quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nova gestão da rede fixa

Excelente noticia e excelente iniciativa esta do governo de Cabo Verde negociar com a CV Telecom uma nova gestão da rede fixa.É,aliás,a correcção de um erro da política de privatizações dos anos 90. E é simultâneamente uma tentativa correcção de uma falha do mercado.O facto da CV Telecom controlar tanto a produção como a distribuição dos serviços impede ou,no mínimo,dificulta a entrada de outros concorrentes no mercado: se a T+ resolver entrar no mercado do serviço de telefonia fixo teria que,para sermos prático,"sub-alugar" ou sub-contratar à CV Telecom a rede fixa.Acredito que esse é um dos principais motivos para não haver ainda um concorrente da CV Telecom no mercado cabo-verdiano.O paradoxal nisto é que quem está a corrigir um erro da política económica,promovendo o mercado e criando condições para surgir mais concorrência,é o partido que é acusado de ser pouco "amigo" do mercado.
Está situação,aliás,deveria servir como exemplo para a reestruturação ou uma futura privatização da Electra: a produção e a distribuição da electricidade e da água não devem ficar sob a alçada de uma mesma empresa.

3 comentários:

Amílcar Tavares disse...

Olá. Há tempos deixei um comentário cá no blog sobre as ideologias e a governação em Cabo Verde e agora, na linha com o post, reafirmo o que disse antes: governar Cabo Verde deve ser feito com pragmatismo e menos idiossincrasias esquerda/direita.

Edy disse...

Nem sempre meu amigo,nem sempre...

JP disse...

Quanto à separação da infra-estrutura (rede, cabos físicos) da cvtelecom, acho bem. Haja mais concorrência. Já tenho mais dúvidas quanto à electra. O custo de manutenção e operação do parque gerador e da rede de distribuição de electricidade é muito mais pesado do que a operação de uma telecom. Partir a Electra em 2 só iria servir para duplicar custos e ineficiências por duas empresas que seriam obrigadas a operar nas 9 ilhas. Por outro lado, o facto do mercado da energia em CV ser pequeno e a fragmentação da rede pelas ilhas são um entrave natural a que apareçam produtores independentes de energia - a menos que apareça um milagreiro que gere energia queimando areia :)
Na melhor das hipóteses, talvez se consiga transferir alguma responsabilidade sobre a rede eléctrica pelos municípios e se consiga incentivar alguma micro-geração (solar, biomassa). Isso faz sentido e seria um balão de oxigénio para a electra, que tanto precisa de respirar.