"Banca portuguesa em Angola deverá ceder 49 por cento do seu capital até ao final do ano a investidores locais".
(in, Jornal de Negocios)
Até ao final deste ano todos os bancos portugueses em Angola deverão vender até 49% do seu capital a empresários ou investidores angolanos passando esses bancos a terem na sua administração e/ou conselho de administração gestores e representantes de investidores angolanos.No sector financeiro,a Sonangol (empresa pública) assumui o papel de braço armado do Estado angolano na negociação das alianças com os bancos portugueses.Fala-se que vão alargar essa medida à outras sectores da economia que representam avultados investimento: o sector da construção civil.
Alguns defendem que medidas como esta levam a fuga de capitais estrangeiros para outros países mais "amigos" de investimento estrangeiros e as demais consequências que essa fuga pode provocar,mas que essa medida também tem as suas vantagens,lá isso tem.Desde logo,a entrada de quadros altamente qualificados para o topo dessas organizações,um maior nível de capital que fica no país disponível para ser reinvestido com consequências positivos para o emprego e arrecadação de impostos.E,não sendo anti-capitalista e nem anti-investimento estrangeiro,provoca uma consequência importantissíma para o sistema capitalista global: impede ou permite a redução de deslocação "selvagem" de capitais estrangeiros entre países conforme for a conviniência dos investidores.
Quando é que,em Cabo Verde,um político ou um governo terá a coragem de avançar com uma medida desse tipo?Será que,a ser avançada uma medida parecida,ao contrário do que está acontencendo e Angola,os investidores estrangeiros vão fugir de Cabo Verde?
9 comentários:
Esqueceste de uma coisa: os empresários angolanos (inclusive incestem também em CV) tem na sua posse muito dinheiro para investirem, enquanto que em Cabo Verde as coisas ainda não sáo bem assim.
Redy,falta de dinheiro já não pode ser desculpa para o empresários não investirem.Qualquer banco pode emprestar capital a um empresário se estiver convencido da viabilidade financeira do investimento.
O que está acontecendo em Angola é mais do que o simples investimento de empresarios angolanos nas empresas estrangeiras:é a obrigatoriedade,por lei,de 49% das acções de qualquer empresa estrangeira em angola pertencerem aos angolanos.Ou seja,o BCP Millenium ou o BPI estão em angola mas 49% de cada um desses bancos é dos angolanos.
Olha que não é bem assim, sobre os bancos emprestarem dinheiro para investir. Há coisas que não posso estar a pormenorizar aqui (e que sei por envolvimento pessoal), mas um dia pessoalmente explicarte-ei do que falo.
O contexto angolano é muito diferente do contexto cabo-verdiano, no entanto quando as empresas (aconteceu no mês passado com o banco interatlântico) põem obrigações à venda, as mesmas podem ser adquiridas em grande quantidade por um indivíduo com muito dinheiro (quem sabe tentar fazer uma OPA imitando o senhor Berrardo) que mais tarde passa a ser um accionista importante na instituiição.
Por exemplo, 30% do bando referido atrás pertence a accionista cabo-verdianos.
Agora isto de invesrir avultadas quantias de dinheiro, como fazem a TECNICIL e a SOGEI sem dinheiro estrangeiro por atrás, ainda, é quase impossível. E sei do que estou a falar.
Redy,
se isso dos Bancos não é bem assim em CV é única e exclusivamente por "culpa" do conservadorismo economico dos bancos e dos seus dirigentes.È por causa desse conservadorismo dos Bancos que em muitos países existem várias instituições financeiras alternativas aos bancos: falo de fundos de capital de risco,fundo de investimento,private equity,etc etc (infelizmente,ainda não temos essas empresas em cv).È claro que a realidade de CV é diferente de Angola;mas deves ter reparado que um investidor caboverdiano compra acções ou obrigações de uma empresa isoladamente e,como não tem capacidade financeira para comprar,por ex os 30 % das acções do banco interatlântico,só pode comprar uma infíma parte.Assim,não terá nunca qualquer influência nas decisões estratégicas da empresa e limitar-se-á a esperar para receber os "proveitos" das suas acções.Como seria se esse grupo de "criolos" que possuem 30% do interatlantico se juntassem em grupo e organizassem àquilo que se chama "sindicato de acccionista"?Dependendo da regulamentação da relação entre o número de acção e a percentagem de voto correspondente nesse banco,poderiam até ter direito a nomear um representante na administração desse banco...
Concordo, mas leva-nos à questão da discussão entre ti e o Paulino: não existe cultura empresarial em CV, uma verdade crua e dura.
E também o facto da não associação entre accionistas, seguindo o exemplo do BI, tem a ver com a falta da consciência colectiva que se vive actualmente em CV.
Concordo que não existe esse cultura ou espirito empresarial e também que há uma falta de consciência colectiva entre nós (nã só entre os empresarios,mas também entre as classes profissionais,estudantil e na populaçao no geral).Mas,será que já não é hora de incentivarmos essa consciência colectiva?Não existe alguêm com iniciativa e espirito de liderança para fazer isso?Acho que tu és um dos que podia estar a frente duma iniciativa da sociedade civil ligada a uma area do teu interesse (por ex,ligado às questões da cidade da praia no geral ou dos jovens em cv)...temos de deixar de apenas apontar os dedos aos problemas e começar a fazer alguma coisa...outro ex: na maioria dos blogues farta-se de falar mal do ministério da cultura e do ministro,principalmente por pessoas ligada à cultura,certamente com razões para isso;mas,pergunto,porquê esses agentes da cultura ficam a espera pelo ministério para os ajudar nos seus projectos em vez de ter mais iniciativa própria (e poderão criar sem ajuda do estado principalmente se for em conjunto)
0Muitos agentes culturais que criticam e bem o ministério da cultura fazem algo pela cultura aqui e ali e na maioria das vezes não são reconhecidos pelo MC e é aí que as críticas começam. Não fazem nada e não deixam fazer.
Existe uma associação juvenil na Achada Mato que faz um trabalho interessante e é simplesmente marginalizado pela Diracção da Juventude porque na maioria das vezes saiem da norma estipulada pela Instituição estatal. O problema está mts vezes nas Instituições e se existem para apoiar e/ou promover a cultura ou a juventude e não fazem nada é melhor que fechem as portas. É o que eu penso.
O problema da não existência de uma consciência colectiva em CV nada tem a ver de todo com a falta de espírito de liderança (ter o poder de oratória como Obama não é para todos) mas sim com o medo que muitos agentes tem em perder o sustento da paródia. Mas, aqui e ali sempre aparece quem esteja se lixando com isso tudo e tenta fazer coisas diferentes mesmo que venha a ser isolado pelo sistema.
bom comeco
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