segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Corrupção


È um facto que,aparentemente,a corrupção tem crescido em CV (pessoalmente,embora possa estar enganado,considero que a maioria dessa "corrupção" não passa de tráfico de influência,de clientelismo e "cunhas" e menos corrupção financeira- sem dúvida,a mais alarmante dos tipos de corrupção e é nas alfândegas e controlos fronteiriços que encontramos esse tipo de corrupção).Se analisarmos os dados da Afrosondagem sobre a "percepção da corrupção" veremos claramente que essa percepção é socialmente diferenciado (a idade,instrução,classe social influenciam o que as pessoas entendem por corrupção,alargando ou restringindo o conçeito),razão pelo qual,acho importante termos em conta como a corrupção foi,é e está sendo socialmente construído em CV,principalmente,pelos partidos políticos como parte do jogo político-partidário mas também pela nossa elite com a conivência dos meios de comunicação social.Para além das causas e consequências da corrupação no crescimento económico de qualquer país,mais do que discursos e artigos,indo além das intenções,importa às práticas,medidas,instrumentos e participação de cada um de nós no combate e denúncia desse fenómeno.Com a recusa do MPD em acordar a reforma da Justiça com o PAICV,não podendo,por isso,esperar muito dos politicos e dos partidos,a eficácia do combate à corrupção passa obrigatóriamente por uma sociedade civil forte servido por uma comunicação social livre,independente,rigoroso e tranparente.Uma comunicação social com que aposta no jornalismo de investigação em detrimento do sensacionalismo.



  

9 comentários:

Anónimo disse...

O acordo táctico entre os actores políticos é o ponto essencial da questão. É aqui que reside a problemática da Justiça porque só o poder politico é que pode alterar o estado de coisas. E qual é a nossa percepção sobre o recuo do MpD sobre o processo da reformulação da Justiça? Porque é que sempre se fale de justiça e investigação (foi assim também com a questão da Serviços de Investigação da República)alguns políticos sentem um arrepio na espinha?

Anónimo disse...

Bali pelo post Edy.

Realmente, os políticos e a elite económica são para esquecer nesta matéria, porque, primeiro, já deram provas de que não vão mudar as coisas e, segundo, são os que mais beneficiam com esta situação nebulosa de crispação e impunidade.

Realmente, só uma "sociedade civil forte" e "uma comunicação social livre, independente, rigorosa e transparente" são capazes de fazer alguma coisa.

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Redy Wilson Lima disse...

Edy ainda haveremos de ter uma sociedade civil forte, agora comunicação social forte só depois dos jornalistas tomarem a consciência que estão a ser utilizados pelos barões da política e mais, quando tiverem a coragem de enfrentar olho por olho/dente por dente os intrusos enfiados pelos políticos nos seus locais de trabalho.

Edy disse...

È exactamente isso Salim...sem essa comunicação social forte,aqueles que tem coragem para denunciar alguma coisa estarão "pregando no deserto".Eu até acho que a comunicação social tem mais responsabilidade do que todos na denúncia desse fenómeno.Infelizmente,a nossa comunicação social "ainda" não é e não está livre tanto dos partidos politicos como dos grupos empresariais que,por sua vez,estão interligados entre si.Rony,não é apenas o acordo tácito entre os politicos:é tb o acordo tácito entre os politicos e os empresários.È uma teia muito forte...e nós Salim,só nos resta artigos e "bocas" inconsequentes?

Edy disse...

Redy,o problema não é "os intrusos enfiados pelos políticos nos locais de trabalho" dos jornalistas.O problema é:
- os politicos/empresários ou empresários/politicos são os detentores dos meios de comunicação
- os jornalistas/politicos ou politicos/jornalistas que não fazem a separação entre as duas ocupações...

Ja defendi aqui num post que precisamos de oficializar/legalizar o "lobby"...pelo menos fica tudo um bocadinho "mais claro"

Redy Wilson Lima disse...

Edy sabes muito bem que no resto do mundo os ex-políticos e seus amigos são donos das agências da comunicação social e as coisas funcionam bem diferentes (com excepção da Fox News nos EUA).
A questão em CV é que como há muito pouco emprego no sector, a maioria comoda-se e baixa a cabeça com medo de perder o emprego. Os patrões ou directores dos jornais por saberem disso, fazem o que bem entenderem.

Anónimo disse...

Não Edy. A nós nos resta, primeiro, a consciencialização pessoal do problema, e, segundo, a sua disseminação para o resto da população, bem como a procura de soluções.

Ou seja, não podemos depender somente da comunicação social. Ela tem o seu papel, que não é nem mais nem menos importante do que o nosso.

Quanto a nós, primeiro, temos que ter consciência que o sistema em que vivemos (e que nos é vendido como o mais perfeito) é aquele que tem por base a democracia, que traz consigo os políticos, e a liberalização económica, que faz a elite económica.

Os políticos e a elite económica (e consequente corrupção) são apenas consequências do sistema em que vivemos. Ou seja, são sintomas, não são a causa. A conclusão que se deve (ou, melhor, se pode) tirar disto cabe a cada um de nós.

Portanto, neste esquema de coisas, as "bocas" são o primeiro passo porque é quando sentimos que algo está mal e expressamos o nosso descontentamento, embora sem fundamentos.

Os artigos são o segundo passo porque significa que estamos a educar-nos para, ao menos, escrever alguma coisa com coerência e para, consequentemente, ter fundamentos para "bocas".

E, é claro, estamos também a disseminar algo para os nossos leitores. O processo é de formação e educação, o que é por natureza longo e doloroso.

De resto, isto é apenas um comentário num blog, e esta é matéria para uma tese. :-)

Acho que a sociedade civil e, neste caso concreto, os bloggers têm que arranjar maneiras de encontrar-se e organizar-se, para trocar informações e para aprofundar os fundamentos do(s) seu(s) descontentamento(s).

Só assim é que podemos evoluir a nossa consciência, e ajudar a encontrar uma maneira de passar a mensagem ao povo.

Porque só com uma consciencialização geral do problema é que podemos começar a procurar uma solução, e, só assim, obrigar a reformar o sistema.

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P.S. Redy, nos outros países estas coisas funcionam da mesmíssima maneira. Só que são mais "desenvolvidos" e dão a impressão que são (estão) melhores. A legalização do lobby, de que o Edy fala, é um exemplo concreto disso. O lobby, em si, é uma maneira de corrupção e não é muito diferente do que estamos aqui a discutir. Nu abri odju. Bali.

Edy disse...

Salim,tens razão quando dizes que o lobby não é muito diferente da corrupção.Mas dizes bem,"não é muito" pq é um bocado diferente.Fazer lobby é tentar influenciar os decisores,politicos ou economicos,à favor de um grupo de interesse.Faz-se isso às claras e com transparência o que evita,no mínimo,acusações e injustiças.Entre a nossa corrupção (tráfico de influência) "subterrâneo",nas águas turvas,prefiro a transparência,prefiro saber onde e quem são os "grupos de interesse".Isso pq,infelizmente,o tráfico de influência nunca vai acabar...

Anónimo disse...

Edy,

Pelos vistos, eu e tu temos entendimentos completamente diferentes acerca do lobby, o que é absolutamente normal e não tem nada de mais.

Eu acho que o lobby é, pura e simplesmente, a legalização do tráfico de influência, o que é ainda pior porque passa a ser corrupção "às claras e com transparência" (o que, para mim, é um paradoxo).

Mas não vejas essa minha posição como um ataque. É só o meu ponto de vista e somente uma parte do que escrevi. Espero que no meu comentário anterior tenha deixado muito mais que nos pode aproximar do que o nosso desacordo em relação ao lobby.

Talvez, por ter falado com o Redy sobre isso (e não me te dirigido directamente a ti), tenha passado mal a mensagem, o que lamento e faço um mea culpa.

De resto, se nós não acreditamos que é possível acabar com o tráfico de influência, então devemos dar graças por o mundo ser tal como ele é, e devemos louvar a corrupção existente porque, no fundo, sabemos que ela "nunca vai acabar".

Sore, nha boi, ma e izatamenti kel mentalidadi la ki nu ten ki ultrapasa pamo sinon ka bali pena nu luta.

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