domingo, 26 de abril de 2009

A Crise e a Culpa

«A crise tornou-se uma espécie de galinha da vizinha.Mas,para os políticos caboverdianos,"a da vizinha é pior que a minha".O jogo da empurra sobre os culpados da crise é antigo e pouco estimulante.Cada governo dispara para os fantasmas do passado.Cabo Verde fica imobilizado e com as pernas envoltas em gesso cada vez que o mundo tropeça numa pedra da calçada.Não é novidade:sempre foi assim.Vivemos ao ritmo dos ciclos económicos mundiais.Essa crise mundial tem sido explicado de forma convincente pela economista venezeluana Carlota Perez,uma das novas estrelas do estudo económico.Segundo ela os ciclos económicos começam  com o surgimento de novas tecnologias e infra-estruturas que prometem novas fontes de riqueza.Isso alimenta o investimento especulativo,que leva a um aumento generalizado dos preços e das acções.Durante essas fases o sector financeiro é pujante e as politicas de "laissez faire"tornam-se norma.Cada "boom" é seguido de um "crash",como sucedeu em 1797,1847,1893,1929 e 2008.Mas após estas quebras há um período de pacificação e de alinhamento entre o potencial das novas tecnologias e as características da nova economia reinante.Foi isso que motivou os periodos de progresso social como a "Belle Époque" dos anos 20 ou o milagre económico pós II-Guerra Mundial.Cabo Verde,claro,não se guia por estas normas porque a sua crise é constante,com pequenos momentos de delírio.Por isso mesmo a crise não é deste,nem dos governos anteriores.È de todos,porque têm sido incapazes de dotar Cabo Verde de uma estratégia económica e social de longo prazo.Cabo Verde não tem um modelo económico consensual.Vive a sombra do Estado e com receio do risco.E é assim há centenas e anos.Por isso mesmo a nossa fragilidade é a de cristal numa loja de porcelana visitada por um elefante chamado crise.A crise em Cabo Verde,é um excelente assunto para os partidos apresentarem as desculpas do costume e meros exercícios de retórica desértica.E iludirem a sua incapacidade para mostrarem o que efectivamente querem para o país».

6 comentários:

Rony Moreira disse...

Edy,
Esticando um pouco mais esta pretensão, há muito de defendo (não de forma tímida como se têm feito) um maior ousadia e visão futurista. Como disse e sublinho, depois do “crash” inevitavelmente vem o reajuste, e com elas a mais adaptas conseguirão frutos significativos. Só por pura miopia ou desatento as novas políticas ocidentais (com ênfase nas novas políticas da administração Obama, Europa há muito que se tem concentrado nisso) não se aperceberam que este século as empresas tecnológicas são a matriz e a sustentabilidade das grandes economias.
É-se fundamental que o país centraliza-se os esforços na elaboração de um plano tecnológico ambicioso: principalmente indústrias de energias renováveis e de componentes de informática.

Anónimo disse...

Oh Edy quem é essa gaja que chamas "estrela" das novas modas económicas?

De vez em quando sais com cada uma? Ou entao nao estamos no mesmo mundo! Uma gaja da Venezuela que dá cartas nessas coisas de economia, gestao e novas tecnologias?

Que jornais lês, Edy? Donde falas? De Cabo Verde? Mas ha jornais economicos em CV? Ha think tanks da coisa economica que dao o tom?

Bom, vê la que por ca na Europa, a gaja é completamente desconhecida e nao passa nem directa nem indirectamente nos grandes jornais, radios e televisoes de informaçao que dao o tom neste debate.

Enfim, quanto à "incapacidade" da nossa elite em debater a coisa economica, tens razao, mas eu ja o venho dizendo ha que tempos!

Nao ha politicos em CV que estejam à altura de falar de economia, porque a esmagadora maioria nao sabe resovler uma equaçao de primeiro grau! E os nossos economistas e gestores nao sabem falar...

Sim, ha um ou dois que percebem dessas coisas, mas sao odiados: Tuta e Eugénio Inocêncio. José Tomas Veiga e Ulisses sabem também; O resto é um deserto!..

Al Binda

Anónimo disse...

Sejamos mais rigorosos Edy: o que estranho é esta tua frase de "Carlota Perez,uma das novas estrelas do estudo económico"!

"Novas estrelas", como se ela nao estivesse nesse mundo economico desde os anos 60; sim, nessa guerra dos longos ciclos economicos, ela tomou a rédea em 66depois de Kondratiev e Schumpeter. Portanto nao pode ser uma "nova estrela" nesse mundo economico.

Nova estrela dá a impressao que é conhecida de todos e aparece em todo o lado. Ela é conhecida entre os iniciados e é uma velha...

Al Binda

Edy disse...

Al Binda,
a frase refere-se apenas ao facto dessa economista agora ser muito requisitada a nível internacional para conferências e consultorias..é claro que ela não é um Porter,Stiglitz ou Krugman...visita a pagina dela (www.carlotaperez.org),verás que ela é bem mesmo na Europa (onde é consultora da OECD) e,entre outros,do Banco Mundial,organizações empresariais e governamentais e ministérios de economia de vários países,
não há no teu comentário um preconceito por causa dela ser venezeluana?
Rony,não é so neste século;as tecnologias sempre foram a base de grandes crescimento económico...deixo-te uma pergunta:se se avançar com esse "plano tecnológico" que preconizas,qual será o papel da NOSI no mercado?

Rony Moreira disse...

Edy,

Desde que o homem poliu a pedra que as sociedades são geridas pela tecnologia (a agricultura é uma técnica, a pesca e o pedreiro também baseia na tecnologia). Mas actualmente quando se fala de tecnologia dá-se o ênfase as tecnologias de ponta (nanotecnologia, robótica, aeroespacial, genética, informática e etc.) e serão está tecnologias que determinaram o sucesso ao não do desenvolvimento. A NOSI funciona mais com uma entidade burocrática, (de que dá lucros exponencial para os accionistas). Cabo Verde deve pensar em empresas que fabricam e produzem riqueza, mencionei empresas de fabrico de componentes electrónicos e de energia ainda não produziu nada que se pode vender lá fora, a NOSI não é uma Qimonda que produz componentes electrónicos renovável porque é mais fácil negocia-lo. E outra coisa, não há que ter uma empresa, há que se diversificar. Por isso, Edy, é-se preciso ser audaz e ambicioso, objectivos elevados. Temos que crescer, crescer e crescer. Vou reforçar, este vai ser a era das tecnologias, há se adaptar cedo. Temos um país que investiu seriamente na educação, há que se tirar partido disso na nossa sub-região e avançar para saltos altos.

Anónimo disse...

Nao Edy, nao ha aqui preconceito nenhum. Desta vez dizes bem: ela é conhecida nos meios iniciaticos como banco mundial, ocde etc e tal. A expressao "nova estrela" quer dizer outra coisa. Mas bom, va la, rapaz, leva a bicicleta para casa! Ja tinha dado uma espreitadela ao site da menina, que ja é uma velha como eu disse, tendo nascido em 1939; tens razao ela é "conhecida" na Europa pois estudou em Cambridge, mas até ser uma nova estrela! Volto a dizer que ela nao aparece nem nas radios, nem nas televisoes e nem nos jornais.

Al Binda