sábado, 30 de maio de 2009

Manual do Achismo

O manual do achismo é uma obra dedicada ao nobre desporto do achar.Em homenagem a todos nós,os achistas.Alguns exemplos:

"Eu acho que qualquer idiota é capaz de pintar um quadro. Mas só um génio é capaz de vendê lo" (Samuel Butler).

"Eu acho que felicidade é ter uma família grande, amorosa e bem unida, só que em outra cidade" (George Burn).

"Eu acho que nenhum homem rico é feio" (Zsa Zsa Gabor).

"Eu acho que nada vem do nada" (Lucrécio).

"Eu acho que ela herdou essa beleza natural do pai, ele é cirurgião plástico" (Grouxo Marx).

"Eu acho que os tempos mudaram. Hoje em dia, há muitos príncipes encantados que andam por aí atrás de outros príncipes encantados" (Vasco Leite).

"Eu acho que certas mulheres gostam tanto, tanto dos seus maridos que, para não gastá los, usam os das suas amigas" (Sérgio Leite).

"Eu acho que nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até ser enfrentado" (James Baldvvyn)

"Eu acho que quero um homem que seja gentil e compreensivo. Será que é pedir de mais de um milionário?" (Zsa Zsa Gabor).

"Eu acho que quem inventou o trabalho não tinha o que fazer" (Frederico Saldanha).

"Eu acho que nunca se deve convidar uma mulher que diz a sua verdadeira idade. Se ela diz isso, é capaz de dizer qualquer coisa" (Oscar Wilde).

"Eu acho que cada um deve defender se como pode. Os cães mordem. Os bois chifram. Os deputados da oposição votam contra" (Frase de um deputado brasileiro).

"Eu acho que não adianta ponderar muito tempo em quem votar. Não importa que você escolha. Irá ganhar sempre um político" (Sérgio Leite)

"Eu acho que uma mulher inteligente é aquela que sabe como recusar um beijo sem se privar dele" (Gabriela Saldanha).

"Eu acho que no dia em que me conhecer de verdade vou sair correndo" (Bruno Pinhal).

"Eu acho que não somos um país especialmente corrupto. Somos é mal auditados" (Stephen Kanits).

"Eu acho que a tirania é sem pre melhor organizada que a liberdade" (Charles Peguy).

"Eu acho que a fé move montanhas. Mas não se esqueça de ficar empurrando enquanto reza" (Mason Cooley).

"Eu acho que quero viver até à minha morte" (Cotte).

Ou como dizia o meu Tio Olavo: "Eu acho que não se deve emprestar nem livros nem mulheres aos amigos. Os livros nunca são devolvidos. As mulheres sempre."

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Coisas da Vida

Tanta preocupação mesquinha com os pseudo-intelectuais,pseudo-artistas,intelectuais e artistas verdadeiros,com "pseudo-debates" e com a ausência de debates que,na maior parte das vezes,nem damos conta que o verdadeiro debate não acontece em cabo verde.Nem há sequer condições para tal.Estamos demasiados ocupados com o nosso ego,com a preocupação de fazer "vencer" o nosso ponto de vista,de aparecer mais nos media,de ser o mais bokudu.Feliz ou infelizmente,em Cabo Verde foi sempre assim. uns fazem,outro procuram fazer e a maioria põe se na fila a ver a caravana a passar.O nosso problema é que o esforço de uns a favor e de outros contra,deixa-nos quase sempre no mesmo lugar.A filosofia socrática que o Djick ensinou a várias gerações,não foi bem apreendida.Apesar da excêlencia do Djick-professor!

É uma Maratona que vai Decidir as Próximas Eleições?

Sempre que leio o João Dono a defender que Carlos Veiga "pode" ganhar José Maria Neves nas próximas eleições legislativas porque este último está em desvantagens uma vez que,comparativamente,está cansado lembro-me,inevitávelmente,do Tony Blair.Este ex-chefe do governo britânico conseguiu vencer um 3º mandato mesmo depois do "cansaço" de 2 mandatos consecutivos.Não que eu queira compara-los,mas será que o Tony Blair é ou era fisicamente mais bem preparado que o JMN?Mesmo invocando a lei da física,o Dono ignora que,no que diz respeito ao jogo político,não estamos no mundo natural onde tudo pode ser previsível e determinado.Pelo contrário,a vitória e a derrota de um ou do outro,não está na capacidade atlética de cada um.Muitas outras coisas vão contar para o desfecho final dessas eleições e,mesmo que Veiga venha a ganhar,não será certamente por causa do cansanço do JMN (mesmo que,caso o MPD ganhe,os "paicvistas" apresentem esse argumento como desculpa).

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Empreendedorismo,Inovaçao,Iniciativa Individual e Políticas Públicas

A maioria dos estudos clássicos sobre o empreendedorismo e a inovação (acredito que acontece o mesmo também em outras áreas de estudo) concentra-se no comportamento individual dos agentes,como se os indivíduos ou empresas/organizações fossem auto-determinados,com uma total ausência da política (políticas públicas).Ou seja,tratam o comportamento empreendedor e a inovador como exclusivamente constituídos por princípios e preocupações racionais-individualistas e não afectado pelo seu contexto social e político.Em certo sentido,esses tipo de estudos estão em consonância com as "tácticas" de alguns formuladores de políticas não reflexivas,baseados na individualização excessiva,na culpabilização e responsabilização individual,nas quais as políticas são sempre soluções e nunca parte do problema.Damos conta dessa tendência em discursos de alguns responsáveis quando dizem coisas do tipo "os caboverdianos são poucos empreendedores","os estudantes querem é trabalhar na função pública em detrimento de criarem a sua própria empresa" ou "as empresas caboverdianas não são inovadoras" e "os gestores das empresas caboverdianas não implemantam práticas de gestão da inovação",etc,etc.Ou seja,o problema está nos caboverdianos e nas empresas,nunca nas políticas implementadas.Que políticas públicas tem sido implementadas para,no caso da inovação tecnológica,incentivar as empresas a apostarem na investigação e desenvolvimento? E para apoiar as empresas de base tecnológica na contratação de quadros altamente qualificados (com um mínimo de mestrado porque poucos licenciados têm experiência de investigação ciêntifica)?Quais são as políticas de ciência e inovação direccionadas à tranferência da tecnologia e conhecimento da universidade para o mercado/sociedade?Por mais "gene inovador" que a empresa tenha,sem políticas públicas bem coordenadas,a inovação em Cabo Verde será apenas um "sonho" dos nossos políticos progressistas.No que diz respeito ao empreendedorismo,quais são os apoios que um jovem finalista do ensino superior pode obter se quiser criar um empresa?Existem concursos de empreendedorismo para jovens?Antes disso,já existem disciplinas de empreendedorismo no ensino secundário?Como é que se quer apostar no empreendedorismo inovador (ou de base tecnológica) sem-se apostar na investigação ciêntifica (nas universidades e nas empresas)?Fomentar o empreendedorismo,em qualquer país,não é apenas criar institutos públicos de apoio às empresas privadas;também é isso,mas é muito mais!Se o empreendedorismo de base tecnológica é práticamente inexistente ou tem uma taxa baixíssima,a "culpa"  não é apenas dos indivíduos e das empresas.As políticas públicas,para além de outros factores,também não ajudam muito! 

Os números da governaçao a partir do ano 2000 (I)


Cape Verde: Selected Economic Indicators, 2001-05


 

2001

2002

2003

2004

2005


Domestic economy     

Real GDP

4.0

5.5

6.2

4.5

6.0

Real GDP (per capita)

1.8

3.6

4.3

2.7

4.5

Consumer price index (annual average)

3.7

1.8

1.2

-1.9

0.8

Gross domestic investment (in percent of GDP)

17.4

21.8

18.7

20.4

23.3

Gross national savings (in percent of GDP)

6.6

10.4

9.2

14.2

14.9

External economy

     

Exports f.o.b. (in local currency, annual percentage change)

-0.5

7.3

4.9

0.4

1.4

Imports f.o.b. (in local currency, annual percentage change)

3.6

14.2

2.5

3.4

6.4

Current account balance, excl. grants (in millions of U.S. dollars)

-189.9

-237.2

-287.0

-303.2

-361.7

Current account balance, excl. grants (in percent of GDP)

-13.9

-17.1

-15.4

-12.0

-14.2

Capital and financial account (in millions of U.S. dollars)

62.1

73.8

65.0

58.9

90.6

Debt service (in percent of exports of goods and nonfactor services)

19.2

15.6

10.6

10.7

10.4

External debt (in percent of GDP)

63.5

56.3

52.0

49.1

48.3

Real effective exchange rate (end of period, percentage change)

-2.7

2.6

3.6

-2.9

...

Financial variables

     

Government revenues (in percent of GDP)

27.3

22.8

21.9

22.9

21.7

Total grants (in percent of GDP)

4.9

8.7

5.5

6.5

6.6

Current expenditure (in percent of GDP)

22.1

21.0

20.5

20.1

20.4

Overall fiscal deficit (incl. grants, in percent of GDP)

-4.6

-2.6

-3.5

-1.5

-2.8

Broad money (annual percentage change)

9.8

14.3

8.6

10.5

8.7


Sources: Cape Verde authorities; and IMF staff estimates and projections

Os dados estatísticas têm a sua principal utilidade quando são apresentadas comparativamente.No caso do quadro acima,deve servir para compararmos com quadro do meu anterior post.É fácil notar que,apesar dos discursos em sentido contrário,baseando nos dados da FMI,há muitas diferenças entre os 2 períodos em causa.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Gerir o Desemprego

Apesar dos manuais da economia ensinarem que é o crescimento económico o principal factor da criação do emprego/diminuição do desemprego,alguns estudiosos têm defendido a ideia de que «não é o crescimento que cria o emprego;o empreendedor cria a emprego,o emprego cria o crescimento» (aumento de emprego=aumento de consumo).Para os nossos políticos,os factores do emprego e o desemprego resumem-se a aparente divergências ideológicas: é,quando-se está na oposição,culpa da incapacidade governativa da situação e,quando-se está na situação,culpa do mercado.A causa principal,talvez por ser básico,ninguêm analisa:o desemprego está no nível que está porque o Estado não tem capacidade para criar empregos para todos e porque os caboverdianos não estão a criar empresas em número suficiente (nem vale a pena falar na atracção do investimento estrangeiro porque,para além da questão da deslocalização,o impacto dessas empresas no emprego é reduzido);ou seja,devido à disponibilidade de postos de trabalho ser inferior a procura com as características adequadas.Mais simples ainda:devido a escassez de oferta de emprego.O que fazer perante este cenário?O que se tem feito?Por enquanto,sabemos que para o MPD a culpa é da incapacidade do PAICV e que,para este,a culpa é da actual crise internacional e das heranças da governação dos anos 90.Será que existe alguma medida milagrosa?Será que o MPD pode fazer,neste sector,melhor do que o PAICV?Já agora,para além de culpar o PAICV,qual é a solução que o MPD defende para resolver a situação?Qual é a política de emprego que defende que poderá ser melhor para o país?Ninguem sabe:enquanto o PAICV não está "dando conta do recado" neste sector,o MPD,por estar a espera que o poder lhe caia ao colo via desgaste do PAICV,não sabe o que se há de fazer;só sabe que a actual situação é culpa do governo e que tem mais capacidade para fazer melhor.Governar acaba por resumir-se a quem sabe gerir melhor os programas dos governos e o recurso público.Quem é melhor gestor,quem?"Os caboverdianos devem votar em nós porque estamos mais bem preparados e somos melhores gestores"!Não são ideias,nem ideologia nem visão estratégica:it´s managment skills!Eis a virtude política da actualidade.
Em termos gerais,em Cabo Verde,têm-se implementando políticas de trabalho moderamente protectora e activadora,repartida entre a formação e o apoio ao emprego.A formação profissional,uma das medidas activas de política de emprego,é uma aposta acertada,principalmente aquelas dirigidas à certos grupos sociais.Uma outra medida activa de política de emprego que deve ou deveria ter mais atenção e mais recurso é a criação de empresa/auto-emprego.Basta verificarmos que grande parte dos formandos,após a formação profissional,acabam por voltar para o desemprego para darmos conta dessa necessidade.

Os números da governaçao dos anos 90

Table 1. Cape Verde: Selected Economic Indicators

19931994199519961997199819992000

Domestic economy(Annual percentage change)
Real GDP7.36.97.53.55.47.48.66.8
Real GDP (per capita)4.24.14.70.82.64.66.44.6
Consumer price index (annual average)5.83.48.46.08.64.44.4-2.4
(In percent of GDP)
Gross domestic investment22.019.820.919.3
Gross national savings13.78.07.17.3
External economy(In units indicated)
Exports, f.o.b.
(in local currency, annual percentage change)
......16.427.635.9-8.014.829.6
Imports, f.o.b.
(in local currency, annual percentage change)
7.031.112.41.115.811.019.16.0
Current account balance, excl. grants
(in millions of U.S. dollars)
-91.3-112.5-124.1-88.4
Current account balance, excl. grants
(in percent of GDP)
-18.0-20.9-21.1-15.8
Capital and financial account
(in millions of U.S. dollars)
22.243.0122.946.9
Debt service
(in percent of exports of goods and NFS)
12.311.030.931.0
External debt
(in percent of GDP)
42.736.537.341.444.042.250.853.8
Real effective exchange rate
(end of period, percentage change)
5.12.3-5.5-3.7
Financial variables(In percent of GDP)
Government revenues18.21.8-6.27.530.432.227.726.1
Total grants10.113.07.25.6
Current expenditures...-2.81.9-0.722.320.526.634.0
Overall fiscal deficit 
(incl. grants, commitment basis)
-10.0-4.0-11.0-18.9
Change in broad money16.714.712.6-3.114.32.714.813.5

Sources: Cape Verdean authorities; and IMF staff estimates.

Como a credibilidade do nosso INE está sujeito a adequabilidade dos seus números às estruturas ideológicas ou conviniências de cada um,é útil recorrermos à dados politicamente isentos.Como nos mostra o quadro acima, da FMI,há dados históricos que são indesmentíveis mesmo quando esses dados servem de arremesso em jogos politicos...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

JMN recebe jovens para pensarem emprego e formação profissional

Cá está uma forma de fazer política que,comprovadamente,não dá resultado nenhum.Ou melhor,receber jovens para "pensarem" sobre a política de emprego e formação profissional nem é sequer uma medida inteligente de marketing político: é apenas "cosmética"!
Sejamos sérios:é a partir de um encontro com jovens que vai sair as medidas de luta contra o desemprego entre os jovens?Nesse encontro com o 1º ministro,cada jovem vai apresentar a sua ideia de combate ao desemprego?Estarão estes jovens habilitados para tal?Se sim,como será incorporada e implementada uma medida valiosa apresentada por um desses jovens?
Parece-me que essa é um confissão que o governo está sem ideias nessa área;ou então,está muito mal assessorado (principalmente a nível da comunicação).Um encontro desse tipo deveria ser efectuado entre os jovens e um assessor do 1º ministro e/ou um assessor da ministra do trabalho.
O nosso 1º ministro deveria,nesse encontro,apresentar as medidas do governo e as políticas de emprego para os jovens e não marcar esse encontro para "pedir ajuda" a nossa juventude.

Um Partido Monárquico defende CV na UE

«Para o cabeça-de-lista do PPM, Frederico Carvalho, "cabe aos portugueses apoiarem o alargamento ao Atlântico e, nessa lógica, defender umafutura integração do arquipélago de Cabo Verde na UE". No imediato, o PPM quer que seja criada "uma enorme euro-região atlântica", que agrupe "os Açores, a Madeira, as Canárias e Cabo Verde, como membro observador" e que se faça "uma pausa temporária no processo de integração"».

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Acabar com a promiscuidade entre a politica e a advocacia

É uma pena que,aquando da sua estadia em Cabo Verde na celebração do dia dos advogados,o bastonário da ordem dos advogados de Portugal,António Marinho Pinto,não tenha abordado sobre a relação entre a advocacia e a política como fez na entrevista que concedeu ao Jornal de Negócios de 18-05-2009.Em sede de alteração dos estatuto da Ordem,o bastonário propôs a separação entre funções políticas e o exercício da advocacia.Argumenta que há uma promiscuidade muito grande entre essas duas actividades,mormente nos casos de escritórios de advogados com membros no governo a patrocinar o Estado em acções,sem concursos públicos,sem transparência,sem regras;escritórios com advogados no Parlamento que continuam a exercer a advocacia (estão no parlamento a defender interesses públicos,vão para tribunal defender interesses privados e voltam para o parlamento a propor leis;há advogados/deputados com acções do Estado).After all,não são os advogados/políticos aqueles que tem mais sucesso e visibilidade profissional no mercado?Essas situações colocam em causa a sã concorrência entre os advogados e entre sociedades de advogados.Não deve permitir-se que sejam angariadas acções do Estado através de tráficos de influência e da acção política.Urge uma separação efectiva entre a politica e advocacia:quem é deputado,parlamentar ou municipal,deve suspender a sua actividade profissional como advogado.E isto faz-se implementado a exclusividade da actividade parlamentar.