sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Glorificar o Dever

Aqui há algum tempo tenho "assistido" na internet à “glorificação” – nos blogues e comentários nas páginas de jornais online – da figura de um procurador da república, na pessoa de Vital Moeda. No Café Margoso até querem nomeá-lo como “Homem do Ano”.E porque tudo isso? Simplesmente porque o procurado fez o seu trabalho. Quando o procurador embargou um projecto turístico por causa de questões ambientais e quando esteve envolvido num julgamento ligado ao tráfico de droga houve um “corrupio” no espaço virtual porque esse rapaz tem coragem para enfrentar tanto os homens da droga como o próprio Estado de Cabo Verde. Uma pessoa que acabasse de aterrar no país podia até questionar: mas o quê é que anda a fazer todos os outros procuradores no país para que apenas o trabalho de um deles tenha tanto notoriedade? Porque é que o trabalho de outros procuradores e de alguns juízes não tem o mesmo impacto e visibilidade, pelo menos na internet? E os inúmeros competentes anónimos que estão a fazer andar o país e as empresas cabo-verdianas, "cadé" o seu respectivo «15 minutos de glória virtual»?Desconfio que o meu amigo Redy tenderia a dizer que é por causa da “prostituição intelectual”. Cientificamente, a resposta poderá ser esta (Ronald Burt):"Para cada tarefa,existem indivíduos ou organizações que a podem desempenhar tão bem como quaisquer outros mas,ainda que com idêntico capital humano e financeiro,só alguns vão poder beneficiar da oportunidade em apreço:o critério é o capital social.De entre todos os indivíduos igualmente qualificados,apenas alguns conseguem as oportunidades mais compensadoras.De entre todos os produtos de idêntica qualidade,apenas alguns conseguem dominar o mercado.De entre os trabalhos académicos de elevada qualidade,apenas alguns conseguem ser conhecidos.O êxito é determinado menos pelo que se sabe do que por quem se conhece".

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