quinta-feira, 31 de março de 2011

Evitável

E pronto,com a candidatura de Aristides Lima,é o PAICV,enquanto partido, quem corre todos os riscos: com,pelo menos,duas candidatura da mesma área política,a próxima eleição presidencial vai dividir o partido e,se o candidato apoiado pelo partido não ganhar,vai causar estrago na actual liderança do partido.E pior ficará se David H. Almada,com toda a legitimidade,também se candidatar.Tudo isso era evitável,desde que se pensasse no partido em detrimento da fidelidade política.Tivesse sido os militantes a escolher o candidato a apoiar,o candidato preterido não diria agora que se candidata porque "tem o apoio dos militante".Definitivamente,o poder não é boa conselheira!

segunda-feira, 28 de março de 2011

“Mulher e Poder” de Crispina Gomes

«Para conhecer melhor a situação da mulher em Cabo Verde, a autora lançou um inquérito a um grupo de homens e mulheres sobre a presença da mulher nos órgãos de decisão. “A resposta foi que essa presença era pouco expressiva, principalmente a nível do Parlamento, dos Partidos Políticos e Sindicatos. Isso deve-se a muitos factores que o livro trata de elencar, quais sejam a cultura patriarcal, que considera o homem superior à mulher; a auto-exclusão das mulheres; a sua baixa escolaridade e a sobrecarga de trabalho doméstico a que é submetida”, relata Crispina Gomes».

Acredito que o mérito é o que tem menos peso, recrutar em função do género é uma imposição simbólica, a popularidade e a visibilidade social ajuda muito e o que realmente conta são as redes sociais. A militante A e a militante B são quadros competentes, com um percurso profissional rico e duas militantes empenhadas. O que explica a inclusão de A numa posição elegível e a ausência de B na lista, se tanto um como outro conseguiram mérito nas respectivas profissões e são igualmente militantes activas? O que explica que haja sempre mais homens do que mulheres nas listas para deputados? O critério principal é o capital social que se obtém através das respectivas estrutura de redes sociais das pessoas. Quanto melhor posicionado na estrutura de redes sociais do partido mais capital social têm o indivíduo no seio do partido; quanto mais capital social, maior é a probabilidade de fazer parte das listas ou de obter um bom cargo político. As mulheres não estão em menor número nas listas porque são discriminadas: são as pessoas que fazem parte das listas é que têm mais capital social, independentemente de serem homens ou mulheres.

sexta-feira, 25 de março de 2011

CaboVerde2016

No pilar "Construir uma economia dinâmica, competitiva e inovadora, com prosperidade partilhada por todos" do site pergunta-se no site: Como impulsionar a inovação e o desenvolvimento tecnológico?


De um modo muito geral,a minha resposta podia resumir-se a isto: apoiar a investigação cientifica nas nossas universidades e a criação de empresas com base nessas investigações como forma de transferência de tecnologia, incentivar a inovação no seio das empresas e incentivar o desenvolvimento do capital de risco.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Tarefas para António Correio e Silva


A frente do Ministério do Ensino Superior,Ciência e Inovação,o historiador António Correia e Silva vai ter de fazer muito mais de que regular e controlar o "mercado" universitário ou gerir o sistema de bolsas de estudos.Assim, na área de ciência e inovação vai ter de:
 - criar e implementar um sistema de apoio à investigação cientifica capaz de englobar tanto a universidade pública como as universidades privadas;
 - no país não há parceria entre a investigação cientifica e as empresas, o meio cientifico está muito virado para dentro, ainda não se virou para a economia real; mesmo quando há cooperação entre as empresas e o meio cientifico, não há transferência do conhecimento;
 - por fim,em conjunto com o ministério responsável pela questão empresarial,tem de elaborar e implementar,pela 1º vez na história política do país,uma politica de inovação capaz de incentivar a inovação nas empresas já existente a a criação de empresas baseado em conhecimento.
Uma tarefa árdua e gigantesca,impossível de colher resultados nesta legislatura,mas terá de ser feita de modo a deixar uma base sólida de apoio à inovação no país.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Plan B - She Said

Novos Ministérios

O nosso primeiro-ministro utiliza muito a palavra inovação quando quer ou pensa introduzir alguma mudança a nível organizacional ou de procedimentos. Por isso não me admirou quando ele disse que ia inovar na orgânica do novo governo. Contudo,na minha modéstia opinião,a estrutura orgânica do novo governo tem mais de invenção do que inovação.Em primeiro lugar, 18 ministérios é um exagero para o um país como o nosso: passamos de 15 para 18 ministérios num período em que a palavra de ordem vai passar a ser "controlo das finanças públicas". O Ministério de Desenvolvimento Social e Família,claramente,foi criada porque tinha de se encontrar um ministério para o Felisberto Vieira.Da mesma forma, não se justifica a autonomia do Ministério dos Assuntos Parlamentares;este deveria fazer parte de um Ministério da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares e a defesa faria para de um Ministério da Administração Interna e da Defesa Nacional.Quando incluído num Ministério da Juventude, Emprego e Desenvolvimento de Recursos Humanos dá a sensação de que os problemas da juventude resumem-se ao emprego ou educação e desporto: a juventude não deveria ter uma ministério mas sim uma Secretária do Estado autónoma para cuidar das questões transversais relacionado com a juventude,porque,essas questões abarcam todas as áreas da governação. O 1º ministro também gosta muito do Desenvolvimento de Recursos Humanos,mas,a não ser que seja apenas uma questão simbólica,e tendo em conta a existência do ministério da educação,do ensino superior e da secretaria do estado da administração pública, não se vislumbra qualquer utilidade do desenvolvimento de Recursos Humanos" num ministério: vai fazer o quê um Ministério de Desenvolvimento de Recursos Humanos?Elaborar políticas para o desenvolvimento de recursos humanos do Estado?Mas isso não é a função da Secretária do Estado da Administração Pública?
Não se entende um Ministério de Turismo,Indústria e Energia em vez de simplesmente do Ministério da Economia.Será que os nossos problemas económicos resumem-se à indústria, energia e turismo?E as políticas de apoio às pequenas e médias empresas?
Fica a dúvida acerca do "regresso" do Ministério da Cultura como uma estrutura autónoma, tendo em conta a junção da cultura com o ensino superior no último governo: será um reconhecimento do erro,uma "obrigação" ou cedência à pressão da classe?
A melhor novidade deste novo governo: a criação da área da Inovação!Espero que a partir de agora,com essa área governamental,finalmente seja elaborada verdadeiras políticas de inovação no país.Mas o sector do Ensino Superior e da Ciência podiam perfeitamente fazer parte do Ministério da Educação e incluir a Inovação no Ministério da Economia.Quanto ao resto,só tenho de desejar boa sorte ao novo governo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Presidenciáveis

Aqui há uma semana atrás o presidente do PAICV defendeu a não partidarização da questão presidencial, porque esta é e deve ser uma candidatura independente; após o resultado do processo de escolha do candidato a apoiar pelo partido,o mesmo presidente do partido tenta condicionar a liberdade de acção dos outros dois pré-candidatos apelando que respeitem os resultados e os "compromisso assumido"O facto de não ter apoio do partido não significa que Aristides Lima ou David H. Almada não têm de se candidatar. Alguém defendeu que a opção pelo Manuel Inocêncio Sousa é uma estratégia que garante a estabilidade política, uma forma de evitar aquilo que aconteceu em finais dos anos 90, com o MPD no governo, Mascarenhas Monteiro na presidência e António Espírito Santo na Assembleia Nacional. Ora, o partido escolhe apoiar um candidato que melhor serve os objectivos políticos do partido ou escolhe o melhor candidato para servir o país como presidente? Não tenho dúvidas da opção de um partido ou de um militante partidário mas, pessoalmente, prefiro um presidente para servir o país a um que dá jeito ao partido.

Dimokransa

Os conselheiros da Comissão Nacional do PAICV decidiram, por voto maioritário, que o partido deve apoiar o candidato presidencial Manuel Inocêncio Sousa. Independentemente da qualidade de cada um dos pretendentes ao apoio desse partido, o processo da escolha não foi a melhor. Sinal disso é a reacção dos militantes e simpatizantes do partido que apoiavam o Aristides Lima e o David H. Almada: tanto de um lado como de outro, apelam a candidatura dos dois mesmo sem apoio partidário. Para que não houvesse margem para críticas de falta de democracia interna, para que mesmo os candidatos derrotados fossem dissuadidos a se candidatarem sem apoio partidário, deveria ter sido os militantes a escolher o candidato a apoiar e não a Comissão Nacional. É que a maioria dos conselheiros não representa a maioria dos militantes e, ao contrário do que aconteceu no caso do MPD, existe uma grande distribuição de militantes apoiantes de cada um dos pré-candidatos no seio do partido. Era preciso uma espécie de primária a nível interno. O problema aqui não é, nem de longe nem de perto, o candidato escolhido ou os preteridos mas sim a lógica de funcionamento interno do partido ou, se quisermos, a lógica da mobilidade hierárquica nos partidos. A forma como ocorreu o processo e, principalmente, o resultado final vem confirmar a ideia de que o partido está completamente dominado pela ala de José Maria Neves e que as outras sensibilidades pouca influência têm na distribuição interna do poder e nas decisões do partido. É essa sensibilidade interna que controla tudo, escolhe as pessoas e impõe unilateralmente a sua estratégia. Claramente, o partido controla e faz tudo para controlar as posições e o comportamento dos militantes. Foi exactamente isso que vimos acontecer no MPD em finais dos anos 90, com os resultados que todos conhecemos: quando, em qualquer tipo de organização mas principalmente numa organização partidária, as coisas acontecem dessa forma é o partido que acaba por pagar a factura. Definitivamente, o PAICV, enquanto organização do sistema democrático,  precisa de mais democracia interna. Os políticos precisam promover mudanças no sistema eleitoral capaz de obrigar os partidos a mudar internamente. O mais urgente não é tanto a reforma do sistema eleitoral e nem do sistema político; o urgente é a reforma dos partidos políticos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Valores e Interesses

As relações externas não se concretizam apenas com base em razões de princípios e valores, os interesses estiveram, estão e estarão sempre presente em qualquer relações entre Estados. Churchill dizia que, para a Inglaterra, não havia nem inimigos eternos e nem amizades eternas mas apenas interesses eternos. Qualquer governo de Cabo Verde, ou qualquer ministro de negócios estrangeiros, que resolver basear as relações externas ou as “amizades” do país exclusivamente nos princípios e valores democráticos vai complicar a governação. Nem devemos pautar as nossas relações externas baseada em moralismos. Por outro lado, isto também não pode significar um apoio a ditadores e atropelos às regras internacionais. É,por um lado,puro oportunismo e,por outro, um acto de romantismo típico de quem não tem responsabilidades governativas vir agora dizer que Cabo Verde não deveria ter relações com Estados com ditadores no poder ou onde não existe democracia. Nem a nível pessoal ou profissional conseguimos ter relações apenas com pessoas de "quem gostamos". Cabo Verde não deve, porque não pode,ter apenas como "amigos" aqueles que «ficam bem na fotografia».Afinal, quando vamos pôr gasolina no carro ninguém pergunta se a gasolina é derivado do petróleo da Líbia, Angola, Venezuela ou da Noruega.