terça-feira, 25 de novembro de 2008

Lévi-Strauss prestes a tornar-se o primeiro membro centenário da Academia Francesa


«É um dos grandes intelectuais franceses do século XX, lançou as bases da Antropologia moderna e cumpre cem anos na sexta-feira, dia 28. O filósofo-antropólogo Claude Lévi-Strauss torna-se assim o primeiro membro centenário da Academia Francesa, para onde entrou em 1973. Foi também um crítico do etnocentrismo e de algum modo um precursor intelectual do movimento ecologista.

Habita num edifício discreto na zona oeste de Paris e não se mostra inquieto com a posteridade nem escreveu memórias.

A celebridade chegou-lhe cedo e a sua memória não parece comprometida. Entre as homenagens agendadas, há uma jornada especial na sexta-feira no Museu das Artes Primitivas, em Paris, onde uma centena de personalidades vão ler os seus principais textos. O canal de televisão franco-alemão Arte vai dedicar-lhe uma emissão especial e há cerca de vinte títulos seus nas livrarias.

"A grande questão da Antropologia é a variação entre as diferentes culturas. Porque é que há culturas diferentes?", resume uma das antigas alunas de Lévi-Struss, Anne-Christine Taylor, especialista em culturas indígenas da Amazónia, citada pela AFP. "Ele trouxe um olhar novo a esta questão, partindo do postulado de que há uma ordem por trás das diferentes culturas", acrescenta.

Por outro lado, Lévi-Strauss criticou também o aparecimento de uma corrente de pensamento humanista que secundarizou a natureza, tornando-se assim num precursor do movimento ecologista. O autor é centenário, a obra continua actual.O diário francês Libération diz que ele "instalou-se há muito numa espécie de intemporalidade", em que "não se mistura com nada que não tenha escolhido", o que já "é anterior à sua reforma". Numa entrevista em 2005, Lévi-Strauss disse: "Dirigimo-nos para uma espécie de civilização à escala mundial. (...) Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei, tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu."»

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