sábado, 22 de agosto de 2009

A pressa em criticar deturpa a mente

A propósito do estudo Universidade: verdades e percepções na hora da escolha” elaborado pela Centro de Pesquisas e Estudos Avançados da Universidade de Santiago (CEPEA – US) e que foi objecto de reportagem do Jornal «A Nação»,diz o João Dono que uma das conclusões do estudo é que as "Dificuldades no financiamento de estudos obrigam a prostituição e criminalidade".A pressa em criticar o Governo por tudo o que mexe e pelo o que não mexe pode pregar algumas partidas a nossa capacidade de racíocinio.É que nem é preciso ler o estudo em causa,basta ler a reportagem do jornal para vermos que a peça da mesma reportagem intitulada "Nas malhas do narcotráfico" é uma peça da responsabilidade do jornal e não uma das conclusões do estudo em causa.Nem podia ser e,pelo que conheço de alguns dos autores desse estudo,até eles devem ter ficado "espantados" com a associação que se fez entre aquele problema social e o estudo.Deve ser por defeito de formação,uma vez que não podemos exigir a um jurista que tenha conhecimentos em metodologias e técnicas de investigação das várias ciências sociais,mas acho que é lógico depreender do título do estudo que a população inquirida no estudo foi estudantes pré-universitários e,como tal,não estudantes universitários que "tiveram de se prostituir e enveredar pelos caminhos do tráfico de droga para financiar os estudos".Logo,a essa conclusão o estudo não poderia chegar.Não é que esteja a negar a existência desse problema social em Cabo Verde;esse problema é uma realidade no país assim como em Portugal,no Brasil,em Espanha,na Inglaterra,nos EUA,enfim,um pouco por todo o mundo.Em muitos desses países esse problema deve-se ao facto das propinas universitárias serem realmente muito elevada.Se,como diz a reportagem,a Universidade de Cabo Verde pratica a propina mais barata (cerca de 9 contos comparativamente a das universidades privadas,cuja propina mais baixa ronda os 14 contos) o problema não é exclusivamente das propinas altas mas sim da pobreza do país.Mais uma vez: o João Dono não leu como deveria ter lido porque uma das conclusões a que chegou não fazia parte do estudo.Ou seja,associou erradamente uma peça do jornalista ao estudo em causa.Desse mesmo estudo o que,a meu ver,reclama a intervenção do Estado ou,eventualmente,a intensificação das políticas é na questão do "estado ser visto como principal empregador".Quanto ao facto das famílias constituirem como principal financiador das propinas,não vejo mal nenhum nisso.Bem sei que os media possuem uma grande influência no processo da construção social da realidade.Mas apenas os menos avisados é que não conseguem escapar a essa lógica ou apenas os "bem intencionados" é que fazem uma leitura acrítica de noticias escolhidos à dedo.

1 comentário:

Edson Medina disse...

Edy,
o problema não é ler errado, é ler como lhe interessa. Há favores a serem prestados, há serviços a serem mostrados. Falta de cientificidade e seriedade. Depois dizem que não ha liberdade de (má)expresão...