domingo, 28 de junho de 2009

Discurso do 1º Ministro na Feira de Emprego e Empreendedorismo

Esta é a posição do 1º ministro:
«(...).Repetimos, o desemprego é o principal problema da sociedade cabo-verdiana. Para o Governo o desemprego é a questão prioritária. Pela sua dimensão e sobretudo pelo seu carácter estrutural definimos que as políticas do Governo, tanto a nível macro como a nível micro, têm que convergir para a criação de uma dinâmica global geradora de empregos.Uma dinâmica geradora de emprego de forma sustentada tem que ter bases sólidas e assentar-se na estabilidade dos fundamentais da economia. Esta é uma condição básica.Também era preciso assegurar o crescimento da economia. Porque uma economia que não cresce naturalmente não cria emprego. E temos conseguido índices robustos de crescimento da economia.Tudo isso é bom, mas é preciso mais. Porquê? Porque a questão do emprego em Cabo Verde é estrutural. Então é assim: temos que ter uma economia estável; temos que ter uma economia que cresce; mas também e sobretudo temos que ter uma economia que se transforma, uma economia baseada em novos paradigmas para realizar as mudanças estruturais necessárias para um desenvolvimento sustentado e gerador de emprego.É esta ideia de Transformação que norteia a visão que temos do desenvolvimento de Cabo Verde. Tirar proveito da posição geo-estratégica do país, do clima, de um Estado de direito democrático, seguro, respeitador dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, e transformar isso tudo em fontes de vantagens competitivas. É esta visão de transformar Cabo Verde num centro de prestação de serviços na área do turismo, transportes, serviços financeiros, tecnologias de informação e comunicação, cultura e criar um “cluster” do mar para aproveitar todas as potencialidades que o ele, o mar, oferece.Esta é uma abordagem audaciosa e exigente. Reparem que a prestação de serviços internacionais neste mundo global hiper-competitivo exige qualidade, exige produtividade, enfim exige que o país e as empresas sejam competitivos. Razão porque temos desenvolvido um vasto programa de modernização em todos os domínios da vida do país.E vou referir ao que é mais importante ainda: a qualificação e desenvolvimento do capital humano. Ter homens e mulheres qualificados, quadros técnicos competentes, isso é que é a chave, o factor decisivo. Daí a grande aposta que temos estado a fazer na educação básica e secundária, formação profissional, no ensino superior e nas universidades, como elementos estratégicos da política de emprego e empreendedorismo.Vimos apostando fortemente na formação profissional como política charneira para oferecer saídas profissionais e melhorar a empregabilidade dos jovens. Como factor decisivo para incentivar o empreendedorismo. O que se quer com o desenvolvimento do empreendedorismo é que os jovens tenham uma visão criativa para que sejam capazes de criar o seu emprego, o seu ganha pão, tirando proveito em oportunidades que estão a surgir em áreas como as novas tecnologias, o turismo e muitos outros que estarão patentes nesta feira.Estamos a reforçar a integração do sistema educativo, formação profissional e empreendedorismo para garantir mais saídas profissionais e a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Iniciativas como vários Centros de Formação Profissional com várias ofertas formativas, o Programa Emprego Qualificado para os jovens que trabalham nas frentes de alta intensidade de mão-de-obra, Jovem Soldado Cidadão. Os liceus estão a ser transformados em centros polivalentes de educação e formação profissional, a Uni-CV já iniciou ofertas de cursos pós-secundários de curta duração e de natureza profissionalizante.Estamos já em processo de conclusão da nova lei de bases do sistema educativo e do novo plano curricular.Esse tem sido e será o nosso grande esforço. Esse esforço tem que ser constantemente revisto. Chegou a hora de travar a batalha noutros moldes, em várias frentes, incluindo os bancos da escola básica.Estamos a montar soluções para o empreendedorismo, como a criação de mecanismos de financiamento, o micro-crédito e criação de Banco para atender necessidades específicas da pequena, média e micro empresa, de incubadoras de empresas, do fundo de inserção na vida activa associado à formação profissional, do programa Mundo Novu e as oportunidades de negócios que pode gerar no domínio das tecnologias de informação e comunicação.Devemos referir também à melhoria do ambiente de negócios. A Empresa no Dia, as certidões «on line», os pagamentos electrónicos, são para promoção de empreendedores.Estamos a assistir ao despontar do espírito empreendedor e à emergência de um empreendedorismo mais qualificado e mais audaz em Cabo Verde. Isso é bom sinal. E vamos continuar a trabalhar para desenvolver um ambiente cada vez mais propício ao empreendedorismo.Esta Feira da Empresa, do Emprego e do Empreendedorismo é uma ocasião feliz para fomentar o empreendedorismo, explorar oportunidades de negócios e possibilidades de emprego e formação profissional. Uma actividade que se inscreve como mais um instrumento de promoção do empreendedorismo. Uma actividade que merece ser institucionalizada e deixo aqui o repto para a sua realização anual.

1- o nosso 1º ministro continua a falar muito do empreendedorismo,o que é extremamente positivo por si só,e desta vez disse como e por que medidas pensa incrementar o empreendedorismo no país (a criação do Banco de Desenvolvimento,virado para os pequenos e médios empresários e para o micro-crédito,a aposta em incubadoras de empresas e na componente comportamental do empreendedorismo através do ensino básico);
2- espero que não se continue a persistir na ideia de que incentivar o empreendedorismo é dar formação profissional em...elaboração de plano de negócios (digamos que este é um erro que não é exclusivo de CV);
3- sou da opinião de que este governo tem alguma dificuldade em comunicar as suas ideias,programas,políticas e resultados.Sente-se uma necessidade de maior promoção mediática dos programas de incentivo ao empreendedorismo;
4- será a melhor estratégia tratar o empreendedorismo como alternativa ao desemprego?Se nos atermos à definição que defende que o empreendedorismo é mais do que o acto de criação de empresas,vemos que também é preciso incentivar o empreendedorismo social e o intra-empreendedorismo;
5- é preciso incentivar o surgimento de mais empresas de capital de risco e de legislar no sentido da criação da figura de business angels.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Saudosismos...

Das duas uma: ou a palavra "revolução" está muito sobrevalorizada (nomeadamente pelos jornalistas e alguma esquerda) ou,na realidade,simplificam em demasia o significado filosófico da palavra.É que não deixo de ficar espantando com a rapidez com que falam em revolução para caracterizar simples manifestações e protestos como aquela que aconteceu recentemente na Grécia ou,por esses dias,no Irão...A meu ver,revolução é,ou pelo menos em tempo foi,muito mais do que uns dias de protestos para ficar tudo na mesma!

Carlos Veiga na Rádio da JPD

Para além da fraude,do desemprego,da politização do supremo tribunal,do incentivo ao empreendedorismo,Carlos Veiga acha que:
Se se tirar o nome Carlos Veiga do título e no corpo do post vai-se notar alguma diferença em relação ao que defende o actual governo?Deverá um crioulo exigente ficar satisfeito só com isso?

terça-feira, 23 de junho de 2009

A esquerda,o liberalismo e o socialismo

"(...) Em primeiro lugar, é necessário afastar a confusão entre liberalismo e neoliberalismo. Algumas vezes no seu passado recente, o PS enveredou por políticas neoliberais que reforçaram a privatização e a desregulamentação da economia, ao mesmo tempo que nada faziam de substancial para diminuir as desigualdades. Agora, urge corrigir estes erros e ter em conta que o liberalismo da esquerda não é confundível com o neoliberalismo da direita. O liberalismo da esquerda afirma a primazia das liberdades individuais e do princípio da não discriminação, mas não sacraliza o mercado e releva especialmente a igualdade de oportunidades e a distribuição da riqueza num sentido igualitário. Aliás, para evitar confusões com a direita, mais vale ao PS usar a palavra "liberdade" em vez de "liberalismo" - o que, de resto, já costuma fazer.
Em segundo lugar, é necessário evitar a confusão entre socialismo democrático e socialismo estatista. A memória marxista da esquerda leva-a por vezes a pensar que a única alternativa ao neoliberalismo da direita é o regresso a uma espécie de socialismo de estado. Isso é um absurdo. A economia de mercado é insubstituível e não faz qualquer sentido confundi-la com as políticas neoliberais que, como vimos recentemente, conduziram ao soçobrar desse mesmo mercado e não ao seu triunfo final. Aquilo de que precisamos é de um socialismo amigo do mercado e das liberdades, mas com fortes preocupações igualitárias ao nível da fiscalidade, do sistema de saúde, da segurança social, etc. Este socialismo das liberdades, como é bom de ver, está muito próximo do liberalismo de esquerda".

Analfabeto Político


"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Bertolt Brecht (1898-1956)

Buy China,Buy America...Buy Cabo Verde?

Em países como Cabo Verde,o investimento público é condição sine qua nom para o desenvolvimento,crescimento e luta contra o desemprego.Outros países,onde se produz a sério,estão implementados programas que obriga o Estado a comprar produtos e serviços nacionais,em detrimento de produtos internacionais,como forma de combater a actual crise.A China tem o seu programa Buy China e os EUA já teve o seu Buy América (em versão menos proteccionista): o Estado só deve comprar ao estrangeiro/multinacionais quando os produtos ou serviços pretendido esteja indisponível no mercado;ou seja,as compras públicas do estado devem ser dirigidas apenas a produtos e serviços nacionais.Apesar de significar um retrocesso para o abertura do comércio internacional por serem proteccionistas,essas medidas mostram uma intenção clara de promover o emprego.Como produzimos quase nada,qual seria o impacto na nossa economia se o Estado caboverdiano comprar serviços (consultadoria,estudos,assesorias,informática e software,etc) apenas de empresas caboverdianos?
Não que acredite na isenção e objectividade do jornal,mas a quantidade de artigos e colunistas comun entre o Liberal e o blogue do JPD,levanta-me uma dúvida: será que estão tão desejosos de transformar o jornal em blogue ou será que é o blogue que quer transformar-se no irmão-gemeo do jornal?

Coisas da nossa Identidade

Em caboverde a tolerância e flexibilidade em relação à iniciativa individual é pouco aceitável. Tanto em relação ao êxito como,principalmente em relação ao fracasso. Quando alguém tem êxito na sua iniciativa, qualquer que ela seja, procura-se arranjar factores extra-individual ou supostas ligações “obscuras” para explicar esse êxito; quando uma iniciativa fracassa, essa pessoa é ridicularizada e,principalmente, gozada pela sociedade. Ficamos com ciúmes do sucesso dos outros e vangloriámo-nos com fracasso dos outros. É assim que aqueles cuja religião era diminuir as iniciativas e visibilidade do Abrãao Vicente podem ter ficado contente com o fim do programa 180%; é assim que seja normal que uma grande maioria considere que a riqueza do Scapa é de origem duvidoso e é assim que todos nós achamos que, aqui neste nosso país, o sucesso profissional de alguém, principalmente se for um jovem, só pode ser explicada pela cunha e apadrinhagem político. Alguns dizem que isso é um fenómeno inevitável em todas as sociedades. Acho que talvez seja verdade nos países latinos ou naquelas que sofreram grande influência latina. Ora, como é que se muda isso? Terá a religião dominante numa sociedade influência nisso? E a Educação, aquilo que nos é incutido nas escolas desde criança,como pode mudar isso?Estamos condenados a viver com essa mentalidade?Estamos condenados a ser assim?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Bons Sinais

Embora seja muito cedo para avaliar e,principalmente,para comparar,numa coisa a actual gestão da C.M. da Praia difere da anterior:é nos métodos de gestão (pelo menos no que é nos dado a conhecer via comunicação social).É de salientar a nova empresa,EIGRSS - Empresa Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos de Santiago, S.A.,a criação do Serviço da Guarda Municipal e a iniciativa de emitir obrigações camarárias como forma de se financiar (o que vai permitir acabar,pelo menos por uns tempos,com o "chorrilho" junto do ministério das finanças e/ou ministério da descentralização).

Problema Estrutural,Resposta Estrutural

Os 2 principais partidos políticos têm-se acusado mutuamente.Quando um está no poder,a causa do desemprego é o fraco crescimento económico (ou da crise) e das políticas do anterior governo do partido opositor;quando se é oposição,a culpa é das políticas económicas do partido do governo e da sua incapacidade em resolver os problemas estruturais do país.Alguns governos têm tido a sorte de governar numa altura em que a economia está de «bom humor»,aproveitando para se "apropriarem" do resultados positivos,e outros têm tido o azar de governarem em fases menos boa da economia do mercado (contudo,ao contrário do que diz o MPD,há que reconhecer,o desemprego,apesar de se manter elevado,desceu e muito com o actual governo).O que a maioria dos políticos sabem e não dizem,eventualmente porque perderiam algum "espaço" e legitimidade para utilizar demagógicamente o desemprego como arma de combate política,é que aquilo que o Estado ou os governos podem fazer para combater o desemprego leva muito tempo a surtir efeito.A verdade é que os governos,todos eles,têm privilegiado uma atitude curativa em detrimento de uma intervenção preventiva ou prospectiva.O desemprego em CV é estrutural.Um mal estrutural requer remédio estrutural.A elevada taxa de desemprego em CV é estruturalmente estável porque a nossa estrutura produtiva está assente em sectores com um comportamento pró-ciclíco em matéria de emprego.É o caso do peso de sectores com a construção civil,imobiliária e turismo: quando esses sectores entram em crise o desemprego dispara.As empresas que se inserem em plataformas de competitividade menos exigentes (assentam a sua actividade em trabalhadores de baixa qualificação,uma taxa exígua de quadros,gestão flexível do volume de mão de obra e baixos salários),tem uma propensão maior para gerar desemprego desqualificado,quer porque estão mais expostas do ponto de vista concorrencial e,portanto,mais vulneráveis às flutuações da procura,quer porque se encontram numa situação de dependência de outras empresas que estão em segmentos mais qualificados da actividade económica.O que seria politica e económicamente mais sensato?Continuar a apoiar indiscriminadamente empresas desses sectores,através de incentivo à procura (apoios a compra de habitação) como à oferta (subvenções e isenções fiscais) ou apostar em políticas de incentivo à nova especialização produtiva do país?É por isso que um governo,qualquer que ela seja,não deve correr a acudir o 1º empresário a reclamar da falta de ajuda por parte do Estado.O actual padrão de competitividade absorve qualificações e competências de natureza diferente exigindo uma recomposição das qualificações pela criação de um novo segmento no mercado de trabalho e não absorve o tipo de competências inerente ao padrão convencional.Reside aqui o problema do desemprego estrutural e a formação de reconversão não é a solução.Estamos numa altura em que os empresários,os políticos e os decisores políticos deveriam reler a tese da "destruição criativa" de Schumpeter.

sábado, 20 de junho de 2009

Renovação Política*

«O sistema partidário caboverdiano precisa de um renovação.Hoje em dia,os militantes activos dos partidos correspondem aos eleitos por estes partidos para os vários escalões políticos,desde as autarquias ao parlamento.Vivem disso e para isso e,como é evidente,organizam-se para evitar que surjam quaisquer valores novos que venham tentar competir pelos lugares escassos que ocupam.A única forma de penetrar no sistema-para além de alguns nomes exepcionais que são exibidos nas campanhas eleitorais e para os quais é forçoso abrir algumas vagas-é entrar quase adoloscente para as organizações de juventude.Aí podem insinuar-se pelo esforço e pelo trabalho junto de uma figura grada,fazer campanhas,integrar um gabinete autárquico ou nacional,tornar-se políticos profissionalizados antes de terem qualquer profissão.Depois,com alguma sorte e muita intriga,podem ir subindo gradualmente;até porque se abrem sempre algumas vagas,pois a partir de certa idade alguns políticos afastam-se para actividades mais rentáveis para que são contratados devido à notoriedade,aos contactos e à experiência de sobrivivência num mercado muito competitivo.Isto é muito negativo para o sistema.Por um lado,porque formata um tipo de político que não tem experiência de vida,que vive em circuito fechado,que depende dos chefes e da carreira e,por isso,não temou não usa o espírito crítico,não se orienta por valores ou ideologia,mas tão-somente pela sua carreira pessoal.Por outro lado,porque não se abre a candidatos à vida política que tenham essa atracção mais tarde,quando ou depois de já terem exercido uma actividade profissional.Este outro tipo de candidato traria diferenciação e novidade ao sistema,no que seria uma espécie de reforço da ecologia política baseada na diveersidade e na complemantaridade»

*texto adaptado do artigo de José Miguel Júdice no Público de 19-06

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Capacidade,Seriedade e Competência Profissional em CV

Ao contrário do João Dono,que defende que as reclamações de dois empresários nacionais em relação o governo e a ministra das finanças são sinais de queda do governo,acho que podemos e devemos fazer uma outra leitura dessas mesmas reclamações.Porqué que o "odioso" tem de estar sempre do lado do governo? É preciso muito esforço para argumentar que, uma pessoa com o currículo da actual ministra das finanças,nomeadamente,na banca de internacional (vice-presidente da City Bank,Angola),tenha pouca sensibilidade para o sector privado.Apesar de ser uma das "ministras possíveis",como diz o João Dono,é inquestionavél para muitos que ela é uma das melhores ministras das finanças que o país já teve (fez e faz esquecer muitos ministros que passaram pela mesma pasta).Em capacidade,seriedade e competência (é sintomático que a oposição fala de quase todos os ministros e do 1º ministro,menos da ministra das finanças).A situação das finanças públicas é ou não estavél?A quanto tempo não ouvimos falar em défice orçamental no país?Quem conhece os bastidores da vida empresarial sabe que os empresários,independentemente da cor partidária,tendem sempre a reclamar da situação quando a a «fonte» se fecha.Todos eles,quer estejam ligados ao MPD ou ao PAICV.É como aquele saudosista que critica o MPD por este ter acabado com as festas de natal para os filhos dos funcionários públicos.Ver nessas reclamações sinais de mau governação ou insensibilidade da ministra é,no mínimo,precipitação de quem quer correr demais para estar sempre a frente dos outros.Enfim,muitos já me avisaram:em CV,a capacidade,seriedade e competência profissional é ainda muito pouco valorizado.

Morreu um Verdadeiro Liberal

Ralf Dahrendorf - A morte de um grande liberal que não gostava das certezas.
«Será que só existe um modo de governo? Será que, racionalmente, por dedução e criterioso tratamento da informação, podemos chegar à verdade? Será que os mais inteligentes, os mais ilustrados, os mais generosos, os que sentem que descobriram o melhor caminho para a política e a economia, têm o direito natural de guiar os menos ilustrados, os menos dotados?
Ralf Dahrendorf, que durante boa parte da sua vida teve actividade política - entrou para o SPD alemão aos 18 anos, juntou-se depois aos liberais e chegou a ser secretário de Estado, foi comissário europeu, passou pelo partido liberal do Reino Unido, acabou a vida como membro da Câmara Alta britânica, na qualidade de Lorde, ele que nascera em Hamburgo -, amava de tal forma a liberdade que nunca se sentia verdadeiramente à vontade entre a maioria.(...)
Discípulo de Karl Popper, colega em Oxford de Isaiah Berlin, não surpreende que, além de cultivar a liberdade e o pluralismo, desse mais importância a limitar os poderes dos governos do que à necessidade de lhes garantir "força" para realizarem reformas, fossem elas quais fossem. Apreciava mais o equilíbrio do que a vontade "iluminada", mais depressa se preocupava com a mais mínima interferência dos Estados no livre-arbítrio dos cidadãos do que se juntava a campanhas desencadeadas em nome da segurança.Há quase 12 anos, na última das várias entrevistas que deu ao PÚBLICO, este homem que crescera sob o peso do nazismo e, depois, do comunismo, este cidadãos de dois grandes países europeus e da Europa, fino observador do seu século e crítico atento da actualidade, dizia sabiamente que havia "diferentes capitalismos", "cem modelos diferentes", pelo que seria sempre errado tomar apenas um como referência.(...) Este internacionalista que era europeísta mas também eurocéptico, que se afirmava ao mesmo tempo liberal e social, que por fim, parecendo de novo contrariar as referências anteriores, se definia como um radical, sabia no fundo como Churchill que a democracia era o pior de todos os regimes à excepção dos restantes, e que, como escreveu agora Zakaria, o capitalismo também é a pior máquina de gerar progresso à excepção de todas as outras. Porquê? Porque estes sistemas imperfeitos incorporam a tentativa e o erro e permitem que o que parece certo hoje seja errado amanhã, e vice-versa, obrigando à procura constante de olhar a realidade em buscas dos sinais que, na nossa condição de homens imperfeitos mas abertos e não sectários, nos permitam procurar os melhores caminhos em cada momento. Com liberdade e responsabilidade. E ao mesmo tempo sem recear ser radical na defesa do que pensamos serem as melhores opções e os melhores argumentos.Foi isso que Ralf Dahrendorf, em tantos palcos diferentes, fez durante toda a vida» (in publico.pt).

Lembram-se de uma das frases preferida do Gualberto do Rosário? "Dinheiro cria dinheiro!"
Ralf Dahrendorf já o tinha dito em 1989: "o dinheiro é gerado pelo dinheiro e não pela criação de riqueza duradoira!"
Foi um dos mais eminentes sociólogos do século xx.Era um liberal,embora não desse grande importância a rótulos.Foi um dos primeiros a avisar para os riscos da "economia de casino" que acaba de explodir diante dos nossos olhos.Foi na Câmara dos Lordes que liderou a célebre "Comissão Dahrendoorf" sobre a "criação de riqueza e coesão social numa sociedade livre",que viria a ser uma das fontes de inspiração do New Labour.A dupla experiência do totalitarismo- nazi e comunista-,na Alemanha,país onde nasceu e cresceu,e da resistência contra eles fundaram o compromisso de Ralf Dahrendorf com a causa da liberdade e preveniram-no contra as seduções ideológicas.Foi um europeísta convicto mas crítico- um "europeíta eurocéptico".Numa das suas obras clássicas,Class and Class Conflit in Industrial Societies (1959),desenvolve uma das suas ideias fundamentais sobre as sociedades democráticas."O monismo totalitária baseia-se na ideia de que o conflito pode e deve ser eliminado (...) Essa ideia é tão perigosa quanto errônea.O pluralismo das sociedades livres baseia-se no reconhecimento e na aceitação do conflito".Disse uma vez que era um "Kantiano,ou se preferem popperiano [Karl Popper,de quem foi discípulo] no sentido em que,para mim,um dos aspectos fundamentais da vida humana é que o homem não pode responder a todas as perguntas.Vivemos numa condição fundamental de incerteza e isso deriva do facto de nenhum homem ser Deus".Nunca deu grande importância a rótulos.No prefácio a obra Ensaios Sobre a Liberdade escreve: "Escolhi a palavra liberalismo para descrever uma possível agenda para o futuro,mas não dou muito valor a terminologia.Ela tem a ver com o reforço das oportunidades de vida dos indivíduos".Reforço das oportunidades é um objectivo essencial para qualquer liberal.Foi e é um dos meus sociólogos predilectos.A par de Raymond Aron e Anthony Giddens.Afinal,sou um liberal.Um liberal de esquerda,como aqueles 3 sociólogos.

Sobre a Televisão

Continuando com Bourdieu,dizia ele,acerca dos constrangimentos do debate na televisão,que «aceitando participar sem se preocuparem com saber se poderão dizer alguma coisa,os que o fazem traem muito claramente que não vão à televisão para dizer alguma coisa,mas por razões de ordem muito diferente,nomeadamente para se mostrarem e serem vistos."Ser",dizia Berkeley,"é ser percebido".Para alguns dos nossos filósofos (e dos nossos escritores),ser é ser-se visto na televisão,quer dizer,em última análise,ser-se visto pelos jornalistas,ser-se,como se diz,bem visto pelos jornalistas»

X6 de Ouro no Dubai, que foi comprado por um Angolano!*



Mais fotos para serem "lidas" à luz da ideia de Bourdieu exposta no post anterior.

*o título é o mesmo do email recebido,por isso,não posso garantir se a viatura foi mesmo comprado por um angolano.

Fotos Air France!!??


terça-feira, 16 de junho de 2009

Quem seria a 1º vítima do JMN?

Primeiro-ministro checo agride à bofetada ministro da saúde do seu país pelos maus resultados obtidos...e são eles que presidem,actualmente,a União Europeia...

domingo, 14 de junho de 2009

BlogJoint:A participação do cidadão na vida pública e o dever de votar

Perante o aumento da abstenção um pouco por toda a parte,será o voto obrigatório uma medida que deverá ser implementada?Se é certo que pode pôr em causa a liberdade individual do cidadão e que a falta de participação pode ser combatida através de outros mecanismos institucionais,como algumas alterações no sistema partidário e no sistema eleitoral,a verdade é que a persistência de altas taxas de abstenção pode pôr em perigo a democracia.Qual será a legitimidade de um partido eleito numa eleição onde a abstenção foi na ordem de,por ex.,60%?Que legitimidade para reclamarem dos politicos terão aqueles que não votam?A democracia nunca pode ser um dado adquirido,ela também precisa ser defendido.No fim,após todas as discussões e debates filosóficas e ideológicas,ficará sempre o facto (alta abstenção) e a questão (o que fazer?).Aumentar as verbas de campanhas de marketing político para "captar mais cliente-eleitor" é,claramente,insuficiente.Embora seja de opinião de que em Cabo Verde esta questão ainda não se coloca (nas últimas eleições autárquicas,a abstenção foi cerca de 20%),a obrigatoriedade do voto é uma solução,discutível,mas eficaz como podemos verificar neste estudo.

Podem seguir o mesmo tema em: Ku Frontalidade,

sábado, 13 de junho de 2009

Futurologia

1- Ali bem tempu ki problema di lixo na Praia ta ser resolvido ku privatizason di kel funsom..o seja,na teoria,um empresa privada,o varios,podi ser mas eficas ki camara na limpesa i tratamento di lixo de capital.Dinhero ki camara ta gasta atualmenti,ku empregados,material,transporte,podi sirbi pa subcontrata um empresa privado pa fasi kel trabadjo...komo empreendedorismo sta tom na moda,ja ja ta surgi um empresa nes ramo di negosio....

2- Ali bem tempu ki T+ ta entra na negosio fixo e ta comesa ta comrsializa oferta di serviso fixo i internet...nem ki seja um otu empresa kuaker,basta fazi concorensia a CVTelecom...

3- Ali bem tempu ki ta surgi,na capital,um agensia di namoro i casamento...homis sta tom poku nes terra ki nos criolas ta passa ta recorri a kes agensia pa consigi um namorado o marido..afinal,nos sociedadi sta ta caminho a 200 km a hora em direson a modernidadi...

A crise,a Moral e a Politica

«A tese da origem moral da crise económica tem vindo a ser promovida em múltiplas intervenções públicas, com as mais variadas intenções. Em alguns casos, com as melhores das intenções; mais frequentemente, porém, ou para reforçar emocionalmente a crítica radical do capitalismo, acusado de inevitavelmente “ganancioso”, ou para contrariar a avaliação sistémica da crise, reduzida ao resultado do mau comportamento de uns poucos agentes menos poderosos. Independentemente da sua motivação, a tese é, sempre, errada.A crise não é moral mas política. Comportamentos gananciosos e socialmente irresponsáveis haverá sempre, qualquer que seja o sistema socioeconómico. O problema não é pois esse, mas o da existência de regimes de regras (instituições) que desincentivem ou, pelo contrário, incentivem tais comportamentos. E esses regimes de regras são, no essencial, o resultado de decisões políticas. Se a moral fosse suficiente para garantir a civilidade dos comportamentos humanos, a política e o direito seriam socialmente desnecessários.O que aconteceu nas últimas décadas não foi pois a generalização de comportamentos amorais ou moralmente egoístas mas a construção institucional de um sistema socioeconómico que não só tolerava como seleccionava positivamente tais comportamentos na esfera económica. E essa construção resultou de sequências de decisões políticas ideologicamente justificadas e promovidas.Do que precisamos não pois é de nova cruzada moral agora de sentido contrário mas de novas escolhas políticas que permitam compatibilizar o capitalismo, e portanto o crescimento económico, com a promoção da igualdade e da solidariedade sociais. Ou, mais rigorosamente, que actualizem escolhas políticas que demonstraram já, no passado, a viabilidade dessa compatibilização, como o foram, em particular, as políticas social-democratas nórdicas (demonstração de que o capitalismo não é, inevitavelmente, “ganancioso”).O problema é pois a política, não a moral. Ou melhor, a possibilidade da prevalência de outros valores depende, antes de mais, de mudanças nas políticas, não de apelos morais.»

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Duplicidades

Ouve-se e vé-se,para quem quer ouvir e para quem quer ver,cada vez mais,pequenos sinais de lutas simbólicas pelo puleru cultural no país. É assim que vemos e ouvimos muitos a condenar as obras culturais com algum sucesso cultural: uns minorizam a obra literário do Germano Almeida,outros desprezam algumas obras musicais (Lura,Beto Dias,etc) e os restantes ficam a criticar a falta da oferta no país.O critério é antigo,simples e prático: o escritor ou poeta que não tem sucesso sucesso comercial é porque é grande e incompreendido por uma sociedade com um fraco conhecimento cultural;pelo contrário,aquele que consegue algum sucesso comercial é porque escreve para a massa,para a população de conhecimento mediana e,por isso mesmo,é obrigado a utilizar um escrita popular.Um cd vende muito só por causa da simplicidade ou vulgarização artística-músical;pelo contrário,os cd´s do Vadu vende menos porque o povo kre apenas siridja.
Viva os incompreendidos da vida cultural e abaixo os bem sucedidos!
Afinal,qual é a razão desse preconceito contra o sucesso comercial duma obra cultural?

Imagem de Cabo Verde entre os Turistas

Numa tese de mestrado em Marketing,recentemente defendido por José Luis Barros,sobre a satisfação dos turistas com a qualidade dos serviços turísticos em Cabo Verde,concluiu-se que a satisfação com os serviços e a qualidade dos serviços são,no geral,satisfatória como se pode verificar nos gráficos a seguir:
O questionário tem imensas questões referentes à imagem do país e,por isso,foi efectuado uma análise factorial e um análise de componente principal de modo a reduzir o número das variáveis e,deste modo,facilitar a tomada de decisão.Assim,uma das componentes criada foi a que diz respeito às questões que tem a ver com a cultura e que a seguir é apresentada (para que os leitores saibam quais são as variáveis,antes de serem tranformadas numa componente,o gráfico a seguir diz respeito as variáveis que originou a componente "Recreação e Cultura"):

Não sei qual foi a conclusão geral do estudo porque ainda não tive oportunidade de ler o trabalho final,contudo os dados que conheço permite-me intuir que a nova direcção da Direcção Geral do Desenvolvimento Turístico nomeado vai ter muito trabalho para mudar a imagem do país no exterior e aquela que é percepcionada não só pelos turistas mas também pelos caboverdianos.Nomeadamente no que diz respeito ao nosso "mundo cultural",como mostra as baixas percentagens do último gráfico.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

É preciso um pouco mais que retórica

Apesar do desemprego se o principal "calcanhar de Aquiles" dos seus 2 governos,José Maria Neves falhou principalmente na sua principal promessa eleitoral: reduzir o desemprego a 1 dígito.
Apesar de se manter elevado,segundo os dados do INE,de 2001 à 2008,o desemprego baixou de valores acima dos 20 % para valores abaixo dos 20%.Apesar de não ser um feito para se vangloriar,o MPD não tem lições para dar na matéria do combate ao desemprego e nem deveria enveredar-se para análises simplistas da acção governativa nessa matéria.O MPD é o partido que gosta de lembrar a todos os "gloriosos" anos 1991-1995 mas,nem sempre o discurso "casa" com a crueza dos números.Podemos comparar esses números no quadro a seguir e,fácilmente,tirar algumas conclusões.


domingo, 7 de junho de 2009

O Novo PAICV:partido de esquerda com discurso liberal/neoliberal/?

Tenho que começar com um aparte:embora haja algumas pessoas que não gosta da palavra e do conceito Neoliberal,ela existe como um movimento intelectual (acho que essas pessoas não são neoliberais mas sim liberais à moda clássica;ou seja,são inspirados mais pelo Adam Smith e pelo David Ricardo do que pela Ayn Rand,Hayek ou Milton Friedman que defendem que as pessoas têm tendência a perseguir os seus interesses próprios,e não interesses colectivos).A ideologia neoliberal e o discurso do management actual,sustêm que as novas regras de competetitividade exigem a diminuição da protecção dos direitos do trabalhador,e uma disponibilidade total em relação à empresa;caracteriza-se,essencialmente,pela radicalização da nossa condição de invidivíduos socialmente egoístas em busca unicamente da nossa satisfação individual;em traços gerais,enfatiza-se o individualismo e o egoísmo racional.A ética de Ayn Rand advoga que os indivíduos têm o direito de viver por amor a si próprios, sem preocupação pelos outros, e sem esperar que os outros se preocupem com eles (a diferença é que Adam Smith é um "filósofo ético" que vé o homen como um ser social imbuído do sentimento de compaixão e não como um indivíduo egoísta-é por causa dessa diferença que se utiliza o termo neoliberal).Ora,quem é que nos seus discursos vem apelando mais,nos seus discursos,à capacidade individual e à iniciativa privada?Quem é que tem discursado em prol de um relativo afastamento do Estado e entrada do sector privado em quase todos os domínios?O MPD,óbviamente,sempre teve esse discurso,mas também o actual PAICV da esquerda moderna.Vemos o PAICV justificando constantemente a "saída" do Estado do sector da Cultura,apelando à iniciativa empresarial dos indivíduos para combater o desemprego e a pobreza,etc etc.Argumentam que,se a pessoa está desempregada é por culpa do próprio e não da estrutura social da economia,se não há semanalmente eventos de manifestações culturais é por causa da falta de iniciativa dos agentes culturais,os trabalhadores são poucos produtivos por causa da falta de profissionalismo,etc etc.Ou seja,tu és o único responsável pela tua condição social e profissional.Isto não é uma crítica,cada partido escolhe o melhor caminho para si e para o país;é apenas uma constatação.O PAICV não tem ido tão longe em relação à sua génese identitária mas tem sido,pelo menos no discurso,um partido liberal.Não é apenas o MPD que tem um problema de identidade ideológica,como gostam de salientar o Rony e o Amilcar Tavares.A actual direcção do PAICV foi atingido pelo charme do Tony Blair.Essa esquerda moderna,reformista e progressiva,no fundo não passa de uma esquerda liberal.Por isso,não se pode acusar este PAICV de ser uma partido comunista ou estatizante.Pelo menos no discurso.E também por isso,o MPD está sem muito espaço para propór politicas alternativas à dos que tem sido implementadas e defendidas pelo PAICV:apenas propõe que podem e sabem gerir melhor a economia.

Robert Castel,intelectual "engagé" de esquerda e anti-revolução


Quem já leu o sociólogo francês Robert Castel sabe,certamente,que ele não é um liberal e,inclusive,auto-intitula-se como um intelectual "engagé": ou seja,o contrário do"intelectual orgânico" (o intelectual que tenta reflectir ao serviço de um partido ou de uma orientação).Apesar de não ser um liberal,ele defende que o radicalismo de extrema-esquerda não é realista.Para ele,os conflitos sociais não se cristalizam em tornos de blocos antagónicos,são mais difusos,e,por isso mesmo,não se pode fazer marxismo como Marx,não se pode analisar a sociedade contemporânea em termos de puro conflito de classes.Em vez de revolucionário,prefere antes ser um reformista determinado por um ideal de esquerda,que é,conforme a experiência de 30 anos de experiência de análise da sociedade lhe ensinou,uma posição com mais hipóteses de ver os seus ideais vingar.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Camões,Arménio Vieira e o Indíce de Leitura em Cabo verde


O que têm a ver o prémio Camões de Arménio Vieira com os hábitos de leitura em Cabo Verde?Ao contrário do que diz o César,considero positivo que todos queiram conhecer e que alguns queiram fazer que conhecem o autor.Incluindo os políticos (não partilho dessa ideia de fazer dos políticos uma casta diferente,de perdoar tudo aos outros menos aos políticos,etc).A vantagem desse prémio,para além do reconhecimento internacional e os euros para o autor: pode fazer mais para o aumento do índice de leitura do que qualquer campanha do ministério da educação (mesmo que temporáriamente,até voltarmos a nossa rotina diária de A Bola,Nova Gente,Expri.,etc).Contudo,receio que os livros dele acabem nas estantes para enfeitar a sala por causa da literacia que campeia por aí...

quinta-feira, 4 de junho de 2009



"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar  
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até  
que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à  
falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado"

Karl Marx, in Das Kapital, 1867
(qualquer semelhança não é mera coincidência)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

República Saruí


O caso da República Árabe Saruí Democrático,RASD,é elucidativo da "bondade argumentativa" e da hipocrasia de alguma esquerda e das instituições internacionais.Ao mesmo tempo que se diaboliza Israel e se glorifica a Palestina,vota-se a uma total indiferença o "genocídio" lento na Sara Ocidental,aqui tão pertinho de nós.Deve ser porque Marrocos não é tão poderoso e influente como Israel,porque a Frente Polisário não é tão "cool" como Hamas ou,simplesmente,porque a causa não é tão mediática.SARA OCIDENTAL,A INTIFADA ESQUECIDA.Apesar de continuar anexada a Marrocos,apesar de ser um Estado a espera de ser Estado,o meu país,Cabo Verde,é um dos que reconhece a República Árabe Saruí Democrático como Estado.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Contribuir para a criação de um cultura empresarial

Ao assistir o debate entre os presidentes da JPD e da JPAI via blogue do JPD,fiquei a saber,pela boca do apresentador do programa,Abrão Vicente,que,no encontro entre o nosso 1º ministro e os jovens para "falarem" sobre o emprego,mais uma vez o 1º ministro apresentou,no seu discurso,uma das suas "ideias feita" preferida: que nos Estados Unidos 99% dos estudantes têm como "projecto de vida" abrir a sua empresa e,comparativamente,em Cabo Verde 99% dos estudantes têm como ambição entrar na função pública (depreendo que deve ser pela segurança na carreira porque aí,há menos probabilidade de serem despedidos).Apesar do exagero da percentagem,a ideia é,no geral,correcta.Contudo,num encontro com dezenas de "jovens e dinâmicos quadros superior" 1º ministro deveria ter mais cuidado com as "generalidades"...ou,se calhar,os jovens presente deveriam ser mais "chatos" (aqui corro o risco de "falar sem saber" porque não sei qual foi a reacção a essa frase do 1º ministro)!Alguém deveria levantar na altura,para não ser muito chato,apenas 3 questões: deveriam questionar o nosso 1º ministro sobre as acções do governo para mudar aquele cenário que apresentou;deveriam dizer-lhe também que históricamente,em Cabo Verde,a maioria dos jovens quadros sempre tiveram como principal ambição profissional ser funcionário público,inclusive a geração do próprio 1º ministro;e,para não monopolizar o debate,deveria dizer ao nosso 1º ministro que o espírito empreendedor,apesar de estar na moda,não "nasce" de noite para dia.A citação que o nosso 1º ministro tanto gosta é,na verdade,um "lavar as mãos":se a nossa sociedade é pouca empreendedora é porque os jovens são pouco empreendedores e pouco dados à assunção do risco e,portanto,a culpa não é das políticas públicas mas sim dos jovens que têm medo de arriscar.Sempre que oiço isso,lembro-me dos emigrantes caboverdianos que,apesar de terem nascido caboverdianos,são exemplares empreendedores nos países onde vivem.O que aquela frase ignora,é que nos Estados Unidos a maioria dos jovens ambicionam abrir a sua empresa porque eles "crescem" num ambiente empreendedor: numa sociedade em que o acto de empreender é socialmente valorizada;onde aprendem a ser empreendedores desde pequenino,na família e na escola (da primária à universidade);onde aprendem a valorizar económicamente as investigações académicas e ciêntificas;numa sociedade onde os heróis são os empreendedores de sucesso.Em Cabo Verde,aprendemos todos,na família e nas escolas,que o "céu" é a direcção de um departamento ou um instituto qualquer da função pública;estamos todos na 1º fila para duvidar e levantar suspeitas sobre a capacidade de enriquecimento lícita de um empresário caboverdiano-a imagem dos empresários enquanto modelos positivos a seguir nunca foi forte em CV.A sociedade é culturalmente inibidor do empreendedorismo.O empreendedorismo em Cabo Verde é um problema cultural e não da motivação individual (sim,ser empreendedor em CV requer uma grande dose de motivação individual por causa das barreiras à entrada).E é essa componente cultural do empreendedorismo que,geralmente,não é tida em conta nas políticas e programas de incentivo ao empreendedorismo.Para aumentarmos a taxa de empreendedorismo,para fazermos com que o empreendedorismo no país seja mais empreendedorismo por oportunidade em vez do empreendedorismo por necessidade,temos de mudar essa cultura.Mais uma vez,deveriam perguntar ao nosso 1º ministro: o que se tem feito para mudar esse cenário,para que,também em Cabo Verde,99% dos estudantes tenham como "sonho" constituir a sua própria empresa?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

BlogJoint:Tráfico de Droga


Inúmeras iniciativas de nível mundial tem sido levada a cabo ao longo dos anos para combater o tráfico internacional de drogas,infelizmente,sem grandes resultados práticos.Quer queiramos quer não,existe um mercado nacional e um mercado internacional de tráfico e consumo de droga.Portanto,nada mais elementar que haja políticas e estratégias coodernadas de combate nacional e internacional: tanto um como outro têm sido pouco eficaz,apesar de aqui e ali vislumbrarmos algum sucesso,uma vez que a criminilização mais não fez do que aumentar a criminalidade e a violência.Sendo um mercado,qual é a melhor estratégia de lidar com o problema: proibir ou regular?O reforço policial e legislativo,apesar de necessária,é insuficiente.A par do policiamento é preciso apostar na mudança da representação social do tráfico de droga,no combate ao enriquecimento ilícito e na despenalização do consumo da droga.À representação social do tráfico de droga está associado a ideia e a imagem de enriquecimento rápido e fácil-imagem essa que se pode alterar via levantamento do sigilo bancário,inversão do ônus da prova e via sistema fiscal-e com a despenalização a droga deixaria de ser um problema de segurança pública e passaria a ser um problema de saúde pública.O mundo sem droga não é realizável mas é possível uma estabilidade no "mercado".

Gary Jules - Mad World

Dead Aid:Why Aid is not Working and How There is a Better Way for Africa



Argumentos forte contra a ajuda financeira à Africa é apresentada no livro Dead Aid ,livro que consta da lista de best-seller da New York Times,por uma economista africana,Dambisa Moyo (mestre em Harvard e doutoramento em Oxford,ex-quadro do Banco Mundial e da financeira Goldman Sachs).Básicamente,ela apresenta-nos dados credíveis para sustentar que a ajuda financeira à Africa tem tido resultados contrário à "boa intenção" dos países doadores.Apelando à aposta na inovação por parte dos dirigentes africanos,apresenta também alternativas para obtenção de financiamento necessário ao desenvolvimento africano e dados para as sustentar:aposta no comércio (principalmente com a China),acesso ao mercado de capital e aposta na microfinança.Quem tem tempo,pode ver uma entrevista dela de 1 hora aqui,onde ela apresenta todos os seus argumentos.Ela já é conhecida por,Dambisa Moyo a anti-bono!