segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Origem da Crise Financeira


"A questão central do livro de Cooper é a de que os mercados financeiros contemporâneos não são eficientes, sendo esta a principal causa da crise económica que tomou conta do mundo.Deste modo, Cooper vem ao encontro das análises recentes de outros especialistas, como Roubini ou Kay, que se concentram no facto de que todos os modelos utilizados pelas sociedades de investimento, bem como a regulação a que estas estão submetidas, são intrinsecamente deficientes, provocando desequilíbrios conducentes a crises.A isto, Cooper junta ainda uma crítica violenta às políticas monetárias das nações mais desenvolvidas, acusando-as de reactividade e dominadas por estratégias de curto prazo. No que se relaciona com os mercados, Cooper, ele próprio um analista financeiro, defende que o principal problema está na disseminação incontrolável da disponibilização de crédito por parte das instituições financeiras, e na incapacidade de estas, e dos seu reguladores, conseguirem criar mecanismos de controlo e de adequabilidade entre as quantias emprestadas e a capacidade de endividamento do cliente.Para ele, a oferta quase ilimitada de crédito tem uma força poderosíssima, já que cumpre os objectivos do cliente, da instituição financeira, dos bancos centrais, e, especialmente, da classe política, sempre interessada em encontrar um eleitorado realizado ao nível dos seus objectivos materiais primários e secundários. Para além desta deficiência estrutural, Cooper identifica ainda as falhas dos modelos de análise das instituições financeiras, e uma regulação incapaz de conseguir limitar ou eliminar os instrumentos de investimento ou crédito mais agressivos e menos sustentados. Apesar deste fogo intenso contra a banca, e o mercado financeiro, coração de toda a economia, Cooper guarda as suas armas de destruição massiva para os bancos centrais dos países mais desenvolvidos, especialmente para a Fed.Sucintamente, o que o autor diz é que os bancos centrais não cumprem o seu papel, já que em ciclos de crescimento perdem completamente o controlo dos mercados, e em ciclos depressivos, como a actual, não conseguem mais do que criar medidas insuficientes, e potencialmente perigosas a médio prazo, como são os cortes nas taxas de juro.A partir deste diagnóstico, tenta avançar com um plano estruturado de soluções. Neste ponto, o autor divide a sua produção entre um enquadramento teórico e um cardápio de medidas concretas. Em relação ao primeiro ponto, a sua filiação em teoria económica assenta em Keynes e, curiosamente, Mandelbrot.O que o autor defende é uma revisitação das linhas mestras de Keynes, com o objectivo de políticas monetárias mais eficientes e “racionais” serem aplicadas, contribuindo assim para a diminuição do risco e para a ocorrência de bolhas e crises futuras. Nas medidas propostas, Cooper é prolífico, procurando abranger todo o universo do mercado. Assim, tanto recomenda intervenções sobre os preços dos bens, como propõe novos instrumentos de supervisão orçamental. Deste modo, no seu conjunto, o autor consegue produzir um documento bem fundamentado, e ao mesmo tempo acessível, que é eficaz no diagnóstico das muitas falhas que conduziram à actual crise, como bastante lúcido nas medidas de reparação que propõe. Para quem se angustia com os tempos que correm, este texto é uma boa companhia".

1 comentário:

Anónimo disse...

Alguém que sabe mais do que eu escreveu esta verdade, que eu expendi mais abaixo noutro post e que nao foi do gosto do anonimo e deixou reticente o Edy. Confirmem:

(...) "des erreurs des politiques interventionnistes, qui auront incité des organismes de financement (Freddie Mac, Fannie May) à proposer des crédits à risque à des foyers modestes."

Al Binda