quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pobreza e Delinquência Juvenil

Mais uma vez a ideologia conta: uns defendem que a pobreza explica a delinquência juvenil e outros contrapõem que a delinquência é explicada pela perda de valores e não pela pobreza.Estes últimos argumentam com a existência de vários jovens oriundos de famílias pobres que não enveredam pelo caminho da delinquência.Têm razão;nem todos os jovens de famílias pobres escolhem a delinquência como modo de vida e nem todos são delinquentes em virtude da pobreza familiar.Ser pobre não é apenas uma situação de privação de recursos financeiros da pessoa ou da família;é também uma condição caracterizada por um enorme escassez de vários tipos de recursos que,em conjunto,normalmente leva a uma situação de socialização negativa (um jovem pobre não tem o mesmo capital social que um jovem da classe média).Em qualquer estudo estatístico,em qualquer país,pode-se encontrar essa ligação entre a pobreza e a delinquência juvenil.Contudo,é aqui que reside o erro dos defensores da hipótese da pobreza ser uma causa da delinquência.Estipulam uma correlação determinística entre a pobreza e a delinquência quando,como devia saber um cientista social com um mínimo de conhecimento de estatística,a relação entre dois fenómenos sociais não são determinísticas mas sim probabilística.Ou seja,um não determina obrigatoriamente a outra;não é por ser pobre que um jovem vai se transformar num delinquente.Quando fazemos uma ligação entre os dois fenómenos,estamos a falar numa relação probabilística: há maior probabilidade de encontrarmos mais jovens oriundos de famílias pobres no seio de grupos de delinquentes do que jovens de famílias mais abastadas.É verdade que há muitos mau estudos que fica por essa constatação e há mais ainda que vinca,erradamente,essa relação determinística.Entre os dois fenómenos existem vários mecanismos sociais que faz com alguns jovens - pobres ou não - se virem para a delinquência e outros não (entre esses mecanismos sociais encontramos,por exemplo,as redes sociais,a questão do poder,estilos de vida,etc.).Não é por serem pobres que decidem delinquir não obstante a maioria dos delinquentes serem pobres.

2 comentários:

Anónimo disse...

“O delinquente não é pobre e o pobre não é delinquente.”

Ninguém no seu perfeito juízo pode questionar que de facto a delinquência está ligada á pobreza! No entanto, concordo e acredito profundamente que o primeiro não significa o segundo. Ou seja, o factor “pobreza” não significa a existência da delinquência… nem tão pouco ser delinquente significa, automaticamente, ser pobre. Penso estarmos perfeitamente experiente na matéria para saber que o delinquente não é pobre e o pobre não é delinquente.
Uma coisa é dizer que variadíssimas vezes, a pobreza é o denominador comum em inúmeros actos de delinquência, principalmente entre os jovens, outra coisa, completamente distinta, é afirmar que o pobre é delinquente.
As estatísticas demonstram que a classe que mais trabalha é a classe pobre, a chamada classe batalhadora, pois, os trabalhos árduos, humilhante (trabalho não é vergonha, mas á vista de alguns pode ser humilhante) os que ninguém quer fazer, nomeadamente, recolhas de lixo, cuidar da limpeza das ruas, pedreiro, pescador, sapateiro, enfim, são todos executados por pessoas com baixo rendimento salarial (pelo menos no nosso pais é assim).
Mas, se é verdade que o delinquente não é pobre e vice-versa, também é verdade que muitas das vezes encontram-se ambos ligados mutuamente. Mas, isso é mais uma questão probabilidades do que de certezas. A priori, quem é pobre tem mais probabilidades de levar a sua vida á margem da lei, pois, o seu baixo rendimento salarial, tanto dele (delinquente) como do seu agregado familiar, cria de facto, condições propícias para a prática da delinquência, pois, procura melhores condições de vida tanto para ele como para o agregado familiar – humanamente compreensível, mas juridicamente reprovado! Mas isso não significa que a probabilidade venha a, forçosamente, confirmar-se.
Seria até bom (do ponto de vista técnico) que todos os actos de delinquência fossem praticados por jovens oriundos da classe menos privilegiada, pois, isso facilitaria o combate á delinquência, ou seja, o combate seria feita numa só classe. Mas, sabemos que não é assim. Em todas as classes sociais (não gosto dessa de classes, mas só consigo explicar a minha visão utilizando-as!) pratica-se actos de delinquência. E quando é assim, a delinquência não pode ser explicada com o factor pobreza.
Sou defensor da tese dos valores! Como fiz fazer ouvir recentemente num outro comentário feito aqui mesmo, perdemos (ou pelo menos estamos a perder) a luta contra a delinquência por uma questão de transmissão de valores. Substituímos os valores que fazem de nós seres humanos, bons pais de famílias, honestos, leais e fiéis, por um outro valor – o valor material. Medimos o homem não pelo seu valor de carácter, mas sim pelo seu valor material. E quando é assim, e como nós somos, por natureza, seres vaidosos e ambiciosos, naturalmente, queremos reconhecimentos.
Sem mais delongas
KCM

Edy disse...

Mais uma vwez concordams KCM..abraço!