domingo, 12 de julho de 2009

Alergia ao Trabalho

Nas minhas ultimas férias em Cabo Verde,estando em Tarrafal a passar um fim de semana,constatei que na maioria dos restaurantes onde entrei os trabalhadores eram,na sua maioria,imigrantes.Cheguei a questionar a um proprietário sobre isso,a qual ele me respondeu com um categórico "a maioria dos jovens caboverdianos não querem trabalho mas sim emprego,acham que trabalhar nos restaurantes ou nas obras é pouco para eles".Hoje em dia é banal ouvirmos e proclamarmos afirmações desse tipo,principalmente quando estamos a falar do desemprego jovem.Contudo,talvez o mais correcto seja dizer que "os jovens não querem certo tipo de trabalho".Estamos claramente,em Cabo Verde,perante o problema da desadequação entre a qualificação do trabalhador e a qualificação do posto de trabalho.A massificação do ensino e o aumento do nível de habilitações da população faz com que a acomodação dos indivíduos ao "conteúdo pobre" do trabalho seja cada vez mais problemática,gerando uma espécie de dessincronia entre qualificações escolares e conteúdo das qualificações profissionais.A divulgação da ideia de que há uma rejeição,por parte dos jovens,ao trabalho encontra nem toda mas uma boa parte de explicação neste problema,ao contrário do que algumas interpretações fazem crer,quando insinuam que isto se deve a uma certa "alergia ao trabalho".

4 comentários:

José Luís Neves disse...

Edy, a tua análise é muito oportuna. Creio que existe esse problema sim em Cabo-Verde o da "desadequação entre a qualificação do trabalhador e a qualificação do posto de trabalho". Parece que em Cabo-Verde se não apostarmos seriamente na formação intermédia corremos o risco de vir a ter um grande hiato entre tralhadores altamente qualificados e trabalhadores sem qualificações nenhumas. Abraços.

Edy disse...

pois é Zé Luis,
o problema agora é convencer as pessoas que todo o trabalho tem o seu valor,ou seja,valorizar socialmente alguns posto de trabalho...
Abraço

Anónimo disse...

Nós os caboverdianos somos conhecidos por sermos trabalhadores (os que vão á luta), mas essa nova geração tem sido o oposto, é o que acontece aqui em portugal, os portugueses não estão nas obras e na restauração ,os imigrantes é que fazem esse tipo de trabalho

Edy disse...

A mesma coisa se passa em CV caro anónimo:os imigrantes estão a ficar com o trabalho que os caboverdianos já não querem!
Abraço