quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Debates da TCV

Acabei de assistir 3 ou 4 programas de debates e entrevistas na TCV em que, de um modo geral, os assuntos centravam-se sobre os principais problemas da sociedade cabo-verdiana (problemas da juventude, alcoolismo, “perda de valores”, consumismo, etc). De um modo geral, esse tipo de debate tem sido feita mais em termos filosóficos do que práticos; talvez por isso tem-se repetido temas não só em mesmo programas como também em programas diferentes. Desses programas todos, ficou em mim algumas inquietações:

   - precisamos urgentemente de estudos sociológicos sobre a sociedade cabo-verdiana no geral e, mais concretamente, sobre o modo de funcionamento dos mecanismos de socialização na sociedade cabo-verdiana;
  - é elucidativo ver a classe média-alta a criticar a nossa sociedade consumista (um velho e conhecido estratégia de defesa de classe);
- os protagonistas nesse debate são os adultos bem formados, os mais velhos e os jovens quadros, os “detentores” dos velhos bons valores e não os supostos jovens “sem valores”;
 - precisamos de parar de falar em “perda de valores”, desde logo porque não há uma “perda de valores” mas sim “mudança de valores”. O facto de estarmos a discutir os valores antigos demonstra que elas continuam “por aí”, interiorizado, quiçá, nos “cidadãos da primeira”;
 - não se ouviu uma única palavra sobre a perda de influência da igreja na sociedade e do seu papel na transmissão de valores; os "culpados" preferidos parecem ser os media, a família e a escola:
 - o mais preocupante para a sociedade cabo-verdiana não é a "mudança de valores" mas sim a inexistência do comportamento cívico. Isto sim perdemos: a educação cívica! E é sobre o comportamento cívico dos cidadãos que os governos, autarquias e outras autoridades podem agir e controlar.

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