segunda-feira, 30 de março de 2009

E a culpa da crise financeira mundial é dos clientes bancários...


...«estão a ver a famosa “crise financeira internacional”? E qual foi a sua causa principal? A compra desenfreada de casas e outros luxos semelhantes, sem que houvesse estofo para tal. É esta a base inegável da crise do “subprime”. Em cascata, deu-se, depois, o desmoronar de um sistema imponente e irresponsável. O “luxo democrático”, que procura o crédito sem ter poupança, gerou, deste modo, o caos. Mas ninguém quer falar disso. Culpar os “banqueiros” é mais fácil e rende votos. É certo que há banqueiros sem escrúpulos, mas eles não são a causa principal desta crise mundial» (Casimiro de Pina).
O problema dessa análise é que faz parecer que os banqueiros foram "obrigados" a conceder créditos à todas as pessoas independentemente da sua condição financeira e capacidade de se responsabilizar pela hipoteca da casa adquirida.Que bonzinhos são esses banqueiros.Evidentemente,a justificação é mais profunda e,sim,os banqueiros,ou alguns deles,tem a "culpa no cartório":concedia-se empréstimos à pessoas comprovadamente de alto risco (no sentido que não poderiam pagar totalmente o crédito);depois,por via da inovações financeiras totalmente desregulados,vendia-se esses créditos,entretanto tranformado em novos produtos financeiros,no mercado financeiro até que alguêm descobre que esse novos produtos não tem "fundo" porque os clientes não tem como pagar  crédito...e,nisso tudo,há ainda quem diz que a culpa é desses mesmos clientes que se aproveitaram "da bondade" dos banqueiros...

A Hipótese Hilariante de Carlos Veiga candidatar à 1º Ministro

O João Dono afirma que "Veiga é de facto o homem ideal para governar, novamente, o país" e que "MpD vai derrotar o PAICV com Veiga na linha da frente". Ora,eu tenho sérias dúvidas dessa vitória "automática" que,supostamente,Carlos Veiga (CV) permitiria ao MPD: em primeiro lugar,CV participou activamente em todas as campanhas eleitorais em que,mesmo assim,o PAICV saiu vitorioso;em segundo lugar,a chapa Veiga vs. Neves não é bem a mesma coisa que a chapa Veiga vs. Pires (mesmo contra este último,o primeiro já perdeu por 2 vezes);em terceiro lugar,o Neves tem mais força eleitoral junto dos jovens do que o Veiga (principalmente porque àquele tem uma imagem mais "limpa" do que este em termos comportamentais e muitos dos jovens adultos ainda têm presente a forma como o CV saiu do seu governo);por fim,o contexto actual é completamente diferente daquela quando o MPD obteve as 2 maiorias com CV.Existe um facto que alguns amplificadores se recusam a aceitar:os eleitores de hoje não são os eleitores de 91 e 95;os actuais são mais e melhor informados,são mais activos e têm maior escolaridade;a velha ladaínha do comunismo e da ditadura já não passa fácilmente.Ainda vão a tempo de encontrar novos caminhos...
Para além disso tudo,uma candidatura de CV à 1º ministro pelo MPD significa apenas uma coisa:o reconhecimento,para não dizer confissão,que sem o CV o MPD é insignificante.
Não há nada que permita dizer,taxativamente,que o Carlos Veiga ganharia as legistalativas ao JMNeves a não ser,claro,a vontade individual de quem "desenha" esse cenário...enfim,ainda falta algum caminho a fazer para aqueles que querem ser o "nosso" Marcelo Rebelo de Sousa...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Woman- John Lennon

Sobrevivência da Burocracia

Múltiplos sectores da administração pública,contra as evidências e a lógica económica que ditaria a sua eliminação,sobrevivem por perceberem que a produção documental é um dos critérios de aferição do bom desempenho no seio de uma burocracia estatal.Legitimada pelo factor de avaliação crítico,estás organizações sobrevivem,contrariamente à lógica económica,porque obtêm avaliação positiva em virtude da produção excessiva de documentação...

A Hora das Grandes Decisões nos TACV-II

Baseando-se na legitimidade social adquirida ao longo dos anos,legitimidade essa que foi reforçada por longos anos de ausência duma concorrência no sector,a maioria das práticas de gestão implementadas pelas várias equipas de administração que passou pela empresa foram poucos "racionais" (no sentido que esse termos é utilizado na ciência económica).Nos antigos países comunistas,ainda a bem pouco tempo nos países de Leste Europeu,o governo central "mandava",por exemplo,50 recém-licenciados para uma fábrica que fica numa outra cidade,independentemente da necessidade e capacidade financeira dessa fábrica,combatendo assim o desemprego mas "asfixiando" a saúde financeira da fábrica.Foi essa prática de recursos humanos,uma espécie de "gestão socialista/comunista do mercado do trabalho",que levou à um dos principais problemas dos TACV: excesso de trabalhadores.Por outro lado,para além das falhas da gestão,houve,durante anos dos vários governos,uma clara demissão do papel do controlo de gestão por parte do accionista único da empresa (o estado).Ou seja,a governança corporativa (corporate governance) era/é um conçeito e prática totalmente desconhecida na governação da empresa.É claro que temos de levar em consideração as más decisões de gestão,a politica salarial na empresa (salário fixo+benefícios) que também vai ter de mudar (baixar!?) e,um fenómeno à vista de todos os clientes (o mesmo é dizer,de todos os caboverdianos):a falta total da implicação/comprometimento organizacional (identificação com a organização) no seio dos trabalhadores.
A mesma coisa foi dita pelo anterior presidente e,perante tentativas de mudanças organizacionais,deu-se um auténtica "guerrilha organizacional".Ao actual presidente,pelo menos,não o vão «mandar para a terra dele».Esperamos para ver a posição do MPD sobre essa situação.Fica,no entanto,duas questões: estão os trabalhadores disponíveis e preparados para aceitar e acordar despedimentos colectivos?Qual é o futuro da empresa,a privatização (total ou parcial) ou a continuação como empresa pública?

A Hora das Grandes Decisões nos TACV-I

A sociologia económica (ou a nova sociologia económica) considera que a maior parte das organizações está mais interessada na sobrevivência do que na maximização dos seus resultados.Foi demonstrado que  que esta sobrevivência não está causalmente relacionada com o desempenho ou com a eficiência,mas sim com a legitimidade social conquistada (Paul J. DiMaggio e Walter W. Powell,The New Institutionalism in Organizational Analysis,1991).Isto é,as organizações são mais gestoras de impressões e manipuladoras da aceitação social do que máquinas que conquistam a eficiência económica,baixando os custos e aumentando as receitas.O choque entre as lógicas de sobrevivência e da eficiência pode facilitamente ser avaliado pela observação de mercados,indústrias e empresas.A explicação crucial é,então,dada pela legitimidade social das práticas e pela capacidade de encontrar ou gerar redes de alianças que sustentem as actividades.Deste modo,empresas falidas podem sobreviver,caso os seus proponentes ocupem lugares centrais em redes políticas e a sobrevivência  da empresa possa ser considerada como um activo crítico nas batalhas política que se avizinham.Uma empresa pública gigante pode ser mantida,apesar de ineficiente,sempre que os custos sociais e simbólicos associados ao seu desaparecimento possam ser factores pertubadores da ordem pública ou possam comprometer as agendas políticas dos actores relevantes.A legitimidade social e os custos simbólicos são cruciais para entender o porquê da sobrevivência de transportadoras aéreas de bandeira,quando a aplicação de uma estrita lógica económica as conduziria à morte.A nova sociologia económica acredita que as questões sociais de legitimação e de controlo politico-cultural são mais decisivas para a sobrevivência organizacional do que o jogo económico.Eis porquê,contra todas as evidências dos modernos modelos de gestão,os TACV sobreviveu num espaço contrário à teoria económica.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O Fim do Compromisso- Paul Hollander

«O primeiro livro a oferecer uma visão histórica comparativa abrangente da desilução com os sistemas e ideologias comunistas»
O que atraiu alguns dos grandes pensadores do século xx para ideologia como o comunismo e o nazismo?O sociólogo
Paul Hollander investiga esta questão,enquanto analisa o que motivou alguns deles a deixar as suas causas como oficiais de alta patente e intelectuais que abandonaram a União Soviética.Não só se foca em regiões como a China,o Vietname e a Europa de Leste,que estiveram sob uma forte influência soviética,como a "desilusão" que afectou os países no Ocidente.

terça-feira, 24 de março de 2009

Não tarda aí o Ecosistema Empreendedor da cidade da Praia

À quase 2 meses atrás o Edy falava aqui do "empreendedorismo regional" onde apelava as nossas câmaras municipais,principalmente a da Praia,a incentivar o empreendedorismo e dizia que "snão se enveredar pela moda de apoiar apenas o empreendedorismo tecnológico/inovador,apoiando projectos de jovens de todos os estratos sociais,é uma medida que poderá ter algum impacto no combate ao desemprego e deliquência juvenil nas zonas urbanas".
Hoje,é noticiado que o presidente da Câmara Municipal da Praia,aproveitando a visita a portugal,vai assinar um protocolo com a empresa câmararia de incentivo ao empreendedorismo em Cascais- DNA Cascais,visando uma parceria para a implementação de um "ecosistema empreendedor da cidade da Praia".Boa iniciativa da nossa câmara.Será presunção pensar que as ideias veinculadas nos blogues estão a ser escrutinidas e seguidas por alguma autoridade da nossa praça?Ou será que,como disse o Redy nos comentários do post do Edy,que o recado foi dado? 

Nos Kabu Verdi di Speransa*

"Vivemos, é verdadeiramente redundante afirmá-lo, uma crise de confiança global. Em momentos como este, o valor da esperança é particularmente decisivo. Quaisquer que sejam as perspectivas que cada um de nós trace, quaisquer que sejam as receitas para vencer a crise que cada qual preconize, sem condições para gerar esperança não é possível iniciar o movimento de recuperação da confiança. Não é por acaso que alguns economistas depositam tanta fé no intangível «efeito Obama». Tendo a crise uma base largamente intangível (a confiança), o caminho para a recuperação pede soluções que, na sua verdadeira essência, são elas próprias intangíveis (a esperança).Cabo Verde vive, deste ponto de vista, um momento duplamente difícil. Por um lado não tem obviamente autonomia para resolver, sozinho, a crise global. Mas o país não tem simultaneamente as melhores condições para gerar ondas de grande esperança. E não me refiro às particularidades da nossa economia (outros haverá, mais habilitados do que eu, para discorrer sobre elas). Refiro-me ao actual momento político: diga-se o que se disser, a verdade é que Cabo Verde não conseguiu gerar uma alternativa credível ao governo do José Maria Neves. E sem a esperança (ainda que eventualmente exacerbada) no efeito de uma mudança de actores e de políticas, sobram, de facto, menos razões para acreditar no restabelecimento da confiança.Mas desejaria, confesso, que o MPD se apresentasse, a bem do país e da economia, como uma verdadeira alternativa geradora de esperança. Acontece que o MPD está ferido de vários «pecados». Desde logo o seu grande «pecado original»: não acredito, julgo que poucos acreditam, que o Eng. Jorge Santos, com todas as suas qualidades, represente muito mais do que uma solução transitória para vencer as dificuldades do partido. Depois porque o MPD, longe de propor alternativas verdadeiramente sustentadas às políticas do actual executivo, tem-se largamente limitado a cavalgar de forma oportunista ondas de insatisfação ou de pânico irracional que, ocasionalmente, foram rebentando na sociedade caboverdiana (estou a pensar, por exemplo, na «onda de violência» e nas acusações anónimas de corrupção). Finalmente, porque o MPD tem sido incapaz de revelar uma indispensável coesão e consistência entre o seu discurso oficial e a as poucas decisões concretas que foi tomando.Seria irresponsável e muito pouco independente defender que a solução para os problemas do país passa necessariamente pelo MPD. Mas julgo que é pacífico afirmar que Cabo Verde só teria a beneficiar com a existência de verdadeiras alternativas políticas em confronto sem as quais é impossível criar razões para alguma esperança que possa ser o sustentáculo da recuperação da confiança. Para que isso aconteça o MPD precisa de redimir todos e cada um destes seus pecados.Precisa-de um Partido de Esperança!"
*texto adaptado.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Será que o Socrátes veio mesmo a CV atrás de votos?


Confesso que tenho alguma dificuldade em "encaixar" a leitura desses dois comentadores sobre a vinda do 1º ministro de Portugal à CV.Para desmontar a ideia de que a "intenção" do Sócrates era "caçar" votos dos cabo-verdianos,ou dos "palop´s",precisamos olhar para o histórico do comportamento eleitoral dos imigrantes (não só a sua participação nas eleições ao longo do tempo como também a tendência do voto) e o seu peso nas eleições em Portugal.Pelo menos 2 factos permite-nos a não validar a análise citada:provavelmente,o número de caboverdianos com nacionalidade portuguesa,aqueles que podem ou não votar em Sócrates,será muito inferior à dos caboverdianos com apenas direito de residência (que só podem votar nas eleições autárquicas) e,por isso mesmo,o peso do voto do "crioulo nacionalizado" não justificaria uma viagem à Cabo Verde apenas para agradar aos poucos caboverdianos que votam nas legislativas;por outro lado,se tradicionalmente a comunidade crioula em Portugal é,na sua maioria,"simpatizante" do Partido Socialista (por ser visto e tido no seio da comunidade como o mais "amigo" dos imigrantes entre os partidos do «arco do poder») e se juntarmos a isso a abstenção entre esses eleitores,veremos que os ganhos politicos/eleitorais para Sócrates não serão assim tão extraordinário...os ganhos políticos,com essa viagem,foi numa direcção com sentido único:para JMN e o PAICV!

Da “superioridade moral dos comunistas”

«Segundo Francisco Louçã, em perfeito estilo tele-evangelista, “a ganância é o nome próprio do capitalismo
O capitalismo não é nem entidade humana, com qualidades e defeitos, nem sistema moral, mas sistema socioeconómico. Na realidade, o capitalismo é compatível com diferentes sistemas morais e com diferentes graus de moralidade (ou amoralidade), como é compatível com diferentes sistemas políticos e, portanto, com diferentes modos de regulação social. A visão holista da modernidade como capitalismo, para além de intelectualmente deficiente, contribui para a demissão política no campo em que é possível fazer a diferença: o da reforma das instituições da modernidade, incluindo do capitalismo. E, já agora, enquanto sistema de organização socioeconómica, o capitalismo é ainda a melhor das alternativas historicamente testadas».

domingo, 22 de março de 2009

Associativismo Local e Participação na Cidade

Bianda ,KuFrontalidadeTeatraKaciaCafeMargosoGeração20 J.73TempodeLobosPassageiroemTrânsitoPedraBikaJornaldoHienaNosBlogue

Devem as escolas,museus,cinemas,espaços desportivos praças,etc.,serem geridos pelas associações de moradores dos respectivos bairros ou pelas associações desportivas de cada bairro?Porque,por exemplo,não se incentiva a exploração do cinema do Bairro pela associação desportiva do Bairro Craveiro Lopes?Ou os "polivalente" de cada bairro pelas respectivas associações?Seguir essa via seria apostar simultâneamente nas associações enquanto agentes de mediação entre a população e a autarquia e na intervenção dos actores sociais em projectos colectivos e na gestão da cidade (assegurando uma maior capacidade de representação dos moradores e um requisito a um maior grau de participação).Portanto,somos simpatizantes dessa via de organização das cidades.
È imprescindível ter presente o quadro histórico-social e político em que emergiram o associativismo em Cabo Verde,com relevo para as suas condições de desenvolvimento e institucionalização e a questão da sua legitimidade.O principal constrangimento para um associativismo participativo na gestão da cidade é,talvez,a excessiva politização dessas associações (politização essa incentivida pelos próprios partidos politicos).Em certa medida,há uma certa necessidade de clarificar a concepção do papel das "associações de bairros" e a sua relação com o poder político.

Culpem os economistas não a economia-Dani Rodrik

«À medida que a economia mundial cai de um precipício, os críticos dos economistas estão a levantar questões acerca da sua cumplicidade na actual crise. E fazem bem: os economistas têm muitas contas a prestar.
Foram os economistas que legitimaram e popularizaram a ideia de que um sistema financeiro sem restrições era uma dádiva para a sociedade. Foram quase unânimes no que diz respeito aos "perigos da regulação excessiva por parte do governo". Os seus conhecimentos técnicos - ou o que parecia sê-lo na altura - conferiram-lhes uma posição privilegiada na qualidade de "opinion makers", tendo igualmente permitido que tivessem acesso aos corredores do poder.Muitos poucos de entre eles (notáveis excepções, onde se incluem Nouriel Roubini e Robert Schiller) fizeram soar o alarme acerca da crise que estava para vir. Talvez ainda pior do que isso, os economistas não conseguiram fornecer uma orientação útil para fazerem sair a economia mundial da actual turbulência. No que diz respeito aos estímulos orçamentais keynesianos, os pontos de vista dos economistas vão desde "absolutamente essenciais" a "ineficazes e nocivos".Quanto a haver de novo regulação nas finanças, há muitas boas ideias, mas pouca convergência. Do quase consenso quanto às virtudes de um modelo do mundo centrado nas finanças, os economistas passaram para uma ausência quase total de unanimidade em relação àquilo que deve ser feito.Assim sendo, será que a economia está a precisar de um grande abanão? Deveríamos queimar os manuais existentes e reescrevê-los a partir do zero?Bom, na verdade... não. Sem o recurso ao "kit" de ferramentas dos economistas, não conseguiremos sequer começar a entender a actual crise.A título de exemplo, por que razão é que a decisão da China de acumular reservas estrangeiras fez com que uma entidade de concessão de crédito hipotecário do Ohio assumisse riscos excessivos? Se a sua resposta não recorrer a elementos da economia comportamental, da teoria do agente, da economia da informação e da economia internacional, entre outros, é muito provável que seja extremamente incompleta.A falha reside não na economia, mas sim nos economistas. O problema é que os economistas (e aqueles que os escutam) se tornam excessivamente confiantes nos seus modelos de preferência do momento: os mercados são eficientes, a inovação financeira transfere o risco para aqueles que melhor o podem suportar, a auto-regulação funciona melhor e a intervenção estatal é ineficaz e nociva.Eles esqueceram-se que existem muitos outros modelos que levam a direcções radicalmente diferentes. O excesso de confiança perturba a visão.Se alguma coisa precisa de ser reparada, essa coisa é a sociologia da profissão de economista.Os manuais - pelo menos aqueles que são utilizados nos cursos avançados - são óptimos.Os não-economistas tendem a pensar na economia como uma disciplina que idolatra os mercados e como um conceito tacanho da eficiência (distributiva). Se a única via da economia que você segue é a da típica análise introdutória, ou se você é um jornalista que pede a um economista uma rápida opinião sobre uma determinada política, será realmente com essas noções que se irá deparar. Mas siga mais algumas vias, ou passe mais tempo em seminários avançados sobre o assunto, e obterá um cenário diferente.A economista do trabalho focaliza-se não só na forma como os sindicatos podem distorcer os mercados, mas também na forma como, sob determinadas condições, podem aumentar a produtividade. A economia comercial estuda as implicações da globalização sobre a desigualdade dentro dos países e entre países. Os teóricos das finanças têm escrito "resmas" de páginas sobre as consequências do fracasso da hipótese dos "mercados eficientes". Os macroeconomistas da economia aberta analisam as instabilidades das finanças internacionais. A formação avançada em economia requer uma aprendizagem pormenorizada sobre os fracassos do mercado e sobre as mil e uma formas de que o governo dispõe para ajudar os mercados a funcionarem melhor.A macroeconomia poderá ser o único domínio aplicado à economia em que uma maior formação na área distancia ainda mais o especialista do mundo real, devido à sua confiança em modelos altamente irrealistas que sacrificam a relevância em prol do rigor técnico. Lamentavelmente, à luz daquilo que hoje é necessário, os macroeconomistas poucos progressos realizaram em termos de medidas a tomar desde que John Maynard Keynes explicou de que forma é que as economias poderiam resvalar para um aumento do desemprego devido a uma procura agregada deficiente. Alguns economistas, como Brad DeLong e Paul Krugman diriam que este domínio da economia, na verdade, regrediu.A economia é realmente um "kit" de ferramentas com modelos múltiplos - cada um deles com uma representação diferente e estilizada de alguns aspectos da realidade. A competência de um economista depende da sua capacidade para seleccionar e escolher o modelo correcto para a situação em causa.A riqueza da economia não tem estado reflectida no debate público porque os economistas chamaram a si próprios muitas liberdades. Em vez de apresentarem menus de opções e listarem as compensações relevantes - e é disso que trata a economia -, os economistas têm transmitido demasiadas vezes as suas próprias preferências sociais e políticas. Em vez de serem analistas, têm sido ideólogos, favorecendo um conjunto de acordos sociais em detrimento de outros.Além disso, os economistas têm-se mostrado relutantes em partilhar as suas dúvidas intelectuais com o público, com receio de "darem o poder aos bárbaros". Nenhum economista pode estar inteiramente seguro de que o seu modelo de preferência é o correcto. Mas quando esse e outros economistas o defendem até à exclusão de alternativas, acabam por transmitir um grau extremamente exagerado de confiança em relação ao rumo que é preciso tomar.Assim, paradoxalmente, a actual confusão no seio desta profissão é talvez um melhor reflexo do verdadeiro valor acrescentado da profissão do que o seu anterior consenso ambíguo. A economia pode, na melhor das hipóteses, clarificar as escolhas para os responsáveis pela tomada de medidas; mas não pode fazer as escolhas por eles.Quando os economistas discordam entre si, o mundo fica exposto a diferentes pontos de vista legítimos sobre a forma como a economia funciona. É quando eles concordam em demasia que o público deve ser cauteloso».

sábado, 21 de março de 2009

Industrias Criativas nas Cidades

A cultura tem grande potencial económico?Pode a Praia,Mindelo ou a Assomada,por ex.,ser uma cidade de referência nessa área,atraindo talentos e funcionando como um polo de criatividade que cruze cultura e negócios?Tem havido uma multiplicação de iniciativas culturais no país que,infelizmente,não estão coordenadas entre si.Não terá chegado o momento de unir esforços numa estratégia conjunta?Penso que uma Plataforma Cultural (em cada ilha?) seria um bom caminho para desenvolvermos a nossa indústria cultural: teria como principal objectivo fomentar o empreendedorismo cultural,transformando a criatividade em negócio;deve ser uma plataforma facilitadora de networking entre diversos agentes das industrias criativas (que vão da arquitectura aos audiovisuais,das artes visuais e antiguadads à moda,da escrita e publicação à grastonomia,da música e teatro à publicidade),sociedades de capital de risco,autarquias,universidades,etc.,para trabalhar em rede,por ex.,na angariação de fundos (uma forma de acabar com a dependência dos apoios estatais) ou na definição de agenda para as indústrias criativas em cada região.Se todos (os participantes da Plataforma) se organizarem para comprar consumíveis,sejam computadores,telemóveis,tinteiros,viagens,estadias,hotéis ou publicidade nos media,teremos uma economia de escala tal que permitiria poupar nos custos das iniciativas.Que tal o estado/autarquias criar uma agência com essas funções?Temos o exemplo da ADDICT- agência para o desenvolvimento das indústrias criativas,onde poderão encontrar o estudo Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas na Região do Norte, Estudo Macroeconómico.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Questionando o Alupec

Tenho para mim que o Alupec está insuficientemente socializado,i.e.,há mais dúvidas do que "clarezas".Por outra lado,essa fraco conhecimento por parte da sociedade ajudou e muito a que o Alupec seja "metido" no meio duma espécie de "guerra" pelo poder simbólico.A mim,não sendo um especialista,parece-me que o Alupec,ou os seus defensores,têm de responder uma pergunta essencial,capaz de "clarificar à água": o Alupec vai ou não uniformizar a escrita das palavras que se pronunciam de maneira diferente não só entre as ilhas como também dentro duma mesma ilha?
(a mesma palavra pronuncia-se diferente,por ex.,na Praia e numa zona qualquer do interior de Santiago.Não se pode defender,por ex.,o uso da letra k por razões estéticas;a estética é para a arquitectura,design,etc;não para a linguística).
Sou a favor da oficialização do crioulo,nas escolas,nas repartições públicas e nos meios de comunicação social;mas essa oficialização não pode nem deve ser uma imposição da maioria,do mais histórico,do mais "puro" ou do mais tradicional.Fazer isto não seria repetir a imposição da lingua portuguesa que nos foi imposta desde a descoberta?Deixaria-me triste ver um compatriota meu do Barlavento a não entender ou a não conseguir ler um jornal ou um livro porque foi escrito em "badiu de praia" ou vice-versa.
Contudo,a oficializar a "fala" não é a mesma coisa que oficializar a escrita do crioulo;por isso,tendo em conta a realidade do país e o desenvolvimento ciêntifico do crioulo,por enquanto,sou a favor duma escrita não uniformizado do crioulo.

Hora Planeta

"Earth Hour, em português Hora do Planeta, é uma campanha de sensibilização ambiental que pretende que o máximo número de casas/cidades fique ás escuras durante 60 minutos. Está previsto que mais de 1/6 da população mundial adira a esta iniciativa, em Portugal o Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril e outros monumentos nacionais vão ficar ás escuras bem como algumas cidades, incluindo Lisboa".

sábado, 14 de março de 2009

Será que a Genética Determina o Empreendedorismo?

"Existe um questionamento muito importante quanto ao desenvolvimento do espírito empreendedor nos indivíduos. Há quem acredite que indivíduos empreendedores já nascem com as características que o fazem ser bem sucedido. Pesquisas como as da Imperial College e a da Case Western University confirmam que o factor genético é fundamental na determinação das características empreendedoras, revelando que quase metade da propensão para empreender se deve a factores hereditários...A educação empreendedora, se assim podemos dizer, tem outra finalidade e lança mão de outras técnicas. Ela tem como foco as atitudes e trata de desenvolver pessoas proactivas e dotadas de mentes criativas, inovadoras e com grande capacidade de planejar. As técnicas incidem sobre questões comportamentais e estimulam os indivíduos a enfrentarem novos desafios.",«Ser empreendedor-Genético ou talento a ser desenvolvido?»in A Nação.
Embora reconhecendo a existência de algumas características psicológicas que diferenciam os empresários dos outros,existem inúmeros estudos ciêntificos que,por evidência empírica,põe em causa as conclusões de estudos que defendem que o empreendedorimo ou a capacidade empreendedora é uma característica genética que nasce com (algumas) pessoas.Como defende,por exemplo,Michael H. Morris no seu «Entrepreneurial intensity:sustainable advantages for individuals,organizations and societies»,defender que o empreendedorismo apenas está ao alcance dos geneticamente favorecidos fomenta a ideia de que o empreendedorismo é algo de místico e ocasional e é contrário à disseminação do empreendedorismo na sociedade (se apenas algumas pessoas nascem com as caracteríticas que os predispõem a serem empreendedores,para quê os programas e projectos de incentivo ao empreendedorismo na sociedade quando podemos,se tivermos a sorte da saber identificar esses "predistinados",apenas treina-los em programas de gestão?).Elizabeth Chell,por sua vez,no seu «The Entrepreneurial Personality:A Social Construction»,avança que a "personalidade empreendedora" é socialmente construída (não é algo inato/genético) não obstante se verificar alguma consistência em termos de comportamentos,habilidade e competências por parte dos empreendedores.O empreendedorismo não é um acontecimento aleatório:é antes determinado pelas condições da envolvente que se manifestam a diferentes níveis.No estudo «Is the tendency to engage in entrepreneurship genetic?»,elaborado para determinar se a genética influência o empreendedorismo,os autores concluiram que,não obstante alguma influência dos factores genéticos na tendência para se tornar empreendedor,o empreendedorismo não é genéticamente determinado.Pelo contrário,os "factores ambientais" (edução,sexo,redes sociais,carreira profissional,etc) explicam muito mais as variancias na actividade empreendedora e que evidência o seu efeito na propensão para se tornar um empreendedor.

Ainda o "Mundo Novo"

Como o 1º ministro português só vai fazer entrega do computador Magalhães em Mindelo e na Praia,o Redy questiona se o combate à info-exclusão de que falo nos post anterior se cinge à essas duas cidades de CV.Parece que o meu caro amigo está mesmo "mal informado"!Em primeiro lugar,o programa Mundo Novo não se limita a entrega dos computadores,Magalhães ou Gota D´Água;em segundo lugar,o "target" principal do programa é o interior das ilhas.A resposta está no próprio site do governo ou na página da Nosi;permitam-me reproduzir algumas passagens do texto:
  - "A ideia é disponibilizar 150 mil computadores, como já se fez referencia, aos alunos e professores, gratuitamente para os alunos que não tenham condições, e a preços módicos para aqueles que tenham condições de pagar, para que se possa viabilizar o projecto".
  - "Contudo, o programa "Mundu Novu", como mostrou o gestor do Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação (NOSI), Jorge Lopes, é muito mais vasto, fazendo parte do processo a instituição de cerca de 130 Telecentros espalhados pelo País, com destaque para os meios rurais, para as crianças e jovens que não tenham condições de adquirir um computador".
Óbviamente haverá pormenores que só mesmo lendo o programa para conhecermos,contudo,quero acreditar que o programa vai chegar a todo os cantos do país,de Santo Antão à Brava e,como não poderia deixar de ser,uma ilha de cada vez.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Mundu Novu

Faço parte duma geração que teve a 1ª aula de informática,no ensino formal,só no 12ª ano e,por isso,uma grande maioria dos quadros "criolos" em função actualmente - incluindo informáticos - só aprendeu a "brincar" verdadeiramente num computador já na faculdade (imagino que muita boa gente,ainda no 1º ano do respectivo curso universitário,perguntava a si mesmo o que seria isso da internet).A meu ver,o programa "Mundu Novu" do governo,cujo objectivo é democratizar o acesso às tecnologias de informação e à internet atinge 2 pontos que deveriam ser objectivos de qualquer governo de uma país como o nosso:
     1) é um "combate" no terreno à infoexclusão, e
     2) cria condições para que,no futuro,haja um mercado de trabalho com mais e melhores informáticos capazes de criarem o seu próprio "software" e empresas inovadoras.Se o objectivo é incentivar a inovação tecnológica e o empreendedorismo de base tecnológico este é o "ponto de partida" para atingirmos esse objectivo.
Para implementarmos uma estratégia de crescimento e competitividade baseada no conhecimento,na tecnologia e na inovação,o próximo "passo" do governo deverá ser:incentivar a investigação ciêntifica nas universidades e criar mecanismos de tranferência de tecnologias das universidades para a sociedade.Por isso não se percebe alguma tentativa de desvalorizar esse programa e os computadores Magalhães que,por ser entregue em várias escolas nacionais,vai permitir que muitas das nossas crianças crescam com o computador e a internet,ao contrário da minha geração que cresceu com a nintendo,gameboy e a vhs.Está de parábens o governo pela visão estratégica...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Gestão Pública e Gestão Privada

Qual é a diferença entre o que é público e o que é privado?Muita gente procura responder a esta questão colocando-se numa perspectiva de saber quem é o detentor directo do capital (é a abordagem preferida por ser aquela que dá resultados mais imediatos):se o capital é do Estado,trata-se de coisa pública;se o capital é privado,trata-se de propriedade,de algo que é de alguém,algém identificável,que pode ser visto e tocado.
Na coisa pública,porém,a co-propriedade -ou seja,o ser de todos - conduz,normalmente,a uma ausência de indentificação com o objecto ("não é meu,é deles").A questão da propriedade-pública e privada- é um assunto que tem apaixonado,desde os primórdios da organização económica (estruturada na detenção de meios de produção com valor mercantil),muitos especialistas,nomeadamente,jurisconsultos,na Antiga Grécia e em Roma,juristas,sociólogos,consultores e outros profissionais.Contudo,a titularidade da propriedade não é condição fundamental diferenciadora do modelo de gestão,quer dizer,não é pela via de caracterização da propriedade que podem ser encontradas diferenças entre os modelos de gestão utilizados nas coisas públicas e nas coisas privadas.Outros factores influem naquilo que se tornou um dos paradigmas mais citados e repetidos do séc.XX: o de que existe uma gestão pública e uma gestão privada.Existem,sim,resultados diferenciadoras nesses 2 tipos de gestão,mas,deste facto,não se pode inferir que estamos perante 2 tipos de gestão caracterizáveis como diferentes no que aos seus elementos constitutivos respeita.Gerir é,acima de tudo,um acto cultural.Portanto,os modelos de gestão utilizados na coisa pública e na coisa privada emanam de um dado posicionamento cultural,relativamente a uma forma de ver o mundo,de olhar a propriedade,a vida e as pessoas.São os modelos e a práticas de gestão que se mostram inadequadas ou ineficaz em determinado sector,independentemente de serem públicas ou privadas;por outro lado,não há boa administração sem uma boa governação.Por isso,alguns autores defendem que é errado dizer que "o Estado é um mau gestor";o Estado falha é no controle e na governação da coisa pública,isto é,o Estado é,antes de mais,e muitas vezes,um mau "accionista".

terça-feira, 10 de março de 2009

Anthoney Wright - Reset To Zero

VisitaCaboVerde

Se,após ver uma reportagem sobre o país na tv,um sueco quiser vir para Cabo Verde passar uns dias de férias o que ele deve fazer para obter informações sobre o país?Ele pode ir às inúmeras sites "criolos" na web e conseguir,dessa forma,algumas informações...Mas,se ele quiser saber em pormenor as ofertas turísticas do país e o roteiro turístico?Nada...ou quase nada!Vai sentir uma imensa dificuldades em obter essas informações porque simplesmente não existe um catálogo,um site ou,imaginem,uma estratégia de comunicação e marketing do país enquanto destino turístico (o máximo que se faz são participações em feiras internacionais).Temos um site de promoção turística do país?Não!Costumas ver campanhas de publicidade do país no estrangeiro?Também não!
Quem é que deveria ocupar-se disso tudo?Deveria ser a Cabo Verde Investimentos ou a Direcção Geral do Turismo?Tudo indica que há aqui uma certa indifinição de papéis e até,porque não,usurpação de funções entres aquelas duas instituições do Estado.No entanto,como casos internacionais devem ser vistos como exemplos a seguir quando for caso,temos no site www.descubraportugal.com.pt um bom caso para benchmarking.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Porque Deve Ter Obrigações

A crise actual nasceu no mercado de crédito,mas muito fugazmente alastrou-se às bolsas.A grande incerteza fez disparar os níveis de desconfiança e aversão ao risco,que alimentaramm a fuga de investidores dos mercados de acções para activos de menor risco.Nos últimos meses,tem sido notório o refúgio dos investidores na dívida emitida pelos Estados.Mas existem novas oportunidades neste mercado tão díspar,em particular nas emissões de empresas.São estes os motivos para se apostar nas obrigações: segurança e baixo risco;períodos de taxas de juros baixas,como o que se vive actualmente,são favoráveis,tornando as emissões mais atractivas.As rendibilidades são mais altas quando os preços das obrigações estão mais baixos,dado que o preço evolui no sentido contrário à rendibilidade.Eis 2 coisas a considerar quando seleccionar a sua "short list" de fundos de obrigações:compreenda qualquer risco cambial subjacente no fundo;saiba qual é a sensibilidade do fundo às mudanças gerais das taxas de juro.

As Variedades do Capitalismo (2)

Bruno Amable,no seu livro "Les Cinq Capitalismes.Diversité des Systèmes économiques et sociaux dans la mondialisation",faz uma análise comparativa onde examina as diferentes configurações institucionais dos modelos económicos a nível mundial e a sua interecção para propôr 5 modelo de capitalismo: o capitalismo de mercado-liberal (Anglo-saxónico);o capitalismo Asiático;o capitalismo da Europa Continental;o capitalismo Mediterrânico e o capitalismo social-democrata.
O capitalismo é,de longe,o sistema económico que mais incentivou e criou a riqueza.Ao contrário do que o Redy diz,a riqueza existente no mundo actual é suficiente para acabar com a miséria mundial;o problema,que é aliás a principal razão pelo qual sou defensor de um capitalismo coordenado,é que a riqueza criada pelo sistema capitalista está assimétricamente distribuido.O capitalismo não falhou!O que falhou é uma certa regulação,ou a sua ausência.È claro que o capitalismo não é perfeito (apontei,no post em baixo,várias consequências negativas desse sistema);e é por isso que se insiste nesta ideia:é preciso reforçar o poder da regulação.A vantagem do capitalismo é que é a única que permite uma pessoa "subir na vida" pelo esforço,iniciativa e muito trabalho.Ou será que,por ex.,casos de filhos de agricultores pobres que estudaram com esforço e estão agora em altos cargos ou de pedreiros caboverdianos em Portugal que se tornaram pequenos empresários não são casos de sucesso que só o capitalismo seria capaz de proporcionar?

Poly Free- Carta Pa CV

Bom Sinal

Depois de alguns de férias,é com agrado que vejo alguma "mudança" por parte do Redy no post "anarquismos,capitalismos e comunismos" que,reagindo ao post do Edy intitulado "os sistemas socioeconómicos e a natureza humana", acaba por reconhecer que "é muito provável que um sistema político baseado no anarquismo arcaico também falhe. No entanto, acredito que basear nalguns pontos da filosofia anarquista para criticar o sistema actual, é útil para o aperfeiçoar e torná-lo mais justo".Ou seja,de um ferveroso defensor daquele sistema passa a defender que algumas ideias do anarquismo pode servir para aperfeiçoar o sistema capitalista...(já agora,pelo que li e o titulo do post é bem claro,acho que o Edy não falou do capitalismo como sistema politica mas sim como sistema socioeconómico;logo o exemplo da China não podia "vir ao baile").Será uma mudança de ideias ou estou enganado?

domingo, 8 de março de 2009

BlogJoint:Anónimato

geração20j73;KuFrontalidadi;Bianda;Teatrakacia;CaféMargoso;TempodeLobos;

«É mais importante “o que se diz” ou “quem diz”? Mas será que, por não sabermos quem diz, o que se diz perde valor? Será que o conteúdo ideológico de uma comunicação é susceptível de ser desvirtuado em função de sabermos (ou não) quem a profere? Kierkegaard era de opinião que a mediação tecnológica na comunicação humana adulterava essa mesma comunicação. Para ele, a verdadeira comunicação é personalizada, enquanto que “o erro é sempre impessoal”. Segundo Kierkegaard, a partir do momento em que a escrita foi inventada, e mormente com a massificação da comunicação escrita ― em que quem lê não sabe ou não conhece pessoalmente quem escreve ― o leitor deixa de se preocupar com o escritor e passa a preocupar-se exclusivamente com a comunicação, isto é, com o objectivo. Para Kierkegaard, esta era a causa da perversidade que se instalou na sociedade moderna.Já vos ocorreu concordar com o conteúdo ideológico de um texto, e depois de conhecer alguns dados pessoais sobre o autor passar a colocar em causa (ou a corroborá-lo com maior veemência) esse mesmo conteúdo ideológico?
Naturalmente que as duas coisas são importantes: é importante saber “quem diz” “o quê”.O que me preocupa não é o anonimato, mas a fragilidade do exercício do contraditório».

Para uma Sociedade Civil Activa

Conforme a Inforpress "Nove projectos em execução no arquipélago de Cabo Verde estão sujeitos a apreciação, crítica e sugestões do cidadão comum".Segundo a lei que define o regime jurídico da avaliação dos Estudos de Impacto Ambiental todos os cidadão tem direito não só a solicitar o acesso aos documentos do estudo como podem dar o seu contributo com base em opinião fundamentada.Cá está,isto mostra que muitas vezes temos direitos que ignoramos e,por isso,acusamos injustamente os politicos.Afinal podemos todos ir para lá de "bocas",geralmente,inconsequentes e tonar a nossa participação na vida pública mais activa e,quiça,mais consequente.Pergunto-me se,complementando o debate online em torno do caso Murdeira,não seria mais eficaz e consequente organizar uma equipa multidisciplinar para fazer um estudo de impacto ambiental alternativo (confirmando ou infirmando a decisão do governo)...

Os Sistemas socioeconómicos e a Natureza Humana

Entre o capitalismo,o comunismo ou a anarquismo existe um ponto em comum:no seu estado puro,são todos elas incompatíveis com a natureza humana.
O comunismo,porque,mesmo numa sociedade comunista,haverá sempre quem "coordena e quem obedece",quem chefia os outros e estabelece e reforma regras relevantes para avaliar e sancionar e ainda para distribuir recursos;pelo que,é impossivel haver uma sociedade sem "dominados e dominantes" ou totalmente igualitária.O anarquismo (ou o socialismo libertário) porque,sendo a relação do poder intrinsíca a qualquer relação social (Max Weber),é impossível uma sociedade sem relação do poder,logo,sem coerção;por outro lado,a socialização dos meios de produção,que preconiza,não eliminaria a autoridade porque haverá sempre a necessidade duma equipa para gerir esses meios de podução.O capitalismo porque estimula e legitima,entre outras coisas,a avidez aquisitiva,a criação substancial de desigualdades sociais,destruição ambiental e esgotamento de recursos naturais.A inexistência de regulação efectiva contribui para que sejam geradas concentrações muito elevadas de poder económico e riqueza,uma vez que o poder atrai e produz mais poder(es) mas também conhecimento,competências,técnicas,capacidades administrativas e governativas e oportunidades de mobilização política.Em suma,o capitalismo,como qualquer outro sistema social complexo,gera resultados e consequências imprevistos e não intencionais que contribuem para destabilizar ou minar a eficiência,o funcionamento institucional e a legitimidade do capitalismo.
Enquanto o comunismo controla a liberdade e a vontade colectiva e individual e o socialismo libertário coarcta o direito à propriedade privada,o capitalismo permite a criação de instituições e políticas de regulação para limitar a instabilidade do capitalismo e os abusos do poder económico,assim como para obstar à concentração substancial desse poder nas mãos de relativamente poucos.
O fracasso da previsão feita por Marx acerca do colapso do capitalismo,que resultaria do declínio dos lucros e da incapacidade para manter uma acumulação sustentável de capital,pode ser explicado pela robustez do sistema quando sujeito a mecanismos adequados de regulação.

Variedades do Capitalismo

No livro "Varieties of Capitalism: The Institutional Foundations of Comparative Advantage, da autoria de Peter Hall e David Soskice e publicado em 2001,procede-se a uma análise detalhada das diferentes estruturas institucionais de alguns países capitalistas avançados,recusando a ideia de que estaríamos a assistir a uma trajectória de convergência entre diferentes formas de capitalismo.Por outras palavras, não obstante os discursos acerca do ‘fim da história’ ou da ‘nova economia’, Hall e Soskice defendiam que os sistemas capitalistas estariam longe de convergir para um mesmo modelo (nomeadamente para o que os autores designam por ‘economias liberais de mercado’).Um dos argumentos do livro que mais repercussão teve foi o de que haveria uma diferença crucial nos modos predominantes de inovação entre ‘variadades de capitalismo’: as ‘economias liberais de mercado’ (que incluem os EUA e o Reino Unido) tenderiam a produzir inovações mais radicais (novos produtos e processos que tiram partido de avanços científicos e tecnológicos de ponta), enquanto as ‘economias de mercado coordenado’ (onde cabem a Alemanha e o Japão) baseariam o seu bom desempenho económico em inovações incrementais (ou seja, modificações e melhorias em tecnologias já existentes).O capitalismo assume diversas formas com diferentes graus de impureza" e,por isso,quando estamos a fazer a crítica ideológica a esse sistema socioeconómico convém sermos mais especificos e identificar o tipo de capitalismo que estamos a criticar...

sábado, 7 de março de 2009

O rigor da critica

Alguém sabe os critérios utilizados pelo governo para premiar o Sistema Nacional de Protecção Civil, a Inspecção de Actividades Económicas, a Direcção Geral dos Desportos, a Comissão de Coordenação e Combate à Droga, a Direcção Geral de Agricultura, Silvicultura e Pecuária,a Comunidade Terapêutica da Granja São Filipe,a Universidade de Cabo Verde, o Instituto de Investigação e do Património Cultural, os hospitais centrais “Agostinho Neto” e “Baptista de Sousa” e o Programa Nacional de Saúde Reprodutiva com a medalha do 1º Grau de Mérito Profissional?
Na ausência desses dados,qualquer crítica a essas escolhas será,necessáriamente,subjectiva.Ou seja,independentemente das razões da escolha,dizer que este ou aquele não merecia a medalha é baseado unicamente na experiência pessoal do autor da crítica e no fladu fla que não obedece a nenhum critério objectivo.Como não poderiam ter acesso a dados da avaliação ("profissional/desempenho") dessas entidades para contrapor com os "seus dados" ou com "a sua visão",restava ao César e ao João Branco exigir ou solicitar ao governo os critérios da decisão para assim criticar com mais rigor.É que basear a crítica no "manual individual do achismo" é uma tarefa rotineira para todos porque todos temos esse manual indiviual...ou poderia perguntar simplesmente ao César e ao João:qual é o critério para não concordarem com a premiação de alguns dos contemplados?

Como a Igreja Contribui para Afastar os Crentes

"Excomungados por fazer aborto a menina de 9 anos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Afinal Há Politicos com Coragem

Em Janeiro deste ano,numa espécie de experimentação para o Blog Joint cujo tema era a corrupção,defendi que,entre outras medidas,o governo deveria avançar com a inversão do ónus da prova e o levantamento do sigilo bancário.A reacção nos comentários foi consensual: "boas ideias,um bom caminho mas insuficiente e,infelizmente,os políticos não terão coragem para romper com o estado das coisas porque,também eles,estão implicados na corrupação".Ora,depois de ler que "A nova lei de lavagem de capitais estabelece uma presunção de origem ilícita de bens, quando exista desproporcionalidade entre os rendimentos declarados do arguido e os bens que exibe",só posso dizer: sim,"eles" tiveram coragem.Parece que nem todos temem,independentemente de deverem ou não...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Disparidade Salarial entre Sexos

No espaço comunitário,as mulheres continuam a ganhar em média menos 15% de que os homens e,por isso,a Comissão Europeia lançou uma campanha em toda a UE contra as disparidades salariais entre homens e mulheres cujo lema é «Remuneração igual para trabalho de igual valor» (podem aceder ao site do programa e consultar relatórios sobre a matéria aqui).Será que em CV os homens ganham,em média,mais do que as mulheres?Este é um tema e um documento que ainda falta ao nosso ICIEG estudar e produzir para infirmar a àquela questão.É trabalhoso e difícil porque requer alguma habilidade metodológica mas,para que as politicas de igualdade sejam mais eficientes,este é um dos estudos que precisam ser realizado...

terça-feira, 3 de março de 2009

Antecipando Presidênciais de 2011...

Lendo este post do Mica e percorrendo as noticias políticas das últimas semanas constato alguns nomes de potenciais candidatos a candidatos às próximas eleições presidências.Contudo,também constato que não damos importância,ou,pelo menos,nessas horas temos tendência a esquecer de inúmeras pessoas com muito valor,cuja capacidade profissional é reconhecida interna e externamente e que já prestaram serviços inestimáveis ao nosso país...o "pecado" dessas pessoas é estarem fora da vida política ou aparecerem pouco nas mídia!Estou falando,entre outros,de Corsino Tolentino!Um homen inteligente,com experiência interna e externa (univeritário,foi ministro,foi consultor da Unesco,foi quadro e é consultor da Fundação Gulbenkian) e com uma imensa capital social,principalmente a nível "internacional",que pode utilzar em prol de Cabo Verde...infelizmente,parece que a presidência não é uma ambição dele!