segunda-feira, 28 de julho de 2008

Será o fim do fundamentalismo de mercado?

O que fazer para evitar a crise e ultrapassar as dificuldades
Governos forçados a intervir para limitar efeitos da crise

28.07.2008 - 08h40 Sérgio Aníbal

«Mercados financeiros em ebulição, Europa e EUA ameaçados por uma recessão e inflação a subir em todo o mundo: os governos, apanhados de surpresa, improvisam e tomam medidas de emergência para combater a crise.Salvam-se bancos em dificuldades, ajudam-se as famílias endividadas a pagar a sua prestação, devolvem-se impostos pagos, reforça-se o poder das autoridades da concorrência para controlar os preços, penalizam-se as petrolíferas pelos ganhos excessivos, aumentam-se os apoios sociais aos mais pobres e fazem-se planos de investimento público mais ambiciosos.Estas medidas são por vezes tomadas de forma limitada, devido às próprias restrições orçamentais dos governos, sendo por isso, em muitos casos, insuficientes ou mesmo inúteis perante a dinâmica negativa que se sente nas economias. Mas a verdade é que, para tristeza dos defensores das virtudes da economia de mercado, a resolução mais rápida e sem dor dos problemas que se vivem no sector privado parece agora depender quase totalmente do sucesso da intervenção realizada pelo Estado.O panorama é semelhante em todo o mundo. No entanto, a resposta que está a ser dada pelas autoridades varia de país para país, dependendo mais da gravidade da situação de cada economia e do equilíbrio das finanças públicas do que da ideologia defendida pelo respectivo Governo. Só isso pode explicar que o exemplo de maior intervenção estatal du-rante a presente crise esteja a vir dos EUA, um país com uma economia tradicionalmente mais liberal e cujo presidente, George W. Bush, tem sido, ao longo dos seus dois mandatos, um acérrimo defensor da redução da presença do Estado na economia.Logo no início da crise financeira internacional e do rebentar da bolha especulativa no mercado imobiliário, a Administração Bush, após difíceis negociações com o Congresso dominado pelos democratas, contribuiu, a par com a Reserva Federal, para salvar da falência o banco de investimento Bear Stearns, financiando outro banco privado para o comprar. Ao mesmo tempo, as autoridades norte--americanas lançaram um plano de devolução de impostos no valor de 260 mil milhões de dólares, com o objectivo de reanimar o consumo. Este sábado, perante a continuação da crise, Bush e o Senado viram-se forçados a mais medidas de emergência. O Tesouro passou a estar autorizado a comprar - nacionalizar - o capital das agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac. Além disso, foi criado um programa público para facilitar o refinanciamento de 400 mil famílias com dificuldades em pagar o empréstimo da sua casa.Novos intervencionismosDeste modo, os Estados Unidos, sempre citados como o exemplo do que é uma economia de mercado, têm neste momento um sistema financeiro em que, na prática, metade dos créditos à habitação são garantidos pelo Estado. Nem nos países europeus, como Portugal, em que existe um banco público com uma posição importante no mercado, se consegue actualmente encontrar uma situação semelhante.No Reino Unido, a economia do Velho Continente mais semelhante à norte-americana, as pressões para que o Estado actue também têm sido muito fortes. De tal modo que Gordon Brown, como primeiro-ministro, já se está a ver obrigado a violar as regras de rigor orçamental que tinha criado como ministro das Finanças. Só assim conseguiu encontrar fundos para nacionalizar o banco Northern Rock, salvando-o do colapso iminente, e lançar medidas de apoio a um mercado imobiliário em queda acentuada.A explicação para o novo intervencionismo estatal de norte-americanos e britânicos está no facto de ser nestes dois países que a crise se encontra numa fase mais adiantada e de os problemas nos seus mercados financeiros estarem a exigir acções mais radicais.Na maior parte dos países da Europa continental a crise não é ainda tão profunda e, por isso, a actuação dos governos tem sido mais discreta. Só na Alemanha, logo no início das dificuldades, foi exigido ao Governo que patrocinasse o salvamento de um banco em dificuldades. Desde aí, na zona euro, as medidas tomadas pelos governos têm tido mais o objectivo de dinamizar o crescimento e de apoiar os sectores da população que mais estão a sofrer com a alta de preços dos combustíveis e alimentos e o aumento dos juros. Impactos modestosEntre as apostas para ajudar a economia a crescer tem estado a flexibilização dos mercados de trabalho, a simplificação de procedimentos administrativos, a concessão de linhas de crédito para o investimento privado e a aposta em projectos de investimento público. No combate aos problemas criados pela inflação e pela subida das taxas de juro, encontram-se medidas como a travagem da subida dos impostos sobre os combustíveis, o apoio de famílias endividadas e, no caso italiano e português, a alteração das exigências fiscais às empresas petrolíferas.Em todas estas acções nota-se, no entanto, a preocupação de não colocar em causa o equilíbrio orçamental exigido pelo Pacto de Estabilidade. Também por isso, o impacto positivo na economia acaba por ser bastante modesto. No entanto, avisam muitos analistas, poderá não demorar muito tempo até que, também na zona euro, os governos se vejam forçados a actuar de forma mais decidida perante situações de emergência na economia e nos mercados financeiros. E a Espanha é a principal aposta, dada a forma repentina e profunda como a economia está a entrar numa recessão.Em Portugal, a economia é das que menos crescem na zona euro e as famílias e empresas estão entre as mais necessitadas. Talvez por isso, é um dos países onde o Governo mais anúncios de ajuda tem feito. O problema é que as contas públicas estão ainda longe do equilíbrio, o que leva a que as medidas tomadas sejam todas de impacto limitado, como a descida do IVA em um ponto percentual, o aumento das deduções fiscais para quem está a amortizar empréstimos ou a redução das taxas máximas de IMI.»

Parecer de Nhu Naxu: Ali bem tempu ki tudu kes liberal ki ta difendia supremacia di mercado ta passa ta difendi intervencon di stado na mercado (nem tudo es,pamodi munti des sta sucundido es tempu)...mesmo ki pa ses conviniencia pa podi salva kel ki for possivel.

4 comentários:

Anónimo disse...

Já tinha pensado escrever um post sobre este mesmo assunto depois do episódio Fannie Mae / Freddie Mac.

Ali ben tenpu ki dreta ta adota skerda komu sendu di sel, pamo dreta sta ben toma fe ma el me e ka viavel.

O, si e ka sperta el so, e ta ben muda pamo skerda (China) sta ben ganha dreta (Merka) na si propi jogu.

Ah Mundu!

Edy disse...

Ómi,
nhu sta bom na nhu naxu ki nos di blogue di nu nhaxu...realmente impressiona ver o oportunismo conjunturalista dos neo-liberais que ontem defendia o "Estado mínimo" e a desregulamentação e agora clamam por intervenções públicas a favor dos que criaram as crises que as sucesivas "bolhas" especulativas vão evidenciando.Leia um artigo de Joseph Stiglitz no Diário Económico do dia 15(www.diarioeconomico.sapo.pt)onde,como tu,ele fala sobre isso e dá o exemplo da China.
Abraço

Anónimo disse...

Edy,

Encontrei este artigo. Não sei se era o que te estavas a referir, mas achei interessante.

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Edy disse...

Ya Salim,
é exactamente kel artigo lá...
acabei de sair do teu blogue...Boas Férias!
abraço