quarta-feira, 6 de maio de 2009

Leitura Interessante (2)

«Sr Montrond, resolveu escrever em português. Nao é a primeira vez. Sempre que ele tem uma mensagem a passar e que ele quer ter a certeza de que vai ser lida ele escreve em português.
Porquê? Porque o Sr Montrond sabe que é uma pequena minoria que pretende saber ler em crioulo.
EU ESCREVI em tempos aqui neste jornal, algo que tem a ver com os nossos neurónios, a nossa arquitectura mental, os circuitos neurais e as línguas. Quer dizer sobre as capacidades cognitivas e a aprendizagem de linguas, o bilinguismo, o falar uma lingua, o escrever uma lingua, e a leitura de uma lingua.
Andamos aqui a brincar com coisas sérias. A questao aqui, nao é uma birra contra o badiu. Apesar de compreender a esmagadora maioria dos caboverdianos que é contra a oficializaçao do crioulo porque pensa ir ser obrigada a falar, escrever e ler o badiu. Alias é de perguntar: porquê esta sanha de Manuel Veiga e os seus apoiantes na imposiçao do badiu?
Como é evidente, o badiu, por ser a maioria da populaçao, mesmo que nao haja uma sua imposiçao politica, com a oficializaçao do crioulo, um dia será a vertente imposta às outras Ilhas. O Manuel VEIGA quando fala, fala é o seu badiu, que ele estudou inclusivé cientificamente; logo, como é evidente, e normal, ele vai fazer tudo por tudo para impor o seu crioulo que é o badiu. Ele nao fala o meu crioulo de Soncente, logo, ele nunca, até porque nao o sabe, ele nao vai dedicar-se à imposiçao do crioulo de Soncente.
Mas eu dizia mais acima, isto nao é apenas uma birra. E’ que a esmagadora maioria dos caboverianos em idade de ler, nao sabe ler crioulo. Temos que aprender. Mas porque ha uma revolta contra a imposiçao, ha um choque a nivel dos nossos neuronios que nos bloqueará na aprendizagem do nosso crioulo oficializado. Na mente do caboverdiano, crioulo é para falar, fazer amor, ouvir musica, mas nao para ler e escrever. Ou quando para escrever, é ao nivel de letra de musica.
Como lingua de escola e de saber, o crioulo tem de ser ensinado aos nossos filhos que estao a nascer na escola primaria, sem imposiçao, à livre escolha. Hao-de ver que as escolas estarao às moscas.
E’ altura de deixarmos de brincar e passarmos a ouvir especialistas de neurologia, de ciências cognitivas e nao ideólogos com algumas noçoes de linguística que nos querem lobotizar o cérebro, sem conhecer o seu funcionamento.
Aposto que a maioria dos defensores do crioulo, nao percebe nada de sinapses, células neurais, neurónios, ciências grafológicas, distúrbios grafo-mentais, displalias, disléxicos, desortográficos, enfim, todo um rol de conceitos que têm a ver com a nossa problematica do crioulo, do português e do biliguismo, ou mesmo multilinguismo.
A brincar, a brincar, esses ditadores do crioulo nao sabem que estao a criar um grande monstro, uma autêntica catástrofe mental com essa merda da imposiçao do badiu. O que temos de impor em Cabo Verde, é a liberdade de escolha, é a aprendizagem livre de linguas. Aposto, que a esmagadora maioria escolheria, português, inglês, francês, espanhol, para estarem em sintonia com o mundo global, mas quase nunca o crioulo. O crioulo é-nos intrínseco, faz parte do nosso ser e do nosso corpo, logo, a sua aprendizagem é automatica e nunca passará pela escola. Escola a sério, claro!
A prova é o Montrond ter sentido a necessidade de escrever em português para ser entendido. Eu nunca leio os textos em crioulo desse senhor. Leio apenas uma linha para tentar perceber a sua mensagem e depois desisto; nao é ma vontade, é porque nao sei ler em crioulo, ainda por cima um crioulo que nao é a minha variante.
E repito: nao é ma vontade, porque eu sou um leitor excepcional. Um leitor excepcional, para aqueles que nao sabem, é aquele que lê em varias linguas e lê quase o dia todo. Ha apenas 0,0005 por cento de leitores excepcionais no mundo.

Ps: Carlos Veiga só ganhará as eleiçoes se ele tiver ja de entrada uma posiçao clara sobre o crioulo; Ele tem de prometer ao povo que anulará todos os decretos impostos sobre a oficializaçao do crioulo e deixar livre escolha a cada familia crioula nessa matéria.

PS2: o Baltazar-Malato escreveu também ha tempos sobre essa matéria do crioulo no retrato do professor Macedo na Semana e no amidjabraba.com!»
Al Binda

2 comentários:

Anónimo disse...

Al Binda é co-autor di Nhu Naxu!?, é o mesmo frequentador e comentarista "ku Frontalidadi"? Desde já digo : grandes comentários, grandes pontos de vista, posso dizer que deixa transparecer a figura de um agitador de águas paradas? o Redy publica-lhe tudo, ao contrário do "bianda" e alguma companhia...
O meu trabalho obriga-me a estar em sintonia com as línguas e incentiva-me a ler tudo aquilo que o Montrond e outros opinadores do liberal escrevem em crioulo alupequiano ou não.
Concordo com o conteúdo deste post de Al Binda. As Justificações para não ler textos escritos em a.l.u.p.e.c. são Serena- Sarcastico-Socrático q.b.
O Ministro C é Linguísta, mas não tem conseguido passar a sua mensagem ... quer trabalhar sozinho ou acompanhado de aqueles senhores citados por si... agora, é pena que os Linguístas com formação académica de raíz, caboverdianos e a viver em CV, não sejam convidados para os colóquios que são realizados em CV, nem como ouvintes..., são convidados os professores de português, de política e, mais... mais não digo!
Ps: Concordo com esta afirmação"Como lingua de escola e de saber, o crioulo tem de ser ensinado aos nossos filhos que estao a nascer na escola primaria, sem imposiçao, à livre escolha." Et

Anónimo disse...

Porra Naxu, és o maior! Nao me vais obrigar a comentar o meu proprio texto, ou nao?!

O facto é que jurei que vos havia de provocar, de vos obrigar a debater, e calmamente estou a conseguir, aqui no Semana, nos blogues aberto e livres de Redu e ROny, enfim por onde passo, nao deixo ninguém indiferente.

Al Binda