sábado, 25 de abril de 2009

Subsídio de Desemprego

Diz o Redy que é contra o subsídio de desemprego porque "entendo isso como a legitimação da priguiça.(...).Subsidiar desempregados não é uma boa política para lutar contra o desemprego e os europeus já deram conta disso. Em vez de lutar contra o desemprego, com essa política iremos sim aumentá-lo ainda mais".Acho que o meu amigo,principalmente,enganou-se no alvo da sua critica.Por isso,não posso concordar com aquela citação:em 1º lugar o subsídio de desemprego é um direito de todos os trabalhadores que decorre dos descontos para a segurança social apartir de um certo tempo (em Portugal,se não me engano,é a partir de 6 meses de desconto);em 2º lugar,nem todos que tiveram a infelicidade de ir para o desemprego têm esse direito (aqueles que foram despedidos por justa causa,por ex.);em 3º lugar,o subsídio de desemprego é temporário e,durante esse tempo,para além da obrigatoriedade dos beneficiarios comprovarem às autoridades que estão efectivamente a procurar emprego,eles não podem recusar emprego encontrado através do IEFP (no caso de Portugal) 3 vezesconsecutivos sob pena de perderem o subsídio (sendo temporário,evita-se o subsído-dependência).Ou seja,o próprio iefp têm um papel activo na luta contra o desemprego com ofertas de trabalho aos desempregados em vez de os deixar por "conta própia" e,por isso,o subsídio de desemprego não aumenta o desemprego,como diz o Redy,mas é apenas um mecanismo de reintegração socio-profissional.Como disse anteriormente,a critica do Redy errou no alvo:essa critica é,ou devia ser,direccionada à programas do tipo Rendimento Mínimo Garantido que,sendo um mecanismo de reintegração social para combater a exclusão social,sem algum tipo de controlo pode "legitimar a preguiça" (imaginemos,no caso das FAIMO por ex.,que em vez de trabalhar por um salário as pessoas abrangidas ficassem em casa a receber um subsídio).È por causa de programas desse tipo,que cria um certo subsídio-dependência,que na europa se tem reformulado as políticas do estado-providência e tem se desenvolvido o novo conceito workfare (combinando o estado do bem-estar com o trabalho) em detrimento do walfare (estado do bem-estar).O problema do subsídio de desemprego em CV não é a de saber da sua justeza mas sim a de saber se o país tem condições económicas e financeiras para as suportar.

12 comentários:

Redy Wilson Lima disse...

Edy pensei no rendimento mínimo e sei que os trabalhadores tem este direito e descontam para isso.
A questão é: pensar nisso em CV (estou a falar de CV) é não conhecer a nossa realidade e tem tudo a ver com o que escreveste no final a vermelho. A minha história da vaca quer dizer tudo.
Tens toda a razão qd dizes que todos que perderam o emprego por infelicidade(justa causa está fora)tem o direito a um subsídio, mas o que sou contra e foi esta a minha crítica é ver nisso uma política eficaz de luta contra o desemprego.
Sei que não viste o programa da TCV e o alvo da minha crítica foi ouvir a menina dizer que como CV tem um problema de desemprego (pessoas que nunca trabalharam na vida por falta de oportunidades de várias ordens) tem direito a um subsídio do governo. E de onde vem esse dinheiro? Para mim é sim uma forma de legitimar a preguiça e foi isso que critiquei.

Edy disse...

Redy,disse que a tua critica errou no alvo pq sei que estavas a pensar em programas do tipo Rendimento Minimo Garantido,que é bem diferente do Subsídio de Desemprego..o RMG é para aqueles que estão socialmente excluidos(que não trabalham a muito tempo e que nunca fizeram descontos para a Segurança Social);o Subsidio de Desemprego é um subsidio temporário para um desempregado que fez descontos para a Segurança Social..a menina que fez aquelas declarações na TCV não fez essa diferenciação...Tb concordo que ainda não temos condições para implementar politicas do tipo rendimento minimo,mas já é altura de começarmos a pensar e a discutir a implementação do Subsidio de Desemprego,temporário,para aqueles que depois de 1 ou 2 anos de trabalho e descontos para a Previdência Social vão para o desemprego...As "politicas sociais" podem e devem ser encaradas como politicas de emprego,logo,de combate ao desemprego?Cá está uma questão que deveríamos "postar" e,deste modo,debater...Abraço

Anónimo disse...

Estou a ver que o Edy continua em forma. O essencial é o que tu dizes a fechar a tua cronica e que vem a vermelho. Tal escapou ao RedY;

Mas ja lhe dei na cabeça assim:

E' o que eu digo, este rapaz do Redy, tem cá cada ideia!

Com essa estória de querer acabar com o subsidio de desemprego é que eu nao estava à espera vindo de quem vem!

Estou a ver que temos mais um liberal na equipa!

So que o Redy nao sabe que o proprio Adam Smith, defendia uma correcçao das disparidades sociais, quer dizer aquilo que hoje chamamos subsidio de desemprego..

Eu gostaria que o jovem Redy, nos fornecesse aqui um unico exemplo dos chamados paises ocidentais que ja cortou ou disse ir cortar o subsidio de desemprego..

Oh Redy, mesmo nos States de Bush, nao houve corte de subsidio de desemprego; o que houve foi um incentivo ao emprego, quer dizer esta-se a adoptar politicas de dissuasao à preguiça, reduzindo por exemplo nos prazos de concessao do tal famoso subsidio. Quer dizer em vez de ser por exmeplo 12 meses a receber o subsidio, o desempregado é incitado a procurar um emprego e ao mesmo tempo esse prazo é reduzido para 8, 6 meses ou 3 meses. Se se provar que o desempregado recusa trabalhar, ele pode perder o tal subsidio. Mas ainda nao aconteceu e é a nivel individual e nao como politica geral.

Oh Redy, estás a ver por exemplo um francês a aceitar que o governo lhe corte no subsidio de desemprego? Vê-se mesmo que nao conheces o francês médio! Era logo, mais uma Revoluçao, com cabeças cortadas e mais Bastilhas. Alias, para a tua informaçao, o que te vai alegrar, os franceses ja andam a treinar para fazer mais uma revoluçao. A anarquia vem aí!...

Al Binda

Redy Wilson Lima disse...

Pois é Edy, concordo ctg mas o miúda falou em usar o subsídio do desemprego para os que não tem trabalho (nunca trabalharam). O país não tem essa capacidade e depois, para quê que vou trabalhar se tenho o dinheiro fim-do-mês garantido? Faltou controlo na Europa e em CV o grande problema é precisamente a inspecção. Discordo da rapariga. O rendimento mínimo tem trazido muitos problemas na Europa e inclusive está-se a pensar reformulá-la. Tem havido muitos trabalhos académicos sobre isso e tenho até uma colega portuguesa que está a estudar o fenómeno em Lisboa.

Edy disse...

Al Binda,não só o Adam Smith como tb o Stuart Mill...um "esquerdista" ser contra o subsídio de desemprego é,no mínimo,paradoxal...
Redy,não se está,já se reformulou o rendimento minimo garantido desde os tempos do governos Barroso/Porta em que aquele benificio social mudou de nome para rendimento de inserção..e isso vem na sequencia daquilo que disse no post: é a mudança do "welfare state" para "workfare state"...abraço aos 2...

Redy Wilson Lima disse...

Pode ser Edy, mas a verdade é que os problemas ainda existem e não são poucos. Mas vamos à razão da minha crítica: defendes que um indivíduo em CV que nunca trabalhou na vida e por conseguinte, nunca descontou tem direito a um subsídio de desemprego? Bem... ter o direito até pode ter, mas não vês nisso a legitimação da preguiça, tendo em conta o que aconteceu na Europa e conhecendo (suponho) da nossa realidade e da mentalidade do crioulo? Achas que isso seria uma política viável de lutar contra o desemprego? O país (a vaca) tem condições para suportar isso? Ou será importações de modelos ocidentais numa sociedade periférica específica sem um tecido empresarial forte, sem indústria e com muita garganta de somos os melhores (e até somos bons em algumas coisas que dá orgulho em ser cabo-verdiano).

Redy Wilson Lima disse...

Mais: fala-se do turismo como motor do desenvolvimento e sinceramente, o rumo que as coisas nesse sector tem tido vai ser sim um motor "manku".
Se a menina estaria a falar numa coisa tipo rendimento garantido podia especificar melhor. É que sou lerdo de vez em quanto e necessito que falem claros para poder alcançar a coisa.
Edy, conheces as estratégias que os beneficiários do rendimento mínimo (que por acaso mudou de nome) utilizam para nunca arranjarem trabalho? São muitas e são de difícil controlo. Com isso não quero dizer que sou contra essa medida. Agora em CV é preciso ponderam bem e fazer alguns estudos de viabilidade, caso contrário iremos comprar gato por lebre e tenho pena da geração futura se assim for.
Nha opinion.

Edy disse...

Redy,como parece que ainda não me entendeste,vamos por ponto:
1)ainda não entendeste que subsidio de desemprego e rendimento minimo tem alvo e tem objectivos diferentes;o 1º é direccionado só para quem trabalhou,fez descontos e está desempregado e o 2º é para aqueles que são socialmente excluidos,como por ex. os ciganos.Por isso,não defendi nem defendo "que um indivíduo em CV que nunca trabalhou na vida e por conseguinte, nunca descontou tem direito a um subsídio de desemprego".Até acho que não tem direito...
2)dizer que "que um indivíduo em CV que nunca trabalhou na vida e por conseguinte, nunca descontou tem direito a um subsídio de desemprego" é bem diferente de dizer que "que um indivíduo em CV que nunca trabalhou na vida e por conseguinte, nunca descontou tem direito a um subsídio qualquer,do tipo rendimento minimo"..há que distrinçar esses 2 tipos de subsidios...e aqui até disse que o país não tem condições para criar e sustentar esse subsídio...
3)a menina na tv fez confusão entre os tipos de subsidios,não as diferenciou e tu fizeste a mesma coisa..foi por isso que disse que a tua critica errou no alvo e não disse que estava errada...pq essa critica é direccionada ao rendimento minimo e não contra o subsidio de desemprego..
4)tive um disciplina no mestrado que se chamava "Politicas de Emprego e Formação Profissional" onde curiosamente o prof da cadeira era o senhor que coordenou e lançou,enquanto secretário de estado do emprego e formação,o Rendimento Minimo Garantido e,nessa cadeira,fiz um trabalho sobre as politicas sociais do welfare state;logo,li bastante estudos sobre as estratégias utilizados pelos beneficiarios para perpetuarem o subsidio,criando o subsidio-dependencia...e tb li bastante as estratégias para combater isso:por isso,no post,falei sobre a passagem do welfare state para workfare state (um ex é aquele que o Al Binda ilustrou no caso dos EUA)...
5)para terminar,mais um vez,a minha posição é essa:programas do tipo rendimento minimo-não há condições;subsidio de desemprego,só para aqueles que trabalharam e descontoram durante algum tempo-há que começar a pensar nisso...

Redy Wilson Lima disse...

Edy quem parece que não entendeu és tu. A minha crítica vai na sequência do debate na TCV. Não estou a misturar conceitos, mas sim dizer que não faz sentido pensar o que a miúsda chamou de subsídio de desemprego nos propósitos que ela a defendeu. Reagiste e bem qd identificaste os dois conceitos que sei que são diferentes, mas às vezes é preciso estar contextualizado e meu caro amigo nessa situação não estás porque não assististe o tal debate e não ouviste os argumentos.
Estou de acordo ctg no teu último ponto: não há condições para o rendimento mínimo e deve-se começar a pensar no subsídio do desemprego.
O meu post foi irónico e se leres a 1 nota verás que comecei a dizer que ou se sabe do que se fala ou se cala.
Qt ao subsídio do desemprego para aqueles que trabalharam e descontaram estamos à espera que venhas introduzir por estas bandas.

Anónimo disse...

Os dois têm razao, mas sao dois cabeçudos e é por isso que gosto de vocês. Lembram-me o meu filho que tem a vossa idade. 30 anos é a vossa idade, nao é? Digamos à volta disso, menos dois ou mais dois, andam por aí!

Mas para chatear o Redy, digo, aqui que o exemplo que ele avança dosbre o seu professor da tal cadeira do rendimento, nao é nada de especial e nao é referência nenhuma. Sabem porquê? Porque o rendimento que foi introduzido em Portugal, é uma copia conforme ao que se fez em França.

Alias tudo o que se faz em Portugal é copiado da França; so como anedota às vezes estou a ler certos trabalhos universitarios portugueses ou artigos de jornais e revistas, e apanho-me a dizer:"mas caramba, eu ja tinha lido esta merda algures".
E depois descubro que afinal, o que li em português foi adaptado ou muitas vezes copiado, quase frase por frase, em artigos ou trabalhos franceses.

Isto para dizer ao Redy, que em matéria de produçao intelectual em Portuguesa ha muito que se lhe diga.

E se falo desse conceito de rendimento em Portugal é para dizer, que nao funcionou bem e nao funcionará nunca, como alias Redy diz, pela simples razao: é que mesmo em França, nao funciona e é uma autêntica aldrabice intelectual. Com isso quero dizer que como Redy diz, em França por exemplo, sao os mandrioes, é que tiram proveito do tal rendimento, pelo que o mesmo ja tem outras declinaçoes precisamente por causa da roubalheira que é e o futuro é a merda desaparecer completamente.

Enfim, Edy, agora é para ti; Gostei daquela de chamar o Stuart Mill, um "esquerdista". Exacto tens razao, ele também defendeu a mesma tese na matéria que o mestre Adam defendeu. Enfim, nós os liberais temos também as nossas fraquezas. E' como eu costumo dizer:"mas que nao gostaria de viver à custa de subsidios"?

Até o Redy! Diz la ao rapaz que quero ir fazer umas conferências la universidade do gajo!E de borla!! Vou estar la no Verao!....

Al Binda

Al Busu disse...

A desigualdade social não se manifesta “apenas” nos planos material e estatutário, prolonga-se no dos julgamentos morais e das avaliações políticas. O recente tratamento informativo de casos de venda ou de penhora do computador Magalhães é disso ilustrativo.A conversa é conhecida: há uns malandros que recebem fraudulentamente o rendimento mínimo garantido? Acabe-se com este subsídio à mandriagem.Imagine-se o que seria dizer o mesmo de apoios públicos que beneficiam sobretudo pessoas de maiores rendimentos. Mas não, nesse caso a razão prevalece sobre o preconceito e, sensatamente, requere-se sim a punição do prevaricador e, eventualmente, mais fiscalização. Como prevalece também quando outros valores (como os da “família”) estão em causa. Imagine-se que, perante a descoberta de fraudes no abono de família se propunha o fim daquele subsídio: caía, e compreensivelmente, o Carmo e a Trindade.Esta tolerância zero quando estão em causa os mais desfavorecidos põe em causa os méritos do projecto, não o comportamento do beneficiário em causa.Ou seja, a tolerância é desigualmente distribuída e numa lógica cumulativa. No extremo, os pobres não têm direito a uma taxa, ainda que reduzida, de malandros no seu seio. Esta fica reservada para os ricos. Bem como as leituras “glamourosas” da vigarice, olhada desigualmente quando acontece nos salões ou na rua.

Anónimo disse...

Eu deixei de trabalhar para ganhar o subsidio de desmprego. Bem bom, continuo a ir às putas todas as semanas. E posso dormir mais. Fica dificil é comprar tanta ganza.