ao Michael Moore.

Carousel (vencedor na categoria de filme publicitário do Cannes-Lions 2009)

domingo, 12 de julho de 2009

Alergia ao Trabalho

Nas minhas ultimas férias em Cabo Verde,estando em Tarrafal a passar um fim de semana,constatei que na maioria dos restaurantes onde entrei os trabalhadores eram,na sua maioria,imigrantes.Cheguei a questionar a um proprietário sobre isso,a qual ele me respondeu com um categórico "a maioria dos jovens caboverdianos não querem trabalho mas sim emprego,acham que trabalhar nos restaurantes ou nas obras é pouco para eles".Hoje em dia é banal ouvirmos e proclamarmos afirmações desse tipo,principalmente quando estamos a falar do desemprego jovem.Contudo,talvez o mais correcto seja dizer que "os jovens não querem certo tipo de trabalho".Estamos claramente,em Cabo Verde,perante o problema da desadequação entre a qualificação do trabalhador e a qualificação do posto de trabalho.A massificação do ensino e o aumento do nível de habilitações da população faz com que a acomodação dos indivíduos ao "conteúdo pobre" do trabalho seja cada vez mais problemática,gerando uma espécie de dessincronia entre qualificações escolares e conteúdo das qualificações profissionais.A divulgação da ideia de que há uma rejeição,por parte dos jovens,ao trabalho encontra nem toda mas uma boa parte de explicação neste problema,ao contrário do que algumas interpretações fazem crer,quando insinuam que isto se deve a uma certa "alergia ao trabalho".

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Aversão ao Risco

Muitas pessoas,principalmente aquelas que têm formação na área de gestão e economia,defendem que uma das principais razões da taxa do empreendedorismo ser baixo é porque os caboverdianos,principalmente os mais jovens,têm um alta aversão ao risco.A ideia é que as pessoas têm medo de investir o seu dinheiro abrindo uma empresa que pode falir e,por isso,procuram encontrar um emprego no Estado ou numa grande empresa para não correr o risco de perderem o seu dinheiro.Como é que se pode reduzir essa aversão ao risco e o medo de criar uma empresa?Existe um mecanismo no mundo politico que pode ser perfeitamente adaptado a este sector:falo do "subsídio de reintegração" (não tenho a certeza como é o nome) que os políticos têm direito quando deixam a vida política e regressam à sua anterior actividade profissional.Poderia-se criar um fundo de transição para aqueles que criaram uma empresa e que,por diversos motivos,veio a falir ou a fechar (óbviamente nem todos terão direito a esse fundo).Esse fundo funcionaria como que um subsídio de reintegração dessas pessoas que,deste modo,não se senteriam totalmente desemparado depois do fecho da empresa que criou.Seria uma medide de segurança para aqueles que tencionam arriscar e abrir uma empresa.

Corporativismo Profissional?*

É óbvio que a comercialização de pacotes turísticos all inclusive é prejudicial para Cabo Verde e para as ilhas,que estão a desenvolver pouco ou nada apesar do aumento do números de turistas e do aumento do lucro das agências de viagens estrangeiras como,por exemplo,o aumento de vendas do Soltrópico que foi noticiado hoje pelo público.Que o país deve apostar no turismo de qualidade e no turismo de nicho (turismo cultural,turismo rural,de montanha,religioso,etc etc) em detrimento do turismo de massa (sol e praia),todos estamos de acordo.Contudo,o que não posso defender é que se faça depender a qualidade do nosso turismo e a eficácia da política turística da formação académica do director geral da Direcção Geral do Desenvolvimento Turístico,como diz o Orlando no Maktub.Se calhar é normal estranhar o facto de uma pessoa formada em Ciência Política estar a dirigir uma direcção ligado ao sector do Turismo.Acontece que,uma direcção geral,de qualquer área,tem por missão elaborar e implementar as políticas públicas da respectiva área e,uma das áreas de especialidade duma licenciatura em ciência política,é,justamente,políticas públicas (é por isso que se pode encontrar um cientista político a assessorar vários ministérios diferentes).Por outro lado,salvo algumas exepções,num lugar desses,o essencial não é a especialidade académica mas sim a capacidade de liderança e gestão.Desde que seja bem assessorado por técnicos especializados na área...e,na Direcção Geral do Desenvolvimento Turístico,dos 5 técnicos que la trabalham,4 são formados em turismo e 1 tem mestrado em marketing.Se de lá vai sair correctas e acertadas políticas turística,ou políticas turísticas errdas,não vai ser por causa da formação académica do seu director.A mim,o que me faz confusão nessa direcção não é a formação académica do director mas sim a quantidade de técnicos que lá trabalham,que é manifestamente insuficiente para um país que tem o turismo como o principal sector económico.

* será que quando alguém duma área de formação diz coisas do tipo "um sociólogo não pode gerir uma empresa" ou "um jurista não pode ser director duma televisão",não estaremos perante caso de corporativismo profissional?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

BlogJoint:Revisão Constitucional e os Políticos Nacionais

Geração20J73,Ku Frontalidade,Bianda,Teatrakacia,TempodeLobos,PassageiroemTrânsito,
Hiena,NosBlogue,AmilcarTavares,EmilioRodrigues,PedraBika

Avanços e recuos nas negociações entre os grupos parlamentares numa revisão constitucional "deve" ser normal no jogo político não sendo,portanto,nada alarmante ou nada que não seja esperado.Parece-me é que essa eventual revisão constitucional foi,ou está sendo,uma oportunidade perdida para uma abertura dos partidos à sociedade civil.Uma vez que,aparentemente,nada vai mudar daquele lado,que tal,desta vez,em vez de queixarmos da "falta da atenção" dos politicos e dos partidos,sermos nós,todos os interessados em participar e dar a nossa opinião,a tomar a iniciativa?Como podemos fazer isso?Se acho que um ponto qualquer da constituição pode e deve ser alterado,elaboro um texto fundamentando teóricamente a minha posição e envio para os dois grupos parlamentares.E se,em vez de enviar unicamente a minha proposta,juntarmos o meu ponto de vista ao teu,à dele,aos outros,tudo num único documento e enviarmos a todos os partidos?Este é o tema e a oportunidade perfeita para passarmos para a acção.Isto sim seria uma forma de participar activamente.Quem está interessado?Estou sendo ingénuo?A Constituição da República é demasiado importante para ser deixado aos partidos políticos e apenas à alguns sábios!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Liberdade é como o Vento: Utopia

Fundação Amilcar Cabral, cidade da Praia
5 a 12 de Julho 2009. Abertura 5 de Julho, 17h30

O Lugar da Electra

A taxa de iluminaçao publico foi chumabada no parlamento.As câmaras não pagam as dividas à vários anos e,por isso,transferem essas dividas para o estado central, causando problemas de tesouraria à empresa e,duplamente,a todos nós contribuintes.É que,a dívida de 450 mil contos tem de ser paga sob o risco da empresa falir.A oposição vai aproveitando para, chumbando a taxa no parlamento, cavalgar a onda do descontentamento para obter aproveitamento eleitoralista: a culpa da situação da empresa não é da falta de dinheiro para investir, não é dos erros de gestão ao longo do tempo, não é da privatização mal feita anteriormente; a culpa da situação é do governo. Quando o governo escolhe a sua via para resolver esse problema, essa mesma oposição não deixa passar a medida escolhida. Assim, a oposição contribui para que continuemos a ter constantes corte de luz e agua e, ao mesmo tempo, garante condições para que a população continue “zangado” com o governo por causa da Electra até as próximas eleições. Se o governo tem a sua parte de culpa nesse problema, a oposição também tem a sua cota parte: pelas responsabilidades que teve no passado e, principalmente, porque ela está na parlamento para também ajudar a resolver os problemas do país: discordando do que tem para discordar mas também apresentando as suas ideias e propostas.Enquanto isso, a população que sofra com a falta da agua e da luz...até a próxima eleição porque,o que interessa,é esticar a corda até as eleições onde irão apresentar a respectiva visão desta situação.A empresa,a Electra,não passa de um adorno estatal que é utilizada para fins políticos.O que sobra deste história é politiquice a mais e análise empresarial a menos.Eu gostaria,ao menos,que a oposição,ao chumbar a proposta,apresentasse a sua medida.Estou completamente de acordo com o Hiena,estamos fodidos com esses políticos,principalmente com essa oposição!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pidi Fatura...ou da Necessidade de Mudar a Percepção Social dos Impostos

Pagar os impostos é um dever cívico ou um "roubo" institucionalizado?Qual é a visão que os cidadãos tem dos impostos?Qual é a relação entre o contribuinte e o «cidadão-contribuinte»?Todos acreditamos que o cidadão cabo-verdiano tem uma péssima relação com as finanças e aquele tem uma péssima imagem deste.Achamos todos que o Estado deve gastar sempre em quase tudo mas que não deve cobrar.As Finanças,ou o Fisco,são tanto odiada como temida.Porque é que nos paises nórdicos a sanção social dirige-se àqueles que fogem ao fisco e nos países do sul - em CV também - aquele que foge ao fisco obtém reconhecimento social?Em Cabo Verde invejamos aqueles que têm a esperteza para conseguir fugir ao fisco.Mal damos conta que o jogo de soma zero aplica-se na perfeição aos impostos: se Manel paga menos 20 contos,o Luis vai ter de pagar mais 20 contos.
Como se muda esse cenário?Fazer campanhas de marketing,ou aquilo que os especialistas chamam «marketing social»,é útil mas,geralmente,pouco produtivo.É positiva a campanha na Direcção Geral de Contribuições e Impostos,"Peça a Factura", assim como é positiva a intenção de "regularizar" o sector informal (2000 milhóes de escudos de prejuízo anual por fraude fiscal - 1% do PIB).Para que a «nossa» relação com o fisco mude,temos de mudar a nossa "cultura fiscal" e,fazemos isso,apostando na Educação Fiscal,desde o ensino básico (é aqui que aprendemos e apreendemos todos os hábitos,o bom e o mau).Assim como se introduziu matérias/disciplinas como "educação ambiental" nas ecolas,as nossas crianças devem aprender matérias como "educação civil","educação fiscal" e,já agora,"empreendedorismo para crianças e jovens".Aqui se vê que grandes os principais problemas actuais da nossa sociedade têm como causa primeira as falhas na socialização.